Por muito mal que se esteja, por muito mal que se viva e por muito mal que nos sintamos com esta nossa Democracia, no dia 24 de Abril estávamos muito pior!
Quando professores se encontram, inevitavelmente surgem perguntas como: -Como é que vai a tua escola?” e todo o tipo de novidades e Ahs!. A este propósito e num desses diálogos verifiquei que numa escola em Cascais e fazendo o balanço do que ouvi -porque não consigo ficar calada e os Ahs! foram enormes- passo a explicar. Um ano após a tomada de posse da nova Directora, um mundo novo a descobrir nas suas acções 1ª acção – remodelação do Gabinete da Direcção – a secretária da Directora está num “aquário” a meio da sala. Entre outras, uma novidade: uma funcionária administrativa instalada na antecâmara do Gabinete. Nas portas de acesso surgem dísticos como o que reza: “Não entrar sem se fazer anunciar!” Este “pequeno” pormenor arquitectónico permitiu que os objectivos subliminares fossem alcançados: não se tratou apenas de criar melhores condições de trabalho para a equipa, revela-se o paradigma da hierarquização de poderes. A postura directiva vai-se manifestando através de atitudes marcadas pela pesporrência anti-democrática (é feita tábua rasa de decisões aprovadas em Conselho Pedagógico); pela prática de mobbing (perseguição a uma professora “diferente” e “frágil”); pelos atropelos ao Regulamento Interno (realização de apenas um CP durante o 2º Período); pela falta de respeito generalizada (os Directores de Turma tomam conhecimento da suspensão dos seus alunos através das informações que são lidas às turmas); pela política de amiguismo e favorecimento (vide horários dos professores) etc., etc., etc.. O medo instalou-se. Na Sala dos Professores passou a ser “perigoso” manifestar opiniões. Há assuntos de que apenas se fala fora da escola e tem de se ter cuidado, espreitar por cima do ombro, pois “as paredes têm ouvidos”! 36 anos depois de Abril, a Escola-sede do Agrupamento lembra aos mais velhos a escola salazarista, em que iniciaram as suas carreiras (nesses tempos, pelo menos, sabia-se com o que se contava!). As represálias são uma realidade. O anonimato não é uma cobardia. Denunciar é urgente! Viva a Liberdade!
Nasci dois anos após a revolução mas cresci a ouvir Zeca em casa. O meu pai, militar em Angola, estudante de direito no início dos anos 70' em Lisboa, passou-nos a todos os que o rodeávamos uma espécie de "bichinho" revolucionário que sobressaía nas comemorações anuais da revolução. Assim, eram de visionamento obrigatório as transmissões das cerimónias evocativas da revolução a partir da Assembleia da República e a audição de três cassetes (lado A e lado B) que a Valentim de Carvalho lançou com a obra do cantor de Grândola Vila Morena, que também cantávamos como se canta o hino nacional. Ontem, ao passear pelas ruas, não vi o 25 de Abril, é domingo e este, ao que parece, é fatal para qualquer revolução. Também não pús o Zeca a tocar em casa e esta parte já é culpa minha. Acho que devo estar a precisar de uma "inner revolution" até porque hoje ainda é Abril... Um abraço
A Democracia Portuguesa: Uns são livres para tudo, os outros são forçados a tudo.
ResponderEliminarPor muito mal que se esteja, por muito mal que se viva e por muito mal que nos sintamos com esta nossa Democracia, no dia 24 de Abril estávamos muito pior!
ResponderEliminarQuando professores se encontram, inevitavelmente surgem perguntas como: -Como é que vai a tua escola?” e todo o tipo de novidades e Ahs!. A este propósito e num desses diálogos verifiquei que numa escola em Cascais e fazendo o balanço do que ouvi -porque não consigo ficar calada e os Ahs! foram enormes- passo a explicar.
ResponderEliminarUm ano após a tomada de posse da nova Directora, um mundo novo a descobrir nas suas acções
1ª acção – remodelação do Gabinete da Direcção – a secretária da Directora está num “aquário” a meio da sala. Entre outras, uma novidade: uma funcionária administrativa instalada na antecâmara do Gabinete. Nas portas de acesso surgem dísticos como o que reza: “Não entrar sem se fazer anunciar!”
Este “pequeno” pormenor arquitectónico permitiu que os objectivos subliminares fossem alcançados: não se tratou apenas de criar melhores condições de trabalho para a equipa, revela-se o paradigma da hierarquização de poderes.
A postura directiva vai-se manifestando através de atitudes marcadas pela pesporrência anti-democrática (é feita tábua rasa de decisões aprovadas em Conselho Pedagógico); pela prática de mobbing (perseguição a uma professora “diferente” e “frágil”); pelos atropelos ao Regulamento Interno (realização de apenas um CP durante o 2º Período); pela falta de respeito generalizada (os Directores de Turma tomam conhecimento da suspensão dos seus alunos através das informações que são lidas às turmas); pela política de amiguismo e favorecimento (vide horários dos professores) etc., etc., etc..
O medo instalou-se. Na Sala dos Professores passou a ser “perigoso” manifestar opiniões. Há assuntos de que apenas se fala fora da escola e tem de se ter cuidado, espreitar por cima do ombro, pois “as paredes têm ouvidos”!
36 anos depois de Abril, a Escola-sede do Agrupamento lembra aos mais velhos a escola salazarista, em que iniciaram as suas carreiras (nesses tempos, pelo menos, sabia-se com o que se contava!).
As represálias são uma realidade.
O anonimato não é uma cobardia.
Denunciar é urgente!
Viva a Liberdade!
Nasci dois anos após a revolução mas cresci a ouvir Zeca em casa. O meu pai, militar em Angola, estudante de direito no início dos anos 70' em Lisboa, passou-nos a todos os que o rodeávamos uma espécie de "bichinho" revolucionário que sobressaía nas comemorações anuais da revolução. Assim, eram de visionamento obrigatório as transmissões das cerimónias evocativas da revolução a partir da Assembleia da República e a audição de três cassetes (lado A e lado B) que a Valentim de Carvalho lançou com a obra do cantor de Grândola Vila Morena, que também cantávamos como se canta o hino nacional. Ontem, ao passear pelas ruas, não vi o 25 de Abril, é domingo e este, ao que parece, é fatal para qualquer revolução. Também não pús o Zeca a tocar em casa e esta parte já é culpa minha. Acho que devo estar a precisar de uma "inner revolution" até porque hoje ainda é Abril... Um abraço
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