terça-feira, 4 de outubro de 2011

Um corte de 600 milhões


Comentário: O actual Ministro da Educação, assumiu que o corte de 600 milhões de euros na educação irá implicar um corte nas novas contratações e redistribuição de professores... Novidade aqui? Nenhuma. Tal como não é novidade a clara degradação das condições de funcionamento de escolas e agrupamentos, com o decréscimo dos créditos horários.

Quem ainda não se apercebeu desta situação anda muito distraído. Esperem mais uns meses... Estamos actualmente perante uma de duas situações: a) Os colegas continuam a cumprir com as suas funções, resolvendo problemas e assumindo trabalho "fora de horas"; ou b) Cumprem o seu horário, pelo que é inevitável que trabalho e problemas por solucionar se vão acumulando.


Se na situação a) teremos a curto prazo o esgotamento individual dos professores, na situação b) teremos um esgotamento do sistema educativo, pois será bastante difícil uma escola funcionar se todos os professores cumprirem com o horário e as horas que lhes são atribuídas. Ambas as situações irão ter mais ou menos o mesmo fim: a falência acelerada  do sistema educativo português.

Pensem nisso...

17 comentários:

  1. Carlos, Professor e Portuguêsoutubro 04, 2011 10:00 da tarde

    Mais uma vez Ricardo a tua reflexão é absolutamente coincidente com a realidade... também eu não tenho dúvidas de que o Sistema Educativo está na lista de coisas a destruir, para aniquilar completamente o nosso país... estão a colocar o Povo Português entre a espada e a parede! Somos "mansos", dizem eles, mas quem sabe algo sobre a nossa história sabe que isso não é verdade... sendo encurralados nós, Portugueses históricamente sempre partimos a loiça. É sabido que, no limite, mesmo o burro mais manso dá coices em quem repetidamente o maltrata. Estamos a ser pressionados por "eles" a entrar rápidamente nessa fase...

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  2. Eu "voto" na primeira situação, pois, nós professores somos demasiado profissinais, fazemos as nossas tarefas mesmo que tenha de ser "fora de horas", colocamos a escola e os alunos a cima de nós próprios...
    Quando saimos dos portões da escola na nossa cabeça segue "a escola"...
    Enfim... o professore vive a escola dentro e fora dela, no horário lectivo e "fora de horas"

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  3. Pensava que ele dizia "implodir o Ministério da Educação" e não explodir com país!!

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  4. Os professores da Escola Artur Gonçalves em Torres Novas apresentaram no Sarau do ano lectivo transacto uma "sátira musical" relativa ao estado da nossa educação e da excessiva burocracia envolvida actualmente nas escolas portuguesas. "Chovem Papéis" é nome da música, adaptada do original "It's Raining Men" das Weather Girls. A letra da música é da autoria das docentes Ana Rita Moutinho e Elsa Giraldo, o vídeo e gravação da música ficaram ao cargo do docente Pedro Dionísio.

    Está fantástico... oiçam... e sorriam é a nossa a vida de professor...

    http://www.youtube.com/watch?v=oe90LfBbWqs&feature=share

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  5. Penso que uma resposta de aviso, por parte dos Professores, poderia passar por uma Greve de Zelo por tempo indeterminado. Ou seja, cada Professor(a) só trabalharia o que está de acordo com o Direito Internacional, leia-se OIT-Organização Mundial do Trabalho, em matéria de horários de trabalho e da ténue linha que neste momento em Portugal separa "trabalho" de, na realidade escravatura. Claro que teríamos de o fazer todos... pergunto-me, sendo um direito legal consagrado, porque motivo os Sindicatos de Professores nunca avançaram com uma Greve de Zelo?!...

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  6. Pois Lena (10.03), assim sendo qual é o limite do profissionalismo?

    Não ter vida própria,filhos,vida social... até ao esgotamento físico e mental?

