Existem alguns artigos de opinião em blogues e meios de comunicação social que defendem que a melhor solução para evitar este caos ao nível da Bolsa de Contratação de Escola (BCE) seria implementar uma efetiva autonomia ao nível da colocação de professores.
De um ponto de vista puramente académico tenho de concordar com o conceito da autonomia na escolha da equipa docente (até porque existem outras tipologias de autonomia, mas esta é a que causará maiores celeumas). Mais ainda se perspetivar esta escolha do ponto de vista de quem gere a escola (traduzindo, o diretor) e pretende obter resultados que pode assumir sem ter de apontar o dedo ao MEC.
Mas...
Do ponto de vista de quem está no terreno enquanto "ferramenta" de trabalho (isto é, o professor) dificilmente alguém poderá desmentir que em Portugal (não conheço o que acontece "lá fora") a autonomia é permeável a influências (partidárias, familiares ou outras que tais). Basta ver o que tem acontecido nestes últimos anos com os critérios ("manhosos" ou se quiserem "à medida") de seleção dos professores ao nível de escola. Não é nada que já não aconteça em outros concursos "públicos", no entanto, creio que ainda não estamos num "ponto sem retorno" em termos de concurso nacional, com respeito pela graduação, para todas as escolas e em qualquer momento do ano letivo. Não são os sindicatos que defendem isto, mas creio que todos (ou quase) os professores que já tiveram de se sujeitar aos "crivos" de uma escolha ao nível de escola e sem a "cobertura" de um "padrinho" (ou "madrinha"). Os que nunca tiveram de se sujeitar, mas que já ouviram falar neste tipo de situações "à la carte" também não concordarão com o que é feito.
Para mim, quem defende a autonomia da escolha dos professores por parte dos diretores está fora do universo concursal (por nunca ter estado ou por já não estar há muito tempo) ou então terá sido algures no tempo agraciado com uma "sorte" que poderia não merecer.
Para concluir, e embora tenha algumas dificuldades em acreditar, por vezes dou por mim a pensar se tanta "porcaria" concursal da autoria do MEC não terá como objetivo fomentar uma falsa ideia de que o centralismo nas colocações não resulta, e com isso, introduzirem alterações no sentido de uma contratação de escola verdadeiramente autónoma e permeável a "cunhas" (num mecanismo similar ao que acontece na política portuguesa).
Obrigada Ricardo, pelas suas reflexões sempre tão oportunas e informações tão objectivas e esclarecedoras. Este seu blog, é para mim, uma referencia e um grande apoio. Como contratada, com 16 de serviço, aqui estou eu, nesta situação de espera com grande desesperança...Concordo consigo, estamos a ser encaminhados para a contratação apenas ao nível de escola/Cunha, daí toda esta trapalhada para a justificar o que já aí está há uns tempos...E não se esqueça há muitos, muitos colegas a agradecerem imenso o seu trabalho e dedicação!!
ResponderEliminarPermita acrescentar que, se o número de Professores contratados é assim tão diminuto, será que se justificam os subcritérios? É esse número de profs que vai levar em frente o plano do diretor? Até porque os profs de quadro com horário zero podem sempre lá ficar sem critérios... Justifica-se essa argumentação?
ResponderEliminarinfelizmene nada a fazer....estamos entregues a esta vergonha nacional...onde quem nao teve e tem padrinhos nestes ultimos anos,está desgraçado.
ResponderEliminarCompletamente de acordo com o que o Ricardo disse. Estou no terreno há 38 anos. Sou professora de nomeação definitiva logo não sou parte interessada nestes concursos, limito-me a expressar a minha opinião com base em factos que tenho observado ao longo de anos e em especial nos ultimos anos com as contratações a nível de escola em que os critérios na sua maioria são feitos "à medida".
ResponderEliminarEntendo que tocou no ponto! Já dei comigo a pensar o mesmo, que toda esta trapalhada e outras teem um objetivo claro...descentralizar e abrir caminho para a municipalizacao da educação.
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