quarta-feira, 31 de março de 2010

A melhor forma de não arranjarem problemas...

Música dos "Snow Patrol " - (Tema: Just Say Yes).

Autonomia escolar em todo o seu esplendor...

Na Escola Secundária de Alberto Sampaio (Braga), a autonomia escolar está em forte implementação e pelos vistos a dar resultados claramente eficazes. Ora cliquem nas imagens (furtadas do blogue do Paulo) e espantem-se:



Até aqui, nada de surpreendente por parte de uma gestão que mostra tanto entusiamo nos resultados obtidos na avaliação externa que até repete por duas vezes "A escola, a única na cidade a submeter-se a este processo de avaliação (...)", conforme se pode constatar no printscreen do sítio da escola, que coloquei abaixo:


Para terminar, aconselho estes professores a lerem muito bem os seus deveres no ainda actual ECD (nomeadamente o Artigo 10.º-B). Eu sei do que escrevo, pois quando era professor contratado bem quiseram que fosse limpar cacifos, e lá tive de recorrer ao Código do Procedimento Administrativo para que essa ordem me fosse dada por escrito. Resultado: Não fui limpar cacifos! Existem algumas escolas que estão a ocupar os professores nesta interrupção lectiva com actividades na escola que se prolongam até ao início do 3,º período lectivo, mas nem sequer ponderam colocar os professor a desmontar e transportar material. Isto é uma verdadeira vergonha. Como querem que os alunos e encarregados de educação respeitem os professores, se nem os órgãos de gestão o fazem. Se estivesse nesta escola sei bem o que faria...

terça-feira, 30 de março de 2010

Novo ECD já na 5.ª feira...

Estatuto da Carreira Docente vai a Conselho de Ministros. Este ainda não é o nosso ECD!

Comentário: Aparentemente, e por aquilo que se pode inferir da leitura do artigo da sítio da FNE, esta última proposta do Ministério da Educação será mesmo o futuro Estatuto da Carreira Docente. Ora leiam o parágrafo que se segue:

"O ECD que acaba por ir a Conselho de Ministros é uma versão que, embora resulta clara e plenamente do acordo celebrado, não contempla outras matérias que a FNE considera que devem ser corrigidas num documento da natureza e importância de um estatuto de carreira."

No sítio da FENPROF temos uma informação similar:

"O ECD que, provavelmente, será aprovado em Conselho de Ministros, na próxima quinta-feira, acaba de vez com a divisão da carreira docente, medida por que os professores tanto lutaram. À última hora, o Governo tentou introduzir um conjunto de matérias não negociadas mas que a reacção pronta e determinada da FENPROF e dos professores permitiu evitar, obrigando o Governo a recuar."

A FENPROF junta ainda uma posição (que terá enviado ao Ministério da Educação) que é tão interessante quanto inócua.

Para descontrair...

Depois de mais um dia de reuniões intensamente burocráticas, só me apetece mesmo é deitar-me na cama e adormecer... Mas não posso... Mais papéis para as reuniões de amanhã são necessários. Não sou professor sou administrativo (suspeitava disso, mas este ano tenho a absoluta certeza).

Malditas "férias" da Páscoa. É nestas alturas que me apetece "insultar" (ou seja, dar os nomes reais aos bois e às suas famílias) quem afirma que os professores têm imensas férias. Enfim...

Música de "Cheryl Cole" - (Tema: Fight For This Love).

Propostas de reforma curricular.

No Público a 30/03/2010: "O Governo quer dar às escolas a possibilidade de optarem por disciplinas anuais ou semestrais em algumas áreas e criar aulas de recuperação sobre matérias ou para grupos de alunos específicos, anunciou hoje a ministra da Educação.

Isabel Alçada, que está esta tarde a ser ouvida na Comissão de Educação da Assembleia da República, afirmou que, no âmbito de uma reforma curricular que está a ser preparada para o 2.º e 3.º ciclos, a Área de Projecto vai deixar de ser uma Área Não Disciplinar.

Segundo a ministra, será substituída por um conjunto de possibilidades, que caberá à escola decidir, tendo em conta o “reforço da autonomia pedagógica”. Assim, acrescentou, em relação ao estudo acompanhado, a escola poderá optar por realizá-lo “para alguns grupos” de alunos ou para “alunos individualmente”.

“Prevê-se também a existência de aulas de recuperação específicas sobre algumas matérias ou para alguns grupos” de alunos, disse Isabel Alçada, defendendo “apoios suplementares mais flexíveis”.

A ministra admitiu também problemas ao nível do 3.º ciclo, nomeadamente a dificuldade dos alunos na gestão do número de disciplinas. “Vamos propor que as escolas escolham entre oferecer meio ano de uma disciplina, por exemplo História, e outra durante o resto do ano, como Geografia. Ou então manter as disciplinas anuais”, explicou.

Segundo Isabel Alçada, muitas escolas, designadamente as que assinaram contratos de autonomia, experimentaram esta modalidade, “com muito bons resultados”."

Ver Artigo Completo (Público)

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Comentário: Não vou começar a criticar já estas propostas sem as conhecer um pouco melhor, no entanto, a liberdade dada às escolas para escolher de que forma irão organizar as disciplinas poderá levar a fortes discrepâncias de formação a nível nacional, se não forem ponderados os vários caminhos possíveis, para que no final tenhamos um encontro de currículo a nível nacional.

Fiquei também com dúvidas relativamente ao carácter semestral das "opções" até porque o ano lectivo se desenrola em três períodos e não em dois. Relativamente a Área de Projecto e ao Estudo Acompanhado, veremos o que realmente se vai passar, pois ainda não compreendi na totalidade aquilo que é referido na notícia.
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segunda-feira, 29 de março de 2010

Mais dois documentos para "negociar".

E os dois documentos são a proposta de ECD e do modelo de avaliação do desempenho docente. Como não me apeteceu fazer o upload para a minha plataforma e constatei que o Paulo já disponibilizou estes documentos no blogue dele, seguem os links:

Proj. de alteração do ECD - 26 de Março de 2010

Proj. D.R. ADD - 18 de Março de 2010


Boa leitura... Se conseguirem ler o que quer que seja, depois de um dia de reuniões.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Crime público ou semipúblico?

Professores enfraquecidos.

Comentário: Para mim, o artigo cujo link coloquei acima, é bem mais que um "mero" artigo de opinião interessante... É acima de tudo informativo e deve ser lido por todos os colegas. Deixo-vos com um dos parágrafos mais relevantes:

"No que respeita às agressões físicas aos professores, elas só constituem crime público quando as agressões impliquem uma especial censurabilidade ou perversidade do agente, isto é, quando haja uma culpa agravada do agente. Com efeito, o artigo 145.º do Código Penal prevê um crime público de ofensa à integridade física qualificada, que depende de o Ministério Público provar essa culpa agravada. Nos casos em que isso não suceda, as agressões físicas a professores constituem um crime simples de ofensa à integridade física, previsto pelo artigo 143.º do Código Penal. E este crime é um crime semipúblico, ou seja, a sua perseguição criminal depende de queixa."

