domingo, 10 de junho de 2012

Vinculação dos Professores Contratados - uma outra via

Como se esperava os contratados vão mais uma vez pagar a factura, depois dos cortes dos anos anteriores, e do aumento do desemprego nos professores contratados, o próximo ano avizinha-se muito complicado. Os professores contratados, espécie em vias de extinção? não pela devida vinculação, prometida, reconhecida e proposta em diferentes resoluções e pareceres  já desde há alguns anos, mas sim pela via do despedimento. Com um cenário de à volta de 10 mil professores a contrato, com 10 ou mais anos ao serviço da escola pública (números conseguidos pelo excelente trabalho do Arlindo), o que agora se faz é cortar artificialmente as necessidades, sob a capa de uma revisão curricular e de alterações à carga lectiva dos professores. Juntam-se ainda os mega-agrupamentos, que vão em sentido contrário aos melhores exemplos de escola pública de qualidade e o resultado desta soma será provavelmente desastroso. A organização do ano lectivo, as matrizes curriculares são de uma hermenêutica cuja chave de descodificação tem a forma de um objecto cortante.
A estabilidade do sistema público de educação continua a ser abalada, com grandes alterações, e quase já ninguém se recorda de um período em que tenha havido alguma equilíbrio e solidez que permita aos professores concentrarem-se naquilo que mais gostam, ensinar.
Parece-me que chegamos a um ponto de viragem, a coisa está prestes a bater no fundo e é em tempos destes que devemos exigir uma solução.
A notícia de sexta-feira do público, onde se soube que o Provedor de Justiça enviou o seguinte ofício ao MEC veio esclarecer aquilo que já há muito tempo, todos viam como uma injustiça ética, uma degradação da profissão e como uma ilegalidade agora confirmada.

O recorrer à contratação de professores por inúmeros anos sem a sua devida vinculação.

Portanto o que agora podemos fazer é precisamente enviar uma carta ao MEC a avisar das nossas intenções. Isto é, caso não exista um regime de vinculação para os professores contratados, caso não haja uma negociação ou alguma forma de resolução desta profunda injustiça, os professores contratados com mais de 3 contratos, pretendem repor a justiça da sua situação profissional (infelizmente pela via da reclamação judicial), e em última hipótese serem indemnizados pelos prejuízos pessoais e profissionais provocados pelo não cumprimento de directivas europeias e ainda por não serem tratados como os restantes cidadãos que exercem as suas profissões em empresas ou instituições privadas.

Penso que também deveremos tomar a iniciativa de informar os sindicatos e pedir esclarecimentos sobre esta matéria para que estes saibam se existe ou não intenção do Governo em alterar esta situação, cuja solução deveria ser preferencialmente resolvida pela via da negociação com os sindicatos.

 – este ofício deve-se a um colega que avançou com uma queixa ao Tribunal Europeu.

17 comentários:

  1. Muito bem. realmente não deixa de ser injusto andarmos anos e anos a trabalhar para aquecer, porque todos os anos é o mesmo, voltar ao desemprego. Há dez anos que ando nisto, são anos da minha vida que olhando para trás,passaram depressa e volto sempre todos os anos ao início, só que com mais rugas, mais experiência e mais cansaço sem uma luzinha à vista. Espero bem que façam alguma coisa por nós. Os contratados também existem e querem novas condições. São muitos anos a "tapar buracos" .

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  2. Mas deveriam exigir a vinculação quem realmente tem os anos de contrato no estado, pois de há uns anos para cá os do privado invadem as "nossas" listas e somos ultrapassados. Caso haja realemnte uma força para que o nosso trabalho deixe de ser tão avusivo e precário os sindicatos deveriam lutar pela integração nos quadros de quem tem mais contratos efetivos no PUBLICO!!!

    Maria Augusta

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  3. Acho um piadão a esta aversão ao pessoal do privado, como se todos lá estivessem por cunha ou por amiguismos... enfim... nem sempre...
    E quanto a precariedade vi mais no privado do que no público, engoli mil vezes mais sapos no privado do que no público... e olhem que tenho anos de ambos, e não em acumulação.
    Sabiam que há colegas do privado que andam nos autocarros com os alunos, a fazer de controladores, com um colete refletor? E que há colegas do privado que trabalham ao sábado nas quintas dos colégios sem direito a dia da semana por compensação? Ou que há colegas a servir de contínuos, com o nome pomposo de gestor pedagógico, cuja função é andar pelos corredores a zelar pelo bem estar dos pavilhões? E obrigados a "relatar ocorrências"?
    Ou que há colegas que recebem o subsídio de férias e o entregam em envelope logo a seguir, em Setembro?
    E por acaso sabem que as progressões na carreira também tem muito que se lhe diga? Ou nem existem? E que não há redução de horário por idade? E outras coisas que tais...

