segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Avaliação de professores sem efeito nos contratos.

No Correio da Manhã de 14/09/2008: "Foi a reforma educativa que mais polémica suscitou, levando mais de cem mil docentes às ruas. Apesar das críticas à forma e ao timing, o Governo avançou com o regime numa versão simplificada. Porque, justificou, os professores contratados dela dependiam para voltar a concorrer. Mas a nota afinal não condicionou estas candidaturas, e há recolocados que ainda nem a conhecem. A avaliação, que variou de escola para escola, foi feita sem critérios justos, diz a FNE

Muitos professores contratados renovaram o contrato sem conhecerem a avaliação do ano anterior. Apesar de o Governo ter justificado a urgência do novo regime de avaliação de desempenho com a necessidade de sete mil professores contratados voltarem a concorrer, a classificação não condicionou a candidatura. Ou se o fez, alguns não sabem como. Isto porque a regulamentação das quotas atribuíveis aos níveis de Excelente e Muito Bom só foi publicada no fim de Julho e algumas escolas ficaram à espera desta legislação. Outras optaram por não preencher as quotas e dar Bom a todos.
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Note-se que o acordo alcançado entre o Governo e a plataforma sindical previu que os docentes fossem avaliados apenas através de quatro campos: a assiduidade, a ficha de auto-avaliação, a formação contínua e o cumprimento do serviço distribuído.
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Jorge Pedreira diz que o apuramento ainda está a ser feito mas acredita que "a esmagadora maioria dos docentes teve Bom". O governante garante ainda que as "quotas saíram antes do momento necessário para a atribuição das classificações e só foram necessárias para a atribuição de Excelente e Muito Bom. Todo o processo podia estar concluído. Estas classificações é que só puderam ser validadas pelas comissões de coordenação após o conhecimento das quotas".

Além disso, o Ministério da Educação desvaloriza o problema da influência das quotas no processo de renovação dos contratos, explicando que estes só não poderiam ser renovados no caso dos docentes que obtivessem um Insuficiente.
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Avaliação. Sistema avança agora para todos os docentes, que terão de traçar objectivos

Oito professores para avaliar e três aulas de cada um para observar. Mais o tempo que, enquanto avaliadora, deve despender com o avaliado para discutir o plano da aula e a forma como esta correu. Como encaixar estas tarefas num horário lectivo já preenchido? E se as aulas se sobrepuserem às suas? Terá de faltar, arranjar aula de substituição para a sua turma, e para isso, deixar material preparado?
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Hoje, quando entrarem na sala de aula, os professores olharão para as suas turmas de uma forma um pouco diferente, uma vez que a sua progressão na carreira dependerá agora, explicitamente, dos resultados escolares alcançados pelos alunos. A primeira tarefa será diagnosticar, para que os objectivos traçados para as turmas, e o plano designado para os alcançar, sejam atingíveis. As metas impostas têm ainda de estar em consonância com o projecto educativo da escola. Os objectivos serão, posteriormente, discutidos com o avaliador durante uma entrevista.

A avaliação que agora começa é bienal e terminará no final deste ano lectivo, pois no ano passado já deverão ter sido recolhidos elementos que complementam esta avaliação."

Ver Artigo Completo (Diário de Notícias)

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Comentário: Aqui se pode verificar o argumento "roto" utilizado para avançar com a avaliação do desempenho docente. Afinal a avaliação dos contratados não teve qualquer influência na renovação de contratos ou no concurso... No entanto, a justificação serviu para a assinatura do Memorando de Entendimento. Um Memorando que acabou por empenhar o futuro dos docentes.

Quanto à atribuição da classificação "Bom" à esmagadora maioria dos docentes, não surpreende ninguém. Se a regulamentação das quotas atribuíveis aos níveis de Excelente e Muito Bom só foi publicada no fim de Julho, poderia ser expectável outro procedimento?! Para além disso, mesmo que fossem classificados com "Bom", não teriam estes colegas o direito de conhecer o nível atribuído à sua avaliação do desempenho?! Como é possível proceder a uma eventual reclamação se não é conhecida a menção qualitativa?!

Tudo questões que ficam em suspenso, mas que são suficientes para confirmar os reais objectivos do Ministério da Educação e que certamente não passam pela distinção dos melhores professores (e respectivo reconhecimento - com tudo o que isso implica) nem pela promoção real do sucesso dos alunos.

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2 comentários:

  1. Olá Ricardo (é agradável poder tratar-te pelo nome)

    Como contratada, fui uma das premiadas com classificação de "Bom", tal como TODOS os colegas contratados que conheço.... Estranhas coincidências....ou não... Mas a Srª D. Ministra vai poder gabar-se, concerteza, que antes do seu Ministério, os Professores eram todos Suficientes, Satisfatórios, mas agora não.... agora são Bons!!! Afinal evoluímos, hein.....
    A minha avaliação, recebi-a em casa; aliás, recebi um papel a dizer que a minha avaliação foi Bom; mas nãoassinei nada no Agrupamento. Ninguém me mostrou nada; porque tive Bom e não Muito Bom?; então e se quisesse reclamar? Como é que fazia para reclamar se recebi a avaliação quase no fim de Agosto? Enfim, este ano fomos as cobaias, e por mim falo, resignei-me....
    Mas este ano não me resigno.... este ano com objectivos, com tudo tim-tim por tim-tim, vão ter que ser bem justos... ah pois vão, vão.....

    (A mini-fracruta, apesar de mini, dá-me cabo da cabeça.... sexta fui apresentar-me à junta, depois de 1 semana inteira de cama, e foi andar para trás.... mtas dores no fim-de-semana, e pimba, de cama outra vez.....)

    Beijocas.
    Sónia B.

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  2. Este ano não podemos facilitar. Principalmente se a proposta do Ministério for avante e a classificação for considerada para efeitos de concurso. No entanto, devemos encontrar um ponto de equilíbrio para não vivermos num ambiente de "terrorismo" profissional, atropelando tudo e todos para obtermos melhor classificação. É isto que me preocupa. Receio que alguns colegas não consigam encontrar e fazer a gestão do seu trabalho em prole dos alunos e sim contra outros colegas.

    Bem sei que os contratados foram as cobaias. Aliás, o argumento de que os colegas contratados necessitavam da avaliação para renovar ou concorrer era vazio e o que realmente era pretendido era experimentar. Nem que fosse de forma simplificada...

    Se fores uma pessoa activa (como acho que és) essa fractura deve estar a dar-te cabo dos nervos. Espero que fiques bem rápido.

    Beijo.
    Ricardo

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