O embuste continua...

No Diário de Notícias a 25/03/2010: "Com as negociações entre Ministério da Educação e sindicatos na recta final - ainda não foi ontem que ficou definida a versão final do novo estatuto - já está garantida a continuidade do debate na Assembleia da República.
(...)
Entretanto, ministério e sindicatos de professores reuniram-se ontem, para acertarem as últimas questões relativas às carreiras e à avaliação. Depois de o Governo ter retirado da sua última proposta as questões sobre vínculos e remunerações que geraram a indignação dos sindicatos, Dias da Silva, da FNE, definiu ontem como "sem desvios" ao acordado a versão do Estatuto da Carreira Docente em cima da mesa. O Governo entrega a versão final do documento "nos próximos dias"."

Ver Artigo Completo (Diário de Notícias)

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Comentário: Já nem gosto de ler este tipo de artigos... Fazem-me lembrar acordos e memorandos e certas cumplicidades que me enojam profundamente. Cada vez considero mais que estas negociações são um embuste em que somente uns poucos privilegiados irão alcançar objectivos.

E quanto à Assembleia da República o melhor mesmo é nem me pronunciar...
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quinta-feira, 25 de março de 2010

De volta...

Ontem tive um dia de loucos que se prolongou noite dentro, com ponderações de notas e análise final de alguns relatórios. A burocracia, nesta altura, "esmaga-me" completamente e eu sufoco... Amanhã, já deverei conseguir repôr algumas novidades que estão aqui a fazer falta. Hoje, já não devo conseguir.

Deixo-vos com uma daquelas músicas que gosto de ouvir em situações destas. Godsmack, como não podia deixar de ser. ;)

Música dos "Godsmack" - (Tema: Serenity).

terça-feira, 23 de março de 2010

Manifestação pela vinculação dos colegas contratados.

No Jornal de Notícias a 23/03/2010: "A Fenprof vai convocar uma manifestação pela vinculação de professores contratados. O próximo concurso nacional de afectação será em 2011 e a Federação pretende que, no mínimo, o Governo cumpra a regra de que por cada dois docentes reformados entre um nos quadros.

“Na pior das hipóteses queremos que o Governo aplique o que diz e não faz porque mente. É uma vergonha”, defende ao JN o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof).

Em Abril, a Federação vai lançar uma campanha, através de folhetos, que defende a vinculação dos docentes contratados; e no Congresso, marcado para 23 e 24 desse mês, em Montemor-o-Novo, aprovará a data do protesto, que Mário Nogueira deseja que seja “grande, com muitos milhares de professores”.

A Fenprof fez as contas e entre 2007 e 2009 reformaram-se 13.053 docentes; e no último concurso nacional, em 2009, entraram nos quadros 396 docentes – ou seja, ingressou um nos quadros por cada 36 reformados. Até Abril de 2010 serão mais 1.106 professores a retirarem-se do activo. “Se a média se mantiver”, no final do ano, o número de docentes aposentados ultrapassará os 17 mil, o que poderia representar, se o Ministério da Educação (ME) cumprir a regra de Teixeira dos Santos, mais de 8.500 vagas nos quadros.

De acordo com dados do ME há nas escolas 23 mil docentes contratados (mais de 15 mil de Setembro a Agosto) e quase outros tantos nas Actividades de Enriquecimento Curricular, perfazendo um total que pode ultrapassar os 40 mil."

Ver Artigo Completo (Jornal de Notícias)

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Comentário: Este artigo vale mais pelos números que apresenta que propriamente pelo anúncio de uma eventual manifestação pelos colegas contratados. Não posso afirmar que a FENPROF nunca fez nada pelos colegas contratados, mas considero que o que tem vindo a ser feito é notoriamente pouco (basta ler as últimas propostas de ECD e o acordo assinado em Janeiro deste ano). Mas o problema da precariedade dos colegas contratados não pode ser exclusivamente imputada aos sindicatos e ao governo. Existe uma certa falta de união e mobilização por parte dos colegas contratados que não permite qualquer tipo de pressão realmente eficaz sobre quem nos representa ou sobre quem nos paga. E até certo ponto, eu compreendo os motivos...

Já nos meus tempos de contratado achava essencial a criação de um qualquer movimento ou associação que realmente defendesse os interesses dos colegas contratados. Nunca consegui fazer com que a minha ideia singrasse (os males da interioridade transmontana) e ao fim de alguns anos desisti de discutir isso com outros colegas. Era realmente ingénuo... Adiante. Os sindicatos por mais bem intencionados que sejam, trabalham maioritariamente para assegurar outros interesses (sejamos verdadeiros), que não passam frequentemente pela consideração pelos "precários" da classe. Querem fazer uma manifestação?! Força... Mas receio que a adesão será diminuta.
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A proposta que já é realidade desde 2007.

Agredir professores já é crime público.

Comentário: É a pura das verdades... E eu ontem deixei levar-me pelo cansaço e publiquei a notícia mencionada no post abaixo (agradeço ao colega arlindovsky a chamada de atenção) que referia uma proposta da FENPROF relativa à possibilidade das agressões a professores passarem a ser um crime público. Esta possibilidade é já uma realidade desde 2007 (mesmo que sujeita a diferentes interpretações)... E eu sabia-o (é o que dá colocar posts a correr e depois de um dia de imenso trabalho). Peço desculpa pela minha contribuição para um engano.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Possibilidade de crime público.

Agressões a professores podem ser crime público.

Comentário: Que bom seria se esta proposta da FENPROF passasse a ser uma realidade! A principal vantagem desta alteração é a seguinte: deixa de ser necessária uma queixa do professor agredido para que o caso seja investigado. O que seria excelente, pois muitos professores não fazem queixa com medo de represálias... E não me refiro apenas às represálias dos alunos e familiares dos mesmos.

Também achei bastante interessante uma outra proposta da Fenprof, relativa à possibilidade dos professores passarem a ter o estatuto de autoridade pública e a figura jurídica da presunção da verdade, no entanto, será quase irreal que ela venha a ser aplicada. O Governo nunca iria deixar que isso acontecesse.

Nota: Para lerem as restantes propostas da FENPROF, cliquem aqui.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Bom fim-de-semana.


Música dos "Alien Ant Farm" - (Tema: Attitude).

Projecto de Decreto Regulamentar - Avaliação do Desempenho Docente.

A minha leitura de fim-de-semana... E espero que a vossa também. Deixo-vos com o link:

Proj. D.R. ADD - 18 de Março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Pois, pois... Somos todos muito ingénuos.

Governo recua em toda a linha com os professores.

Comentário: No artigo acima, atribui-se a responsabilidade deste recuo governamental às ameaças de manifestações pelos sindicatos. Pois... E o coelho da Páscoa vive aqui em minha casa e dorme mesmo ao lado do Pai Natal. Foi também relativamente interessante ver o secretário de Estado, Alexandre Ventura, a dizer que "havia uma vontade de harmonização da carreira docente com a lei geral da Função Pública», mas que essa «não é uma prioridade» neste momento". Delicioso, o pormenor do "neste momento"... Para mais tarde, então.

