quinta-feira, 8 de abril de 2010

Integração dos colegas contratados nos quadros?

No Público a 07/04/2010: "A integração dos professores contratados nos quadros das escolas regressa amanhã ao Parlamento com a discussão de uma petição e de dois projectos de lei do PCP e do Bloco de Esquerda.

O diploma dos comunistas prevê que os horários completos dos últimos três anos preenchidos por docentes contratados dêem lugar à abertura de lugares de quadro, sujeitos a concurso. “É uma solução que incide sobre a tarefa em si e não especificamente sobre a pessoa”, defende o deputado do PCP Miguel Tiago, acrescentando que o diploma prevê também a integração dos contratados com três ou mais anos de serviço.

Já o projecto de lei do Bloco de Esquerda determina a integração dos professores e educadores com profissionalização que estejam em exercício efectivo de funções em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo há mais de dez anos. “Estes professores chegam às escolas, começam a conhecer a comunidade educativa, a trabalhar com os restantes docentes, a envolverem-se em projectos e nunca sabem o que lhes vai acontecer no final do ano”, sublinha a deputada Ana Drago.(...)"

Ver Artigo Completo (Público)

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Comentário: Até poderia colocar aqui que estava com imensas esperanças que um destes dois projectos fosse aprovado e que seria uma mera reposição de justiça para tantos colegas de profissão contratados por esse país fora que nunca mais conseguem estabilizar a sua vida. Ficava bem... Parecia bem... Mas a minha consciência não me permite fazê-lo, pois estaria a mentir em toda a linha.

Primeiro: É virtualmente impossível o Parlamento aprovar uma medida desta tipologia (despesista). Andamos numa fase de cortes e aprovar uma inciativa destas seria o exacto contrário. Não me parece que o Governo o vá permitir e sejamos realistas, porquê 3 anos para ser integrado? E porquê 10 anos? Porque não 2, 4 ou 6? Enfim... Se me explicarem o porquê, talvez consiga compreender, assim cheira-me a algo "estranho".

Segundo: Alguns colegas contratados nunca se deram ao trabalho de arriscar sequer concorrer para "fora" das suas cidades ou vilas... Família, dizem uns. Correcto, até compreendo. Problemas de saúde, dizem outros. Certo, também concordo. E quando não existe família nem problemas de outro tipo, e o único argumento é o comodismo. Não... Aqui já não concordo nem posso ficar feliz que este tipo de colegas seja integrado no quadro de forma igual àqueles que andam de um lado para o outro neste país. Teria de ser feita uma diferenciação, mas quem sou eu para colocar este tipo de situações na mesa.

O que realmente deveríamos pretender e exigir era a abertura de "todas" as vagas (as possíveis, como é óbvio... Não vá alguém de mente "tacanha" tentar dar-me lições de cálculo de vagas reais) a concurso de integração em quadro, e não apenas umas poucas centenas. Durante estes últimos anos de profissão tenho visto autênticas aberrações (como por exemplo, 2 colegas de quadro e 4 colegas contratados, dentro do mesmo grupo e na mesma escola, durante anos). Isto sim, deveria ser resolvido.

Adiante... Os movimentos de professores (como a APEDE e o MUP) apelaram à mobilização dos colegas contratados e desempregados para as galerias da Assembleia da República, hoje (8 de Abril) por volta das 15 horas. Mesmo discordando e não sendo professor contratado, certamente que se estivesse em Lisboa estaria na Assembleia da República. Por vários motivos, muitos dos quais não passam obrigatoriamente pela concordância com muitos dos aspectos dos projectos a votar. Digamos que seria uma curiosidade de "função pública"... Praia ou parlamento?
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18 comentários:

  1. Será necessário olhar para este assunto do ponto de vista dos direitos fundamentais dos docentes contratados. Este parece ser um ponto consensual,o principio de que todos os contratados após determinado nº de contratos deverão integrar os quadros.
    Se o nº de anos de contrato poderá ser uma questão dúbia e difícil de resolver, sempre será mais justo 10 anos do que a lei não ser aprovada. Dado que os contratados que têm menos anos de serviço poderão ter uma meta bastante clara quanto ao seu futuro profissional. Portanto a lei deverá ter continuidade…
    Quanto à questão da ultrapassagem dos colegas dos quadros estas poderão ser salvaguardadas com legislação adequada. Por exemplo integração destes docentes em quadros de zona temporários. Abrir uma prioridade nos concursos que não permita a ultrapassagem destes docentes aos docentes dos quadros etc.…
    Não podemos pensar que os docentes contratados poderão ultrapassar os do quadro em próximos concursos dado que alguns têm muitos anos de serviço e tomar este facto como mais significativo do que a injustiça da não integração destes nos quadros.
    Embora sabemos que devido a razões economicistas esta lei não será aprovada, então pela mesma ordem de ideias poderemos perceber que as vagas no próximo concurso continuarão a ser exíguas.

