sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Avaliação influencia concurso.

No Correio da Manhã de 10/10/2008: "O Governo pretende que a avaliação de desempenho passe a contar para a ordenação dos professores no concurso de 2009, que colocará os docentes por quatro anos. Os sindicatos rejeitam a proposta, que prevê bonificação de três valores para os docentes classificados com ‘Excelente’ e de dois valores para o ‘Muito Bom’.

Até agora a ordem era ditada pelo tempo de serviço e nota do curso. "É inaceitável porque só foram avaliados 12 mil professores e as notas máximas estão sujeitas a quotas", disse ao CM José Manuel Costa, da Fenprof. Também a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) está contra a alteração ao diploma, que começou ontem a ser negociado com a tutela. "É discriminatório", afirma Arminda Bragança. Os sindicatos também não aceitam que os professores integrados nos Quadros de Zona Pedagógica (QZP) passem a concorrer a um mínimo de 25 agrupamentos de escolas e quatro QZP. "Há docentes que podem ser deslocados 200 quilómetros", defende a Fenprof, rejeitando o facto de o concurso não incluir professores não titulares."

Ver Artigo Completo (Correio da Manhã)

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Comentário: Bem... Até poderá existir a possibilidade de integrar a menção qualitativa na graduação. Não é nada difícil fazê-lo. A proposta do Ministério da Educação é clara neste aspecto (ver este post). Mas o que deverá ser mesmo difícil (para não dizer, impossível) é fazê-lo ainda para o concurso de 2009, ao contrário da outra proposta (obrigatoriedade dos QZP concorrerem a um mínimo de 4 QZP e 25 agrupamentos de escolas), que é bem possível de ser implementada.

A inclusão da menção qualitativa na graduação, visa claramente não deixar que este modelo de avaliação imploda. Mas é uma estratégia que previsivelmente será abandonada. O Ministério da Educação sabe perfeitamente que a logística actual da avaliação, não permitirá obter resultados antes de Junho ou Julho (se os obtiver), e nessa altura uma boa parte do concurso já foi realizada. Esta parte da proposta será à partida abandonada, quando a Ministra conseguir obter como "moeda de troca" dos sindicatos a garantia de que este modelo de avaliação será levado até ao fim. Depois os sindicatos irão alegar que aceitaram esta proposta para o concurso de 2009 (com a inclusão da menção excluída), para que os professores não fossem ainda mais prejudicados... Blá blá blá. E os QZP lá terão de se sacrificar por um mal bem menor que a inclusão da menção para efeitos de concurso... Blá blá blá. E os contratados já não terão de obter 14 valores nas 3 componentes, mas apenas realizar com sucesso a componente comum... Blá blá blá...

Esperemos é que os sindicatos consigam eliminar estas duas propostas ou então que não troquem a sua inclusão por qualquer tipo de "migalha" que só a alguns irá beneficiar.
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3 comentários:

  1. Tristemente previsível...

    Espero que consigamos deixar que isso não aconteça.

    Mas há outro problema, a avaliação está a ser tão pesada que se corre o risco da luta ser centrada maioritariamente para mudar a dita.

    E há tantas outras coisas a mudar! Em relação a algumas delas, nem podem acusar os professores de estar apenas preocupados com os seus interesses: estatuto do aluno; facilitismo; falta de rigor; falta de apoios para alunos NEE...

    A ver vamos se os professores se conseguem erguer e lutar a sério.

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  2. Que não deveriam haver cotas, parece que todos concordamos; Que a avaliação de desempenho se deveria reger por outros critérios, também; Mas relativamente aos exames de acesso à carreira permitam-me discordar. Que tirou cursos em Universidades públicas entenderá, certamente, este meu desabafo.
    Sou do grupo 500, matemática e garanto-vos que entenderão a minha revolta se virem as listas de finalistas dos últimos anos.
    Toda a gente sabe que as universidades privadas inflacionam notas e que a maioria dos “meninos” que lá acabam os cursos são nulidades em termos científicos. (desculpem a franqueza). Esses “meninos” conseguem depois lugar em ofertas de escola porque têm médias superiores (apesar dos zero dias de tempo de serviço) e passam à frente das pessoas que suaram para tirar cursos nas universidades públicas. Eu sou da FCUP e já há muitos anos fazemos pedidos ao ministério para que esse exame de acesso à carreira aconteça, parece-me que quem tem a consciência tranquila não terá nada a temer.

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  3. Colega, também sou do grupo 500 e percebo parte daquilo que está a dizer. Já terminei a licenciatura há alguns anos, na Universidade de Aveiro.

    Para concordar consigo, teria que acreditar, entre outras coisas, que esta prova pretende mesmo separar o trigo do joio.
    Mas não acredito que o objectivo seja a qualidade do ensino, tal como não é esse o objectivo do novo estatuto do aluno, da legislação para alunos NEE, da avaliação de desempenho, etc.

    As alterações que estão previstas para os próximos concursos, a par do aumento do nº médio de alunos por turma (já não há turmas reduzidas para NEE...) fazem prever que se reduza drasticamente a necessidade de professores contratados.

    O objectivo parece ser o de eliminar o maior nº possível de professores aos concursos. Assim, diminui o desemprego docente e o governo ainda pode dizer que "arrumou" não sei quantos milhares de professores incompetentes.

    Ficaria mais descansada se a prova incidisse apenas na formação científica, pois a formação pedagógica não pode ser avaliada assim. Que a prova fosse independente do ME (aqui tenho conciência que estou a delirar!), que os critérios de correcção fossem tornados públicos (depois da realização da dita, obviamente...).

    Mais, que a par da nota fossem publicados outros dados, como por exemplo:
    1) Estabelecimento de ensino onde o professor fez a sua formação;
    2) Nota de final de curso;
    3) Última avaliação de desempenho (nos casos em que já tenha ocorrido)

    Já agora, a prova não poderia ter uma chamada única e o resultado deveria contar, de alguma forma para a graduação (só assim se consegue equilibrar um pouco as diferenças no grau de exigência da avaliação dos diversos estabelecimentos de ensino superior). Visando apenas penalizar e eliminar, não pode ter uma intenção contrutiva.

    Ainda não esgotei os motivos para discordar, mas penso que isto já fundamenta um "Não a esta prova de ingresso!"

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