No "O Primeiro de Janeiro" (artigo de opinião) de 06/03/2007: "Li a noticia e fiquei baralhado. Sobrevieram-me muitas dúvidas. Prémio Nacional de Professores? Prémios de Mérito? Prémio Carreira, Prémio Integração, Prémio Inovação e Prémio Liderança? Patrocinados por quem? Pelo Ministério da Educação? Pela entidade patronal? Com que objectivo? Criar mais um espaço de competição entre docentes? Dividi-los? Mobilizá-los para a urgente qualificação do ensino? Acenar-lhes com um rebuçado em maré de profunda machadada no seu estatuto profissional? Intervalo para publicidade?
Não encontrei razões consistentes para a criação dos Prémios. Qualquer dia temos os professores como protagonistas de cerimónias de atribuição de Óscares, trajados a rigor, em auditórios de casino, filmados pela TV, brindados por distintos apresentadores com tiradas eloquentes «Senhoras e Senhores, chegamos ao momento alto desta noite, ansiosamente aguardado por todos… Vamos a isso… Os professores nomeados para o Prémio Carreira são… o Ailim (palmas), o Bilim (palmas… então não há palmas?!...) e o Chilim (palmas, vá, palmas para o homem, ele merece-as!...)…». Os Prémios de Professores, tal como estão regulamentados, não incentivam, não mobilizam, não estimulam, não são Prémios. Podem iludir, podem enganar, podem encher de orgulho professores que os venham a receber mas, realmente, não passam de um entretenimento de gosto duvidoso e de efeitos perversos. Lindas histórias, criam grandes heróis e grandes mártires!... O professor profissional reflexivo não é o que dá nas vistas; é discreto, trabalha com os alunos, foge da confusão, não procura o Prémio ou os holofotes da Televisão!
Hoje, não tenho dúvidas. Esta ideia do Prémio Nacional de Professores é estapafúrdia. Não faz qualquer sentido. O trabalho dos professores tem cambiantes que, muitas vezes, só eles conhecem e só eles vivem!... Quando o Ministério ainda não acertou (muito menos consolidou) um modelo credível de avaliação dos docentes, como é que se afoita a criar um regulamento para atribuição do Prémio Nacional de Professores? Isto faz algum sentido?
Como professor, se porventura me fosse proposto receber um dos ditos Prémios, só tinha uma alternativa: recusá-lo. É simples:
- Os professores ainda não são artigo de feira;
- Os professores precisam de espaços que os acreditem e não de espaços que os exponham, os comparem e os humilhem;
- A profissão docente é demasiado nobre para que o seu exercício seja objecto de um qualquer concurso, com resultado dependente de múltiplos factores, alguns deles alheios à qualidade e ao desempenho profissionais dos professores;
- Os professores são parte fundamental das comunidades escolares. Não seria mais fácil começar por atribuir prémios às Escolas com melhores indicadores de funcionamento e de resultados? Nada de rankings, claro!...
- A qualificação do ensino e das Escolas não se compadece com o endeusamento e a diabolização de docentes: são todos necessários, para um trabalho colectivo. Dividir ou discriminar professores profissionais, hoje, é remar contra o interesse do Ensino, da Escola, da Sociedade e do Futuro!...
Não gostaria de ver os professores a prémio. A maioria deles não o merece. A sociedade e os alunos precisam de docentes confiantes, alegres, estáveis, semeadores de esperança, fonte e exemplo de saber viver com dignidade, em obediência aos valores matriciais da nossa sociedade.
Professores Nacionais a prémio? Prémio Nacional de Professores? Não é por aí o caminho. Há outras vias, há outros passos a dar. Menos vistosos, menos mediáticos, talvez não dêem sequer para uma conferência de imprensa mas, nem por isso são menos importantes. Escolher bem é uma virtude. Temos que o fazer, com critério. Todos. Porque todos somos actores da peça que hoje estamos a encenar, para deleite ou desgraça futuros dos nossos filhos e dos nossos netos."
Ver Artigo Completo (O Primeiro de Janeiro)
Não encontrei razões consistentes para a criação dos Prémios. Qualquer dia temos os professores como protagonistas de cerimónias de atribuição de Óscares, trajados a rigor, em auditórios de casino, filmados pela TV, brindados por distintos apresentadores com tiradas eloquentes «Senhoras e Senhores, chegamos ao momento alto desta noite, ansiosamente aguardado por todos… Vamos a isso… Os professores nomeados para o Prémio Carreira são… o Ailim (palmas), o Bilim (palmas… então não há palmas?!...) e o Chilim (palmas, vá, palmas para o homem, ele merece-as!...)…». Os Prémios de Professores, tal como estão regulamentados, não incentivam, não mobilizam, não estimulam, não são Prémios. Podem iludir, podem enganar, podem encher de orgulho professores que os venham a receber mas, realmente, não passam de um entretenimento de gosto duvidoso e de efeitos perversos. Lindas histórias, criam grandes heróis e grandes mártires!... O professor profissional reflexivo não é o que dá nas vistas; é discreto, trabalha com os alunos, foge da confusão, não procura o Prémio ou os holofotes da Televisão!
Hoje, não tenho dúvidas. Esta ideia do Prémio Nacional de Professores é estapafúrdia. Não faz qualquer sentido. O trabalho dos professores tem cambiantes que, muitas vezes, só eles conhecem e só eles vivem!... Quando o Ministério ainda não acertou (muito menos consolidou) um modelo credível de avaliação dos docentes, como é que se afoita a criar um regulamento para atribuição do Prémio Nacional de Professores? Isto faz algum sentido?
Como professor, se porventura me fosse proposto receber um dos ditos Prémios, só tinha uma alternativa: recusá-lo. É simples:
- Os professores ainda não são artigo de feira;
- Os professores precisam de espaços que os acreditem e não de espaços que os exponham, os comparem e os humilhem;
- A profissão docente é demasiado nobre para que o seu exercício seja objecto de um qualquer concurso, com resultado dependente de múltiplos factores, alguns deles alheios à qualidade e ao desempenho profissionais dos professores;
- Os professores são parte fundamental das comunidades escolares. Não seria mais fácil começar por atribuir prémios às Escolas com melhores indicadores de funcionamento e de resultados? Nada de rankings, claro!...
- A qualificação do ensino e das Escolas não se compadece com o endeusamento e a diabolização de docentes: são todos necessários, para um trabalho colectivo. Dividir ou discriminar professores profissionais, hoje, é remar contra o interesse do Ensino, da Escola, da Sociedade e do Futuro!...
Não gostaria de ver os professores a prémio. A maioria deles não o merece. A sociedade e os alunos precisam de docentes confiantes, alegres, estáveis, semeadores de esperança, fonte e exemplo de saber viver com dignidade, em obediência aos valores matriciais da nossa sociedade.
Professores Nacionais a prémio? Prémio Nacional de Professores? Não é por aí o caminho. Há outras vias, há outros passos a dar. Menos vistosos, menos mediáticos, talvez não dêem sequer para uma conferência de imprensa mas, nem por isso são menos importantes. Escolher bem é uma virtude. Temos que o fazer, com critério. Todos. Porque todos somos actores da peça que hoje estamos a encenar, para deleite ou desgraça futuros dos nossos filhos e dos nossos netos."
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