Quem olhar de uma forma apressada
para o rácio aluno/professor de Portugal, pode facilmente tirar a seguinte
conclusão precipitada - existem Professores a mais.
É necessário um olhar mais atento e ler todas as pequenas notas de rodapé. Numa das notas das estatísticas do EUROSTAT sobre o rácio aluno/professor, diz especificamente que o valor do rácio, é a divisão simples entre o número de alunos pelo número de professores em exercício em determinado ano letivo. E diz também que esta divisão inclui casos especiais como os Professores de ensino especial e outros casos específicos. Como se sabe em Portugal, os alunos com NEE estão integrados nas turmas regulares e existem Professores de educação especial em todas as escolas para lhes prestar apoio. Sabemos que um Professor de educação especial acompanha uma quantidade reduzida de alunos. É aqui que nós temos a explicação do nosso rácio.
Por exemplo
Países como a Alemanha têm um sistema com escolas específicas para alunos com
NEE, que faz com que haja um maior equilíbrio entre estas e as escolas ditas
“normais”, quanto à relação entre o número de Professores e de alunos e em
muitas delas são técnicos que acompanham os alunos e não Professores.
Façam as
contas subtraindo os Professores de ensino especial, e digam-me qual o rácio
aluno/ professor.
Também os
Professores com horários incompletos, as substituições, fazem com que o número
de Professores aumente mantendo-se o nº alunos na mesma grandeza.
Só assim se
poderá entender que tenhamos um rácio aluno/professor tão baixo, enquanto quem
está nas escolas sabe de colegas que têm 11 ou mais turmas a seu cargo e agora
cada uma com 30 alunos.
Segundo a
própria EUROSTAT os dados de alunos por turma são os mais fidedignos para se
entender o peso dos Professores num sistema de ensino. E neste aspeto estamos
até acima da média (20,1), e isto com dados referentes a 2010 sem ainda as
alterações do novo currículo. E também aqui devemos ter em consideração as
turmas que incluem alunos com NEE, senão estaríamos provavelmente acima.
Por isso é
preciso algum rigor na interpretação de dados, especialmente quando comparamos
sistema de ensino diferentes para não embarcamos em dogmatismos e ideias
preconcebidas.
Se querem
diminuir ainda mais o número de Professores, não é necessário desculpas,
assumam-no e as respetivas consequências para os alunos, para a escola e para o Futuro? deste País.
Dados analisados aqui:
Na Alemanha AINDA é como disseste, Ricardo... Mas tenho informações que vai deixar de ser e passar a ser como cá, no que diz respeito aos NEE... Conclusão: estão em choque, imaginando alunos com distúrbios graves no meio dos outros!
ResponderEliminarDe qualquer forma, obrigada pelo esclarecimento!
«Dinheiros Públicos, Vícios Privados» - 3 de DEZEMBRO
ResponderEliminarSão colégios privados, totalmente financiados pelo estado, ou seja, pagos por todos nós. Só este ano receberam de financiamento, qualquer coisa como 25 milhões de euros. Foram construídos de Norte a Sul do país, onde supostamente, as escolas públicas já não podiam receber mais alunos. Mas, na realidade o que uma equipa da TVI encontrou no terreno é completamente diferente. Fomos encontrar escolas públicas subaproveitadas, com salas vazias, à espera de alunos que foram transferidos para os colégios privados. O «Repórter TVI» mostra-lhe também um retrato do que se passa nesses colégios, com professores a serem ameaçados de despedimento, denúncias de manipulação de notas, professores que se sujeitam a humilhações. Ao todo são 26 colégios, todos do Grupo GPS, que tem como consultores, deputados e Ex-Secretários de Estado que depois de deixarem o cargo, passaram a trabalhar para o grupo.
Moro numa zona onde há dois colégios, dois INTEPs e duas escolas profissionais, que me lembre agora, sob o domínio desse grupo. Sei de situações completamente loucas que lá se passam e vivi algumas quando dei formação de uma disciplina específica que não consta do currículo.
ResponderEliminarToda a gente me diz que, a bem da minha sanidade mental, é melhor que não me aceitem. Depois da minha experiência, já nem sei o que é melhor.
Para acrescentar alguma informação ao artigo do Álvaro transcrevo o que o relatório da OCDE "Education at a Glance" refere sobre o assunto:
ResponderEliminarPágina 443 do relatório:
"At the primary level, there are 16 students for every teacher, on average in OECD countries. The student teacher ratio ranges from more than 23 students per teacher in Brazil, Chile, Mexico and South Africa, to fewer than 11 in Hungary, Luxembourg, Norway, Poland and Portugal.
Student-teacher ratios also vary, and to a larger extent, at the secondary school level, ranging from 30 students per full-time equivalent teacher in Mexico to fewer than 11 in Austria, Belgium, Iceland, Luxembourg, Norway,
Portugal, Saudi Arabia and Spain. On average among OECD countries, there are about 14 students per teacher at the secondary level".
Os dados são de 2010. Entretanto, a média subiu e, nos próximos anos, continuará a subir.
Senhor Professor Ricardo: acho estranho que ainda não se tenha referido ao REGISTO BIOGRÁFICO dos PROFESSORES, essa «bomba» que surgiu já na sexta-feira e que, por estranho que pareça, ainda não mereceu uma palavra sua aqui neste espaço !!
ResponderEliminarMuita gente anda perdida por causa disso...
Os prazos; o manual de instruções personalizado, ponto a ponto; as recomendações, etc.
O frio enregela os ossos. Em Vila Real: - 1/ na zona de Lisboa: 9.