    "Pimenta no cú dos outros é refresco" já dizia o "outro"...

    PS Como já disse acima... tenho 8 anos de privado e 3 de público... acho que posso comparar alguma coisa... e ainda não sei onde vou parar, nem onde quero ir parar...

    Mundo feio é nos dois lados... somos uns tristes... uns coitados... uns invejosos... umas reles criaturas que se esganam pelas migalhas... haja ombridade e humanidade!

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  4. Caro amigo que defende os colegas do privado com as suas várias tarefas desde de dar aulas até serviço doméstico para os diretores dessas escolas privadas. Será que esses colegas se privaram das famílias concorrendo a nível nacional...
    Deixando de ver os filhos e caras metades durante a semana, estando ao lado da família apenas ao sábado, domingo de manhã e de tarde, visto que a noite tinham de se fazer à viagem até ao local onde passam a semana para ganhar dinheiro apenas para conseguirem viver, com vista a obtenção de tempo de serviço.
    Tenho amigos no privado a onze anos, mesmo tempo de serviço que eu, como ficarem sempre no mesmo colégio, já tem casa própria e filhos que vêem todos os dias.
    Eu... todos os anos a espera de saber onde vou ficar e se vou ficar, com casa alugada e apenas um filho que tem 8 anos e apenas pude viver com ele todos os dias durante 4 anos.
    Ter mais despesas que os meus amigos, devido a habitação quando me encontro afastado de casa, portagens e gasóleo.
    Todos nós passamos sacrifícios quer no publico quer no privado, mas os professores do publico passaram por muitos mais que os do privado a nível familiar e psicológico.
    E por mais que digam que não... muitos colegas do privado são colocados por cunhas segundo as afirmações dos meus colegas que lecionam nos colégios privados. Agora querem sair e ocupar boas posições ultrapassando os anos que contratados como eu demos ao MEC onde percorremos o país, visto que não vão ter lugar no privado... Será que se vão sujeitar a um concurso a nível nacional... como eu e muitos outros.
    Pois posso dizer, tenho onze anos de serviço e ainda concorro a nível nacional para poder sustentar a minha família.

    Vamos nos deixar de tretas e lutar por os nossos direitos e agora que os colegas do privado vão começar a sentir as frustrações que nós do publico sentimos a anos, agradecemos a vossa força e empenho para melhorar a imagem dos professores e reivindicar os nossos direitos.
    Devemos forçar os sindicatos a defender os nossos direitos e não as seus umbigos. Aos professores que pagam quotas alertem os sindicatos, façam-nos tomar uma atitude de acordo com as informações do provedor.
    Todos unidos poderemos ter sucesso.
    Um bem haja a todos os colegas professores.

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  5. Quando aqui se refere a situação dos privados é apenas à lei que diz que após três contratos as empresas/instituições devem integrar nos seus quadros os profissionais nessas condições.

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  6. Como é que o colega mede o grau de sacrifício de professores do público e privado? Se muitos professores querem sair do privado é porque afinal não é o paraíso laboral que você refere. Aliás, todos nós bem sabemos o que se passa em muitos colégios privados! Eu trabalho há já 10 anos no público, e não tiro mérito nenhum a colegas do privado. No público tb há colegas que nunca fizeram sacrifícios, tiveram a sorte de ficar colocados ( e alguns reconduzidos) ao lado de casa! Mt vezes com colegas com melhor graduação a ficarem desempregados. Enfim! Estamos todos no mesmo saco! Acho mt bem exigir-se o vínculo.

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  7. Já se estão a atacar uns aos outros...
    Nem para nós somos bons, porque carga de água é que o MEC o vai ser?
    De certa forma acho que merecemos o que nos está a acontecer.

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  8. Aviso à navegação:

    Se resolverem meter os sindicatos ao barulho, é meio caminho andado para ficarem na mesma ou ainda pior.

