quinta-feira, 21 de abril de 2011

A falta de adesão dos colegas contratados...

A FENPROF realizou uma reunião nacional com professores contratados no passado dia 15 de Abril... Iniciativa louvável, apenas diminuida pela muito afamada falta de participação dos nossos colegas "a contrato". Aliás, um factor identificado não só por este sindicato, mas também por todos os restantes. Mas não basta identificar o problema e conversar sobre ele se não surgirem soluções. E é aqui que eu vejo muitos "braços cruzados"... "Eles não aparecem", "não querem saber", "não vale a pena", são frases que costumo ouvir de amigos sindicalistas. Pois não aparecem... E porquê?

Existem vários motivos para esta falta de adesão por parte dos nossos colegas contratados. Existem motivos, justificações para todos os gostos, no entanto, lembro-me perfeitamente dos dois principais motivos / questões que utilizava, nos meus tempos de contratado, para me furtar dos sindicatos:

a) Porque hei-de dar poder aos sindicatos, filiando-me, comparecendo às reuniões, se no final os sindicalistas apenas tratam da vidinha dos colegas dos quadros?!;
b) Como é possível um colega com imensos anos de serviço, sindicalista "desde o 25 de Abril" (vocês percebem a ideia) conseguir compreender aquilo que é actualmente a minha vida de contratado?!

Respostas que entretanto encontrei (para as questões anteriores), mas que desde Janeiro de 2010 deixei de ter interesse em explorar ou discutir:

a) Se mais colegas contratados fossem às reuniões e se sindicalizassem provavelmente não sentiriam essa aparente (ou não) falta de apoio sindical. Na altura em que estive filiado a um sindicato aqui do norte, bem me lembro de ter sugerido a criação de um núcleo de colegas contratados, para discutir com mais profundidade os problemas e elaborar eventuais soluções... Uma espécie de tertúlia mensal. Essa sugestão não teve qualquer resposta. Mas acredito hoje que não teve qualquer resposta, exactamente porque não consegui reunir um elevado número de colegas contratados para fazerem pressão. Será que essa responsabilidade era minha? Provavelmente, mas também não senti qualquer interesse por parte do sindicato em questão. A questão não reside em pagar as cotas e já está... É essencial que os colegas contratados se organizem dentro dos sindicatos onde estão filiados e pressionem. Os tempos agora são outros... Com tanta tecnologia disponível (nomeadamente o facebook e os blogues) é mais fácil essa organização.

b) A resposta é... Não é possível compreender pois dificilmente um "dinossauro" sindical consegue vislumbrar o grau de precariedade de um actual colega contratado. Nunca o sentiu no "pêlo". Poderá ter uma ideia, fazer um tremendo esforço para se "pôr no lugar de", mas não é a mesma coisa. E aqui eu sugeria aos sindicatos para fazerem um ligeira renovação nas fileiras dos delegados sindicais, investindo em sangue novo, precisamente com o objectivo de cativar os colegas contratados que são cada vez mais.

Aproveitem este post para discutir o tema da falta de adesão dos colegas contratados às iniciativas sindicais... Com sorte conseguiremos encontrar sugestões que poderiam ser enviadas para todos os sindicatos. Pensem nisso.

13 comentários:

  1. Tu tens razão no que dizes Ricardo...
    Mas...(e falarei apenas por mim) - eu nem contratada me sinto! (além de não ter ficado colocada). No passado ano, era frequente, nas reuniões de conselho de docentes sermos tratados por "estagiários"...parecia que os colegas mais "velhos" tinham medo de que lhes tirássemos o lugar...
    Já este ano, ouvi de um colega, que, nessas famosas reuniões, os colegas "titulares" se quiexavam dos cortes salariais "que servem para pagar aos contratados"...mas não vi ninguém tomar as dores do corte que foi a progressão do 126 para o 151...(porque somos contratados?!...não sei...)

    Às vezes parece que não somos professores como eles...

    Fui e promovi, enquanto estudante, encontros com o sindicato da minha região - fui sempre bem atendida, compreendida, esclarecida, ajudada...

    Mas acho, sinceramente, que quando é para lutar por algo, eles priveligiam sempre os "efectivos".

    (Estou a aongar-me, eu sei)

    O colega que tu pareces/és não é o que a maioria é. O esforço que tu fazes em nos ajudar, não é o que a maioria faz...louvo as tuas iniciativas, venho diariamente ao teu blog...mas a nossa realidade é mesmo (itálico) outra...