Gosto de teatro, mas este é de tremenda má qualidade e não me venham com improvisos. Neste espectáculo dramático não existe absolutamente nada que faça acreditar em improviso. Bem, pelo menos não para mim... Mas eu sou esquisito.

Dupla personalidade ministerial?!

No Público a 18/03/2010: "O Ministério da Educação decidiu retirar as alterações que apresentou esta semana ao Estatuto da Carreira Docente, muito contestadas pelos sindicatos de professores, com o intuito de terminar rapidamente o processo de revisão daquele diploma.

O Ministério da Educação não quer que se atrase a aprovação desta legislação de que as escolas, os professores e os pais necessitam. Por isso, o Governo retirou da agenda todas as matérias que vão para lá do acordo [de Princípios assinado em Janeiro] e considero que estão assim reunidas as condições para encerrarmos rapidamente este processo”, anunciou o secretário de Estado adjunto e da Educação, Alexandre Ventura, em conferência de imprensa."

Ver Artigo Completo (Público)

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Comentário: Existe aqui algo de profundamente estranho... Receio que só mesmo quem possua mais informação que aquela que é libertada pelos meios de comunicação, conseguirá alcançar a verdadeira extensão deste tabuleiro de xadrez e qual a verdadeira estratégia do oponente que ainda possui todas as peças.

Não quero acreditar que este avanço e recuo (em menos de uma semana) não tenha um objectivo bem definido. Veremos o que os próximos dias nos trazem...
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Concurso de docentes 2010/2011.

Ainda não se vislumbra um eventual novo decreto-lei que regulamente os concursos de docentes, nem o tão esperado aviso de abertura. No entanto, o Ministério da Educação já publicitou o calendário do concurso. Assim:

1. Contratação / Destacamento por Condições Específicas

Submissão da Candidatura - Candidato: 12/04 a 23/04

Validação da Candidatura - Escolas/DGRHE: 26/04 a 30/04

Aperfeiçoamento da Candidatura - Candidato: 03/05 a 06/05

Validação do Aperfeiçoamento - Escolas: 07/05 a 10/05

2. Destacamento por Condições Específicas

Relatório Médico - novos candidatos e candidatos que solicitam a manutenção: 26/04 a 14/05

Upload de Documentos - novos candidatos e candidatos que solicitam a manutenção: 29/04 a 19/05

3. Publicitação das Listas Definitivas: 30/08

Bom dia...

Música de "Timbaland ft. Justin Timberlake" - (Tema: Carry Out).

quarta-feira, 17 de março de 2010

O fim de um estatuto...

Quando ontem à noite li a nova proposta de ECD (que segundo muitos dizem, será o definitivo) não queria acreditar no que os meus olhos viam e no que a minha mão conseguia sublinhar com uma caneta fluorescente (por norma, as alterações para "pior"). A conclusão depois de uma leitura relativamente atenta, é a que se segue e pode "magoar" os mais esperançosos:

Não estamos perante um novo estatuto da carreira docente mas sim perante um documento que pura e simplesmente extermina o estatuto da carreira docente!

Os poucos colegas que leram esta última proposta sabem do que "falo". O panorama deixou de ser clara e inequívocamente "negro" e passou a "perda total". Vejamos o resumo (elaborado pela FENPROF) das alterações mais significativas:

- Eliminação das regras de recrutamento para os quadros das escolas ou agrupamentos, sendo também estes eliminados, bem como a existência de vagas;

- Separação entre ingresso nos quadros (que seriam substituídos por mapas de pessoal) e ingresso na carreira, na qual apenas se poderá entrar por procedimento concursal dependente do Ministério das Finanças;

- Consideração de precariedade como regra, bem patente quando se afirma que os “postos de trabalho existentes nos mapas” das escolas e agrupamentos “podem ser ocupados por docentes integrados na carreira”;

- Reforço da arbitrariedade da administração educativa no que respeita à possibilidade de transferir compulsivamente os professores de escola;

- Fim de todas as formas de mobilidade actualmente existentes – concurso, permuta, destacamento, requisição e comissão de serviço – e substituição por “mobilidade interna” (por prazos de 4 anos) e “cedência de interesse público”;

- Aplicação pura e simples da Lei 12-A/2008, de 27 de Fevereiro, ou seja, negação, na prática de um estatuto profissional e de carreira específico para o pessoal docente, o que traduz um retrocesso de mais de 20 anos;

- Aplicação generalizada das regras de contrato individual de trabalho, quer a docentes actualmente contratados, quer dos quadros.

Muitos colegas só se irão aperceber do alcance desta mudanças a partir dos concursos nacionais de 2011 (será, por razões óbvias, tarde demais). Infelizmente... A dormência nas escolas é grande e continuo a considerar que o facto de estarmos perante um ano de "apreciação intercalar" (para os colegas contratados não se aplica este conceito) e de uma certa satisfação pela eliminação da divisão da carreira (a que preço, meu Deus... a que preço!) irá contribuir para uma fraca contestação (e por consequência, adesão a eventuais iniciativas sindicais).

Quero acreditar que ainda podemos fazer algo, enquanto classe profissional, no entanto, tenho de admitir que perante tão gravosas mudanças, o panorama afigura-se de extrema complexidade. É importante, neste momento, que todos os colegas leiam a última proposta de ECD e formem as suas próprias opiniões. Só informados poderemos ter uma real capacidade de contestação e de mobilização consequente.

A luta tem de continuar, por maior que seja o cansaço...

terça-feira, 16 de março de 2010

Projecto de alteração do ECD - 15 de Março de 2010.

Recebido por email e mais uma vez desbloqueado por moi-même (o Ministério da Educação nunca mais desiste de bloquear os pdf´s. É triste, mas é a realidade). Para fazerem o download do mesmo, basta clicarem no link abaixo:

Proposta de ECD (15/03/2010)


Nota: Ainda não o li, nem vou ter tempo para o fazer antes da próxima 6.ªa feira, como tal, se quiserem vão colocando em comentários a este post, as "marosquices" que entretanto encontrarem. Boa leitura...

Apreciação intercalar do desempenho docente (2010).

O texto que se segue (relativo a um despacho do Secretário da Estado Adjunto e da Educação que chegou as escolas ao fim da tarde de hoje) foi furtado do blogue do Ramiro. Aconselho a leitura atenta a quem se encontra em condições de progredir ainda esta ano civil.

"O Decreto-Lei n.º 270/2009, de 30 de Setembro, estabeleceu, na alínea b) do nº 6 do artigo 7º, uma regra transitória em matéria de progressão na carreira para os docentes que, no ano civil de 2010, perfaçam o tempo de serviço necessário para progredirem ao escalão seguinte e tenham obtido na avaliação do desempenho do ciclo de avaliação de 2007-2009 a menção qualitativa mínima de Bom.
De acordo com aquela norma, a progressão dos docentes por ela abrangidos depende, ainda, da obtenção de uma menção qualitativa igual ou superior a Bom numa apreciação intercalar do desempenho, realizada a requerimento dos interessados.

