sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Para reflectirmos...

Sem alvo óbvio, docentes tardam em transformar o desânimo em revolta.

Comentário: O alvo é óbvio... Creio que a falta de motivação, a desmobilização de uma fatia relevante da nossa classe profissional, a falta de informação das medidas do PEC na educação, mas principalmente o sentimento de desconfiança para com os sindicatos, serão os motivos do desânimo, e para mim, os alvos óbvios que devem ser trabalhados para que possamos voltar a organizar uma contestação eficaz (ou pelo menos começarmos a construir esperança de que algo pode realmente ser feito).

Será necessário que o panorama se transforme em algo ainda mais "negro"? Ou nem assim? Será que ainda não fizeram as contas para concluírem sobre aquilo que vão perder? Sobre aquilo que ainda nos pode ser retirado?

Já o disse várias vezes, e volto a afirmar o mesmo: É essencial que ocorra uma reaproximação entre sindicatos e professores. E até aqui, tenho constatado algum esforço por parte dos sindicatos, mas creio que ainda não foi o suficiente para os professores acordarem da letargia pós-acordo de Janeiro de 2010. Também sei que os sindicatos não têm a tarefa facilitada, pois contam com uma desconfiança adquirida e difícil de desvanecer, no entanto, terão mesmo de correr atrás do "prejuízo".

Para além disso (e agora vem a parte que mais nos diz respeito), se nós, "meros professores", não começarmos a diminuir o grau de intransigência relativamente aos sindicatos iremos definitivamente mergulhar num buraco sem fim, pois por mais que não queiramos, por mais que não acreditemos, por mais que achemos que fazem um mau trabalho, ainda não temos alternativas viáveis aos sindicatos. Quando as descobrirem poderemos dar-nos ao luxo de virar as costas... Para já teremos (ou melhor, deveríamos) mesmo de voltar a abraçar as iniciativas sindicais.

E não encarem este meu post como um "cachimbo da paz" com os sindicatos, até porque tal como sempre fiz, irei continuar a criticar quando achar que o devo fazer e a elogiar quando achar que os sindicatos merecem... Considerem as minhas palavras como um início de uma reflexão que todos nós deveremos fazer.

5 comentários:

  1. É preciso que os sindicatos reconstruam a aproximação aos professores; é preciso que os professores se sintam de facto representados; é preciso repensar estratégias de luta eficazes, consequentes e mobilizadoras.

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  2. Para C. Pires: É exactamente isso. Conseguiste sintetizar bastante bem.

    Abraço.

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  3. Ricardo,
    Cada vez que vou ao meu sindicato, só ouço falar nos QE e nos QA, que ficaram colocados muito longe da sua residência. E acredito que sim, que se sintam injustiçados e que os sindicatos reivindiquem, concordo... Ouço também falar nos contratados e no aumentar da precariedade, concordo também que sim, que sejam objecto de luta a melhoria das condições de trabalho e a entrada para os quadros. No entanto, eu que sou QZP e que estou colocada onde não tenho horário, num qzp longínquo, que tenho filhos, e que estou sem qualquer estabilidade numa escola de outro QZP, longe, mas um pouco mais perto de casa, correndo o risco de ter que me afastar por não ter horário, não sinto qualquer apoio. Sinto-me sem direitos e quase obrigada a agradecer o ter esta escola, que foi uma benece e que estou a ocupar o lugar de outro. Sinto falta de respeito por tudo o que já dei pelo ensino, o sofrimento que já me causou a ausência de casa, os Km feitos, as viagens pelo meio da serra durante a noite, etc,etc, etc.Depois de tudo isto ainda vou ter um relator que não deu um terço de si à sua profissão com a ousadia de me avaliar. Um abraço

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  4. Ricardo
    Não é obvio para quem está cego. E muitos professores estão cegos.
    Não são os professores quem está a ser atacado. São os portugueses, em geral, e os funcionários públicoa, em particular.

    Estão a pensar não lutar como forma de protesto contra os sindicatos?
    Não serão os sindicatos quem sairá a perder. Serão os próprios.
    Não venham depois, HIPOCRITAMENTE, dizer que os sindicatos não fizeram nada. Por pouco que fizerem, será sempre muito mais do que não fazer nada!

    Carla
    Não percebe que a única forma de resolver o seu problema é resolver o problema dos outros?
    Que quando se fala nos problemas dos QA e QE também se fala dos problemas dos QZP?

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  5. O que será necessário para criar uma "Ordem dos professores" ? É uma pergunta honesta. Acho que uma ordem era capaz de ser mais fidedigna...eu, como muitos colegas, nao tenho fé nos sindicatos, embora os apoiasse sempre...no entanto, quando peço uma informaçao e me perguntam o numero de sócio...fico um pouco triste, pois ainda mal completei um ano de serviço e, de facto nao sou associada.... enfim, resposta nao dada. Posto isto...nao acredito muito neles.

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