No Jornal de Notícias a 01/12/2008: "Os sindicatos acreditam que será a maior greve de professores da história portuguesa à semelhança das duas últimas manifestações. Tão expressiva que poderá mudar a posição do Governo. A ministra da Educação está "tranquila".
"Se a greve tiver uma adesão histórica, como se espera e penso que terá, uma consequência imediata é que dificilmente haverá dos professores reconhecimento da autoridade da equipa ministerial", defendeu ao JN, João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores. Já o presidente da Confederação das Associações de Pais (Confap) não acredita que a paralisação possa gerar mudanças.
"Será, seguramente, uma demonstração de mais do mesmo, dos dois lados, uma vez que ambas as partes já avisaram que não abdicam", afirmou, sublinhando que, no entanto, "a partir de quarta-feira cada um terá novas responsabilidades". Albino Almeida manifesta-se preocupado com as consequências, ao nível das aprendizagens dos alunos, provocadas pelo conflito entre professores e Ministério da Educação.
(...)
No Sábado, de manhã, na reunião da comissão política do PS, José Sócrates avisou os dirigentes socialistas de que a avaliação docente extravasou o âmbito do ME e passou a ser uma causa do Governo e do PS. À tarde, na sede do partido, primeiro-ministro, ministra da Educação e os dois secretários de Estado reuniram-se com mais de cem docentes militantes. No final da reunião, Jorge Pedreira manifestou a disponibilidade do Governo para negociar, assim que os sindicatos quiserem, um novo modelo de avaliação, desde que não coloquem pré-condições; tendo essa proposta sido feita aos sindicatos na sexta-feira, garantiu.
(...)
"Qualquer possibilidade de negociação é boa, desde que essa disponibilidade não seja estratégica" e o problema, argumenta João Grancho, é que "as disponibilidades do ME aparecem em momentos cruciais, como vésperas de manifestações ou greves e não resultam em nada".
O líder do Fenei/Sindep, que na sexta-feira também esteve reunido com a ministra durante três horas e meia, garante que essa hipótese nunca foi colocada. "Falei sobre a nova simplificação, outros modelos de avaliação e outras formas de diferenciação que não por quotas. A ministra até acabou por me dar razão mas no final concluiu: não há possibilidade de o Governo suspender ou acabar com a divisão da carreira. E sendo assim que novo modelo estão dispostos a negociar?"
No Domingo, Lurdes Rodrigues reuniu-se com a JS - reconheceu ser "muito importante" o apoio que tem recebido do Governo e garantiu estar "tranquila" quanto à greve."
Ver Artigo Completo (Jornal de Notícias)
"Se a greve tiver uma adesão histórica, como se espera e penso que terá, uma consequência imediata é que dificilmente haverá dos professores reconhecimento da autoridade da equipa ministerial", defendeu ao JN, João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores. Já o presidente da Confederação das Associações de Pais (Confap) não acredita que a paralisação possa gerar mudanças.
"Será, seguramente, uma demonstração de mais do mesmo, dos dois lados, uma vez que ambas as partes já avisaram que não abdicam", afirmou, sublinhando que, no entanto, "a partir de quarta-feira cada um terá novas responsabilidades". Albino Almeida manifesta-se preocupado com as consequências, ao nível das aprendizagens dos alunos, provocadas pelo conflito entre professores e Ministério da Educação.
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No Sábado, de manhã, na reunião da comissão política do PS, José Sócrates avisou os dirigentes socialistas de que a avaliação docente extravasou o âmbito do ME e passou a ser uma causa do Governo e do PS. À tarde, na sede do partido, primeiro-ministro, ministra da Educação e os dois secretários de Estado reuniram-se com mais de cem docentes militantes. No final da reunião, Jorge Pedreira manifestou a disponibilidade do Governo para negociar, assim que os sindicatos quiserem, um novo modelo de avaliação, desde que não coloquem pré-condições; tendo essa proposta sido feita aos sindicatos na sexta-feira, garantiu.
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"Qualquer possibilidade de negociação é boa, desde que essa disponibilidade não seja estratégica" e o problema, argumenta João Grancho, é que "as disponibilidades do ME aparecem em momentos cruciais, como vésperas de manifestações ou greves e não resultam em nada".
O líder do Fenei/Sindep, que na sexta-feira também esteve reunido com a ministra durante três horas e meia, garante que essa hipótese nunca foi colocada. "Falei sobre a nova simplificação, outros modelos de avaliação e outras formas de diferenciação que não por quotas. A ministra até acabou por me dar razão mas no final concluiu: não há possibilidade de o Governo suspender ou acabar com a divisão da carreira. E sendo assim que novo modelo estão dispostos a negociar?"