Neste contexto, importa proceder à fixação dos procedimentos a adoptar no âmbito da apreciação intercalar prevista na alínea b) do nº 6 do artigo 7º do Decreto-Lei n.º 270/2009, de 30 de Setembro.
Assim, determino o seguinte:

1 – Para o efeito da progressão ao escalão seguinte da carreira, no ano civil de 2010, dos docentes que neste ano perfaçam o requisito de tempo de serviço para progressão, aplicam-se cumulativamente as seguintes regras:
a) Ter obtido na avaliação do desempenho referente ao ciclo de avaliação de 2007-2009 a menção qualitativa mínima de Bom;
b) Ter obtido na apreciação intercalar do seu desempenho menção qualitativa igual ou superior a Bom.

2 – A apreciação intercalar do desempenho é requerida pelo interessado, o qual com o requerimento entrega documento de auto-avaliação, não sujeito a regra formal de elaboração, mas do qual deve constar, pelo menos, o seguinte:
a) Breve descrição da actividade profissional no período em apreciação, incluindo uma reflexão pessoal sobre as actividades lectivas e não lectivas desenvolvidas pelo docente;
b) Identificação da formação eventualmente realizada.

3 – O período abrangido pela apreciação intercalar e sobre o qual o docente elabora o documento referido no número anterior decorre desde o início do ano lectivo de 2009-2010 até ao último dia do mês anterior àquele em que o docente complete o requisito de tempo de serviço necessário à progressão.

4 - A Comissão de Coordenação da Avaliação do Desempenho aprecia o documento entregue pelo docente, ponderando o respectivo conteúdo no sentido de uma apreciação objectiva e rigorosa do seu desempenho nesse período, atribuindo-lhe uma menção qualitativa dentro do elenco – Insuficiente, Bom, Muito Bom.

5 – Atribuída a menção qualitativa pela Comissão de Coordenação da Avaliação do Desempenho, o director do agrupamento de escolas ou escola não agrupada procede à respectiva homologação.

6 - Para os efeitos do presente despacho não é aplicável o disposto no Despacho n.º 20131/2008, de 30 de Julho, com as alterações que lhe foram introduzidas pelo Despacho n.º 31996/2008, de 16 de Dezembro.

7 – A apreciação intercalar do desempenho prevista no presente despacho não substitui a avaliação do desempenho do ciclo de avaliação de 2009-2011."

Finalmente começam a revelar-se.

No "Sol" a 16/03/2010: "Os sindicatos ficaram surpreendidos com a proposta de Estatuto da Carreira Docente que o Ministério lhes fez chegar ontem à noite e determina que o recrutamento e a mobilidade dos professores passará a ser gerido pelas Finanças. «Isto nunca esteve em cima da mesa», garantiu ao SOL João Dias da Silva, da FNE.

Os concursos para admissão de professores passam a ser geridos em conjunto pelo Ministério das Finanças, Administração Pública e Educação. Esta é uma das mudanças previstas no projecto de revisão da Carreira Docente que a ministra Isabel Alçada fez chegar, ontem à noite aos sindicatos, e que apanhou desprevenidos os sindicalistas.

«Isto nunca esteve em cima da mesa», comentou ao SOL João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional de Sindicatos da Educação (FNE), que se diz «muito descontente» com a proposta do Ministério.

«No fundo, o que isto faz é acabar com o estatuto especial dos docentes», explica o sindicalista, adiantando que os professores passam a estar sujeitos ao regime geral da Função Pública «no que toca ao recrutamento e mobilidade».(...)"

Ver Artigo Completo (Sol)

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Comentário: Passado o tempo das ilusões, dos sorrisos e dos abraços, começamos agora a ver qual a verdadeira "fibra" deste novo Ministério da Educação. Se relativamente ao recrutamento o que agora aparece parece-me que não introduz nada de novo, penso que no que concerne à mobilidade já não será bem assim. Implicações? Bem, não sei bem quais nem em que medida isso nos irá afectar, no entanto, se o Estado propõe é porque certamente não nos trará qualquer benefício...
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Simplesmente hilariante...

Primeiro-ministro apresentado em cerimónia pública como José "Trocas-te".

Comentário: O tipo da "voz off" devia receber um prémio. Ah ah ah. Segue o registo áudio... Ouçam que vale a pena.

Cada vez mais grave...

Professor quis deixar as queixas em acta. O documento desapareceu.

Comentário: O artigo acima indicado começa da forma que a seguir coloco e dispensa grandes comentários: "No dia 27 de Janeiro, o professor de música da Escola Básica 2+3 de Fitares, em Sintra, fez mais um pedido de ajuda. O último antes do suicídio. Na reunião do grupo da sua disciplina, L. V. C. alertou os colegas para a sua dificuldade em dar aulas a uma turma do 9º ano devido à indisciplina de alguns alunos. O relato deveria constar na acta, mas o professor de música - que foi destacado como o secretário daquela reunião -, morreu antes de redigir o documento. Após a sua morte, a tarefa foi delegada a outra colega que escreveu o relatório, mas terá omitido a queixa do docente."

segunda-feira, 15 de março de 2010

"Memórias esparsas do Luís".

"O Luís era uma daquelas pessoas já raras, porque digna, guiado por princípios e valores, exigente consigo próprio, tímido e muito metido com ele (era difícil arrancar-lhe um sorriso). Aos 51 anos, "solteirão", ainda contratado - o professorado é a única profissão em Portugal onde isto ainda acontece! - veio até nós, no decurso da luta pela Profissionalização, contexto onde convivi com ele directamente durante cerca de três anos.

Portador de Habilitação Própria, foi eleito em Lisboa, em Plenário para a Comissão de Contratados, em 2004. Participou activamente em todos os protestos e acções reivindicativas da nossa Frente de Trabalho do SPGL, que levaram à conquista do Despacho nº 6365/2205 (profissionalização em serviço em ESE's e Faculdades).

Era conhecido entre nós pelo ”freelancer" (alusão à sua segunda ocupação de jornalista eventual). Dotado de forte sensibilidade em relação ao mundo da informação e da comunicação social, propôs e pedia frequentemente, nas nossas reuniões, que os sindicatos encarassem esta frente (relações públicas) com outros olhos, mais eficazmente. A partir de 2006, não se recandidatou mais à nossa comissão de contratados.

Encontrei-o mais tarde nas mega-manifestações de professores: estava na Escola EB 2,3 Ruy Belo, e achei-o disposto a não entregar os Objectivos Individuais, um verdadeiro problema de consciência moral, para ele.

Depois disso, mais uma ou duas vezes, espaçadamente. Soube que tinha sido colocado na EB2,3 de Fitares, mas pouco mais.

