quarta-feira, 23 de junho de 2010

Assumam as vossas decisões.

Sinto-me revoltado! E gostava de poder afirmar que estou revoltado com o Ministério da Educação. Mas não! Estou revoltado e desiludido com alguns dos meus colegas de profissão. Não gosto de julgamentos em praça pública e muito menos de generalizações. Certo é que muitos podem estar tristes, chateados, sentirem-se injustiçados e outras coisas que tais. Agora, apontarem o dedo para outro alvo que não seja o Ministério da Educação (e o governo de Sócrates) ou nós próprios (enquando adultos que tomam decisões e as assumem) é que não. Isso não.

Esta bonificação da avaliação na graduação não deveria ter surpreendido ninguém. Os avisos foram imensos (leiam por exemplo,
este post), tantos quantos aqueles que fiz quando muitos colegas avançaram com decisões precipitadas (porque tomadas sem consciência das decisões) em questões de avaliação do desempenho docente. Alguns não entregaram os Objectivos Individuais (OI)... Outros não solicitaram aulas assistidas... Estes não puderam obter classificações de "topo". Mas se não entregaram os OI e não solicitaram aulas assistidas foi porque não quiseram. As decisões foram tomadas por vocês. Eu não posso culpar outros pelas minhas decisões. Era só o que faltava. Isso é o que eu chamo de cobardia.

A existir culpados, esses culpados estão no governo. E são culpados porque nos presentearam com uma avaliação permeável a factores externos. Permeável... Mas não obrigatoriamente permeável. Alguém que obteve Muito Bom ou Excelente não tem nem deve ser classificado com este ou aquele "adjectivo". À excepção de um colega, todos os restantes que conheço com classificações de "topo", mereceram-nas. Por motivos óbvios, e por causa das quotas, muitos outros mereceram boas avaliações e não as obtiveram. Estes sim podem estar revoltados com o "sistema". Mas não é o caso de quem decidiu, em consciência, conhecendo plenamente as eventuais consequências e assumindo como adulto responsável, tudo o que daí poderia advir.

Na altura referi que os colegas contratados não estavam em posição de risco e que deviam ponderar bem as consequências dos seus actos. As consequências aqui estão. Agora por favor não condenem o colega x ou o colega y por ter seguido este ou aquele rumo. Se querem condenar alguém, condenem o Ministério da Educação. Se querem culpar alguém, culpem-se a vocês próprios por terem decidido como decidiram.

As frustrações não podem servir de desculpa para "maltratar", generalizar e "insultar" colegas que decidiram de outra forma. Não podem... Pelo menos não nesta "casa"...

24 comentários:

  1. Já fazias falta, Ricardo. Nem sei como deixaste que certos comentários fossem colocados aqui no blog.

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  2. Concordo em absoluto! Já o disse várias vezes.
    Decidi pedir avaliação depois de ler a legislação em vigor, quando chamaste atenção para as possiveis consequências da ADD aqui no profslusos.

    Mais uma vez, obrigada Ricardo pelo teu trabalho neste blogue.

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  3. Subscrevo Ricardo e acrescento:
    Injusto é não nos possibilitarem fazer essas escolhas ou haver leituras, leis e práticas contraditórias como se fossem sistemas secundarizados, paralelos ou de menor relevo no sistema educativo (falo dos colegas das RAM, EPE, dos colegas que dão apoio socioeducativo... condenados ao Bom - sejamos sinceros). Poucos se fazem ouvir.
    Falácias.

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  4. Da minha parte Ricardo, peço desculpa. Devia ter evitado, mas afinal sou um comum dos mortais... Claro que está tudo centrado no ME e para mim é inconstitucional, mas isso é uma opinião que já estou a dar sem ninguém pedir e as quotas determinam muita coisa.
    Eu tomei todas as decisões por mim e só por mim e sempre assumi o que faço, mas isso não minimiza a minha revolta, pelo menos não hoje.
    Espero mesmo que me desculpes...

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  5. Excelente. (Mais dois pontos!)
    Um abraço.

