terça-feira, 16 de setembro de 2008

Boicotar, simplificar ou aderir?

São estas as 3 alternativas colocadas em cima da mesa, para a avaliação do desempenho docente. Começo por dizer que a escolha de umas das alternativas não depende directamente de vocês, mas sim do corpo docente em geral e do conselho executivo (e pedagógico) da escola. Não pretendo criticar negativamente a escolha de qualquer uma das alternativas, mas apenas explicitar alguns elementos que podem estar "esquecidos".

Alternativa 1: Boicotar.

Nesta altura a tentativa de boicote não traria qualquer resultado, uma vez que essa fase já há muito passou (coincide com a assinatura do memorando de entendimento). Decerto não terão quem vos acompanhe nesta iniciativa verdadeiramente "suicida". Rejeitar o modelo já não produz sentido prático, embora em teoria fosse a medida a tomar. Os sindicatos colocaram "no prego" esta alternativa, deixando os professores de "pés e mãos atadas" até ao final deste ano lectivo.

Alternativa 2: Simplificar (ou Aderir Simplificando).

Em teoria seria o caminho a tomar, mas teriamos de partir do princípio de que todos (ou quase) estariamos de acordo com esta alternativa. E na verdade, não estamos. Basta permanecer algum tempo em qualquer sala de professores para chegarmos a essa conclusão. Por vezes, até fico surpreendido com o nível de fanatismo burocrático (é aqui que me questiono se será possível fazer tantos registos de forma minimamente segura, rigorosa e imparcial) implementado em algumas escolas. E nem sempre (muito pelo contrário) este fanatismo tem origem nas "estruturas superiores" das instituições de ensino. Ao sermos intervenientes activos na simplificação poderemos estar a seguir um caminho "perigoso". Inicialmente até podemos ter colegas a darem-nos "palmadas nas costas" e a "partilhar" recursos, mas corremos o risco de, quando olharmos para os lados (e para trás), concluir que estamos completamente sós. E o sentimento de traição, é algo a evitar...

Só uma pequena "chamada de atenção": Esta opção é acima de tudo, uma alternativa a ter em conta, mas estando cientes de que exige uma grande base de apoio na escola e atenção redobrada na legislação em vigor... Negociações só no final do ano lectivo e até lá, já teremos sido classificados (ou pelo menos, sujeitos a 90% do processo de avaliação). No entanto, há que trabalhar na simplificação, pois não sabemos o que o futuro nos reserva em termos de governação.

Alternativa 3: Aderir.

Esta é a opção que me causa mais "naúseas", mas infelizmente na maioria das escolas, será a mais acertada. Basta ver as inúmeras fichas e instrumentos de registo que por aí circulam... E já nem falo na complexidade dos mesmos. Tudo culpa nossa e não da Ministra. A legislação é clara e permite alguma margem de manobra. No entanto, para quem opte "aderir", o mais seguro será exigir que todos os parâmetros aprovados (e constantes dos diversos instrumentos de trabalho) sejam rigorosamente verificados e classificados, não como forma de mostrar a impossibilidade do modelo, mas sim porque depois de fazerem uma análise do "ambiente docente" verificaram que não existiria outra alternativa. Obviamente que não podemos enveredar por uma "adesão" do tipo radical (o denominado "adesivovírus")... Devemos trabalhar sempre para os alunos e não num cenário de "competição docente" ou de "jogos sujos". Aliás, a única competição que consigo conceber é connosco próprios.

A preferência pela alternativa 3, poderá supor uma relativa "resignação", mas o facto é que com os colegas, os sindicatos e o governo que temos, não nos podemos dar ao luxo de sermos "teóricos" ou "sonhadores". Há que ser realista, há que saber ver até onde podemos ir. Obviamente que depende da nossa vontade, mas por maior que seja a vontade, falta aquele ingrediente fundamental que se chama união. O que quer que isso seja...

5 comentários:

  1. há uma 4ª opção, que é deixar correr e impugnar a avaliação em tribunal administrativo por ilicitude de alguns critérios, como seja o da inserção na comunidade, que viola claramente dts. dos docentes, uma vez que ninguém pode ser avaliado pelo que faz no seu tempo livre. E há mais aberrações, que, acredito, o tribunal não deixará passar.

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  2. Não terá muito a ver. Ou terá! Mas estou "furiosa", estou. Far-me-á bem desabafar... Lá não dá!

    Então não é que a minha PCE decide que é o Conselho de Turma que define a planta para sentar os alunos e todos têm que obedecer. E se não o fizerem deverá ser bem explicado para que conste em acta? Pergunto eu, o CT e CE têm legitimidade para decidir por mim? Para interferir nas estratégias para a minha aula que passam pelo modo como sento os alunos, não? Cada aula uma sala, cada aula actividades diferentes, em cada disciplina os alunos têm comportamentos diferentes... é que o EB não é o mesmo que o ES! E eu não vou ser avaliada pelo controlo da indisciplina na sala, pela gestão, pela..., pela... Como posso se me é imposto que cumpra decisões que me são exteriores? Como decidem por mim, se eu nem conheço os alunos, são turmas do 7.º ano que acabo de receber?

    Entenda-se que não me chateia nada ter que aceitar uma qualquer planta da sala, não sei é de qual. Para mim o importante é que os alunos não faltem, que estejam lá todos. É o principio de ingerência, de prepotência, de ..., de ...

    E tal como nas revistas pintadas de rosa, pergunto:

    Estarei de todo errada? Como devo fazer?

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  3. -Alternativa 1:Boicotar, não me parece que o "povo" adira, estão todos muito ocupados, é a crise e tal...o preço dos combustíveis (daqui fica o meu Buuuuu para a falta de união docente)

    - Alternativa 2: Simplificar (ou Aderir Simplificando): Se não houvesse colegas aparentemente candidatos à P.M era capaz de resultar (sinceramente o problema agora parece estar de dentro das escolas, com este art.º 75 todo poderoso ai ai...);

    - Alternativa 3: Aderir: Sem Boicotar e sem simplificar que remédio senão aderir...e chorar por estarmos num processo tão triste e decadente que só lesa os alunos, a Escola e a carreira.

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  4. Ah...sem esquecer!!

    E que no fim deste processo (burocrático e puramente economicista) se prove que foi tudo para simplesmente o poder governativo sacudir a agua do capote para cima da classe docente.

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  5. Investir na simplificação seria a opção ideal nesta fase do processo, dado que pouco resta por fazer até chegarmos ao final do ano lectivo, para aí, sim, apresentarmos propostas de simplificação.
    A transparência no processo imposto e a cooperação entre os colegas para ultrapassar os "joguinhos" malévolos de quem pensa usar a ADD para extravasar ódios e traumas de estimação seriam atitudes a promover.
    Por fim, daqui até 2009 tudo pode acontecer! É esperar para ver.
    Um abraço de solidariedade para com todos os colegas (desde os T0 aos T3).
    Professora T1

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