segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Violência nas escolas.

No Jornal de Notícias (Artigo de Opinião - Alice Vieira) de 09/12/2007: "Li num jornal que a senhora ministra da Educação está contente. E, quando os nossos governantes estão contentes, é como se um sol raiasse nas nossas vidas.

E está contente porque, segundo afirmou, a violência nas escolas portuguesas, afinal, não existe.

Ao que parece, andamos todos numa de paz e amor, lá fora é que as coisas tomam proporções assustadoras, os nossos brandos costumes continuam a vingar nos corredores de todas as EB, 2/3, ou como é que as escolas se chamam agora. Tenho muita pena de que os nossos governantes só entrem nas escolas quando previamente se fazem anunciar, com todas as televisões atrás, para que o momento fique na História. É claro que, assim, obrigada, também eu, anda ali tudo alinhado que dá gosto ver, porque o respeitinho pelo Poder é coisa que cai sempre bem no coração de quem nos governa, e que as pessoas gostam de ver em qualquer telejornal.

Mas bastaria a senhora ministra entrar incógnita em qualquer escola deste país para ver como a realidade é bem diferente daquela que lhe pintaram ou que os estudos (adorava saber como se fazem alguns dos estudos com que diariamente se enchem as páginas dos jornais) proclamam. É claro que não falo daquela violência bruta e directa, estilo filme americano, com tiros, naifadas e o mais que houver.

Falo de uma violência muito mais perigosa porque mais subtil, mais pela calada, mais insidiosa.

Uma violência mais "normal".

E não há nada pior do que a normalização, do que a banalização da violência.

Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita ("bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si", isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde)

Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que "os professores não ensinam nada".

Porque, evidentemente, a culpa de tudo é sempre dos professores - que não ensinam, que não trabalham, que não sabem nada, que fazem greves, qualquer dia - querem lá ver? - até fumam.

Os seus filhos são todos uns anjos de asas brancas e uns génios incompreendidos.

Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc.). Não têm regras, não conhecem limites, simples palavras como "obrigada", "desculpe", "se faz favor" são-lhes mais estranhas do que um discurso em Chinês - e há quem chame a isto liberdade.

Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos "científicos", mas aquela da qual um dia, de repente, rompe a violência a sério.

E então em estilo filme americano.

Com tiros, naifadas e o mais que houver."

Ver Artigo Completo (Jornal de Notícias)

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Gostava que a Ministra da Educação lesse este artigo de opinião! Aprendia muito... Principalmente no que concerne ao conceito de "violência escolar".
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2 comentários:

  1. A violência existe nas escolas porque falta a autoridade e o castigo que seria devido por mau comportamento e delinquência.
    Não se pode tocar nos meninos “nem com um dedo” e na falta de outros castigos eficazes, principalmente nas idades mais jovens, quando se começa a moldar o seu comportamento dentro da sala de aula e fora dela, resta a impunidade, que serve de incentivo para que cresçam os comportamentos anormais e a violência nas escolas e fora delas.
    Que castigos aplicar então?
    -Reclamar uma multa? os jovens não têm dinheiro e os pais também não isso não é viável.
    -Obrigá-los a ficarem de castigo numa sala de estudo? Quando eles se apercebem que nada lhes acontece se recusarem é isso mesmo que fazem, e depois? chamam-se os pais pelos quais os meninos copiaram o comportamento!
    -Expulsar da aula ou da escola ? de nada serve, apenas dá mais liberdade para irem dar azo à sua liberdade doentia noutro lugar.

    Os castigos físicos são condenáveis, mas por vezes ainda são os únicos que têm algum efeito e as autoridades policiais sabem-no bem. Senão para que servem aqueles bastões compridos que os polícias usam nalgumas situações? e as outras armas que trazem?
    As crianças não são assim tão diferentes dos adultos e até há um abuso de linguagem ao se apelidar de "crianças" todos os jovens dos zero aos dezasseis anos (logo dezoito), como que se a inteligência e a capacidade de distinguir o bem do mal chegasse na noite em que completam aquela idade. O Desenvolvimento humano nem é todo igual: há jovens com dez anos mais desenvolvidos, experientes e astutos do que outros com catorze, quinze e mais... Há até pessoas já adultas que nunca atingiram um nível de desenvolvimento aceitável (são obviamente deficientes mentais).
    A maioria das crianças e jovens não são delinquentes e pode ser corrigida de qualquer desvio através de uma simples conversa, mas basta um "rebelde" para boicotar uma aula e para arrastar consigo outros mais pacatos que não levantariam qualquer problema.
    Algo deve mudar no ensino e na forma de castigar os desvios dos jovens, senão estamos, sem o saber, a criar pequenos “monstros” associáveis, que nunca se habituaram a cumprir regras sociais e que serão uns inúteis que viverão sempre à custa do trabalho alheio, porque assim é mais fácil. Estaremos a "cavar a nossa própria sepultura", como se costuma dizer.
    Um dia, as ideias actuais que agora dominam de não aplicar quaisquer castigos físicos em quaisquer circunstâncias terão que mudar. O que é hoje um conceito aceite e indiscutível pelos próprios pedagogos será um dia posto em causa. Foi assim anteriormente!
    Os castigos físicos são, porém, condenados pelas nações ocidentais e pela EU a que Portugal pertence, por isso, teremos que esperar que sejam as principais nações (EUA, UK, França..) a aperceberem-se da inevitabilidade de retorno a alguns castigos físicos nas escolas e a darem esse passo.

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