quarta-feira, 7 de março de 2018

Continuamos a forçar o "sucesso"


Comentário: E se dúvidas persistissem quanto à desvirtuação do ensino profissional, esta intenção de facilitar o acesso ao ensino superior dos alunos que o frequentam, elimina qualquer argumento em sentido contrário. Não obstante da péssima reputação dos cursos profissionais (que resulta em grande medida, do reencaminhamento de uma certa tipologia de perfil discente para este tipo de ensino), o facto é que o desenho dos mesmos se encontra direcionada (mesmo que em alguma situações, de direcionamento duvidoso) para uma inserção no mundo do trabalho, a curto prazo (ao contrário do ensino superior).

Ao longo dos últimos anos, tenho lecionado diversas disciplinas em vários cursos profissionais (aliás, como me dizem alguns amigos, eu já não sou professor... sou técnico. Eh eh eh), e nunca tive mais de três alunos, em cada turma, que afirmavam querer ingressar no ensino superior. Sempre lhes expliquei que o percurso profissional, não seria o mais adequado para esse objetivo, mas ao fim de algum tempo lá arranjavam um "preparador de exames". Se a proposta conhecida em setembro, for realmente implementada, e com as excelentes médias obtidas nos cursos profissionais, admito que essa média de alunos por turma poderá subir, não por "lembrança" súbita ou despertar para o ensino superior, mas sim por estratégia ou oportunismo.

Apenas para recordar, fica o excerto da proposta de alteração:

Nota: negritos e sublinhados de minha autoria.

"Também o Governo já propôs uma revisão das regras de acesso ao superior para estes alunos. No projecto que foi conhecido em Setembro, mas que ainda não foi aprovado em Conselho de Ministros, estipula-se que os estudantes do ensino profissional que pretendam prosseguir estudos no superior já não terão de fazer três exames, mas apenas um que funcionará só como prova de ingresso para o curso que escolherem. Deste modo não contará para o cálculo da classificação final do ensino secundário. Na fórmula de cálculo para o acesso a uma universidade ou politécnico a média final do secundário tem um peso de 50%. E a contribuição dos exames para esta média é relevante." 


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