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  6. Só vou focar alguns pontos:

    Sou contratada, e presto o meu serviço docente desde 2006 na RA da Madeira. Porquê??
    Porque foi o único sítio neste país inteiro que me proporcionou trabalhar 326 dias, com horário completo, no ano em que terminei o meu estágio.
    Desde então trabalho cá. E desde então sinto-me a trabalhar noutro país, culpa minha? Não! Culpa dos madeirenses? Não! Culpa do sistema, de politiquice...
    Não fui avaliada? Não! Porque não quis?? NÃO Porque não tive sequer a hipótese de a pedir.

    Sou portuguesa, natural de Guimarães, e trabalho em PORTUGAL numa ilha, a Ilha da Madeira, não noutro país!

    Sim, estou revoltada e não foi minha opção não ter aulas assistidas ou entregar "OI's"...

    Portanto, não nos ponham todos dentro do mesmo saco!!

    Obrigada..foi apenas um desabafo!

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  7. Oh colega compreendo a sua revolta... Estou no EPE, não fui avaliada porque o sistema não o permitiu... Felizmente este ano pude ser avaliada (só produzirá efeitos no próximo ano lectivo), a nossa situação foi acautelada, mas mesmo assim não deixo de insistir que uns tantos andam cegos com as suas lutas, revoltas e o resto é arvoredo.
    Eu, a colega, os profs de apoio socioeducativo, os CEF, CAE, sim têm motivos de sobra para se sentirem lesados pois não lhes foram dado as mesmas opções e oportunidades, são secundarizados pelo sistema. Mas desses ninguém se lembra. Cada um olha para o seu umbigo.
    Enquanto continuarmos assim, com atitudes de mediocridade extrema não chegaremos a lado algum, com muita pena minha,seremos e continuaremos a ser instrumentalizados e a ser o bobo da festa... A caravana passa e uns aplaudem.

    Somos números apenas...
    Enfim...
    E. Pinto.

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  8. + não lhes foram dadas ...
    E. Pinto

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  9. E aqueles que pediram avaliação e que, MUITO INJUSTAMENTE, não lhes foi artribuido mais do que um Bom??? Como ficam esses??
    Eu respondo!!
    -Ficam não sei quantos lugares abaixo na lista e com o risco de não serem colocados!!

    Isto, para não falar de outros casos!!!

    Estou contigo colega da Madeira!! Não generalizem!!! Cometem-se muitas injustiças e só não vê quem não quer!

    Ah!!! desenganem-se aqueles que pensam que estou a falar do meu caso particular, não estou!! Eu sou uma das felizardas que, com 3 anos de serviço, entrou para QE... mas isso não me impede de julgar esta situação!!
    É triste ver que, até aqui, a avaliação era uma coisa muito má... depois falou-se que poderia entrar para a graduação... já começou a ser "um bocadinho melhor"... por fim, vejam bem como o nosso ME arranjou maneira de se ACEITAR, CONCORDAR, DEFENDER e PASSAR A PEDIR A (até aqui) MALFADADA AVALIAÇÃO!

    Magui

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  10. Estou completamente de acordo! Eu não pedi aulas assistidas e sabia perfeitamente o que estava a fazer.

    Se há culpados estão no ME e no Governo, que se estão a marimbar completamente para a Educação! Mas um dia espero que olhem para trás e vejam as grandes asneiras que fizeram...

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  11. alguem sabe dizer se este colegas que agora tiveram mt bom ou excelente, ficam para sempre com esse valor a mais, ou é só neste concurso?

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  12. Completamente de acordo Ricardo. É exactamente por seres directo e frontal e não permitires "bandalheiras" e "crucificações públicas" no teu blog que este é, para mim, o melhor blog de educação em Portugal.
    Parabéns pela coragem e frontalidade.

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  13. Também acho vergonhoso esta "caça às bruxas" que se estão aí a passar nas caixas de comentários. Assusta-me que pessoas tão mal formadas tenham a seu cargo educação de crianças.
    Antes que venham dizer que sou um dos beneficiados, digo já que nem sequer sou professor.