No Domingo, Lurdes Rodrigues reuniu-se com a JS - reconheceu ser "muito importante" o apoio que tem recebido do Governo e garantiu estar "tranquila" quanto à greve."
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Comentário: Esta greve, a par das duas últimas grandes manifestações, poderá ser histórica, no entanto, não espero nem por um momento que o governo mude uma vírgula, no tipo de "negociação" anunciada por Jorge Pedreira. Receio que a estratégia legislativa não vise já os votos dos professores (e suas famílias), mas sim os votos dos encarregados de educação (e da restante opinião pública). O que previsivelmente ocorrerá é o desgaste da imagem dos professores (e da sua luta), com consequente irritação da opinião pública, perante tantas iniciativas, manifestações, concentrações e greves. O governo e o PS farão de tudo para daí retirar "lucros" políticos... E se escrevo isto, não é por não acreditar na "força" da greve, mas sim por já ter ouvido comentários de pessoas "estranhas" ao ensino, e que vão no sentido daquilo que acabei de redigir. Infelizmente, penso que só mesmo uma greve de zelo às avaliações poderá trazer alguns resultados...
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Para quê a avaliação?
ResponderEliminarSerá esta importante e essencial?
Todos dizem que sim, com vista à criação de condições para premiar os melhores professores e, assim, motiva-los a eles (os melhores) e aos outros objectivando um melhor trabalho com efeitos no sistema e na sua produtividade (mais e melhor educação).
É preciso clarificar que não ser premiado (promovido) não é ser castigado (despromovido). Apesar de essa ideia ser um dado adquirido e transversal na corporação docente.
Sem dúvida que é necessário separar o trigo do joio e, se possível, a prazo, transformar (algum) joio em trigo. Claro que os sindicatos não gostam disto. Porque ao fazer a separação, para além de se distinguir os bons, se vão revelar os medíocres…
A verdade é que vão todos dizendo que querem ser avaliados. Mas, simultaneamente, vão recusando todos os modelos. E não apontam para nenhum que seja aceitável. E dizem aquilo com a maior das convicções, tal como afirmam que, antes, já eram avaliados. Mesmo quando todos eram (muito bem) avaliados sendo a promoção generalizada.
Sem dizer, mas a dar a entender, o Governo tem também em consideração as questões economicistas. Progressões a todos sem distinção (como antes) obrigavam a remunerações de docentes absolutamente inauditas (em função do PIB nacional) no conjunto dos países desenvolvidos.
Assim, precisamos de algo (um instrumento) que ordene os professores a fim de poder premiar (com progressão na carreira) os melhores professores. Nesse processo, os piores não são castigados (não regredirão) mas não serão premiados.
Assim o prémio dos (melhores) docentes será a progressão na carreira.
Com os melhores premiados e os docentes razoáveis a trabalhar para lá chegar, teremos, nas Escolas um ambiente propício para a melhoria.
Será que, para isto, é necessária uma AVALIAÇÃO? Saber se os professores são BONS, EXCELENTES ou MUITO BONS?
A minha resposta é : NÂO.
A avaliação docente é difícil, complicada e, verifica-se, extremamente penalizadora para os avaliados e para os alunos (os professores estão distraídos com outras coisas que não e ensino). São papeis, reuniões, fiscalizações, aulas assistidas, mapas, orientações, relatórios, quadros, listas, reclamações, afixações, publicações, etc.
A avaliação é difícil, também, pelos factores próprios da actividade. A parte quantificável é curta. E grande parte do trabalho é feito muito “isoladamente” (em sala de aula). Não há um “superior” com quem se trabalha directamente.
Não haverá outra forma para valorizar os melhores e só a estes atribuir o prémio de progressão?
Sim. Há. E não é outro modelo de avaliação.
É a seriação.
PROPOSTA
(É um draft, não é de aplicação imediata e não pretende substituir o modelo previsto este ano. Que deve ter a sua aplicação suspensa, sendo tomadas medidas adminsitrativas transitórias)
Considerando uma carreira de 36 anos (mantendo-se ao longo dos anos a “transformação” de parte do tempo de trabalho (horário) de actividade lectiva noutro tipo de actividade e um objectivo de chegarem ao topo da carreira 1/3 dos docentes, seria fácil de montar o seguinte sistema (de 8 ou mais escalões):
(1)Todos os docentes, na entrada da carreira, estão no escalão 1.