No passado dia 11 de Fevereiro, revi-o pela última vez, em Oeiras, já deitado no caixão na capela mortuária. Conversei longamente com a mãe, a irmã, a empregada doméstica. Vêm-me à memória as palavras do pai, militar aposentado: "o Luís era bom moço, quis ser bom até ao fim, só que não aguentou o inferno das escolas de hoje... Vocês têm que fazer qualquer coisa!"

O Luís nos, últimos tempos, já tinha tomado friamente a decisão, inabalável. Por isso, não creio que nesse período, tenha pedido ajuda a ninguém. Segundo me disseram familiares, no velório, pela consulta do histórico do seu PC, ele, um mês antes e se lançar da ponte, consultava sites sobre suicídio, na internet. Escolheu o dia da sua morte coincidindo com a data de aniversário do pai, com o qual, aliás, se dava bem.

O ambiente no velório foi impressionante, pela dignidade, revolta interior e tristeza da cerimónia, com alguns professores presentes, num silêncio de cortar à faca, só rasgado por frases em surdina, de justo ódio, visando os políticos responsáveis pela situação a que nos últimos anos chegou o Ensino Público. Foi, sem dúvida, dos velórios mais tocantes em que estive até hoje, mesmo estando já habituado a duras perdas, e tendo estado na semana anterior, noutro, de um familiar directo. Quando escrevi no livro de condolências o que me ia no espírito, tive dificuldade em o fazer, a cortina de lágrimas teimava em desfocar-me as letras.

Pessoalmente, decidi manter silêncio durante um mês, por respeito ao pesado luto da família, só o quebrando depois da irmã dele (nossa colega, também) o ter feito, decorridos cerca de trinta dias, com a divulgação da notícia à comunicação social, para assim tentar evitar que outros casos se repitam, colocar toda a verdadeira dimensão das depressões e suicídios profissionais à luz do dia, rasgar o manto hipócrita dos silêncios assassinos e abalar as consciências de toda a sociedade.

Paulo Ambrósio

- membro da Comissão de Professores Contratados e da Frente de Professores e Educadores Desempregados do SPGL desde 1999"


Nota: Este texto foi enviado pelo colega Paulo Ambrósio para o meu email, e pelo seu valor, optei por colocá-lo aqui no blogue.

Pode tardar, mas chega...

No Diário de Notícias a 15/03/2010: "Em três anos, 87 docentes pediram apoio jurídico à linha SOS Professor. Oito deles optaram por avançar com processos judiciais e ganharam. Os encarregados tiveram de pagar indemnizações

Oito encarregados de educação que agrediram professores acabaram condenados em tribunal ao pagamento de multas entre os 600 e os quatro mil euros. Nos casos que chegaram à justiça, os arguidos são sempre encarregados de educação, embora os principais agressores sejam os alunos.
(...)
Nestes casos, alguns dos arguidos foram ainda condenados a penas suspensas de prisão, substituídas por multas. Das situações acompanhadas pela SOS Professor, apenas um dos arguidos foi absolvido por falta de provas.
(...)
Se a maioria das agressões é feita por alunos, estes acabam por ser punidos com sanções disciplinares dentro da própria escola, explica o coordenador da linha João Grancho. E quando há uma queixa formal estão sujeitos à Lei Tutelar Educativa, por serem menores, que determina castigos como mudança de turma ou a frequência de programas de educação, diz o advogado Luís Filipe Carvalho.

Muitos dos 87 professores que pediram apoio jurídico para lidar com situações de violência física ou verbal apenas querem pedir conselhos. "Às vezes, os professores só querem desabafar ou conselhos de como agir", refere o coordenador da linha.

Como resposta às dúvidas, João Grancho adianta que os técnicos da linha aconselham sempre a denunciar o caso à escola ou às autoridades competentes.

Até porque "as pessoas têm tendência a desvalorizar as pequenas coisas e se elas não forem denunciadas transmite-se um sentimento de impunidade", conclui o responsável pela linha."

Ver Artigo Completo (Diário de Notícias)

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Comentário: As indemnizações são de montante extremamente reduzido, mas aqui o que realmente interessa é a condenação e uma "espécie" de reposição da autoridade retirada ao professor (por mais insignificante que seja). Bem sei que pode parecer pouco (mesmo quase nada), mas considero que avançar com este tipo de acções será tão benéfico para o colega, vítima de violência, como para uma classe inteira. Se mais de nós fizessemos isto, certamente que as agressões contra professores poderia ser reduzida.
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ADD vs graduação concurso 2010/2011.

Sim, a ADD conta na graduação no próximo concurso 2010-2011.

Comentário: Uma recuperação de um tema importante por parte do blogue Ad duo, que já abordei neste blogue por diversas vezes. Mais uma vez recordo que se nada for alterado, a graduação para o concurso deste ano, será influenciada pela avaliação obtida até Dezembro de 2009.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Um excelente fim-de-semana para todos os meus colegas...

... e já agora, um abraço. Dedico-vos esta música, na esperança de dias melhores.

Fiquem bem.

Música dos "Youth Group" - (Tema: Forever Young).

Culpado por ser frágil...

Professor vítima de 'bullying' tinha "fragilidade psicológica".

Comentário: Fiquei chocado e até certo ponto incrédulo com o artigo acima indicado, nomeadamente na parte que a seguir coloco:

"O director regional de Educação de Lisboa espera que o inquérito instaurado numa escola de Fitares esclareça o caso de um professor que se suicidou e que era alegadamente gozado pelos alunos, mas sublinhou que o docente tinha uma "fragilidade psicológica" há muito tempo."

Reparem que os alunos alegadamente gozavam o professor... alegadamente... Mas quanto à fragilidade psicológica do professor, já este senhor director não tem qualquer dúvida. Depois de um grande parte do dia em tristeza, não consigo deixar de expressar aqui a minha revolta quando ouço responsáveis máximos de instituições que nos deveriam defender a serem lestos em apurar a fragilidade do professor, mas não tenham sido igualmente rápidos a determinar a culpa dos alunos ou de outras personagens eventualmente envolvidas. Bem... Nem sei muito bem o que mais hei-de escrever. Hoje foi definitivamente um dia estranho! Já há muito que não me sentia assim...

Blogosfera: Reacções à morte do colega vítima de bullying.

Durante o dia de hoje irei colocando artigos, posts de outros blogues e reacções várias à morte do nosso colega neste post. Não podemos deixar que esta situação seja esquecida...

ProfBlog: "Isto é de uma gravidade extrema. O bullying não atinge apenas alunos. Há muitos professores que são vítimas silenciosas. E há encobridores que protegem os bullies"

Miguel Blog Portugal: "Execrável"

A Educação do meu Umbigo: "Chegou Tarde à Imprensa"

Exílio de Andarilho: "O caso do professor da escola de Sintra"

Pensar por escrito: "PROBLEMA Nº 1 DO ENSINO : A INDISCIPLINA"

outrÒÓlhar: "Que Escola é esta?"

