quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Para reflectir...

A colega Lurdes colocou aqui um comentário, que merece alguma atenção, por ser apanágio de um corrente de pensamento, da qual discordo plenamente e contra a qual luto numa base quase diária. Vou transcrever o comentário, para que seja feito um enquadramento aquilo que a seguir vou escrever:

"Viram professores efectivos na manifestação'Foi convocada alguma vez alguma greve por causa dos professores contratados.sempre vi os colrgas contratados a serem solidários com os "da casa"mas nunca vi o contrário.Os efectivos estão a leste do que se passa com os contratados pois dizem,como já ouvi muitas vezes:"não sei,estou fora disso".Os efectivos ,por enquanto, ainda são em maior nº do que os contratados.Mas estes já são muitos!E vão ser cada vez mais!o nº de efectivos tem tendência a reduzir não tarda muito.Os professores que votaram neste governo e diziam ,por motivos que devem à ingenuidade,para não dizer outra coisa:"a troyca não vai mexer connosco temos direitos adquiridos!" se calhar nem um jornal lêem.Os contratados estão mais atentos do que julgam e procuram informação.Não são um grupo estável e acomodado.Todos os anos dão disciplinas diferentes,têm toda a espécie de alunos e saltão de escola em nas quais conhecem as mais variadas espécimes de docentes.TÊM MAIS EXPERIÊNCIA E VIVÊNCIA A N ÌVEL DE ENSINO DO AQUELES QUE ESTÃO EM ESTADO FÓSSIL HÁ MUITOS ANOS NA MESMA ESCOLA.Lurdes"

Vamos à minha tentativa de desmontar esta linha de pensamento. Em primeiro lugar, a questão dos colegas efectivos estarem numa manifestação que defende o problemas das contratações de escola (por exemplo) não é nada que me atormente. Obviamente que, podendo, acho que todos devemos contribuir, mas se os principais (não os únicos, ok?) interessados não põem os pés nas manifestações, podemos exigir aos outros que o façam? Não me parece... Vamos imaginar que estávamos perante uma iniciativa que defendia um qualquer problema específico dos colegas dos quadros, eu agradeceria a participação de qualquer colega contratado, mas não os ia culpabilizar pelo flop da mesma se poucos colegas dos quadros aparecessem.

A solidariedade dos colegas contratados para com os colegas do quadro é proporcional à solidariedade dos colegas do quadro com os colegas contratados. Nem mais, nem menos. Isso para dizer o quê? Que é quase nula, tal como é apanágio da nossa classe. Podemos fazer o mesmo raciocínio para a solidariedade quadro-quadro e contratado-contratado. É assim, para quê mentir? Existem excepções, mas é assim que funciona. Nós não somos solidários, a não ser que o problema seja transversal... e mesmo assim.

Quantos às restantes classificações e generalizações feitas pela colega Lurdes, nem sequer vou comentar pois não acredito que esta colega pense realmente assim.

No final, somos todos professores e isso é que importa. Fazer dicotomia, é enfraquecer ainda mais a nossa classe, o nosso poder de reivindicar e no final, a nossa extremamente ténue união. Para isso existem os observadores  e as ovelhas partidárias que têm feito ultimamente um excelente trabalho em desacreditar a classe e fazer passar a ideia de que somos todos parvos ou ignorantes.

24 comentários:

  1. é isso tudo Ricardo!
    estou contigo na mesma linha de raciocínio!
    continuo em casa à procura e à espera de colocação, e infelizmente não tenho possibilidades de apoiar os colegas na nossa luta, pois estou longe da capital, e não tenho possibilidades financeiras para lá me deslocar.
    peço a todos os colegas que vão na mesma direcção, e que olhem todos para o mesmo lado, pois só assim serápossivel fazermos ouvir a nossa voz.
    obrigada Ricardo e todos os colegas que aqui deixam comentários.

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  2. Numa escola, todos os professores são professores, toda a gente concorda e que deve haver união e solidariedade entre todos. Mas existem aqueles que gostam de deixar claro que "têm o seu lugar garantido" enquanto os contratados não...

    Deixo aqui um comentário que uma vez ouvi numa sala de professores numa escola, de uma professora do quadro para uma professora contratada(a fazer uma substituição): "para o ano eu continuo aqui e não pretendo problemas, aqui és uma mera substituta"....

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  3. Na realidade, para alguns efetivos essa diferença existe mesmo...
    Em muitas escolas, a opinião dos contratados não conta para absolutamente nada e isso é bem visível nas reuniões de Departamento e não só...
    Também já ouvi uma afirmação parecida:
    "Ah, fulano é contratado, não tem grande voto na matéria."
    Desengane-se quem pensa que isto é exclusivo da classe docente.
    Mas nas escolas, diz-se muita coisa desnecessária e muitas vezes não se mede bem as palavras.
    Mas como se costuma dizer "Antiguidade é um posto.", não precisam de é de nos "esfregar" isso na cara, sobretudo quando com os alunos têm uma atitude muito mais complacente...
    Enfim, trata-se de mais um sintoma, não é a patologia do sistema.

