No Público de 07/10/2008: "Em duas semanas, Fátima Gomes, professora na Secundária de Barcelos, já teve três reuniões do conselho pedagógico dedicadas à avaliação de desempenho. Mas a escola ainda nem conseguiu aprovar as fichas com base nas quais vai ser apreciado o trabalho dos docentes. "Tenho quatro turmas de Português do 12.º ano. Adoro dar aulas e não tenho tido tempo para as preparar", desabafa esta professora, responsável pela avaliação de 16 colegas do seu departamento.
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No meio do esforço, diz que é "enlouquecedor" encontrar uma lógica num processo que é "alienado" da realidade.
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No meio do esforço, diz que é "enlouquecedor" encontrar uma lógica num processo que é "alienado" da realidade.
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Outra questão prende-se com a influência dos resultados dos alunos na avaliação dos docentes. Em Julho, o conselho científico para a avaliação dos professores (CCAP) recomendou que, neste ano lectivo, "o progresso dos resultados escolares não seja objecto de aferição quantitativa". Há escolas que o vão fazer, a Secundária de Barcelos não deve ser uma delas. "A lei diz que as grelhas devem ser constituídas em função das recomendações do CCAP. E eu também não posso compactuar com o que pretende ser um aumento estatístico do sucesso dos alunos", sustenta Fátima Gomes.
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Na Secundária José Cardoso Pires também não se iniciaram as reuniões que cada avaliado terá de ter com o avaliador para a definição dos seus objectivos individuais. Mas nesta escola, garante Deolinda Peralta, "não se fala de mais nada, nem se faz mais nada". "Toda a gente está centrada na avaliação e não no trabalho com os alunos", relata, criticando alguns dos indicadores que estão a ser construídos. "Para mim, não é possível medir a dimensão ética ou a relação pedagógica com os alunos fora de aula." Deolinda garante ainda que o processo está a ter consequências no relacionamento entre colegas. "As pessoas estavam bem dentro da escola. Agora não estão."
Os relatos repetem-se: "Não estou a inventar que há professores que, nesta altura do ano, já estão esgotados, com efeitos negativos na preparação das aulas e acompanhamento dos alunos. Há pessoas a passar 40 e 50 horas por semana na escola por causa do aparato burocrático associado à avaliação. É uma reunite pegada", conta Mário Machaqueiro, professor e avaliador na Secundária de Caneças, que descreve as fichas de avaliação como um "delírio de tarefas" solicitado a todos.
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A delegação de competências relativas à avaliação por parte dos coordenadores dos departamentos é outro dos pontos que está a dar polémica. A questão tem sido discutida por professores na Internet, que alegam estar a ser cometida uma ilegalidade.
É que as regras definidas pela tutela dizem que a delegação de competências - quando um coordenador de departamento não consegue avaliar todos os professores da sua área - obedece ao Código do Procedimento Administrativo. Este determina que os "actos de delegação de poderes estão sujeitos a publicação no Diário da República". Apesar de já vários avaliadores terem passado a avaliação a outros colegas, não se conhecem diplomas publicados nesse sentido. (...)"
Ver Artigo Completo (Público)
Outra questão prende-se com a influência dos resultados dos alunos na avaliação dos docentes. Em Julho, o conselho científico para a avaliação dos professores (CCAP) recomendou que, neste ano lectivo, "o progresso dos resultados escolares não seja objecto de aferição quantitativa". Há escolas que o vão fazer, a Secundária de Barcelos não deve ser uma delas. "A lei diz que as grelhas devem ser constituídas em função das recomendações do CCAP. E eu também não posso compactuar com o que pretende ser um aumento estatístico do sucesso dos alunos", sustenta Fátima Gomes.
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Na Secundária José Cardoso Pires também não se iniciaram as reuniões que cada avaliado terá de ter com o avaliador para a definição dos seus objectivos individuais. Mas nesta escola, garante Deolinda Peralta, "não se fala de mais nada, nem se faz mais nada". "Toda a gente está centrada na avaliação e não no trabalho com os alunos", relata, criticando alguns dos indicadores que estão a ser construídos. "Para mim, não é possível medir a dimensão ética ou a relação pedagógica com os alunos fora de aula." Deolinda garante ainda que o processo está a ter consequências no relacionamento entre colegas. "As pessoas estavam bem dentro da escola. Agora não estão."
Os relatos repetem-se: "Não estou a inventar que há professores que, nesta altura do ano, já estão esgotados, com efeitos negativos na preparação das aulas e acompanhamento dos alunos. Há pessoas a passar 40 e 50 horas por semana na escola por causa do aparato burocrático associado à avaliação. É uma reunite pegada", conta Mário Machaqueiro, professor e avaliador na Secundária de Caneças, que descreve as fichas de avaliação como um "delírio de tarefas" solicitado a todos.
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A delegação de competências relativas à avaliação por parte dos coordenadores dos departamentos é outro dos pontos que está a dar polémica. A questão tem sido discutida por professores na Internet, que alegam estar a ser cometida uma ilegalidade.
É que as regras definidas pela tutela dizem que a delegação de competências - quando um coordenador de departamento não consegue avaliar todos os professores da sua área - obedece ao Código do Procedimento Administrativo. Este determina que os "actos de delegação de poderes estão sujeitos a publicação no Diário da República". Apesar de já vários avaliadores terem passado a avaliação a outros colegas, não se conhecem diplomas publicados nesse sentido. (...)"
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Comentário: Ao ler este artigo, são bem visíveis as consequências negativas no desempenho dos professores, da preparação de todo o processo de avaliação. E não há nenhum professor que esteja numa qualquer escola deste país, que não se reveja com os relatos dos colegas nesta notícia. É uma realidade: Os professores estão completamente esgotados, e não é com os alunos e com a avaliação destes. Ultrapassamos constantemente as 35 horas de trabalho semanal!
Atenção que neste artigo são referidos dois pontos essenciais: 1. A recomendação da CCAP relativamente à não consideração do progresso dos resultados escolares na aferição quantitativa e respectiva exclusão das grelhas (conforme consta Decreto Regulamentar n.º 2/2008 - artigo 6.º, ponto 2); e 2. A delegação de competências (neste caso, de avaliador) obedece ao Código do Procedimento Administrativo, e como tal, está sujeito a publicação no Diário da República.
Atenção que neste artigo são referidos dois pontos essenciais: 1. A recomendação da CCAP relativamente à não consideração do progresso dos resultados escolares na aferição quantitativa e respectiva exclusão das grelhas (conforme consta Decreto Regulamentar n.º 2/2008 - artigo 6.º, ponto 2); e 2. A delegação de competências (neste caso, de avaliador) obedece ao Código do Procedimento Administrativo, e como tal, está sujeito a publicação no Diário da República.
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Conheço uma professora avaliadora que já estava "pelos cabelos" na segunda semana de Setembro, com tanta "formação" e papelada. Mas a maior preocupação dela era a obrigação de avaliar os colegas, que é sempre delicado, mas nestas condições é impossível, não faz sentido e é muito prejudicial para o bom funcionamento das escolas.
ResponderEliminarNão conheço nenhum colega titular (e com funções de avaliador) que esteja contente com o facto de ter de avaliar colegas. Aliás, a maior parte deles, queixa-se que nunca teve tanto trabalho. E verdade seja dita, se para nós (avaliados) este processo de avaliação é complicado, para os colegas avaliadores não é melhor.
ResponderEliminarEsta "obrigação" é de facto criadora de mau estar nas escolas, mas não será porventura o maior motivo para o ambiente cáustico. O maior é mesmo o clima de rivalidade instalado entre alguns colegas...