Candidato a Professor: "Ainda o bullying - morte de um professor"

O Trabalho Induca e o Vinho Enstrói: "Pior cego é o que não quer ver"

Nota: Apelo aos colegas que todos os desabafos e opiniões que tenham e que queiram partilhar sejam feitos no post abaixo. Obrigado.

A morte de um professor vítima de bullying...

No jornal "i" a 12/03/2010: "Na manhã de 9 de Fevereiro, L. V. C. parou o carro no tabuleiro da Ponte 25 de Abril, no sentido Lisboa-Almada. Saiu do Ford Fiesta e saltou para o rio. Há vários meses que o professor de música da Escola Básica 2+3 de Fitares (Sintra), planearia a sua morte. Em Novembro escreveu uma nota no computador de casa a justificar o motivo: "Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim, não tendo outras fontes de rendimentos, a única solução apaziguadora será o suicídio".

L. V. C., sociólogo de formação, tinha 51 anos, vivia com os pais em Oeiras, era professor de música contratado e foi colocado este ano lectivo na Escola Básica 2+3 de Fitares, em Sintra. Logo nos primeiros dias terão começado os problemas com um grupo de alunos do 9º ano. A indisciplina na sala de aula foi crescendo todos os dias, chegando ao ponto de não conseguir ser ouvido. Dentro da sala, e ao longo de meses, os alunos chamaram-lhe careca, tiraram-lhe o comando da aparelhagem das mãos, subindo e descendo o volume de som, desligaram a ficha do retroprojector, viraram as imagens projectadas de cabeça para baixo.

Houve vezes em que L. V. C. expulsou os alunos da sala, vezes em que fez participações disciplinares. Foram pelo menos sete as queixas escritas que terá feito à direcção da escola, alertando para o comportamento de um aluno em particular. Colegas e familiares do professor de música asseguram que a direcção não instaurou nenhum processo disciplinar.
(...)
O i teve acesso a uma das participações feitas pelo professor de música. No dia 15 de Outubro de 2009, L. V. C. dirigiu à direcção da escola uma "participação de ocorrência disciplinar", informando que marcou falta disciplinar a um aluno e propondo que fossem aplicadas "medidas sancionatórias". Invocou vários motivos, entre os quais "afirmações provocatórias", insultos ou resistência do aluno em abandonar a sala.

O professor de música desabafou que não suportava mais dar aulas àquela turma do 9º ano: "Nos últimos meses, já se acanhava perante os seus alunos como se tivesse culpa", explicou ao i um familiar. Atravessar o corredor da escola foi um dos seus pesadelos, é aí que os alunos se concentram quando chove: "Um dia, chamaram-lhe cão." Nos outros dias, deram-lhe "calduços" na nuca à medida que caminhava até à sua sala de aula.

Alguns professores testemunharam a "humilhação" de L. V. C. nos corredores da escola e sabiam que se sentia angustiado por "não ser respeitado pelos alunos". Só não desconfiavam que a angústia se tivesse transformado em desespero. O professor de música não falava com ninguém. Chegava às sete da manhã para preparar a aula. Montava o equipamento de som, carregava os instrumentos musicais da arrecadação até à sala. Deixava tudo pronto e depois entrava no carro: "Ficava ali dentro, de braços cruzados, e só saia para dar a aula." L. V. C. preferia estar no carro em vez de enfrentar uma sala de convívio cheia de colegas: "Era mais frágil do que nós, dava para perceber que não tinha o mesmo estofo."

Sentia os problemas de indisciplina como "autênticos moinhos de vento", conta o psicólogo que o seguiu nos últimos dois anos. L. V. C. tinha acompanhamento psicológico e psiquiátrico e era ainda seguido por uma médica de família: "Todos os técnicos de saúde que o acompanharam aconselharam uma baixa médica porque o seu quadro clínico se agravou", conta o especialista, esclarecendo que o seu paciente "tinha fragilidades psicológicas inerentes a ele próprio". Falhas que se deterioraram. Meses antes da sua morte, pensava com insistência que lhe restava "pouco espaço de manobra".

"Evitava expulsar os alunos porque temia parecer inábil perante a direcção da escola", diz o psicólogo. Fez ainda várias tentativas antes de se sentir encurralado. Mudou os alunos problemáticos de lugar, teve explicações particulares e aprendeu a trabalhar com as novas tecnologias aplicadas à música. Introduziu equipamento multimédia para cativar os adolescentes. Não resultou. Acabaram-se os trunfos. O psicólogo fez uma recomendação à médica de família para passar uma baixa ao seu paciente por "temer o pior". "Tentámos travá-lo, mas ele próprio já não queria parar. Só parou quando se atirou ao Tejo."

Ver Artigo Completo (iOnline)

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Comentário: Ainda na quarta-feira passada, concluí um post relativo à agressão a um colega, com a seguinte questão: "Será necessário morrer um professor para também se discutirem soluções para agressões deste tipo?". Não sabia eu que tal já havia ocorrido (1 mês antes, ou seja, a 9 de Fevereiro)... Juntem a este artigo, este outro do jornal "Público" e poderão fazer um retrato minimamente fiel (obviamente que nem podemos pretender compreender na totalidade a angústia deste colega, mas dá para ficar com uma ideia) do tormento a que este docente terá sido sujeito durante meses.

Não consigo deixar de manifestar o meu pesar por um colega de profissão que levado ao extremo decide terminar a sua vida. Não são só os alunos que são vítimas de bullying... Os professores também são e de que maneira. Será agora a altura de começar a discutir soluções ou é mais um daqueles casos para esquecer ou falar enquanto for "quente"? Todos conhecemos escolas com directores permissivos, a que podem ser apontados dedos, mas a legislação também não ajuda. Mais, quantos de nós já vimos colegas a serem maltratados por alunos e nada fizemos por eles? E nada fizemos com receio que passássemos nós a ser o alvo dos alunos. Para mim, hoje é um dia triste... Para mim, hoje é um dia de profunda reflexão...
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quinta-feira, 11 de março de 2010

Confusão na "avaliação intercalar".

Segundo uma nota informativa enviada às escolas pelas diversas DRE´s, o modelo a ser aplicado este ano seria o "simplex" já utilizado no ano anterior. Nessa mesma nota, eram referidos os três "tipos" de colegas que seriam avaliados (o termo correcto seria mesmo apreciados se lermos a legislação):

1) Colegas contratados - para efeitos de renovação de contrato, concurso ou ingresso na carreira;
2) Colegas que necessitem de avaliação intercalar para efeitos de progressão - de acordo com a alínea b, do n.º 6, do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 270/2009;
3) Colegas que no anterior ciclo de avaliação obtiveram "Regular" ou "Insuficiente".


Ontem no jornal "Sol" surgiu um artigo com a seguinte informação da direcção da FENPROF:

"(...)na reunião realizada em 24 de Fevereiro, a Fenprof foi informada (pelo ME) de que tal procedimento afinal não se aplicaria aos docentes que iriam progredir, devendo, em breve, haver nova informação junto das escolas."