    Um abraço! E um obrigada*

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  2. Para Feliz...aos Trinta: Tens toda a razão naquilo que escreveste. Já senti essa diferença de tratamento enquanto contratado (e em menor grau enquanto recém-QZP), e sei perfeitamente que magoa. Os lugares definidos na sala dos professores, os pedidos (ou exigências) tipologia "menino de recados", os abusos, as bocas do ter "muito tempo livre" (por não ter horário completo), etc, tudo isso é utilizado (de forma consciente ou não) por alguns colegas mais velhos.

    Mas tenho de o escrever: essa "pressão" provém de uma minoria de colegas. Ao longo de tantos anos, consigo apenas pensar em duas mãos cheias de colegas assim... Posso ter tido a sorte de não ter encontrado mais, mas creio que serão mesmo residuais.

    Mas também sei que quando me calcavam e eu respondia de forma relativamente proporcional, esse tipo de situações cessava. Obviamente que poderia sofrer represálias (como as sofri), mas primeiro que tudo está a minha saúde mental, a minha família, os meus amigos e os meus alunos. Os colegas "com problemas" são a última das minhas preocupações. Levou-me quase uma década a criar defesas contra "malucos", mas acho que consegui. Eh eh eh

    Calma, esperança e sobretudo venham daí boas ideias para ver se conseguimos mudar esta letargia.

    Abraço.

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  3. Concordo com ambos os colegas. Tb eu já fui contratado e no meu 2º ano de serviço - o único em que metade do ano letivo tive horário de 16h, 14 das quais noturnas -, a experiência foi marcante.
    Infelizmente, na minha escola atual, a grande maioria dos colegas contratados não merecem o meu total respeito: indisponíveis para greves (quando é por eles que as faço) ou quaisquer formas de luta. Optam pela graxa tão perceptível qto nojenta. Todavia, refira-se tratar-se de escola TEIP pois em nenhuma outra vi igual.

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  4. Ricardo,
    O sindicato do qual sou sócio, o SPGL têm uma secção de contratados, da qual fazem parte contratados e as reuniões são organizadas por esses contratados.
    O grau de adesão é minimo. Portato, neste caso concreto, a tua resposta b) não se aplica.


    P.S. Já saiu o aviso de abertura.

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  5. pois eu tb sou contratada e no grupo do 1º ciclo há professores que nem nos consideram colegas. E despacham tudo que não gostam de fazer para os parentes pobres contratados. dos sindicatos tb nunca ouvi uma palavra de alento para as dificuldades a todos os níveis que os professores contratados passam. somos os eternos itinerantes..... Sou sindicalizada, mas vou deixar de o ser, pois para que serve pagar cotas se eles só querem saber dos professores do quadro e que de alguma forma nao precisam tanto de ajuda como nós. Relativamente às greves, e manifestações sempre as faço, e quem se esquiva normalmente são os professores do quadro. è lamentável tb que já nos vejamos como inimigos quando afinal somos todos os professores. A divisão começa em nós. Péssimo exemplo para a sociedade civil e para o governo.nas outras profissões não se vê isso.

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  6. Apesar de os motivos e as respostas invocado(a)s em a) e b) poderem corresponder ao que alguns pensam e sentem, o que eu gostava era de ver as estatísticas aplicadas em situações homólogas a colegas dos quadros...
    Aposto que, apesar de tanto descontentemento (ou não...), o grau de adesão ainda seria menor!

    Sempre "atentamente",

    Ana

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Concordo contigo, Ricardo. Tens uma visão clarividente da situação. Obrigada pelas tuas palavras e por exprimires no teu blog aquilo que se vai falando noutros espaços. ;)

