Artigo de opinião com pedido de divulgação, e que merece reflexão atenta.
"ACABAR COM AS RETENÇÕES
O estado deveria ter apenas a obrigação de oferecer 12 anos de escolaridade gratuitos. As repetições de ano deviam ser objeto de uma decisão unânime tripartida: aluno, encarregado de educação e professor/direção da escola.
Provavelmente esta ideia já foi discutida em fóruns académicos ou políticos, mas as mudanças na educação não têm sido, ao longo dos tempos, as melhores. Na verdade, já chega de tentar “mascarar” as classificações dos alunos para conseguirem transitar de ano.
Como consequência temos a degradação do ensino. Como já foi veiculado pela comunicação social, as repetições são caras (cerca de 6000 euros cada aluno em média) e, pela minha experiência no ensino, e já são vários anos, não conheci nenhum aluno que melhorasse, antes pelo contrário. A maior parte das vezes, os docentes aplicam estratégias e seguem regras definidas, para facilitarem a progressão. Uma perda de tempo e recursos e é pernicioso para o aluno, colegas da turma e para trabalho docente.
ENTÃO COMO FAZER?
Os alunos deveriam ter a obrigação de frequentar as aulas e demonstrarem que adquiriram conhecimentos e competências através de uma avaliação interna e externa séria e igual para todos.
Estes obteriam o reflexo dos conhecimentos/atitudes do trabalho que desenvolveram, através de uma certificação com avaliação qualitativa no 1º ciclo, quantitativa nos restantes ciclos. Poder-se-ia debater se os intervalos das classificações adequados seriam de 0 a 5 ou 0 a 10, no 2º e 3º ciclo.
Apoiando-se na nova legislação da educação inclusiva, a pressão das direções das Escolas/Ministério é de tal forma sobre o trabalho dos professores que os enchem de burocracia com implícita influência de avaliar o aluno com positiva e, sobretudo, para não o reter.
Ora, esta política está degradar o trabalho docente e a fornecer informação errada os alunos e às famílias.
A escola deveria centrar-se em criar estruturas de apoio para os alunos que revelassem dificuldades e os alunos teriam acesso/conhecimento à sua avaliação real, de acordo com o seu desempenho e capacidades.
Se aluno adquiriu competências avaliáveis para nível 2, porquê estar a enganá-lo e atribuir-lhe 3, só para passar de ano. No final de ciclo seria refletido o nível atribuído na respetiva certificação, pois não é bom para ninguém uma verdade inventada.
Francisco Silva
Professor matemática e ciências"