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  4. Concordo plenamente com o Ricardo. Importa não alimentar esta dicotomia a bem de todos.

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  5. A frase mais celebre que resumo isso tudo é a seguinte:" Vocês é colega ou contratado?".
    Nunca houve união entre contratados e do quadro porque os interesses são diferentes, os objectivos tb. Sejamos realistas...Nunca houve união e nem vai haver.
    Carlos Domingues

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  6. Ricardo, penso que o comentário da Lurde foi apenas um grito de revolta contra este Sistema Educativo, que nos obriga a estar anos e anos em contrato, a saltar de escola em escola, por vezes longe da familia, e ao fim de tantos sacrificios, durante longos anos, ficarmos de fora pq alguem mudou as regras e meteu as vagas todas como "temporárias"...
    Nós contratados sentimo-nos injustiçados, sem valor. Perguntamos-nos: - Tanto esforços para quê?...
    Somos vistos como descartaveis e "seres inferiores", por este Sistema Educativo e muitas vezes por alguns colegas dos quadro(acho que é aí que a colega quer chegar). No entanto, o erro está em generalizar, durante estes 8anos de docência senti companheirismos da parte de muitos colegas do quadro, mas também senti o oposto "tu és apenas contratada" de outros colegas...

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  7. Volto a recordar que não estabeleço diálogo ou discussão com quem não quer colocar um nome ou nickname nos seus comentários. Não é defeito, apenas feitio. E o meu feitio obriga-me a utilizar nomes próprios, apelidos ou "alcunhas" nos diálogos. Como devem compreender, não consigo distinguir anónimos, a não ser pelo IP e hora de colocação do comentário.

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  8. Para paula: É complicado rumarmos no mesmo sentido quando temos interesses tão díspares, mas podemos tentar atenuar esse individualismo com pequenas acções.

    Acções como não discriminar já serão um tremendo começo.

    Abraço.

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  9. Para Carlos Domingues: Também já ouvi essa expressão nos meus tempos de contratado. Agora ouço outra história, como és da casa ou qzp? Se fosse a ligar a isso...

    Quanto ao futuro negro da união, ainda continuo a acreditar que será possível. Provavelmente estarei a ser demasiado optimista, mas quero mesmo acreditar nisso.

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  10. Perante a polémica, só me apetece dizer isto:
    http://www.youtube.com/watch?v=1RItM40rI8I

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  11. Para Lena: Eu também acho que este comentário da colega Lurdes foi um desabafo, um grito de revolta, o que lhe quisermos chamar, no entanto, são estes desabafos que aumentam fossos.

    Quanto às injustiças, todos os que aqui vêem ao blogue, conhecem-nas bem e sabem que os colegas contratados não estão a ser bem tratados. Mas também sabem que não se unem à volta de um problema comum, e ficam com vários pés atrás quando chega a hora de se chegarem à frente.

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  12. Só acho q n se deve generalizar. No ano passado conheci profs efectivos espectaculares. Foram mt prestáveis, puseram-me logo à vontade e ao longo do ano estabelecemos uma relação além escola. Até houve uma prof q reservou uma hora do horário dela para me ajudar pq era a 1ª vez q eu dava uma determinada disciplina.

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  13. Enquanto fui contratado tive de tudo. Tive vários colegas do quadro a fazer trinta por uma linha para ter a sexta-feira menos carregada de aulas (e poder ir mais cedo de fim de semana), a cederem cargos de coordenação para ficar com horário completo, etc. Mas também tive daqueles que faziam questão de marcar a diferença pela negativa. Há de tudo... Tal como nos contratados.

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  14. Não concordo nada com a conversa de que os profs do quadro não querem saber dos contratados...
    Aliás...por incrivel que pareça nas greves que houve nos últimos tempos (MLR) lá no Agrupamento os dos quadros fizeram greve e os contratados não...porque lhes fazia falta o dinheiro.

    Compreendo essa situação mas quando iniciei funções (e nessa altura ganhava 50 contos - 250 euros - pagos em notas nas finanças) houve uma greve de 1 semana e Todos os profs ficaram em casa. Conseguiu-se o 1º estatuto da carreira docente! Não imaginam o rombo no ordenado, mas valeu a pena!

    Gosto pouco da ladainha do coitadinho sou contratado... Há professores do 2º e 3º ciclo que são contratados anos a fio porque só concorrem a 1 prioridade da variante que têm, quando podiam concorrer também para o 1º ciclo e aí já teriam conseguido ser QZP... mas muitos dizem que não estão para aturar os alunos do 1º ciclo...

