A autoria dos que abaixo transcrevo é da FENPROF (aqui), e julgo que será relevante para aqueles que amanhã vão aderir à greve.
"O direito à Greve está consagrado na Constituição da República Portuguesa (Artigo 57.º) e traduz-se numa
garantia, competindo ao trabalhador a definição do âmbito de interesses a defender através do recurso à Greve.
Mais se acrescenta na Constituição da República: a lei não pode limitar este direito!
Por vezes, procurando condicionar o direito à Greve, alguns serviços e/ou dirigentes da administração educativa
informam incorrectamente os educadores e professores sobre os procedimentos a adoptar em dia de Greve. Para que
não restem dúvidas sobre a forma de aderir à Greve e as suas consequências, respondemos a algumas das perguntas
que mais frequentemente surgem:
1. Os professores têm de pedir autorização ou comunicar previamente a sua adesão à Greve?
- NÃO! Como é óbvio, a adesão à Greve não carece de autorização nem de comunicação prévia. Esta comunicação é
feita pelos Sindicatos que, nos termos da Lei, entregam no Ministério da Educação e noutros que têm sob sua tutela, um
Pré-Aviso de Greve.
2. Tem de se ser sindicalizado para poder aderir à Greve?
- NÃO! De facto, só as organizações sindicais têm capacidade para convocar uma Greve, porém, fazendo-o, o Pré-Aviso
entregue às entidades patronais abrange todos os profissionais independentemente de serem ou não sindicalizados.
3. Um professor pode aderir à Greve no próprio dia?
- SIM! Pode mesmo acontecer que o docente já esteja no local de trabalho ou até tenha iniciado a actividade e, em
qualquer momento, decida aderir à Greve.
4. O professor tem de estar no local de trabalho durante o período de Greve?
- NÃO! No dia de Greve o professor não tem de se deslocar à escola embora, se o quiser fazer, não esteja impedido
disso. Não sendo obrigatória a presença dos professores no local de trabalho em dia(s) de Greve, a realização de uma
acção envolvendo os professores da Escola/Agrupamento, para dar visibilidade local à própria Greve, é legítima.
5. O professor tem de justificar a ausência ao serviço em dia de Greve?
- NÃO! No dia da Greve só tem de justificar a ausência ao serviço quem tiver faltado por outras razões. Quem adere à
Greve não deve entregar qualquer justificação ou declaração, cabendo aos serviços, através da consulta dos livros de
ponto ou de registo de presença, fazer o levantamento necessário. A não assinatura do livro de ponto corresponde a
adesão à Greve.
6. A adesão à Greve fica registada no Processo Individual do Professor?
- NÃO! É expressamente proibida qualquer anotação sobre a adesão à Greve, designadamente no Registo Biográfico
dos professores. As faltas por adesão à greve, a par de outras previstas na lei, são apenas estatísticas.
7. Há alguma penalização na carreira pelo facto de um professor ter aderido à Greve?
- NÃO! A adesão à Greve não é uma falta, mas sim a quebra do vínculo contratual durante o período de ausência ao
serviço, encontrando-se “coberta” pelo Pré-Aviso entregue pelas organizações sindicais. Daí que não haja qualquer
consequência na contagem do tempo de serviço para todos os efeitos legais (concursos, carreira ou aposentação), nas
bonificações previstas na lei ou no acesso a todas as regalias e benefícios consagrados no estatuto da carreira docente
ou no regime geral da Administração Pública.
A única consequência é o não pagamento desse dia e do subsídio de refeição pela entidade patronal.
8. O dia não recebido é considerado para efeitos de IRS?
- NÃO! No mês em que for descontado esse dia de Greve (deverá ser no próprio mês ou, na pior das hipóteses, no
seguinte) o cálculo de desconto para o IRS e restantes contribuições será feito, tendo por referência o valor ilíquido da
remuneração processada, portanto, não incidindo no valor que não é recebido.
9. Os membros dos órgãos de gestão podem aderir à Greve não comparecendo na escola?
- SIM! A forma de aderir à Greve por parte dos membros dos órgãos de gestão é a mesma que foi referida para qualquer
outro docente. Conforme Pré-Aviso entregue às entidades competentes pela FENPROF, “Para os efeitos legais, caso os
membros dos órgãos de gestão, usando os seus direitos, adiram às greves agora convocadas, ficará responsabilizado
pela segurança do edifício e de todas as pessoas que nele permaneçam o docente do quadro de nomeação definitiva
mais antigo na escola, que não esteja em greve.”
10. Os Professores Contratados podem aderir à Greve apesar da sua situação laboral de grande instabilidade?
- SIM! Todos os professores Contratados (contratação anual, colocação cíclica, oferta de escola) podem e devem (por
maioria de razões) aderir à Greve, principalmente quando em jogo estão as alterações à legislação de concursos e a
exigência de revisão do Estatuto da Carreira Docente, designadamente a abolição da prova de ingresso na profissão, a
fractura da carreira em duas categorias, horários de trabalho e a avaliação do desempenho imposta pelo ME.
11. Os Professores das AEC também podem aderir à Greve?
- SIM! Claro! Porém, nos termos do pré-aviso entregue às entidades competentes só os que foram contratados pelas
autarquias poderão exercer este direito. As alterações aos concursos e colocações que o ME pretende introduzir, a
enorme precariedade de emprego e baixos salários, a inadmissível instabilidade profissional a que estão sujeitos e que
decorre do seu estatuto profissional e da exploração laboral a que o governo os condenou com a regulamentação destas
Actividades, são mais do que justificações para que adiram à Greve.
12. Os Professores dos CEF, EFA, CNO, Cursos Profissionais… podem fazer greve? Tal tem alguma
consequência em matéria de reposição de aulas?
- SIM! Podem aderir! A forma de aderir à Greve por parte dos docentes que exercem funções neste âmbito é a mesma
que foi referida para qualquer outro docente. No caso de terem de ser garantidas as aulas não leccionadas, para que os
alunos possam ver certificada a sua formação, aos docentes deverá ser pago o respectivo serviço docente extraordinário
[conforme acontece em algumas escolas].
13. Os Professores e os Educadores de Infância podem ser substituídos em dia de Greve?
- NÃO! Nenhum trabalhador pode ser substituído por outro em dia de Greve. Tal corresponde a uma grosseira
ilegalidade e deve, de imediato, ser comunicado à Direcção do Sindicato. Porém, caso um docente tenha no seu horário
a prestação de funções de substituição, esse docente terá de cumpri-lo, excepto se entrar em greve, também."
Uma saída que vejo para o problema seria a separação de águas: uma Carreira para quem dá aulas e outra para quem tem outros cargos. E seria justo porque os outros cargos já constituem em si um prémio. Uns são pagos através de gratificações mensais, outros constituem gratificação porque o exercício da função é muito menos exigente que leccionar. Estar sem componente lectiva num sindicato, ou nas bibliotecas, ou num Centro de Formação, ou, ou... é bem diferente de facto. Não vejo outro modo. O PS até poderá arriscar mas a despesa dispara exageradamente. Ou então com permitir que os professores se aposentem aos 60 anos pois são os mais velhos que fazem disparar a despesa se acederem ao escalão de topo. Não vai ser fácil sair deste enredo sem que haja alguma alteração de fundo, não há dinheiro para suportar as subidas dos professores mais velhos. A dívida é colossal e assim que o BCE deixar de a financiar iremos de novo para um congelador do tipo siberiano.
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