- Então, não achas que os professores que estiveram em escolas com contrato de associação deviam poder concorrer em condições iguais às dos professores do público?
- Não.
- Não fizeram serviço público?!
- Sim, se há um contrato de associação com o Estado, tiveram que fazer serviço público.
- Até corrigiram exames nacionais!
- Sim, se as escolas receberam dinheiro do estado, tiveram que fazer coisas como essas.
- Repito: Corrigiram exames nacionais!!
- Sim. É isso que se entende por contrato. É como a canção do Pedro Abrunhosa: Eu dou-te e tu dás-me… qualquer coisa assim.
- Então porque não poderiam os professores concorrer agora nas mesmas condições do que os outros?
- Porque não foram colocados nessas escolas nas mesmas condições do que os outros, seguindo as mesmas regras do que os outros. Um professor que não foi colocado pela graduação não pode concorrer nas mesmas condições do que aquele que só foi colocado, sabe Deus aonde, pela graduação.
- As escolas com contrato de associação faziam parte integrante da rede pública!
- Sim, e colocavam os professores que bem queriam, de acordo com os seus próprios critérios.
- Esses professores têm qualificação, certo?
- Sim.
- Então, podem exercer! Existe uma graduação a respeitar e pronto! Porque é que haviam de ser diferentes?
- Porque essa graduação não foi respeitada aquando da sua colocação nessas escolas.
- Concurso público é concurso público: todos os que reúnam qualificação para concorrerem e tenham dado aulas devem ter igualdade de direitos!
- Não houve igualdade de direitos quando eles foram colocados nessas escolas.
- Há professores excelentes que trabalharam nessas escolas!
- Tenho a certeza de que sim.
- Tu fazes ideia do que se trabalha nessas escolas? Uma exploração!
- Sim, acredito e acho isso muito triste. Mas a questão não é essa.
- Não há cá mimos, como no público!
- Mimos?
- Sim!
- Quais mimos?
- Mimos!
- Quais mimos?!
- Mimos!
- Mas quais mimos?
- Mimos!
- (…) Está bem…
- Há uns belos anos, um amigo meu de Português-Francês foi colocado em Francês e teve que dar aulas de Inglês e de Educação Física para poder completar o horário.
- E acumulou tempo de serviço em Francês?!
- Querias que fizessem o quê? Isso também aconteceu no público quando havia falta de professores!
- Pois…
- Pois é! Não se brinca ali!
- Até parece que no público é uma festa!
- Deixa-me rir!
- Pois, há os mimos… Já me esquecia…
- De qualquer das formas, estado é estado.
- Diz?
- Estado é estado.
- (…)
- Estado é estado!
- Não percebo o que tu queres dizer.
- Estado é estado!
- (…) Está bem...
- E o estado não pode diferenciar cidadãos! Todos, como contribuintes, financiam a escola pública.
- Sim, o meu vizinho carpinteiro, como contribuinte, também financia a escola pública. Achas que ele devia poder concorrer?
- Dizes cada disparate!
- Eu?!
- Percebeste bem o que eu quis dizer… Os professores que estiveram nas escolas com contrato de associação não têm culpa dos disparates dos vários governos no que toca à colocação de professores.
- E os do público também não! Atrevo-me a dizer: muito menos!
- Oh! Muitos deles… não todos, vá, e até acredito que sejam uma minoria…
- São muitos ou é uma minoria?
- Há minorias com muitos!
- (…) Ok, continua…
- Alguns preferiram ficar em casa com o subsídio de desemprego em vez de ir para longe trabalhar…
- Sim…
- E é isso…
- Não trabalharam, não acumularam tempo de serviço.
- Precisamente! E agora andam aí todos revoltados, cheios de ódio, porque os dos particulares podem vir a concorrer! E esses revoltados nem sequer têm hipóteses de ficar! Não reúnem as condições!
- Então, só devemos falar das coisas quando estamos envolvidos?! Vamos já acabar com todas as petições que andam aí a circular!
- Não era preciso tanto ódio!
- Ódio?!
- Sim, ódio!
- Eu não vejo ninguém a odiar ninguém.
- Abre os olhos!
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