    É bom não esquecerem que foram os sindicatos que, à custa de contrapartidas para os professores de carreira, têm vindo a arrastar o problema dos contratados.

    Avancem sozinhos, em tribunal.

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  9. Costuma dizer-se q vale mais tarde q nunca.
    Que estado de direito é este q n respeita as leis q faz.
    Mas, sobretudo, o q têm andado a fazer os diferentes sindicatos da classe?
    Dez 15 anos é muito tempo.
    Foi por isto e por muitas outras coisas q deixei de ser sindicalizada.
    Esperemos q este movimento tenha pernas p andar.
    Que as pessoas se unam e lutem por aquilo que lhes é devido.

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  10. Como devo proceder para "intentar" as referidas ações judicais?
    à alguma forma "Low Cost" de o fazer?

    P.S:Com a análise do provedor de justiça é inquestionável que os nossos direitos têm sido postos em causa.

    Numa altura em que o governo avança como o doa o que doer temos que fazer o mesmo!

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  11. Fogos fátuos

    Inflamam-se certas almas com um ofício (recomendação/parecer) da Provedoria de Justiça (PJ) orgão sem poderes vinculativos e meramente consultivos, sabendo todos nós como os úlimos governos lidam com estas "recomendações", venham elas da PJ, da AR ou de outros órgãos constitucionais.
    Esta será mais uma recomendação para o cesto dos papéis - com a agravante de ter havido aquele conhecidíssimo precedente da acção que uma auxiliar educativa intentou contra a Administração e o Estado Português, que não obteve provimento pelo facto, invocado na altura pelo Tribunal superior, da especificidade dos contratos administrativos e da sua descontinuidade, que obstava à aplicação da Lei Geral do Trabalho a esses mesmos contratos.

    Bom, dir-me-ão, mas hoje, sobre a "descontinuidade", está criada uma situação nova, a dos "reconduzidos"...
    Pois está, e está somente porque as cúpulas das organizações sindicais docentes meterem na gaveta resoluções de assembleias gerais e congressos contra as reconduções, permitindo, por omissão, que esse monstro socretino crescesse e ganhasse vida própria.
    Dividir para reinar foi, desde que me conheço, a máxima maior da 5 de Outubro para derrotar os professores. Tantos anos depois não deixa de ser espantoso que essa gente continue fiel à sua cartilha de décadas, criando, já no estertor do consulado socretino, duvidosa legislação produtora de uma "elite reconduzida" que lhes permitisse golpear os princípios constitucionais da universalidade e igualdade do concurso anual da contratação. O que - diga-se com amargura - conseguiram.
    Agora - basta ver o ofício da PJ para traduzir "multiplos e sucessivos contratos" por "reconduções" - pretendem ir ainda mais longe, utilizando novamente essa "elite" como ariete para golpear a universalidade e princípio de igualdade da vinculação.

    Sendo este conceito de vinculação que nos é negado - o mesmo que vigora no mundo laboral privado - o único que tem unido os docentes contratados desde sempre. Esta é a única vinculação que a ninguém discrimina, justa e eticamente defensável. E a única que, por isso, tem sido desde sempre aprovada por Assembleias Gerais e Congressos, quer dos nossos sindicatos, quer da nossa Federação, a recordar, VINCULAÇÃO DINÂMICA PARA TODOS SEGUNDO A LEI GERAL DO TRABALHO.
    Tirar essas Resoluções de uma vez da gaveta e levá-las à prática, no calor da unidade e da luta firme, participada e combativa, é a única saída real para a estabilidade de contratados e desempregados. Será tarde? Sim. Mas nunca o é para recuperar tempo perdido lutando a sério por uma causa nobre e justa, aliás a mãe de todas as causas da Contratação Docente.
    Esta é a única saída real e não mais uma miragem narcotizante - estéreis “recomendações” ou "ofícios" consultivos, tenham vindo eles da AR, venham agora da PJ ou passem a vir de outra origem análoga.

