Estava prestes a cumprimentar a minha colega, mas percebi que não me estava a ver sequer. Olhar pesaroso, fixado no horizonte e passo decidido de quem está irritado. A uns metros atrás, um aluno do 11.º ano com necessidades educativas especiais a tentar, cambaleando um pouco pelo peso da sua mochila, alcançá-la. “Quando é que vais voltar a falar comigo?”, perguntou ele um pouco ofegante. Ela continuou sem olhar para ele e, após uns dois segundos – que correspondem mais ou menos a dois anos, neste tipo de situações –, acabou por responder num tom de voz calmo, mas triste: “Quando deixar de estar chateada contigo.” E ele continuou a segui-la, ambos em silêncio, enquanto eu entrava na sala dos diretores de turma…
Foi só isto, nada de mais, mas ao ver este pedacinho de trailer ternurento da relação desta minha colega com o seu aluno, senti-me tão, mas tão orgulhosa por pertencer a esta profissão que leva muito de nós, mas enriquece-nos a dobrar. Só nós sabemos... para o mal e para o bem…
Para mim que trabalho há tantos anos com meninos com Necessidades Educativas Especiais, este pequenino texto, seu, disse-me tanto...
ResponderEliminarUm abraço
Marta