À noite sou confrontado com a informação (divulgada pelo blogue Ad duo) que afinal a apreciação intercalar afinal suspensa e que as escolas/agrupamentos estarão a receber essa informação. Leiam o que consta num post deste blogue:

"Considerando a necessidade de esclarecer dúvidas surgidas na aplicação do disposto da alínea b) do n.º 6 do art.º 7.º do Decreto-Lei n.º 270/2009, de 30 de Setembro, a que faz referência o n.º 2 da Nota Informativa divulgada em 5 de Fevereiro por esta DRE, devem as direcções dos agrupamentos aguardar orientações a este propósito que serão em breve remetidas."

Onde ficamos?! Não querem recuar nem reformular e depois dá nisto...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Boa noite...

Surgiram rumores (que ainda não tive oportunidade de confirmar) que esta "avaliação intercalar" (que na realidade não é, pois trata-se de uma "apreciação intercalar") estaria suspensa. Não sei se tal é verdade, mas se for não estranharia absolutamente nada. Amanhã certamente já saberemos mais qualquer coisita...

Até amanhã.

Música dos "Paramore" - (Tema: crushcrushcrush).

Mais um caso de violência contra professores...

No Diário de Notícias a 10/03/2010: "Um rapaz de 12 anos agrediu violentamente um professor, na sala de aula e em frente aos colegas, atirando-lhe com uma mochila na cara e batendo-lhe com uma cadeira nas pernas. O caso aconteceu segunda-feira numa turma do 6.º ano da Escola D. Pedro II, na Moita. O professor sentiu-se mal, correu para a casa de banho a vomitar e teve de ser assistido no Hospital do Barreiro. A escola já abriu um processo disciplinar ao aluno, que ontem foi à escola. O professor também surgiu na escola de muletas, mas não deu aulas.

Para os colegas, F. J. "é um bom aluno" e nunca tinha dado mostras de ser violento, pelo menos ao ponto de espancar um professor. Mas, quando o docente de Português entregou os testes, o rapaz discordou da avaliação. Contestou, não ficou satisfeito com as explicações e agrediu o professor.

Ninguém conseguiu reagir. Mesmo os mais velhos - a turma tem vários estudantes de 14 anos - ficaram "colados à cadeira", como descreveram ontem os colegas de turma. "Se fôssemos fazer alguma coisa, se calhar, ainda era pior. Ele estava transformado", explicou uma jovem, ainda estupefacta com a violência da agressão, admitindo que o professor "ficou sem reacção e só se tentou afastar para não levar mais".(...)"

Ver Artigo Completo (Diário de Notícias)

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Comentário: Antes de maiores comentários, uma nota pessoal: não sou muito dado a violência física, seja em que situação for, no entanto, e perante uma situação deste tipo tenho de admitir que só mesmo apanhado de surpresa ou incapacitado físicamente pelo agressor é que não iria reagir. E vou frisar isto, para que fique claro: Reagir! Que não me venham com regulamentos, normas de convivência, estatutos, leis e antecedentes disciplinares ou com o "tal" argumento: "Ah e tal... és adulto. Blá blá blá". Se assim quiserem entender não sou suficientemente racional para reagir a uma situação de violência contra a minha pessoa, apenas afastando o agressor ou encolhendo-me. Se me baterem e eu puder reagir, reajo (e não será apenas para afastar). Peço desculpa pela sinceridade que poderá afectar de forma negativa os colegas mais racionais, mais teóricos e eventualmente mais "educados", mas não consegui ficar "calado" com mais esta agressão. Obviamente que depois seria eu o culpado de todos os problemas, mas tenho dois braços e duas pernas para ir trabalhar noutro lado e/ou eventualmente noutra área que não o ensino. Era só o que me faltava aceitar "porrada" como desculpa para não perder o emprego!!! Encarem isto como uma definição parcial do meu carácter (ou falta dele).

Vamos então ao que realmente interessa: Infelizmente temos aqui mais uma agressão em que o aluno não se mostrou minimamente arrependido do que fez. E recordo que justificou o que fez ao professor com o facto de discordar da avaliação. De discordar da avaliação... Dá para pensar este argumento. Tal como as notícias de bullying, também estas notícias de agressão a professores têm uns anos. O bullying só se tornou mais mediático com a morte de uma criança... Parece-me que as pessoas só acordaram para este tema com a morte de um jovem. Será necessário morrer um professor para também se discutirem soluções para agressões deste tipo?
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terça-feira, 9 de março de 2010

"Pedir ou não pedir aulas assistidas"?!

A questão que coloquei como título deste post constitui o cerne de vários emails recebidos nestas últimas semanas, de diferentes colegas contratados. Por razões óbvias não posso responder se devem ou não devem pedir aulas assistidas/observadas sem uma fundamentação mínima (e esta é mesmo mínima, pois ando com uma tremenda falta de tempo - para piorar, tenho aqui ao lado vários testes intermédios de Biologia de 11.º ano para corrigir). O que posso dizer-vos é que sem elas não poderão obter as tais classificações de "topo" (e ainda assim têm de "rezar" por uma vaga). Mas isso vocês já sabiam e não era isso que queriam ler, pois não?!

Vamos ao que interessa... Relativamente à influência das aulas assistidas, e por consequência (ou não) das eventuais menções qualitativas de "topo" que possam surgir, na graduação para efeitos de concurso, segundo consta no Decreto-Lei n.º 51/2009 - artigo 14.º:


"1 — A graduação dos candidatos detentores de qualificação profissional para a docência é determinada pelo resultado da soma dos valores obtidos, nos termos das alíneas seguintes:
a) (...)
b) (...)
c) A última avaliação de desempenho realizada nos termos do Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário e dos Decretos Regulamentares n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, 11/2008, de 23 de Maio, e 1-A/2009, de 5 de Janeiro, nos termos seguintes:
i) Excelente — 2 valores;
ii) Muito bom — 1 valor;
d) (...)
e) (...)"


Mas na eventualidade de existir por aí pessoal com memória mais fraca, eu relembro. Lendo o artigo 6.º (Disposição transitória):

"1 — Para o concurso 2009/2010, a graduação profissional do pessoal docente é calculada nos termos do artigo 14.º do Decreto -Lei n.º 20/2006, de 31 de Janeiro, na redacção anterior à alteração introduzida pelo presente decreto-lei."

Assim, no concurso anterior (2009/2010) as avaliações de "topo" não influenciaram a graduação para efeitos de concurso (o que poderão verificar se lerem o "tal" artigo 14.º do Decreto-Lei n.º20/2006). Até aqui, já todos sabíamos... E até aposto que a maioria dos estão a ler este post nem precisaram de ir procurar o DL 20/2006. Adiante. O que vai acontecer daqui para a frente é que ninguém sabe (bem, pelo menos no meu círculo mais restrito de amigos). Escrito de outra forma, as menções qualitativas de "Excelente" e "Muito Bom" poderão ou não influenciar a graduação, depende da legislação que entretanto surgir. Se não surgir nada de novo, que elimine esse elemento de ponderação... Não preciso escrever mais, pois não?!