    IPO, 9 de Junho de 2012
    Paulo Ambrósio

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  12. Eu até concordo com a vinculação dos professores com 10 ou mais anos de serviço! Considero, aliás, que esse tempo de serviço deveria ser mais reduzido! No entanto, relativamente a esta matéria, coloco a seguinte questão:
    Será justo que um professor com 10 ou mais anos de serviço ultrapasse candidatos melhores graduados com 7, 8 e 9 anos de serviço (lutaram e esforçaram-se para obterem melhores médias de licenciatura); Eu tenho 9 anos (torno pública a minha declaração de interesses)e, à semelhança do sucedido com as reconduções (de que poucos falam) e das ofertas de escola, estou pouco interessado em novas injustiças. De facto, a graduação, talvez o mecanismo mais justo a aplicar no concurso docente, parece ser cada vez mais disvirtuada com o consentimento de muitos docentes. Afinal, o objectivo principal não deveria ser a luta por concursos mais justos, pela real abertura de vagas para os diferentes Grupos de docência ou a graduação só era adulterada com a ADD?

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  13. Será que não é possível uma trégua nas divisões na classe?
    Concordo que meter, apenas, os sindicatos nesta luta não vai levar a muito longe. Aliás, foi o movimento dos professores contratados que veio criar alguma dinâmica, até nos sindicatos.
    O oficio do Provedor da Justiça, como disse o Paulo Ambrósio, é uma outra resolução e recomendação. Só que esta recomendação tem uma apreciação juridica e dá linhas de orientação.
    Estou convicta que o MEC não irá acatar a recomendação do provedor, mas existe lá materia suficiente para intentarmos uma açao judicial coletiva, penso que fica mais barato além de ter maior força.
    Os sindicatos serão sempre bem vindos se apoiarem, mas não nos fiquemos só por isso.
    Por mim estou disposta, e tenho a certeza muitos outros colegas o estarão, em integrar um movimento coletivo de natureza judicial e de pressão politica para que a pouca vergonha seja corrigida.
    Quero só dizer que eu leciono no ensino publico desde 1989, é só fazer as contas. Ah! quero dizer que uns três ou quatro anos tive horarios incompletos mas acima das 18 horas.
    Os colegas dos privados também são profesores é obvio, poderão ter lugar no quadro, desde que seja corrigido o facto de que fizeram profissionalização em condições muito mais vantajosas(em alguns grupos) e que por isso tem graduções superiores, após a profisisionalização conta um ano, antes da profissionalização conta apenas meio ano. CORRIJAM ESSA SITUAÇÃO e de certeza que muitos não passarão à frente dos professores das escolas publicas.
    Não tenho nada contra os professores do privado, mas temos de comparar o comparável.
    LUTEMOS DE FORMA ORGANIZADA E TEMOS ALGUMA POSSIBILIDADE DE GANHAR. SE NÃO LUTARMOS PERDEMOS DE CERTEZA.

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  14. A resposta do MEC sobre a definição de necessidades permanentes do sistema educativo refere que correspondem aos Professores do quadro!!!! Então porque existem Professores com 10 ou mais anos com horários anuais e completos??? Nessa resposta, voltam a reafirmar a abertura de vagas para 2013, o que poderá reparar a enorme precariedade laboral com que se têm confrontado os Professores contratados em geral e em especial aqueles que já desempenham funções há 10, 15 e mais anos. É indispensável, através da mobilização e participação dos Professores, que esta intenção do governo se transforme em realidade.

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  15. Caros colegas,

    Penso que a melhor solução seria um mega-processo, subscrito por milhares, de forma a poder diluir as custas processuais. É evidente que um processo desta natureza iria arrastar-se, certamente, durante largos anos. Eventualmente, poderia dar-se o caso de recursos para o Constitucional e para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
    Não tenho dúvidas que no final o Estado Português perderia o processo e teria que, no minimo, indemnizar o pessoal. Contudo, as custas de um processo seriam elevadíssimas.
    Volto a dizer que uma ação desta natureza deveria contar com o apoio de uns bons advogados.
    Não sei ao certo se o processo poderia ter milhares de queixosos... mas fica a ideia.

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  16. Mega processo em cima deles...que vão brincar com o Car....

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  17. isto que se passa com os contratados,além de ser um roubo ao ganha pão de cada um,é vergonhoso.os POLITICOS,entram e saem logo REFORMADOS...mas,ainda com lugar garantido noutra empresa... NINGUEM VÊ ESTA DESGRAÇA,julho e centro emprego...reformam-se ,por este andar como desempregados ou contratados...porque o dinheiro é para os politicos e o trabalho para os contratados
    nem no tempo do SALAZAR E do CAETANO ,isto se passava.não deveria ser preciso processos,pois quem está no poder é para trabalhar com justiça.
    têm esse DEVER.

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