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  14. Caro Ricardo, para mim uma das maiores virtudes nos nossos dias é saber estar informado e reconheço em si essa virtude. A par do blog do Paulo Guinote (que todos nós conhecemos), venho aqui muitas vezes, pois também gosto de estar informado.
    Mas, para mim (o que não deixa de ser uma opinião pessoal e singela) esta situação não deixa de ser oportunismo.
    Claro que quem permitiu isto foi o ministério, mas quem tirou proveito foram os professores que pediram a avaliação e com isso passaram à frente de outros colegas com mais tempo de serviço.
    É com isto que o ministério conta. Com a nossa desunião. Os colegas que pediram avaliação, quiseram melhorar a sua situação (o que é justo), mas não se esqueçam que a vossa alegria é a tristeza de outros. Por isso retribuo o dedo acusador e digo: Pedir a avaliação é um direito de todos os professores, mas na situação de luta em que todos estávamos (estamos????) esse direito prejudicou muitos colegas que decidiram lutar até ao fim.
    Eu dou-me por derrotado e com certeza para o próximo ano pedirei a avaliação, pois como está visto é cada um por si.
    Pormenores à parte, professor Ricardo continue o bom trabalho que faz neste bolg.

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  15. Para E. Pinto do EPE:

    Não sei se já tomou conhecimento, mas a alteração ao ECD, saída ontem no Decreto-Lei n.º 75/2010, de 23 de Junho, Artigo 14.º e regulamentado pelo Decreto Regulamentar n.º2/2010, de 23 de Junho (ADD), Artigo 38.º, ambos apresentados pelo Ricardo num dos posts de ontem, vem salvaguardar a situação dos professores que estiveram no EPE até ao ano lectivo passado, como é o meu caso, e possibilita o pedido de avaliação desse tempo.
    Eu vou pedir. Aliás, eu sempre entreguei relatórios de Reflexão Critica ao meu Coordenador, apesar de saber que não serviam para nada.


    Para o Ricardo, obrigada pelo excelente trabalho que continuas a desenvolver nesta página.

    Cláud'S

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  16. A teoria do bom selvagem coloca-se aqui de novo. Se acreditamos nela ( porque se trata de uma questão de fé) não nos deve impedir de revelar as injustiças desta avaliação, as mediocridades e atrasos civilizacionais de séculos ( o caso de colegas grávidas) .
    é isto que está em causa e deve ser apontado e sublinhado.
    Que existiu oportunismo , xico espertismo e coisas assim toda agente sabe que sim...é mesmo a realidade, não vale a pena esconder..

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  17. Concordo em parte, mas o problema não foram os OI.
    Há coisas muito mais fundas na insatisfação de quem aponta o dedo.
    E sabes isso...

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  18. Para Eu: Mas eu não tenho de desculpar nada. Eu compreendo perfeitamente a posição daqueles que se sentem injustiçados por terem sido ultrapassados com os resultados de uma sistema de avaliação pernicioso.

    Quem não sente não é filho de boa gente... Só acho é que o sentimento de revolta foi momentaneamente mal direccionado.

    Mas a "quente" quem não comete erros? :)

    Abraço.

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  19. Para Helder Vale: Agradeço a atenção dada ao meu blogue. É bom saber que continuo a fazer serviço público.

    Quanto ao oportunismo... Pois... Isso daria "pano para muitas mangas". Sabes que algumas guerras são mais oportunas que outras, e nem sempre quem se mete nelas sabe exactamente com o que contar. Cheguei a esta conclusão nestes últimos dois dias.

    Abraço.

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  20. Para Paulo G.: Eu sei que concordas com parte do que escrevi. E claro que o problema não foram apenas os OI... Mas nessa "batalha" eu não me quero meter. Pelo menos, não para já. Antes ainda quero ver se temos declarações "oficiais".

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  21. Tenha paciência, Ricardo. O colega trocou a luta colectiva pelo interesse pessoal. Não tem que ser apontado nem que se desculpar. Apenas terá que viver com os factos e as incongruências: sustenta posições claras de contestação a um modelo de avaliação, no entanto apresenta os OI e opta por se candidatar à avaliação de mérito com aulas assistidas.
    Na altura em que se fez greve, o Ricardo sublinhou de novo no seu blog a importância da luta colectiva. No entanto, mais uma vez, o Ricardo assumiu a posição oposta: foi trabalhar, não fez greve.
    Como disse, isto são factos com os quais terá que viver, quer queira quer não.
    Mas isso não impede que o Ricardo seja um colega esclarecido e que o seu espaço seja um ponto de referência para tantos e tantos.
    Aceite um abraço.
    Maria Helena

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  22. Uns trocam lutas, outros trocam autorias que não lhes pertencem, outros são bipolares. É a vida. Tome um cafézinho que isso passa.

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