quarta-feira, 14 de novembro de 2007

"Há mal-estar entre docentes e Governo".

No Jornal de Notícias de 14/11/2007: "Daniel Sampaio lamenta o "mal estar significativo entre docentes e o Governo". Ontem, na cerimónia de atribuição do primeiro Prémio Nacional de Professores, o presidente do júri defendeu que o reforço da autonomia das escolas nunca se efectivará enquanto a tutela controlar o processo com excessiva legislação.

Primeiro-ministro e ministra da tutela recusaram-se a comentar as sugestões e opiniões do psiquiatra. À saída do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Maria de Lurdes Rodrigues deixou o secretário de Estado da Educação a responder aos jornalistas "Ficou claro que o professor Daniel Sampaio se referia a um mal estar do ponto de vista geral e internacional e não a um" específico de alguns professores em Portugal, foi a resposta de Valter Lemos.

O presidente do júri começou por manifestar a esperança do prémio abrir um novo período de relacionamento entre professores e Governo. "Façamos a partir do seu exemplo a reflexão necessária para a mudança", insistiu.

Mais. O psiquiatra alertou o Executivo de que "sem os apoios dos professores qualquer mudança não passará do articulado legislativo" para o terreno. Caso da autonomia. Daniel Sampaio considera que os professores "perdem demasiado tempo com despachos e portarias".

"As escolas reclamam autonomia mas não cessam de esperar pelo ME. Se o ministério quer autonomia então porque legisla tanto?", questionou. Sampaio defendeu a constituição de equipas pedagógicas mais flexíveis e menos burocratizadas e a definição de regras claras de combate à indisciplina, porque independentemente das estatísticas a "dimensão psicológica é muito preocupante como é possível a relação pedagógica se o professor tem medo?".

À saída, Valter Lemos retorquiu que o ME "reagiu bem às propostas" do presidente do júri. Antes, ao discursar no final da cerimónia, José Sócrates defendeu "com muito orgulho" todas as reformas do Governo para o sector "a Educação ficou melhor quando se impôs as aulas de substituição", os professores ficaram colocados por três anos, o 1.º ciclo perdeu 2500 escolas e mais alunos ficaram no Secundário graças ao aumento dos cursos profissionais.

O Governo premiou ontem quatro professores "excepcionais". A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, garantiu que o objectivo do prémio é o de valorizar o trabalho docente apesar da "generalização das boas práticas" ter de ser uma exigência construída diariamente.José Sócrates, após mais de duas horas de cerimónia, insistiu que a homenagem não pretendia ser "uma operação de relações públicas" - até porque não é "especialista" nesse sector - mas uma iniciativa "pelo interesse geral do país". Arsélio Almeida Martins ensina Matemática há 35 anos. Ontem, recebeu o prémio Nacional - o galardão máximo. Foi professor-cooperador em Cabo Verde e São Tomé, dirigente da Fenprof e formador de docentes. Desde 1995 que participa na revisão dos programas da disciplina e durante o seu extenso currículo produziu dezenas de comunicações e participou noutros tantos projectos. Nos vídeos de apresentação realizados de propósito para a cerimónia - e que "comoveram" o primeiro-ministro - os colegas elogiaram-no pelos anos que esteve à frente do Conselho Directivo da Escola Secundário de José Estevão, em Aveiro. Aos jornalistas, no entanto, Arsélio Martins, definiu-se como um "professor comum". A intensa participação cívica não o afastou dos alunos. Ensinar é a sua vida e à Imprensa defendeu que os professores "devem participar mais nas decisões" políticas que regem as escolas. Foi escolhido entre 35 candidatos ao prémio de 25 mil euros. Para Arsélio, o poder político não pode permitir a degradação das escolas. "Assim que os estabelecimentos são abandonados à sua sorte, as comunidades sentem e isso reflecte-se no trabalho dos docentes".

O Governo distingiu, ainda, por mérito outros três professores Teresa Pinto de Almeida, professora de Inglês, recebeu o prémio Carreira; Paula Canha, o de Inovação pela forma experimental como ensina Biologia e Armandina Soares o de Liderança por presidir ao agrupamento de Escolas de Vialonga. Os premiados foram escolhidos entre um total de 65 candidatos."

Ver Artigo Completo (Jornal de Notícias)

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Grande Daniel Sampaio... Teve coragem de enunciar umas verdades! E se estes prémios de "homenagem" aos professores não são propaganda, tenho que redefinir o meu conceito de publicidade (enganosa). Quanto às razões do "orgulho" que o Primeiro Ministro sente pelas reformas do Ministério da Educação, basta lê-las antentamente, para se perceber bem de que "material" é feito o Eng. Sócrates: "a Educação ficou melhor quando se impôs as aulas de substituição", os professores ficaram colocados por três anos, o 1.º ciclo perdeu 2500 escolas e mais alunos ficaram no Secundário graças ao aumento dos cursos profissionais." Ainda acham que estamos numa democracia?
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