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  2. Tal como disse o Ricardo, eu também não vejo perspectivas nem possibilidades de abrirem vagas para os quadros. Em anos de CRISE e da aprovação do PEC com medidas de cortes e reduções, seria um milagre abrirem as reais vagas para os quadros e mesmo uma contradição. Mas oxala que esteja fortemente enganada.

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  3. Em anos de crise...e blá, blá, blá...mas tratando-se de progressões e indices mais altos, ie, de efectivos, já todos acham normal...por isso é que a classe está como está

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  4. Tenho muita pena, mas tenho de concordar com o anónimo anterior.

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  5. Tb concordo com o anónimo anterior... cada um pensa em si, ainda que se seja pouco racional e justo na hora dos comentários. Não me parece que os contratados (e não me incluo neles) que só concorram para a sua área mereçam alguma espécie de censura... arriscam da sua própria maneira e se conseguem colocação, não me parece que fiquem a dever o que quer que seja a quem quer que seja. Apenas arriscam de forma a que outros não o fazem. E depois? Na hora de concorrer cada um concorre como entende, ninguém tem uma arma apontada à cabeça para "ter de" concorrer seja de que forma for. Se outros o fazem ou não, é porque assim não o desejam fazer. Se isso incomoda alguém, então por favor, concorram da mesma forma.

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  6. Para Rocha: Concordo na quase totalidade com o teu comentário, principalmente com a integração nos quadros de colegas que são sistemáticamente contratados (em concreto, aqueles que são contratados para horários completos).

    Obviamente que é justo que os colegas contratados anualmente com horário completo (mesmo que de forma intercalada, ou seja, uma espécie de somatório de carreira) sejam integrados na carreira. Quanto ao número de anos de contrato, por si só, já não me diz tanto.

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  7. Para Elisabeth: Também não acredito que tal ocorra, mas a esperança é a última a desaparecer.

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  8. Sim a esperança é a ultima a morrer mas nós contratados já estamos cansados de ver a esperança fugir. A ver vamos...

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  9. Para Rodrigues: Vou explicar-me um pouco melhor, para não restarem dúvidas. A censura vai para aqueles que não arriscam horários completos para fora da sua área (e que se encontram na tipologia que referi no post) e depois de queixam de não conseguir efectivar.

    Vamos a duas situações para que compreendas melhor o que eu quero "dizer":

    (a) 10 anos de contrato, com horários incompletos, perto de casa por mero comodismo.

    (b) 10 anos de contrato, com horários completos, por esse país fora sacrificando a vida familiar.

    Será justo ambos serem integrados de igual forma num quadro? Para mim, não! Se me questionas: Então não deve entrar nenhum? Eu respondo-te que não, se forem necessários que entrem ambos, no entanto, considero que essa entrada é mais justa para a situação b).

    Espero ter sido claro, para não me acusarem de ser "egoísta".

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  10. Foste claríssimo, Ricardo... e primeiro, não me lembro de te ter chamado egoísta, nem todos podem sempre concordar com tudo o que dizes, é apenas isso e mais do que natural para quem gere um blogue desta natureza. Segundo, volto a frisar, cada um gere a sua vida e as suas opções no concurso da forma que entende, sem que deva ser censurado ou rotulado por isso. São horários que estão a concurso, trabalho que tem de ser feito e opções que quem as toma, sabe por que as toma.

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  11. Ricardo também é preciso pensar que as situações que enumeras também existiram nos professores dos quadros. Isto é, alguns sempre estiveram perto de casa e outros tiveram colocações pelo país fora. Esta situação sempre existirá e classificá-la de justa ou injusta parece-me complicado. São opções que temos de respeitar.

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  12. E eu também não disse que me chamaste egoísta. Se o tivesses feito (ou melhor, escrito) terias a mesma resposta mas com um "recheio" diferente.

    Quanto ao que escreveste: Estou totalmente de acordo. Apenas censuro ou rotulo (e aí, dou a "mão à palmatória") quem se queixa de boca cheia ou se queixa podendo ter a boca cheia.

    Obrigado pelos teus comentários... Foram excelentes para recomeçar o "trabalho" aqui no blogue.

    Abraço.

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  13. Vá, por favor, tenham calma. Eu também sou comodista, mas até à data de hoje nada teria sido diferente se não o fosse. Não me queixo de boca cheia nem de boca vazia, gostava era mesmo que fôssemos unidos para o bem e para o mal, pois a médio e longo prazo vamos todos ser afectados com as alterações que já foram feitas e com as piores que ainda vêm por aí...Os professores são literalmente o "saco de boxe" do governo.
    Mas por favor não se "ataquem" uns aos outros, fico triste por até num blogue tão útil iiso aconteça.
    E Ricardo, por favor continua a "postar", é sempre importante ler as tuas notícias e leituras e opiniões.

