No Público de 15/06/2008: "Alguns especialistas alertam para "efeitos perversos" das provas nacionais. Outros defendem a sua importância e criticam o facilitismo.
Elaborar testes semelhantes aos exames nacionais dos anos anteriores, ensinar melhor as matérias com mais probabilidade de sair nas provas, fazer exercícios como os que aparecem nos enunciados... Estas são algumas das técnicas usadas pelos professores para preparar os alunos para responder aos exames nacionais.
Elaborar testes semelhantes aos exames nacionais dos anos anteriores, ensinar melhor as matérias com mais probabilidade de sair nas provas, fazer exercícios como os que aparecem nos enunciados... Estas são algumas das técnicas usadas pelos professores para preparar os alunos para responder aos exames nacionais.
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Professores e alunos reconhecem que trabalham para o exame, sobretudo os estudantes que querem obter melhores resultados para entrarem nos cursos onde as notas de admissão são mais altas. (...) Rita Bastos, professora e presidente da Associação de Professores de Matemática, admite que sente essa pressão por parte dos alunos, que lhe dizem "abertamente" que não querem aprender determinada matéria e que "não querem compreender, mas só saber como se faz". "É a inversão completa dos valores", refere.
Helena é professora de Biologia e Geologia e desde o 10.º ano que está a preparar os alunos para os exames nacionais. "Não há prova publicada que eles não tenham feito", orgulha-se. A docente explica que o seu esforço é para que os estudantes tenham "os melhores resultados". "Para eles, as notas são a passagem para o ensino superior, mas também contam para a minha avaliação e para um bom posicionamento da escola no ranking [ordenação das escolas que a comunicação social faz anualmente com base nos resultados dos alunos]", explica esta professora de Lisboa.
Contudo, há quem considere que se os exames servem para "controlar todas as facetas da actividade docente", o professor deixa de ser um intelectual para ser um funcionário, o que "vai sair caro ao país", como nos disse Vítor Teodoro, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e membro da Sociedade Portuguesa de Física.
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A preocupação dos docentes em preparar os alunos para os exames é "legítima", diz João Filipe Matos, coordenador do doutoramento em Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, porque o professor "também é estratificado em relação aos resultados dos alunos. Por isso, defende-se profissionalmente e, em vez de fazer actividades exploratórias, vai preparar os alunos para o exame final". Mas há quem considere que, para os estudantes, esta "formatação" é empobrecedora, pois de fora fica muita matéria que deveria ser aprendida, como refere Maria Elisa Sousa, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto. Na sua opinião , com a existência das provas de aferição no 4.º e 6.º anos, "a tendência é para os professores investirem num ensino formatado" desde muito cedo.(...)"
Ver Artigo Completo (Público)
Professores e alunos reconhecem que trabalham para o exame, sobretudo os estudantes que querem obter melhores resultados para entrarem nos cursos onde as notas de admissão são mais altas. (...) Rita Bastos, professora e presidente da Associação de Professores de Matemática, admite que sente essa pressão por parte dos alunos, que lhe dizem "abertamente" que não querem aprender determinada matéria e que "não querem compreender, mas só saber como se faz". "É a inversão completa dos valores", refere.
Helena é professora de Biologia e Geologia e desde o 10.º ano que está a preparar os alunos para os exames nacionais. "Não há prova publicada que eles não tenham feito", orgulha-se. A docente explica que o seu esforço é para que os estudantes tenham "os melhores resultados". "Para eles, as notas são a passagem para o ensino superior, mas também contam para a minha avaliação e para um bom posicionamento da escola no ranking [ordenação das escolas que a comunicação social faz anualmente com base nos resultados dos alunos]", explica esta professora de Lisboa.
Contudo, há quem considere que se os exames servem para "controlar todas as facetas da actividade docente", o professor deixa de ser um intelectual para ser um funcionário, o que "vai sair caro ao país", como nos disse Vítor Teodoro, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e membro da Sociedade Portuguesa de Física.
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A preocupação dos docentes em preparar os alunos para os exames é "legítima", diz João Filipe Matos, coordenador do doutoramento em Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, porque o professor "também é estratificado em relação aos resultados dos alunos. Por isso, defende-se profissionalmente e, em vez de fazer actividades exploratórias, vai preparar os alunos para o exame final". Mas há quem considere que, para os estudantes, esta "formatação" é empobrecedora, pois de fora fica muita matéria que deveria ser aprendida, como refere Maria Elisa Sousa, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto. Na sua opinião , com a existência das provas de aferição no 4.º e 6.º anos, "a tendência é para os professores investirem num ensino formatado" desde muito cedo.(...)"
Ver Artigo Completo (Público)
Comentário: Se agora alguns já dizem que as provas nacionais produzem efeitos "preversos", creio que para o próximo ano lectivo, esse efeitos serão "diabólicos". E porquê? Porque para o ano, a nova avaliação do desempenho docente "entra" em força, sem simplificações e com consequências directas nos "resultados" de muitos colegas.
Se actualmente muito do ensino secundário é direccionado pelos professores para a obtenção de boas avaliações nas provas nacionais, no próximo ano, este processo será acentuado e incentivado. Incentivado pelos docentes individualmente (avaliação do desempenho) e pela escola, de forma colectiva e institucional (ranking). Obviamente que quem sai a perder no meio deste processo "educativo" são os alunos, que apenas ficam a conhecer de forma redutora e reduzida muita da "matéria" que lhes permitiria obter outro tipo de competências.
E para finalizar... Continuo a achar que os exames nacionais no secundário são instrumentos válidos (até certo ponto), úteis como preparação para o ensino universitário (poderia ser feita uma prova diferente para quem pretende ingressar no superior e outra para quem pretende finalizar o secundário) e que até certo ponto permitem aos alunos adquirir uma competência por mim considerada essencial: Distinguir o essencial do acessório. Relativamente às provas de 9.º ano, ainda não tenho uma opinião completamente formada e fundamentada, no entanto, no geral creio que os efeitos serão mais positivos que negativos...
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Se actualmente muito do ensino secundário é direccionado pelos professores para a obtenção de boas avaliações nas provas nacionais, no próximo ano, este processo será acentuado e incentivado. Incentivado pelos docentes individualmente (avaliação do desempenho) e pela escola, de forma colectiva e institucional (ranking). Obviamente que quem sai a perder no meio deste processo "educativo" são os alunos, que apenas ficam a conhecer de forma redutora e reduzida muita da "matéria" que lhes permitiria obter outro tipo de competências.
E para finalizar... Continuo a achar que os exames nacionais no secundário são instrumentos válidos (até certo ponto), úteis como preparação para o ensino universitário (poderia ser feita uma prova diferente para quem pretende ingressar no superior e outra para quem pretende finalizar o secundário) e que até certo ponto permitem aos alunos adquirir uma competência por mim considerada essencial: Distinguir o essencial do acessório. Relativamente às provas de 9.º ano, ainda não tenho uma opinião completamente formada e fundamentada, no entanto, no geral creio que os efeitos serão mais positivos que negativos...
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