No Correio da Manhã de 06/01/2008: "Dor e revolta marcaram ontem o funeral de Maria Cândida Pereira – a docente de Gouveia que sofria de cancro de pulmão e morreu sem que lhe fosse reduzida a componente lectiva.
Com 47 anos, divorciada e mãe de duas meninas, com 12 e 14 anos, a professora de Educação Visual e Tecnológica solicitou a redução da carga horária, mas nunca chegou a pedir a reforma por incapacidade porque a redução no salário não lhe permitiria sobreviver e sustentar a família. “Ela não tinha alternativa, com 60% do ordenado não conseguia viver, por isso, teve de se arrastar até à morte”, disse ao CM Paula Feliciano, também professora na Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, em Mangualde, onde a vítima era docente há três anos.
Entre familiares, colegas e alunos, mais de uma centena de pessoas esteve ontem no último adeus à professora. “Ela é um exemplo de coragem pela forma como enfrentou a doença. É esse exemplo que fica para as filhas”, disse João Alves, presidente do conselho executivo da escola.
“É uma situação trágica. A legislação tem de ser alterada para o bem de todos. O trabalho dignifica as pessoas, mas a saúde também. E esta senhora merecia ter vivido os últimos dias em paz”, sublinhou o professor.
A docente pertencia a Midões (Coimbra), mas estava destacada em Mangualde porque tinha pedido aproximação à residência por motivos de saúde. Dava aulas a quatro turmas dos 5.º e 6.º anos. Esteve na escola pela última vez nas reuniões de avaliação de Natal, em Dezembro, e deveria regressar quinta-feira, dia em que morreu. Encontrava-se muito debilitada, sobretudo depois de uma operação onde lhe foram retirados dois terços de um pulmão.
Apesar de ter uma “grande força de vontade, havia dias em que metia dó”, disse Francisco Barata, professor de Educação Física e colega de Maria Cândida. “Ela fazia um grande sacrifício para dar aulas”, reforçou, acrescentando que também os alunos que acompanharam a fase terminal da doente se sentem “tristes e revoltados”: “Estão arrasados psicologicamente. É um grande choque para todos”.
Depois de uma missa de corpo presente na Igreja de S. Pedro, em Gouveia, o corpo de Maria Cândida foi sepultado no cemitério local.
ASSOCIAÇÃO QUER LEI ALTERADA
A Associação Sindical de Professores Pró-Ordem lamentou a morte de Maria Cândida Pereira e apelou ao Ministério da Educação para que altere a legislação por “uma questão de humanidade”. Em declarações à Lusa, Filipe Paulo, presidente da associação, considerou a lei “uma violência” e uma “desumanidade” para com os professores que têm doenças graves. O responsável lembrou ainda que “com a legislação anterior, mediante requerimento e prova médica, o Ministério autorizava a redução total ou parcial da componente lectiva”, o que permitia aos docentes dedicarem-se a tarefas mais leves, como estar na biblioteca da escola. Mas, segundo o dirigente, “com as alterações introduzidas, nem vale a pena fazer o pedido, porque não está prevista a redução da componente lectiva”. Afirmando que a Pró-Ordem está “revoltada com a legislação imposta”, Filipe Paulo apela ao Ministério da Educação que faça uma revisão da legislação em causa."
Ver Artigo Completo (Correio da Manhã)
Com 47 anos, divorciada e mãe de duas meninas, com 12 e 14 anos, a professora de Educação Visual e Tecnológica solicitou a redução da carga horária, mas nunca chegou a pedir a reforma por incapacidade porque a redução no salário não lhe permitiria sobreviver e sustentar a família. “Ela não tinha alternativa, com 60% do ordenado não conseguia viver, por isso, teve de se arrastar até à morte”, disse ao CM Paula Feliciano, também professora na Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, em Mangualde, onde a vítima era docente há três anos.
Entre familiares, colegas e alunos, mais de uma centena de pessoas esteve ontem no último adeus à professora. “Ela é um exemplo de coragem pela forma como enfrentou a doença. É esse exemplo que fica para as filhas”, disse João Alves, presidente do conselho executivo da escola.
“É uma situação trágica. A legislação tem de ser alterada para o bem de todos. O trabalho dignifica as pessoas, mas a saúde também. E esta senhora merecia ter vivido os últimos dias em paz”, sublinhou o professor.
A docente pertencia a Midões (Coimbra), mas estava destacada em Mangualde porque tinha pedido aproximação à residência por motivos de saúde. Dava aulas a quatro turmas dos 5.º e 6.º anos. Esteve na escola pela última vez nas reuniões de avaliação de Natal, em Dezembro, e deveria regressar quinta-feira, dia em que morreu. Encontrava-se muito debilitada, sobretudo depois de uma operação onde lhe foram retirados dois terços de um pulmão.
Apesar de ter uma “grande força de vontade, havia dias em que metia dó”, disse Francisco Barata, professor de Educação Física e colega de Maria Cândida. “Ela fazia um grande sacrifício para dar aulas”, reforçou, acrescentando que também os alunos que acompanharam a fase terminal da doente se sentem “tristes e revoltados”: “Estão arrasados psicologicamente. É um grande choque para todos”.
Depois de uma missa de corpo presente na Igreja de S. Pedro, em Gouveia, o corpo de Maria Cândida foi sepultado no cemitério local.
ASSOCIAÇÃO QUER LEI ALTERADA
A Associação Sindical de Professores Pró-Ordem lamentou a morte de Maria Cândida Pereira e apelou ao Ministério da Educação para que altere a legislação por “uma questão de humanidade”. Em declarações à Lusa, Filipe Paulo, presidente da associação, considerou a lei “uma violência” e uma “desumanidade” para com os professores que têm doenças graves. O responsável lembrou ainda que “com a legislação anterior, mediante requerimento e prova médica, o Ministério autorizava a redução total ou parcial da componente lectiva”, o que permitia aos docentes dedicarem-se a tarefas mais leves, como estar na biblioteca da escola. Mas, segundo o dirigente, “com as alterações introduzidas, nem vale a pena fazer o pedido, porque não está prevista a redução da componente lectiva”. Afirmando que a Pró-Ordem está “revoltada com a legislação imposta”, Filipe Paulo apela ao Ministério da Educação que faça uma revisão da legislação em causa."
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São inúmeras as notícias e múltiplos os relatos deste tipo de situações desumanas! Cada vez que me deparo com esta realidade, nem acredito que somos considerados um país civilizado. Não compreendo a falta de humanidade de quem obriga colegas a estarem a leccionar nas escolas em condições tão precárias de vida... Não compreendo mesmo... Mas também não consigo escrever o suficiente para expressar a minha profunda revolta.
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Depois querem que cantemos o hino nacional com o mesmo vigor da selecção de rudby. definitivamente há muita gente que não tem muitas razões para se orgulhar da sua nacionalidade. :(
ResponderEliminarCada vez mais concordo contigo...
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