(2)Todos os docentes promovidos num ano estarão 2 (ou 3) anos sem poderem repetir a progressão (mínimo 3 - ou 4 - anos em cada escalão). Um professor que progrida de 3 em 3 anos chegará ao 8º escalão em 22 anos. O que será só para alguns. Esses, benificiarão mais tempo da retribuições máximas.
(3)Sobre-formações não aceleram progressões. Os docentes mais formados terão que traduzir essa situação (hipotéticamente vantajosa) em qualidade de trabalho.
(4)Haverá progressão anual (de escalão) garantida para 10% dos professores de cada agrupamento/escola.
(5)Na mudança de agrupamento/escola, cada docente apenas poderá progredir depois de 2 anos de trabalho no novo estabelecimento.
(6)Aquela taxa (10%) é mínima e cada agrupamento/escola poderá ser bonificada em alguns pontos percentuais (até 20%, no máximo) por conta de subidas nas listas de escolas anuais referentes às provas aferidas e exames nacionais dos seus alunos. As descidas nesses rankings provocarão descidas da taxa anual anterior até ao mínimo de 10%. A manutenção mantém a taxa no valor do ano anterior. Este mecanismo é suportado por dados quantificáveis e simples de obter. Poderá ser junto, em acréscimo, um qualquer mecanismo de avaliação externa. Apesar deste já ser complicativo...
(Poderá ou não haver listas separadas por níveis de ensino)
(O número de progressões será o resultado arredondado para o inteiro superior, havendo acertos de 3 em três anos em que o resultado – de um acerto - poderá ser o inteiro inferior)
(7)Caberá aos agrupamentos/escolas concretizar e chegar à lista anual ordenada dos seus docentes (em condições de progressão).
(8)Para além daquele prémio directo, serão promovidos todos os docentes que, em condições de promoção, que somem 6 anos alternados ou consecutivos em posições na primeira metade da lista anual ordenada naquele agrupamento/escola.
Lista de docentes ordenada. Como lá chegar?
Cada Escola determinará as suas formas. O ME apenas indicará alguns items, dos quais, um ou dois obrigatórios e com um número mínimo a considerar. As escolas poderão, assim, escolher aqueles que mais se adaptem à sua escola e, até, propor outros que o ME poderá validar e juntar à lista de opções.
Aquela lista deverá ser interna. E dela ser retirada a lista de docentes a promover. E anotados os que se situam na sua primeira metade. Sem qualquer necessidade de classificar ninguém.
ITEMs DE AVALIAÇÂO
Podem ser muitos. Uma lista a sugerir pelo Ministério, à qual cada escola pode acrescentar os seus. Uns serão melhores que outros. Todos com contras, mas também com prós. Os aqui indicados ou outros quaisquer.
1)Escolha por votação secreta por parte dos elementos do conselho pedagógico. Cada elemento do conselho escolheria os 3 docentes que considere mais merecedores da progressão. Os X docentes mais nomeados teriam 1 ponto.
2)Escolha por votação dentro do grupo pedagógico do docente. Idem.
3)Escolha por parte dos funcionários da escola. Idem.
4)Pelos pais, pelos alunos. Idem.
5)Os X professores com menor número de faltas (justificadas ou não) teriam 1 ponto. Nesta matéria há considerar o ponto de vista da produtividade (quantitativa).
Aqui não há que avaliar pela qualidade (resultados). Esse item liga-se à Escola e reflecte-se no aumento das vagas de promoção. Aqui há que escolher os melhores, do ponto de vista da comunidade educativa onde estão inseridos.
No início poderá se dar o caso de haver grupos onde uns votam nos outros distorcendo os objectivos de escolher os melhores. Mas gradualmente se aperceberão que a Escola (e eles) no seu todo, perderão com isso. Pois menores resultados por parte da Escola origina a redução das quotas de progressão. E o sistema se ajustará por si só. Afinal, se a Escola não subir no ranking anual, as vagas de promoção serão mínimas.
Remanesce a questão dos maus professores. Esses, como é evidente não serão nunca promovidos e rapidamente entenderão não estarem no lugar certo... Pois o escalão 1 terá que ser pouco atractivo, o suficiente para motivar a saída daqueles que por lá se demoram. Dando lugar a outros, melhores, à espera de vaga (que serão cada vez menos) no sistema.
Assim, pode mesmo não ser necessária a avaliação. Nem este nem outro modelo. Os seus objectivos atingem-se de uma forma muito mais simplificada. Não se pretende grande cientificidade nesta opção. Pois não se pretende mesmo avaliar cada um, apenas encontrar aqueles que, em cada ano serão premiados. Leia-se, promovidos.