segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A análise possível...

Não sou politólogo, nem pretendo ser, no entanto, e com um pouco de reflexão é possível inferir alguns cenários possíveis. Desculpem a simplicidade do raciocínio, mas o cansaço do dia não dá para mais. Vamos aos factos:

1) O PS perdeu a maioria absoluta, o PSD foi o maior derrotado, o CDS o que mais subiu, o BE a surpresa esperada e a CDU sofreu a inevitabilidade;

2) Os números dos deputados são os que se seguem:
PS – 96
PSD – 78
CDS – 21
BE – 16
CDU – 15

3) “Coligações” estatisticamente possíveis e com resultados interessantes:
PS + PSD
PS + CDS
PS + CDU + BE
PSD + CDS

(Bem sei que falta aqui qualquer coisa, mas sintam-se à vontade para completar)

Agora as conjecturas:
Não acredito na primeira e na penúltima hipótese de “coligação” (muito por causa da “garantida” indisponibilidade do BE). Penso que as mais prováveis serão as “coligações” entre o PS e o CDS (embora seja tremendamente estranha e de aparência ideologica incompatível) ou entre o PSD e o CDS (e neste caso, o PS terá governabilidade frágil e – eventualmente – com os dias contados). Independentemente das uniões que se venham a fazer, parece-me que será a este último partido que caberá a tarefa de travar ou facilitar as políticas socialistas. Existe um melhor distribuição do poder parlamentar o que poderá melhorar a curto e médio prazo, a «poluição socrática».

Independentemente de futurologias, o importante é que os sindicatos se comecem a movimentar, no sentido de “cobrar” as promessas eleitorais feitas pelo PSD, CDS, BE e PCP. É importante que os sindicatos e os professores em geral, estejam profundamente atentos às medidas e à legislação que entretanto surja, pois quase todas terão de passar pelo crivo de um parlamento, em que o PS agora não é maioria absoluta e em que a negociação é a palavra de ordem.

Relativamente a tudo aquilo que tem acontecido neste blogue desde ontem à noite: Existe uma fricção clara entre os colegas que votaram PS e os que não votaram. Felizmente que existe espaço para todos… Felizmente que muitos dos que agora estão tristes ou contentes poderão ver as suas posições invertidas… Felizmente que estamos em democracia…

A minha falta de alegria pelo novo sucesso (veremos de que forma Sócrates o irá manter) não implica qualquer ressentimento com os colegas que optaram de forma consciente em depositar o seu futuro neste PS. Quem isso conclui dos meus posts anteriores não me conhece ou então pretende provocar-me. Se quanto à primeira opção nada posso fazer, quanto à última o melhor mesmo é esquecer… Será perda de tempo.

6 comentários:

  1. NUNO MARTINS (nuno_alg)setembro 28, 2009 11:35 da tarde

    Ricardo
    Eu congratulo-me com a tua fluidez de raciocínio e de análise das conjecturas do momento.
    Concordo contigo na possível união, ideologicamente desigual, entre PS e CDS.
    Quanto à fricção é a normal da nossa classe.Há ainda aqueles que dizem que não votaram PS e que efectivamente o fizeram mas que não o assumem, sem medos, perante os colegas por receio. Não sei bem se haverá lugar para todos !
    Contudo, eu não guardo ressentimento algum perante os colegas que assim fizeram.Por que não? Democracia é isso mesmo!
    Eu estou descontente... mas votei!
    Abraço Ricardo..continuação do excelente trabalho!

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  2. O Eng. Sócrates para espanto de todos, mostrou durante esta campanha eleitoral ser uma pessoa inteligente. Agora também terá concerteza, inteligência para fazer o possível e o impossível para entrar em acordo com a esquerda e reduzir a direita ao lugar que merece. Os partidos pequenos têm que se convencer que se não facilitarem a governação e com isso provocarem eleições antecipadas, voltam a ficar reduzidos à sua insignificância.

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  3. Vai ser difícil mudar alguma coisa.Vejamos: Se houver alguma iniciativa na Assembleia para mudar o "Estatuto" o PS votará contra por questão de coerência e o PSD abstem-se porque ele (PSD) sempre concordou com este estatuto. Seria possível se fosse o PSD a tomar a iniciativa, mas pela mesma razão não vejo que o faça. Pode ser que os sindicatos consigam pequenas coisas porque o PS não vai querer tanta gente na rua. Aguardemos!

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  4. A cobrança vai ter de demorar cerca de um mês e entretanto o simplex3 avança...

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  5. Para Nuno Martins: Relativamente aos colegas que votaram PS, conheço pessoalmente 2. As justificações são de diversa índole, mas no geral, rondam a frustração por não verem o seu desempenho reconhecido em detrimento de outros que aparentemente nada fazem.

    O que eles não sabem e que eu já tive oportunidade de provar, é que esta avaliação não dá garantias de ver o desempenho reconhecido. Muito pelo contrário.

    Abraço para ti.

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  6. Para João Norte: Concordo com a tua análise. Parece-me a mais provável.

    Relativamente à acção dos sindicatos: Com a fragilidade do PS para este "mandato", terão de estar bastante atentos. Nestes próximos anos o PS não deverá querer grande confusão, mas também não acredito nem por um segundo que fará qualquer recuo "de graça".

    Lá teremos mesmo de esperar... E esperar que até Dezembro as "coisas" se componham.

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