Espero sinceramente que a avaliação (pelo menos, segundo os moldes actuais) não seja considerada na graduação e que se elimine de forma inequívoca essa ponderação para efeitos de concursos, no entanto, não sou eu que mando.

O que fazer então? Façam aquilo que vos passar na consciência... Por via das dúvidas, e mesmo discordando da influência desta avaliação na graduação eu não arriscaria, mas cada um sabe da sua vida.

Inconclusivo...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Procurar soluções...

PSP já tem «pistas» sobre o que aconteceu a menino desaparecido.

Comentário: É importante que se apurem as causas, mas mais importante ainda é que o debate nacional em volta deste caso (e de outros) de bullying produza consequências. E consequências não só na lei, mas também na sua aplicabilidade, pois por melhor que seja a lei se não existirem recursos para que ela seja cumprida dará tudo no mesmo "vazio". A propósito deste tema, quantas serão as escolas que não possuem em número suficiente auxiliares da acção educativa (actuais assistentes operacionais) para assegurar o cumprimento do regulamento interno? Eu sei que em algumas existe laxismo de quem se encontra à frente da direcção, mas receio bem que esteja na altura de ponderar os recursos humanos que temos para enfrentar situações graves como a que ocorreu em Mirandela.

Apenas um aparte (ou não, depende de como o quiserem considerar): Quando eu era catraio, sempre que ocorria alguma situação de violência física entre alunos, na maioria das vezes os mais velhos (ou outros da mesma idade) tentavam separar os conflituosos. Actualmente, o que acontece é algo de substancialmente diferente, ou seja, ninguém intervém no sentido de separar e até chegamos ao extremo de termos alguém a filmar para colocar no Youtube... Já repararam nisso ou sou só eu aperceber-me desta situação?

Bom dia a todos...

... e em especial para as mulheres.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Para descontrair...

Conhecem este tema musical de algum lado? ;)

Música de "Jace Everett" - (Tema: Bad Things).

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Mariquices".

Só ontem consegui ver esclarecido um problema relacionado com a minha avaliação. Afinal, e ao contrário do que me tinham informado no início deste ano civil, terei de ser sujeito a avaliação intercalar. Vai daí, ontem à noite fui reler a nota informativa da DREN sobre este tema. Assim, e segundo a nota informativa:

Na altura, quando tomei conhecimento do teor desta nota informativa não reparei num pormenor. Vejam o que consta na disposição transitória do Decreto Regulamentar (DR):

O que consta, e para quem ainda não percebeu, é que o tal DR apenas era aplicável no 1.º ciclo de avaliação. E esse ciclo terminou em 2009. Consta também desta disposição transitória a necessidade de revisão do mesmo para posterior aplicação no 2.º ciclo, algo que ao que sei não foi feito. Mas como já me disseram, o melhor mesmo é ficar caladinho e não levantar muitas ondas, pois aproxima-se um "novo" (?) modelo de avaliação e convém não chatear com "mariquices" que não são produtivas. Mas assim sou eu... Sou tremendamente chato, persistente e não gosto que me mandem recados. Fica então aqui a resposta ao "recado".

Actualização (17h55m): Afinal esta "mariquice" tem uma resposta, que eu desconhecia. Agradeço a actualização ao colega FD. Ora leiam: "Ricardo, Os "senhores engenheiros legislativos" fizeram esta bela construção no artigo 1º, do Decreto Regulamentar n.º 14/2009 de 21 de Agosto: "É prorrogada a vigência do regime transitório estabelecido pelo Decreto Regulamentar n.º 1 -A/2009, de 5 de Janeiro (...)", ou seja, o que foi prorrogado foi precisamente a disposição transitória a que te referes!". Para quem quiser consultar o dito cujo DR, basta clicar aqui.

Verdade absoluta.

Escolas não actuam em casos de 'bullying'.

Comentário: Os motivos desta deficiência (ou ausência mesmo) de actuação em situação de violência física e psicológica entre pares (no caso, alunos) são diversos. O maior para mim, é mesmo o cinismo de quem sabe, pode, mas não actua. Existem outros que se confundem na enorme panóplia de responsáveis, onde as fronteiras se esbatem e os culpados estão em terra de ninguém ou são desculpabilizados. É impossível ficarmos indiferentes, no entanto, o problema em vez de ser debatido com seriedade e com o objectivo de encontrar soluções, apenas sobe à "tona" quando as situações acontecem... Para a semana (e se entretanto, não surgir mais algum caso) já está tudo esquecido. Recomendo a leitura deste texto do Paulo, com o qual concordo integralmente.

A greve nas escolas...

No sítio da SIC a 04/03/2010: ""Se uma escola encerra é porque da parte do pessoal não docente houve uma adesão extraordinária. Esta greve é também significativa nos docentes", disse aos jornalistas o responsável da Federação Nacional dos Professores, à porta de uma escola de Lisboa que hoje não abriu.

Mário Nogueira considerou que algumas escolas estão hoje a funcionar "no ato de irresponsabilidade das direcções que não estão a acautelar o melhor para os alunos, uma vez que os refeitórios e outros serviços vão estar encerrados" nesses estabelecimentos de ensino.

O responsável adiantou que apenas durante a tarde será possível avançar com o número de docentes que hoje aderiram à greve, avançando no entanto que "quase todos os concelhos têm escolas encerradas".
(...)
Os sindicatos suspenderam a paralisação na região autónoma da Madeira para facilitar os esforços que estão a ser feitos para que a vida na ilha volte à normalidade, após o temporal de 20 de Fevereiro.

A última greve convocada pelas três estruturas sindicais realizou-se a 30 de Novembro de 2007 contra a imposição de um aumento salarial de 2,1%."

Ver Artigo Completo (SIC Online)

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Comentário: Não sei se existem, a esta hora, muitas escolas encerradas. Quanto à adesão do pessoal não docente ser bastante elevada até acredito... Mas que Mário Nogueira venha dizer que a greve por parte dos professores é significativa é que acho mais duvidoso, por diversos motivos, mas principalmente por aquilo que tenho conversado telefónicamente e por MSN com colegas por esse país fora. Veremos os números no final do dia e que tipo de conclusões poderemos retirar...
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quarta-feira, 3 de março de 2010

Para descontrair...

... e sorrir. Vejam o vídeo. ;)

Música dos "113 & Magic System" - (Tema: Un gaou oran).

Greve Nacional - Administração Pública (4 de Março).

Motivos? Segundo consta no sítio da FENPROF, são os que se seguem:

1. Aumento real dos salários;

2. Contagem integral do tempo de serviço prestado para efeitos de carreira;

3. Eliminação das quotas na avaliação de desempenho;

4. Pensões de aposentação justas.

Quanto à greve em si: Façam aquilo que a vossa consciência dita e não o que o desacordo com os sindicatos poderá impôr.

Estão no seu direito...

Movimentos independentes de professores não aderem à greve de dia 4.