    Eu penso pela minha cabeça e ela diz-me que antes de tudo a sanidade mental. Cmpts

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  7. Vamos a contas
    Diz a noticia que serão 500 milhões de € a cortar no básico (e secundário, obviamente).
    500 milhões € / (1373,13€ x 14)=
    = 500 milhões € / 19223,82=
    =26009.4 horários!

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  8. Anónimo, eu concordo totalmente com o que disse.
    Eu, no meu comentário, apenas quis referir que, nós professores, nos dedicamos em demasia à nossa profissão, e mais depressa nos esgotamos do que deixamos tarefas por fazer...

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  9. Advogado, não li bem a notícia, mas cortar pode ser em outras despesas, não podemos fazer logo essas contas...

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  10. Os colegas que passaram toda a sua vida na escola a germinar intrigas, a tramar os colegas, a passar por cima de tudo e de todos, a aderir a um sistema de avaliação que é 1 farsa vão sofrer também e depois talvez deixem de dizer:"Ah!Isso tem a haver com os contratados,estou fora disso"

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  11. Colegas estou estourada, desmotivada, encurralada em papéis e em ações TEIP, e outros afins.
    Como é díficil trabalhar em escolas desta natureza, sem professores de apoio que possam satisfazer as verdadeiras necessidades.
    As turmas têm muitas 26 alunos, algumas, primeiros anos de escolaridade, sem competências para iniciar um 1º ano.
    É uma loucura!..
    Cada vez penso mais na reforma.
    Como é possível o 1º ciclo, ter a monodocência, não ter diminuição horária ao contrário dos restantes níveis de ensino, e trabalhar até aos 65 anos????...
    Ninguém fala disto, ninguém!! Serei só eu que sinto esta injustiça??..
    Trabalhar como burrinha de carga das 9h às 17h 30, + trabalho para casa. As AECS são outro calvario, que só trazem problemas de indisciplina, e dificuldades em cumprir os programas e treinar os conteúdos.
    Os finais das tardes, são uma tortura, quer para alunos,quer para professores e auxiliares.
    Estou cansada! Apetece-me cada vez mais sair do ensino e procurar outra ocupação, para ajudar no orçamento, afinal estou só no 4º escalão, e de cá não passarei, pelas circunstancias conhecidas.
    Tenho que estudar bem o caso. Preciso procurar uma vida mais sã e com mais sentido...

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  12. Sobre o cácluco que fiz anteriormente, acrescento que cerca de 1/3 daquele valor já foi realzaido com os cortes que existiram no currente ano lectivo.

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  13. Para Carlos, Professor e Português: Acho que ainda estamos longe da fase da contestação. A letargia ainda é grande, independentemente de estarmos a ser alvo de ataques para reparar a gestão danosa da classe política (que permanece virtualmente intocável).

    Já se começam a ver algumas iniciativas esporádicas, mas estaremos longe de situações complicadas do governo gerir.

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  14. Para Lena: Tens toda a razão, mas eu aconselho todos os colegas a serem um pouco mais exigentes com o cumprimento dos seus horários. Se a máquina emperrar um pouco, pode ser que alguém no poleiro acorde.

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  15. Para Rita: Os sindicatos nunca avançaram para uma Greve de Zelo por saberem perfeitamente que a mesma não teria grande adesão. Mais, atrevo-me a dizer que existem fortes probabilidades de nem os sindicalistas aderirem a essa tipologia de greve.

    Somos uma classe desunida... Não podemos ir por aí, pois corremos o risco de mostrarmos ainda mais o nosso individualismo.

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  16. Pelas contas do Advogado, parece que se acabam os contratados, certo?
    Não sei o que vai ser de nós, mas isto nunca mais acaba :-(.

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  17. A anónima é daquelas colegas que não gosta das AEC porque "colocam a nú" a incompetência para áreas como a Atividade Física e do Inglês por parte de muitos dos titulares de turma (expressão físico-motora nunca era realizada pelos titulares e está no currículo) Mais, era bom dar aulinhas das 9:00 às 12:30 e ter o resto do dia livre...as AEC são importantes, as crianças adoram, os pais apoiam, o Governo vai manter, como é óbvio.

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