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  15. Concordo com o Ricardo e com a Teresa Marques! É verdade que muitos colegas são contratados anos a fio porque não alargaram as suas opções em concursos anteriores.
    E no meu dia-a-dia não vejo essa dicotomia contratado/quadro...vejo-a nos blogues...

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  16. Primeiro que tudo é me indiferente que alguém comente as minhas opiniões. Sou anónimo e sinto-me muito bem assim.

    Depois,em todas as profissões o clima competitivo e umbiguista se não é igual é muito pior.

    Por fim,e para os mais novos, ainda que não sirva de consolação, antigamente os profs segregavam muito mais os novos recrutas do que hoje em dia. Lembro-me de que em certas escolas de LX a(o)s marretas tinham lugares marcados nas salas de profs e todos os colegas cediam-lhes a passagem e com olhos no chão... Cmpts

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  17. Colegas: já uma vez fiz um comentário deste tipo- não acham que já nos andam a moer o suficiente para ainda andarmos a "pegar" uns com os outros? É evidente que num universo de 140.000 pessoas( corrijam-me se estou errada no número) é evidente que se apanham de todos os géneros: boas pessoas, bem formadas, e más pessoas, com outros valores divergentes dos nossos... Mas não é assim em todas as profissões? Será que não tem mais a ver com o que cada um é e não tanto pela divisão entre efectivos e contratados? Ou melhor... Entre contratados a termo certo e contratados a termo incerto... Afinal, somos todos contratados....
    Vá lá... Vamos juntar as energias para coisas positivas, como por exemplo, assinar a petição que se encontra referenciada neste blog...
    Dina

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  18. Teresa, focou num ponto que eu falo ha imenso tempo. Greve de uma semana...em menos de nada que o Crato voltava a ser ele mesmo...e nao o palhaço que diz que 'está tudo bem'....
    Essa dicotomia, vou ser franca: nao a tenho sentido... mas oiço historias impressionantes sobre essa temática!!!!

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  19. Ricardo concordo contigo! Somos todos Professores. O importante é o resultado dos alunos, o sucesso deles é obviamente o NOSSO sucesso porque somos NÓS PROFESSORES que os ensinamos. Daí, a importância do PROFESSOR do seu empenho, dedicação. É para isso (creio) todos nós convergemos Para o sucesso dos Alunos. Então, neste "Clube" somos todos PROFESSORES. Quanto à UNIÃO temos a dar um péssimo exemplo aos alunos: quando eles (alunos) fraqueijam nós (Professores) incentivamos os alunos "LUTA, TU CONSEGUES, NÃO ESMOREÇAS, LUTA QUE vais CONSEGUIR, ACREDITA QUE CONSEGUES" . Mas, quanto a nós??? neste momento tão importante não fazemos (na prática) o que pedimos aos alunos ou seja não acreditamos!!! Temos que nos unir, sós não conseguimos ultrapassar as dificuldades, ASSINEM A PETIÇÃO POR FAVOR; lembrem-se que pode melhorar a situação de todos (agora nós, amanhã quem sabe!!!) Pensem nisto!!!

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  20. Só espero é que a Lurdes não dê Português? é que "saltão" é mais do que consigo suportar...:)

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  21. A carta tem várias imprecisões ortográficas mas o conteúdo é que é gritante!
    Laura Martins

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  22. Estou totalmente de acordo consigo, Ricardo! É perigoso e injusto generalizar!O discurso desta colega apenas alimenta o indesejável comentário: "dividir para reinar" e assim é que não vamos lá, não.

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  23. Olá.
    A Lurdes disse o que pensava e tem todo o meu respeito. Sou Professor do quadro e vejo todos os dias atropelos à nossa profissão e não conseguimos lutar. Os professores acomodam-se, o mal é sempre dos outros, têm muito que fazer. Este ano aconteceu-me o impensável. Estava destacado numa escola e fui colocado em DACL pela escola onde estou efectivo. Resultado, fui parar a 200 Km de casa. Quem tentou resolver o problema. Liguei para as escolas envolvidas, DGRHE e equipa de apoio às escolas.Ninguém me apoiou para tentar perceber o que se tinha passado e resolver o problema. O horário, que era o meu, ficou sem ninguém. O que me disseram foi: " Tem que ser o professor a resolver o problema".
    Quem fez a asneira está na boa, junto dos seus filhos e eu estou à espera de um recurso a 200 Km de casa,longe de uma pequenina de 3 meses com um horário do mais merdoso que pode haver. Concluindo, não há respeito, não há ética, não há brio e muita falta de profissionalismo de quem gere as escolas. Alguém que me prove o contrário. Um abraço a todos.

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