quinta-feira, 24 de abril de 2008

Mais um "daqueles" artigos de opinião...

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Comentário: O título original deste artigo de opinião é "Educação entre as cabeças da Hidra", no entanto, o melhor título para este artigo seria "A Educação na cabeça de um Inconsciente".

Leiam a opinião deste professor da Universidade Nova de Lisboa e deputado do PS. Eu já volto com a minha opinião sobre este artigo.
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No "Sol" (Artigo de Opinião) de 24/04/2008: "Todos reconhecemos que nunca, como nas últimas décadas, se investiu tanto em Educação – no orçamento, nas infra-estruturas, na formação de professores, na acção social, no envolvimento da sociedade civil, na estabilização dos corpos docentes, na definição de regras de funcionamento, na autonomia das escolas.

E, no entanto, são de pesadelo os números que nos falam do abandono e do insucesso escolares, a todos os níveis.

Naturalmente que é fácil encontrar culpados para isto: o Governo, que é para isso que servem os governos. E os alunos, que também para outra coisa não servem – apesar de não ser do meu conhecimento a existência de quaisquer estatísticas que nos provem, por a+b, que as nossas crianças e adolescentes sejam mais baldas, mais indisciplinados ou até mais burros do que os seus colegas dos outros países.

Diz-se que, no entremeio destas duas das muitas cabeças malignas da Hidra que é o nosso sistema educativoo Governo e os alunos –, vive e frutifica uma estrutura humana que não poderemos esquecer: os professores, que até aqui constituiriam o verdadeiro objecto da política educativa, enquanto os alunos, ao que parece, não passariam de meros argumentos para a existência deles. Eu não creio que assim seja, mas nunca fiando – mesmo porque foram os sindicatos dos professores quem até há muito pouco tempo, de facto, mandou na Educação em Portugal. Com os resultados que estão à vista.

De onde me faço um ror de perguntas, a propósito das medidas do Governo que tanta contestação têm vindo a provocar. Porque não hão-de os professores cumprir, como todos os trabalhadores, o seu horário de trabalho? Porque não há-de a carreira docente prever uma progressão, feita com base em avaliação de desempenho, que permita que sejam os melhores a chegarem ao topo? Não será o sucesso dos alunos o real produto do trabalho dos professores? E o múnus docente, mais do que o trabalho administrativo ou de gestão, não deverá ser concretizado na sala de aula? Quem não quer que se definam as regras de funcionamento das escolas e da actividade dos professores e dos alunos? Não será a educação de cada criança um assunto de toda a comunidade, devendo assim esta ser responsabilizada no governo das escolas?

Ouvi um dia destes, num programa de televisão, uma professora ‘muito tia’ perguntar (com ar satisfeitinho) para que servia a jovens marcados pelo insucesso escolar aprenderem um certo conceito da geometria ou lerem uma peça de Gil Vicente. Porque, para aquela professora, os meninos maus (que, por acaso, são os que mais faltam às aulas, os que vivem em famílias desconchavadas, os que sobrevivem nos limites da marginalidade) o que devem aprender é a serem trabalhadores – indiferenciados e, de preferência, de biquinhos calados.
Professores, sei que os há. Mas na rua?"

Ver Artigo Completo (Sol)

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Comentário: Todo o texto se encontra recheado de ironia. Mas vamos desmontar esta opinião:

(1) Não é verdade esse investimento que foi anunciado. Basta ver as inúmeras escolas degradadas (algumas mesmo em contentores), que são facilmente encontradas por esse Portugal fora. Quanto à formação dos professores, se tal investimento fosse verdadeiro para quê uma prova de acesso à docência? Relativamente às regras de funcionamento das escolas, se as mesmas tivessem sido bem feitas (e alvo do tal investimento) não existiria tanta confusão e tantos volumes legislativos a chegar a um ritmo mensal às escolas. Muitas regras não são sinónimo de boas regras... Quase me ia esquecendo: Por todas as escolas por onde tenho passado, existe falta de auxiliares de acção educativa, no entanto, há que reconhecer que cada vez mais existem portáteis.

(2) Nunca fomos o verdadeiro objecto da política educativa. Nunca fomos ouvidos na definição da mesma. Se o tivessemos sido, provavelmente não se teriam feitos tantas asneiras e tantas mudanças de rumo, que só contribuiram para o "estado de sítio" actual do nosso sistema educativo. Esta "estrutura humana" existe para educar, não para servir os desígnios do múnus do governante. Pelo menos, assim deveria ser...

(3) Quanto às questões colocadas neste artigo: Claro que devemos cumprir o nosso horário de trabalho, mas gostávamos de ter condições para tal. Mas não somos exigentes, gostariamos de ter uma pequena secretária e uma cadeira na escola para tal. Poderiamos preparar aulas, corrigir trabalhos, preencher diversos documentos, elaborar material didáctico, etc. Infelizmente não são essas as condições das escolas e temos de levar essas tarefas para casa, ultrapassando sempre o nosso horário de trabalho.

Deve haver uma avaliação de desempenho, pois também os professores (poderá causar estranheza, mas é verdade) gostam de atingir a excelência e serem reconhecidos por isso (e obviamente se este reconhecimento for traduzido em progressão, melhor). Mas não uma avaliação centrada na avaliação dos alunos... Nem sempre o sucesso dos alunos é proporcional ao trabalho dos docentes. E isso poderá causar graves injustiças (não só para os professores mas também para os alunos).

Relativamente ao múnus (aprendi o significado desta palavra na catequese e agora que a vi escrita no artigo de opinião, achei-a irresistível) docente, cada vez mais é administrativo e cada vez menos centrado na sala de aula. Quando deveria ser exactamente o contrário...

E relativamente ao último parágrafo do artigo de opinião, apenas o vou classificar: Hilariante!! Principalmente vindo de alguém que pertence ao PS.
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2 comentários:

  1. Na listagem de Sindicatos deveria acrescentar mais um:
    www.sippeb.pt

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  2. Este artigo é claramente tendencioso. Não por vir de um deputado do PS, o que por si só não é defeito, mas por partir de preconceitos falsos, como o tal investimento na educação, o "não querermos" cumprir o horário de trabalho (inicialmente achei engraçada a frase, mas rapidamente transformou-se em raiva por ser tão ultrajante por ser completamente falsa, como muito bem o profcontratado explicou), o não querermos ser avaliados, como está implícito neste texto. E não gostei particularmente de nos acusar de nos endeusarmos no meio de todo o sistema educativo. Quando as políticas educativas são definidas, não com a ajuda de professores no activo, mas sim, supostos professores, sem experiência, mas com mestrados em Ciências da Educação, temos tudo dito...

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