quarta-feira, 14 de março de 2012

Medição da representatividade


Comentário: A FENPROF considera ser relevante a medição da representatividade das organizações para que a democracia seja assegurada nas negociações com o MEC. Afirma também que não foi informada de que as negociações teriam de ser encerradas na noite de 5 de março. Estes são dois dos argumentos utilizados pela FENPROF para o pedido de negociação suplementar (se bem que no ofício enviado ao Ministério, a primeira questão não foi considerada).

O que dizer disto? Bem... Este é um dos problemas da nossa classe. Um problema que reside na miríade de sindicatos que tornam praticamente impossível uma frente única de "combate" aos cortes orçamentais na educação (travestidos de reformas ou diplomas concursais). Bem sei que também já ocorreram alguns momentos de união entre estes sindicatos, mas na generalidade estamos a falar de "pequenos canteiros" que exigem o seu quinhão de "adubo" e de forma invariável, os mesmos "jardineiros".

Soluções para este problema?

Muitos poderão pensar que será possível mudar, por dentro e a curto prazo, a forma de pensar e atuar dos sindicatos, através da constituição de listas e da renovação das direções sindicais. Eu próprio, até há uns meses atrás, era um defensor convicto deste tipo de ação, mas após algumas discussões com alguém que muito prezo, concluo agora que existem forças dentro dos sindicatos que ultrapassam (e muito) a da convicção e da vontade de mudar para melhor. Poderá ser possível essa mudança, mas por enquanto (e no que à FENPROF diz respeito) será uma tarefa titânica a que poucos estarão dispostos.

Assim (e poderá parecer utópico o que a seguir vou escrever), resta aos professores que realmente estão descontentes com o seu sindicato, a tomada de um primeiro passo de desagrado por quem os representa: a desvinculação! Se o sindicato é pequeno, rapidamente se esvaziará. Se é grande, perderá representatividade. Por favor não argumentem com a dificuldade da desvinculação, pois é um processo extremamente fácil... Só mesmo a preguiça poderá evitar que o procedimento seja célere.

Posto isto, estando ciente da importância dos sindicatos e querendo continuar sindicalizado, há que procurar um sindicato que realmente nos defenda. Existem outros sindicatos, alguns dos quais têm resistido ao ímpeto do medo, da chantagem, do manter a "cadeira quente" e da assinatura fácil... Se não os encontrarem, e não me cabe a mim enumerá-los, existem sempre alternativas de organização. O problema é que ninguém sabe muito bem (ou sequer tem disponibilidade) para investir a sério numa alternativa.

Pensem nisso... E sim, sei que sou um "treinador de bancada", como tal, por favor não utilizem esse argumento nos comentários ou nos hate mails que entretanto vou recebendo.

8 comentários:

  1. Para os contratados,desvincular da fne e dos restantes parasitas virtuais que assinaram aquele acordo, digo, aborto, é uma questão de dignidade.

    É preciso saber, exactamente, quantos filiados tem cada sindicato. Sei bem como os partidos se empenham na constituição dessas agremiações fantasma com as quais negoceiam.

    Tudo, por imperativos de higiene democrática

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  2. Ricardo,
    gosto da forma como coloca o problema.
    não concordo, mas de facto compreendo o dilema.
    a FENPROF, tal como qualquer organização conhece tendências, tem grupos que procuram impor a sua visão de sindicalismo. haver consenso total é impossível e nem sei se seria assim tão positivo. é o que torna a organização dinâmica. implica que seja feito trabalho se se quer provar que a sua perspetiva é mais correta. isto dito, a tendência da FENPROF é sempre em defender os professores que representa. penso que será consensual. neste momento o seu secretário-geral continua com garra, com força, coerente, acutilante. a sua força decorrerá de motivos políticos? o sindicalismo é política. decorre de uma perceção da sociedade. relativamente à perpectiva sindicalista, que é a única que interessa aqui, a perceção que ele tem é a de uma sociedade em que o professor é reconhecido, respeitado nos seus direitos laborais, nas suas condições de trabalho. é a da defesa da escola pública de qualidade. será que tenho a objetar? não, revejo-me nessa luta. indpendentemente da cor da camisola partidária que (não) uso.

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  3. Boa noite Ricardo

    Eu sou um professor contratado e não sou vinculado a nenhum sindicato e a pergunta que faço, é como podemos mudar esta situação em que nos encontramos? os sindicatos nada fazem e apenas defendem os seus interesses corporativistas (salvo raras excepções), as greves de nada adiantam, qual e solução filiar-mo-nos num desses sindicatos que que realmente nos defendem, que fazer para mudar isto tudo?

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  4. Greve às avaliações do 3º período, seria a única forma de os contratados afirmarem a sua dignidade.

    Calar é aceitar a negociata abjecta com a fne e a associação dos privados.

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  5. Olá Ricardo, sou professora contratada Há 18 anos, sindicalizada, e, no momento, vou partir para a desvinculação. Sinto uma revolta enorme com tudo o que se passa na educação e afins, sinto-me "sem chão". O que tem acontecido fez despoletar em mim um sentimento de muito desencanto, tristeza e revolta, já não tenho palavras para descrever. Não vejo, no entanto, nenhum sindicato á altura que represente a classe docente. A conhecer, Ricardo, sugira-mo, ou outra qualquer organização.Para agudizar mais este meu sentir a letargia da grande maioria dos colegas. temos de atuar em grupo, de forma concertada e eficaz, provocando "estragos", mas não sei como...

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  6. tt disse...

    "Greve às avaliações do 3º período, seria a única forma de os contratados afirmarem a sua dignidade."

    "Calar é aceitar a negociata abjecta com a fne e a associação dos privados."

    se o fizesse, provavelmente seria despedido, pois encontro-me numa escola privada..talvez a nível estatal desse resultado..

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  7. Para quando uma Ordem ?

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  8. Não consegui ver onde é que a fenprof "exige medição da representatividade"? Até posso concordar com ela, desde que o caderno eleitoral seja composto apenas por professores/educadores sindicalizados :-)

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