Greve às aulas assistidas. Apenas uma reflexão...

Tal como havia prometido, fica aqui a minha reflexão sobre esta greve.

Não duvido do impacto da grave às aulas assistidas, por parte dos professores avaliadores. Será porventura uma das estratégias mais consequentes que a Plataforma Sindical já idealizou, e que provocará alguma “mossa” nas escolas e no modelo “simplex 2”. O estratega sindical que sugeriu esta iniciativa está de parabéns, não porque eu concorde em pleno com esta greve, mas sim pelo grau de impacto que a mesma causará na implementação do modelo de avaliação docente.

Para quem não pretende cumprir com o legislado no “simplex 2” e nem quer ouvir falar em outra coisa que não seja esse tema, a conversa acaba por aqui. Para os restantes, continuem a ler.

Com esta greve, colocam-se duas “questões”: (1) Quem quer ser avaliado por este modelo e pretende a classificação “Bom” não será “afectado” (já não iria ter aulas assistidas); e (2) Quem quer ser avaliado por este modelo e pretende a classificação “Muito Bom” ou “Excelente” terá de esperar pelo 3.º período para ter aulas assistidas.

Assim, não concordo em pleno com esta iniciativa, pois a mesma atinge alvos de forma selectiva, não impedindo que este modelo de avaliação docente seja efectivamente e totalmente travado. E para mim, este é o cerne da questão. Apoio iniciativas que visem travar a implementação deste modelo, na sua totalidade e não em parte. E esta greve, não corta o “mal pela raiz”, apenas “poda” alguns “ramos”. Não estaremos a fazer o “jogo” do ME? Para mim, esta greve acaba por ser uma “entidade reguladora”, do tipo:

Não queres ser avaliado? Não te preocupes, esta greve não te influencia de todo… Queres ser avaliado com “Bom”? Tudo bem. Não interfiro com essa decisão… Queres ser avaliado e com “Muito Bom” ou “Excelente”? Desculpa lá qualquer coisinha, mas para já não pode ser. Terás de esperar pelo 3.º período para teres aulas assistidas.

Qual o objectivo de empurrar aulas assistidas para o 3.º período? Não posso concordar em absoluto com esta greve, pois poderá contribuir para uma “tábua rasa” à luz deste modelo de avaliação do desempenho. Não o trava… Não o modifica… Apenas poderá impedir que alguns colegas possam tentar ter avaliação de “topo” (independentemente de juízos de valor que possam ser feitos).

Se a decisão pessoal for no sentido da não avaliação por este modelo, concordo e apoio. Se a decisão pessoal for no sentido da avaliação por este modelo, discordo mas apoio. Agora, o que não posso apoiar totalmente é este tipo de iniciativas que acabam por dificultar que os colegas possam cumprir com a sua decisão pessoal. E este é um “pau de dois bicos”: Se por um lado estamos a “forçar” avaliados, por outro estamos a “forçar” avaliadores. É que se pensarmos bem, mesmo que um colega avaliador discorde deste modelo, lá terá de o implementar. Não tem possibilidade de “saída airosa”. A legislação obriga-o, e não vai ser esta greve que o vai “salvar” dessa obrigação. Apenas terá de empurrar a observação de aulas para o 3.º período. O que vai ser claramente complicado, quer para avaliadores, quer para avaliados.

Assim sendo, e pelos motivos anteriormente referidos, não seria melhor esgotar “forças” em estratégias que visem travar este modelo de avaliação no seu todo? Estratégias que impeçam efectivamente a implementação do “simplex 2”? É que acho esta greve não cumpre esses requisitos… Parece-me que o único efeito será acumular observação de aulas no 3.º período, o que irá provocar imensos problemas. E sabem quem é que vai ter de lidar com esses problemas? Não… Não vai ser o ME… Vão ser os professores nas escolas!

Bem sei que o que acabei de redigir não reúne consenso nem será publicado em outros blogues (porque escrevi sobre aquilo que muitos não querem e se recusam a ler), mas é o que passa na “cabeça” de alguns de nós. Infelizmente (para este blogue) não sou radical, e faço questão de olhar para o outro lado (ou seja, aqueles que querem ser avaliados por motivos que não interessam aqui discutir).