quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Idiotices, axiomas e embrutecimento.


O despacho das vagas para o concurso extraordinário de vinculação de professores contratados está publicado. Com um número de vagas anedótico, o que faz com que este concurso seja uma idiotice.
Os professores contratados sabem muito bem o número de vagas que têm continuamente ocupado ao longo de vários anos. Como é possível terem acumulado tantos anos de serviço ao serviço da escola pública. Apenas com substituições de colegas do quadro? Claro que não. Seja qual for a fórmula de apuramento de vagas para este concurso, e mesmo a do concurso ordinário, obviamente que estas não conseguem espelhar a necessidade real de professores.

Mas o discurso dominante vai no sentido contrário - Professores a mais…?
- Fala-se muito no rácio professores/alunos, como um axioma indesmentível sem no entanto explicar muito bem esses números. É só analisar esses dados com alguma atenção e perceber que se a contabilidade se restringisse aos professores exclusivamente com funções letivas o número seria completamente diferente. É preciso ter algum cuidado na comparação entre sistemas de educação diferentes.
- Fala-se num investimento exagerado na educação sem que no entanto, e mesmo nos anos de maior furor pela escola pública se excedesse o investimento médio da União Europeia.
-Fala-se no decréscimo da taxa de natalidade, como se não tivéssemos das menores taxas de escolarização da Europa, e uma ainda grande necessidade de qualificar os cidadãos.

Com os cortes já implementados, temos a olhos vistos um empobrecimento, um embrutecimento e um “desembelezamento” da escola pública (vejam o ataque feroz às artes que o novo currículo trouxe que explicita muito bem qual o conceito de escola subjacente), uma escola assim não consegue responder aos desafios de uma Educação para este tempo.
Queremos uma escola pública de qualidade que corresponda às necessidades de escolarização do País, e para esta escola temos Professores a menos.

2 comentários:

  1. Parabéns. Se me permite, não é «filhota» - é filha, ou filhinha.
    Este artigo está corretíssimo.

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  2. Obrigado Ricardo pela continuação do excelente trabalho que partilhas com todos nós. Já agora gostava de referir que o sufixo -ota pode ser utilizado em qualquer nome, sendo que não existe qualquer regra gramatical para o uso do mesmo. Um abraço.

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