quinta-feira, 4 de junho de 2009

Défice de qualificação... Excesso de certificação.


Comentário: As Novas Oportunidades contribuiram em quase nada para a qualificação. O objectivo não é qualificar, é atribuir diplomas e aumentar estatísticas. Somente isso... Como é possível em «meia dúzia» de meses adquirir qualificação equivalente a um 9.º ano ou 12.º ano? Embora julgue que a maioria dos frequentadores das Novas Oportunidades, saibam ao que vão, muitos têm expectativas de empregabilidade que serão goradas rapidamente. É triste, mas é aquilo que o PS tem para nos oferecer.

5 comentários:

  1. Olá Ricardo!
    Olha, quando surgiu esta maravilha das Novas Oportunidades, a minha mãe foi logo matricular-se, em Lisboa. Na altura, há una anos, acho que nem tinha essa nomenclatura, nem havia em muitos sítios... Então, com a "4ªclasse", lá foi ela toda empenhada arranjar estojo, canetas, caderninho.... para ir aprender Português, Geografia, Matemática.... achava ela.... Pois ia para lá e via-se obrigada a partilhar experiências de vida, a fazer trabalhos sobre a vida dela. Claro que não estava a corresponder à mínima às expectativas que tinha, e desistiu num ápice. Ela, e metade da turma, todos pela mesma faixa etária, a rondar os 45.... Tudo desanimado porque afinal não aprendiam nada....
    É novas oportunidades e provas de aferição. Corrigi as de LP do 4º ano. Cada critério de correcção que até assusta, valha-me.... É para a estatística, ah pois é.... Só penso numa pergunta que me parece muito pertinente.... Se os professores são tão maus, péssimos, os piores parasitas como dizia o outro estúpido (desculpem o termo), como se justifica as notas tão elevadas das provas de aferição? Algo não está bem.... Ah, devem ser os pais que os ensinam em casa...
    Enfim, beijocas Ricardo.

    Sónia B.

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  2. Neste caso o nosso primeiro não foi invejoso.
    Conseguiu a sua licenciatura de forma contorneada, mas agora dá a mesma possibilidade a todos os Homens e Mulheres de Portugal.
    Estes números vão ser puxados nas campanhas eleitorais, pois tudo que se desenvolve nas escolas, obrigatoriamente tem de ser quantificado para servir a estatística.

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  3. Para Sónia B.: Aquilo que nos contaste só vem confirmar o que todos sabiamos. Quem permanece nas Novas Oportunidades sabe ao que vai. Para alguns a desilusão é completa... Para outros, o objectivo é cumprido pois o que interessa mesmo é o diploma. Certamente dará jeito para «subir» na carreira.

    Quanto ao teu último parágrafo, relativo às provas de aferição, concordo em absoluto.

    Beijo para ti também, Sónia.

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  4. Para Jacinto Figueiredo: O objectivo final é esse mesmo. Ultimamente as cerimónias de entrega de diplomas "Novas Oportunidades" sucedem-se a um ritmo vertiginoso. Muitos dos «procedimentos» de certificação estão a ser acelerados para avolumar as estatísticas.

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  5. Boa tarde caros colegas.
    Considero válidas as vossas opiniões, porque são fundamentadas e porque também eu conheço casos como os que enunciaram de pessoas que são certificadas em meia dúzia de meses (às vezes menos) e que num ápice passam a ser contabilizados como portadores de qualificação equivalente ao 12º ano.
    O que todos vocês sabem (mas com certeza se esqueceram quando escreveram os vossos posts) é que as pessoas que coordenam os centros de novas oportunidades (CNO) e os formadores que fazem o “reconhecimento e validação de competências (RVC)” são nossos colegas, professores como nós que muitas vezes se esquecem do motivo nobre pelo qual estudaram e que nos faz continuar a lutar por esta profissão. Passaram a trabalhar para as tais estatísticas…condenam o governo e trabalham para ele…para a sua campanha eleitoral.
    Também eu já trabalhei em RVC e garanto-vos que, das centenas de adultos que me passaram pelas mãos durante 1 ano lectivo (9 meses), apenas 1 foi certificado porque tinha realmente competências, talvez até de nível superior. Os referenciais quer de básico quer de secundário são bastante exigentes se forem seguidos à risca pelos professores muito poucos adultos serão certificados.
    Quero ainda acrescentar que tal como o nome indica “reconhecimento e validação de competências” não é “Educação e formação de adultos”. No primeiro não há formação…é verdade ninguém aprende nada…ou tem ou não tem. No segundo TODOS aprendem desde que os formadores (professores como nós) façam o seu trabalho com a seriedade que o processo de ensino aprendizagem merece. O mesmo se aplica a CEFs e Profissionais…serão o que nós quisermos que sejam. Eu como Professora não facilito em nenhum destes processos. Exijo o máximo dos meus alunos, faço um trabalho sério e não admito que ninguém o venha por em causa.
    Neste momento estou a trabalhar com duas turmas de educação e formação de adultos (para além do restante serviço que me foi atribuído na escola onde estou colocada), não pedi…o serviço foi-me atribuído, e todos os dias dou o meu melhor para formar os adultos com que trabalho. Sou formadora de matemática e coordenadora dos cursos e garanto-vos que no final do processo (2 anos) os meus formandos, que chegaram à escola com o 6º ano, terão competências equivalentes a qualquer cidadão adulto que tenha frequentado o ensino regular até ao 9º ano (ou até mais).

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