segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Escolas querem notas dos alunos fora da avaliação.

No Jornal de Notícias de 29/09/2008: "Há escolas que se preparam para pedir a suspensão do parâmetro referente aos resultados dos alunos na avaliação de desempenho, com base num documento produzido pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores.
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Os sindicatos não identificam os estabelecimentos para não os sujeitarem a "pressões antecipadas" da tutela. Dizem que nas escolas se vive "um clima de medo", e que o processo de avaliação está longe de ser tranquilo. "Até ao final do ano, o movimento voltará a ser nacional", garantiu, convictamente, ao JN Carlos Chagas, presidente do FENEI/Sindep.

"Quando os professores perceberem que o seu esforço é inglório e que a avaliação - da qual depende a sua progressão na carreira - resulta de uma apreciação subjectiva reagirão de forma consistente e nacional. Não tenho dúvidas", insistiu.
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"Há escolas que definiram metas de sucesso, por exemplo de 80%, e se o professor não a cumpre é penalizado na avaliação. É inaceitável", afirma o secretário-geral da Fenprof, que tal como a FNE e o Sindep recusam, liminarmente, que os resultados dos alunos façam parte dos parâmetros de avaliação de desempenho.

O CCAP recomenda que os resultados sejam "uma responsabilidade partilhada pela escola e pelo docente". Já a Associação Nacional de Professores, não discorda com o princípio desde que não se focalize nas notas. "Há testes padronizados aplicados aos alunos, muito usados nos EUA" que podem medir "a evolução da aquisição de conhecimentos", defendeu João Grancho. O problema, insistiu, "é que as escolas ainda não têm uma cultura de avaliação. É preciso tempo e formação, que não se centre na divulgação do diploma legal, mas na organização prática do processo"."

Ver Artigo Completo (Jornal de Notícias)

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Comentário: Entre a preparação do pedido de suspenção e o pedido efectivo, ocorre um intervalo de tempo que deverá ser utilizado pelo Ministério da Educação para pressionar as escolas em geral. Não será necessário apontar nomes... As DRE servem pra isso. Aliás, basta percorrer alguns blogues conhecidos para se saber exactamente quais as escolas que se estão a preparar para solicitar a suspensão do parâmetro B - resultados escolares.

Obviamente que o processo de avaliação do desempenho não é (nem será) tranquilo. Os professores vivem num claro ambiente de "terrorismo" psicológico e nada nem ninguém parece querer aliviar esse clima. Aliás, muitas escolas fomentam esse ambiente, obrigando à definição de objectivos individuais irreais, e que no final, levarão inevitávelmente a uma de duas consequências: (1) O professor é prejudicado na sua avaliação e como tal na progressão; ou (2) Os alunos (pelo menos, alguns) são prejudicados em termos de aprendizagem real, uma vez que a exigência é "nivelada por baixo". Qualquer uma das opções anteriores é vantajosa para o Ministério da Educação.

Não sei se num futuro próximo os professores se voltarão a unir. O que neste momento sei é que por cada dia que passa é um dia mais deste processo de avaliação do desempenho. E se nos próximos tempos surgirem escolas com avaliações de docentes concretizadas, a capacidade de reinvindicação é menor. Aliás, decerto que as escolas com objectivos e metas de sucesso mais "ambiciosas" serão as primeiras a apresentar "resultados". E não interessa o "custo" de tal ambição...
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1 comentário:

  1. Infelizmente, os sindicatos ajudaram a que se instalasse este clima nas escolas.
    Só agora estão a perceber a dimensão do "monstro"!!!

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