    Marta

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  9. Quanto a colegas efectivos, ou tenho tido muita sorte, ou o panorama é bem melhor do que o pintam. Nunca senti essa diferença de tratamento. Mas bem vejo,de forma geral na internet, professores de ambos os lados (efectivos e contratados) a quererem semear discórdias e a dizerem baboseiras uns dos outros, como se isso levasse a algum lado.
    Sindicatos-lutas... duas situações: primeiro, já fui sindicalizado num deles e não me valeu de nada, não fizeram mais do que me tirar a parcela mensal e mesmo quando tive um problema mais sério, remeteram-me para um advogado que, por sua vez, se ficou por meras conjecturas e vontades,e eu fiquei a arder e tive de, na altura, resolver sozinho os meus problemas. Portanto, a minha crença nos sindicatos é nula. E o poder que têm hoje em dia, é igualmente insignificante e a tendência será para o serem cada vez mais, já que o Estado Social, como o temos hoje, tem os dias contados. É bom que todos tenhamos a consciência disso e não embarcarmos em sonhos, pois estamos apenas no início do seu desmantelamento. E por fim, os sindicatos são tão solidários que só prestam informações mediante ser-se ou não sócio. Tive uma amiga a quem praticamente desligaram o telefone na cara. Não, obrigado, não vou em chantagens, nem em demagogias. E a minha simpatia por sindicatos é cada vez menor. Feliz ou infelizmente, nunca precisei deles para nada e os meus problemas profissionais, resolvi-os sozinho, ora apertando o sinto, por estar sem trabalho, ora indo para o ensino no estrangeiro e juntando tempo de serviço e fazendo sacrifícios que por muito que tenham custado, surtiram os seus efeitos.

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  10. Ricardo,
    antes de mais, obrigado pelo serviço que prestas com o teu blog.
    Quanto à questão da não adesão às reuniões sindicais para contratados.
    Fui a algumas.
    Sou contratado há 14 anos!
    Fui e constatei que queriam mais meramente informar e não ouvir as nossas sugestões.
    Ouvi, em reuniões sindicais, "Ó colega, tentar ajudá-los a entrar nos quadros?? Tomarámos nós fazer alguma coisa pelos que já cá estão".
    Sinto que se não for, pior para mim, mas se for, será que tenho algo a ganhar?
    Abraço!

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  11. Nem sei bem o que dizer, perante tantas situações/questões que se deparam no dia à dia sobre a influência no poder de decisão dos sindicatos sobre o que se vê a acontecer na educação. Curiosamente acredito que muitos contratados estejam descontentes com tudo isto e as avaliações(que de escola para escola são o que são!) e outros assuntos! Sou contratado desde o ano 2000/2001 e a previsão é que ainda possa ser em 2050/2051 visto que a reforma tende a subir até aos 70 anos...Curiosamente na ultima greve nacional, na minha escola eu fui o unico que fiz greve, onde até os delegados sindicais(se é essa a posição que eles tem?!) nem fizeram greve e estiveram as semanas antes com papéis, folhetos e outros! Não acreditam? Eu digo-vos, não me escondo em subterfúgios de leis e 102º...verifiquem! Assim como não me escondo do anonimato! Marco Ferreira, E.B.2 Benedita, Ed.Fisica.
    Um abraço a todo o pessoal! Bem ou mal, faz falta uma ordem nesta classe profissional e não uma série de sindicatos que tendem a cair em descridibilização junto dos docentes também nós cada vez mais describilizados. Isto vou eu escutando por essas salas de professores que fui passando ao longo destes anos!

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  12. Trabalhei nessa zona Marco...ui que não é pêra doce! E na hora de lutar...seguem todas as leis ministeriais! São mais papistas que o papa! Mas achei que eram bons colegas - quando comparados com a Frei Estevão, no que concerne ao 110. Beijao*

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  13. Isto há de tudo. Eu sempre que estive na escola foi na situação de contratado com horários incompletos (mas mesmo muito incompletos, entre as 7 e 13 horas). Como preciso de comer para viver acumulei com outras actividades, nomeadamente como formador no IEFP e pedi, como é de lei, autorização à minha delegação regional. Sempre tentaram que eu fosse um dos "faz tudo" na escola mas ficaram-se pelo tentar porque como acumulo e faço o meu próprio horário no IEFP não me deixei ir na conversa. Já para não falar do facto de ter 920 dias de tempo de serviço após profissionalização e quererem pagar-me pelo índice 126. Este ano rescindi contrato por causa disso, se houvesse mais pessoal disposto a fazer este sacrifício, colocavam-nos a todos no 151. Quanto aos sindicatos, sou sindicalizado e tem sido muito útil em questões que surgem no dia-a-dia. Já no que toca a defender os interesses dos contratados partilho da opinião expressa em alguns comentários de que estão mais que dispostos a sacrificar os contratados por uma migalha para os docentes do quadro.
    Cumprimentos a todos os colegas e boa sorte para o concurso para os contratados... mais uns meses de angustia. Peço desculpa pelo tamanho do comentário:(

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