terça-feira, 31 de março de 2009

Redução de faltas poderá não ser real.

No Público a 31/03/2009: "Os alunos do ensino básico e secundário estão a faltar menos, como agora anunciou o Ministério da Educação (ME), ou são as escolas que estão a contabilizar menos faltas do que aquelas que foram dadas?
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Mas nas escolas o anúncio está a ser recebido com alguma “perplexidade”. Responsáveis contactados pelo PÚBLICO recordam, a propósito, que por força do novo Estatuto do Aluno, aos estudantes que fizeram provas de recuperação e tiveram positiva, são retiradas as faltas registadas, o que não quer dizer que tenham faltado menos.

“Podem ir acumulando faltas, acumulando provas e ir voltando sempre à estaca zero. É o que a lei prevê”, resume Isabel le Gê, presidente do conselho executivo da escola D. Amélia, em Lisboa. É uma das “perversidades” que aponta ao novo Estatuto do Aluno. O de ir contra a acção formativa que deve ser a da escola: “Promove-se o oportunismo.” “Para os alunos que trabalham e são responsáveis é um insulto”, diz, dando conta de queixas que tem vindo a receber.

“Até se pode estar a promover mais o absentismo e as estatísticas mostrarem o contrário”, admite Maria José Viseu, professora e presidente da Confederação Nacional Independente de Pais, que acrescenta: “Para sabermos se houve ou não uma redução, é preciso ver primeiro quantas faltas foram retiradas do cadastro na sequência das provas de recuperação”.

Nos blogues de professores, a coberto do anonimato, são vários os docentes que dão conta de outras realidades. Por exemplo, casos de directores de turma que não passam para o sistema informático todas as faltas dos alunos de modo a evitarem, assim, a proliferação de provas de recuperação; de professores que, com o mesmo objectivo, começaram a poupar nestes registos.(...)"

Ver Artigo Completo (Público)

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Comentário: Não existe professor em Portugal, que não conheça esta realidade. E a realidade, é esta: Com o novo estatuto do aluno, promove-se o absentismo, em vez de o combater. As consequências são nulas, e os alunos sabem perfeitamente que o «reset» das faltas está previsto e coberto por força de lei. Os professores, como não são parvos optam cada vez mais por fechar os olhos às faltas, pois sabem que ao fazê-lo terão uma carga de trabalho inferior. As provas de recuperação são uma falácia, não servem para absolutamente nada, e de certa forma são um factor pernicioso, quando os professores acabam por facilitar nas mesmas. Senão vejamos, com a prova de recuperação, os alunos conseguem obter sucesso e «limpar» as faltas. Um autêntico 2 em 1! Aliás, será mais um 3 em 1, pois também permite ao Ministério da Educação fazer propaganda. Mais um «mecanismo» pensado desde o início para a estatística... Ainda dizem que o pessoal do Ministério da Educação não pensa! Pensa e bem...
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4 comentários:

  1. O Ricardo percebe que acaba de passar um atestado de preguiça, incompetência e desonestidade profissional aos professores, não percebe?

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  2. ...é que o problema que descreve não nasce das regras do ministério nem da acção dos alunos, nasce de quem não marca faltas para não ter trabalho ou marca e depois avalia pelo facilitismo.

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  3. FuckItAll, percebe que não está a ser correcto na avaliação moral e ética que faz? Se um professor tiver 10 alunos nas suas 6 ou mais turmas nesta situação, esse professor elabora as 10 provas, dá apoio a 10 alunos, marca e está presente em 10 provas e corrige as 10 provas? Já agora, quando? Depois ou antes de preparar as aulas dos 150 alunos das suas turmas, incluindo os materiais, as leccionar e avaliar o trabalho produzido pelos alunos? É caso para perguntar: para quando a abertura das escolas aos fins-de-semana? Não tem por isso razão: a culpa é efectivamente das regras do ministério. Os professores, que eu saiba, não fazem o milagre da multiplicação do tempo.

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  4. Como sempre, um comentário serve para mais de uma «visão»... mais de um «prisma»...

    Alguns concluem que o problema reside na sua própria falta de competência. Outros concluem que o problema reside na falta de competência de outros.

    Por regra, aquilo que concluimos está directamente relacionado com a nossa própria maneira de ser e consequente ética laboral. Se julgamos pela incompetência, preguiça ou mesmo desonestidade, é porque algo nos tocou. Quem estará a ser facilitista? O que raciocina com preconceito ou o que preconceituoso que não raciocina?

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