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  14. Para Eu: Estamos calmos. Apenas numa saudável (pelo menos, para mim) discussão em torno de algo que é importante e que importa dirimir.

    Quanto à união: Ainda acredito nela, mas terá de ser uma união esclarecida e voluntária. Não podemos dar-nos ao luxo de termos nas nossas fileiras pessoas enganadas ou desinformadas. Para isso, temos outras "estruturas". ;)

    Agradeço a atenção que colocas naquilo que escrevo, e acho que compreendeste bem que o ânimo para continuar com este blogue esteve em níveis bastante reduzidos. Mas parece-me que isso já passou.

    Abraço.

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  15. Pois é colegas, eu sou contratada há já 15 anos, era muito bom que este sonho se tornasse realidade.É hora de nos unirmos e de termos esperança.

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  16. Ufa Ricardo, ainda bem...Tento visitar todos os dias o teu blogue e há fases em que por não ser pertinente ou por andar tão desanimada com o que se passa na nossa profissão não coloco comentários, mas venho sempre cá "navegar".
    E tal como te disse sou comodista, mas para mim isso é um mal menor, e são opiniões e tu mais que ninguém tens direito de as dar no TEU blogue, por isso, por favor continua.
    Obrigada por todo o trabalho que tens feito, pois apesar de tudo também quero estar sempre informada e gosto de vir aqui "confrontar" a minha leitura das leis com a tua.
    Mil vezes obrigada...

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  17. Boa Noite!

    Há muito que acompanho este blog, mas só agora decidi intervir, talvez porque este tema me "tocou". Acabei a minha licenciatura em Matemática em 2005 e em Janeiro de 2007, depois de enviar documentação para umas 60 escolas de todo o país, fui colocada pela 1ª vez em oferta de escola no Algarve, por 3 meses. Depois seguiu-se Santarém até ao final do ano lectivo. No ano seguinte, Chaves e Península de Setúbal. O ano passado, arredores de Viseu. Sou natural do Porto e como podem constatar, não sou comodista. Sabia, quando acabei o curso, que se queria ganhar tempo de serviço e lutar pela minha estabilidade, teria de arriscar por esse país fora. E assim fiz.
    Estes últimos quatro anos tenho estado longe da família, longe do namorado e impedida de praticar regularmente o desporto que amo e do qual sou federada desde os 9 anos de idade. Desde então faço os sacríficios físicos, emocionais e financeiros para conciliar tudo. Actualmente estou de novo na península de Setúbal, todos os fins-de-semana meto-me no comboio para chegar em cima da hora do treino, ir a correr treinar (muitas vezes exausta) e depois tenho de gerir o tempo que me resta entre a família, o namorado, os jogos e a preparação das aulas da próxima semana. Sei que são opções, isto não é uma queixa, mas um desabafo. Amo a minha profissão, e acho que não conseguia ser feliz a fazer outra coisa. Nada me deixa mais feliz do que sentir que estou a contribuir não só para a aprendizagem dos nossos alunos mas também para a sua formação enquanto seres humanos. Gosto do contacto com os alunos e que eles me vejam como uma professora exigente e rigorosa mas também como alguém que está sempre disposta a ajudá-los. Mas realmente não deveria ser suposto termos de nos sacrificar tanto. Confesso que já tive mais forças para enfrentar tudo. Este ano, pela primeira vez, tinha alguma esperança de conseguir ficar mais perto de casa, a tendência recente até tinha melhorado, Viseu era o mais perto que já tinha ficado. Concorri só para anuais, horário 1 e 2, numa extensão ainda grande, pensava eu. Não me queria sujeitar a andar de temporário em temporário. Setembro, Outubro, Novembro... Nada! Vi pessoas muito atrás de mim a ficarem colocadas. Horários para Lisboa e Sul para os quais não concorri. Vi pessoas mais de 1000 lugares atrás de mim a ficarem colocadas em TEIP para as quais concorri também. A paciência foi-se esgotando, já não conseguia lidar com ninguém, acabava por ser bruta com toda a gente que me rodeia, talvez pela frustração de ver o tempo a passar e não ficar colocada e ao mesmo tempo a condenar-me por não ter concorrido de forma diferente. Depois acabei por conseguir ser colocada em oferta de escola, mas bem fora das minhas expectativas e bem mais longe do que esperava. Hoje não sei o que vale a pena. Se arriscar, se jogar pelo seguro. Vem aí o concurso e não sei o que fazer. Talvez concorra a temporários perto de casa, por segurança. Mas já me sinto sem forças para continuar a fazer e a desfazer malas e a sentir-me sozinha e não só... Na última semana de aulas, talvez juntamente com a exaustão em que já estava, apanhei uma virose, uma gastro. Pela primeira vez na vida tive de faltar a uma aula, à ultima aula do dia, porque não aguentei mesmo. Acho que nunca me tinha sentido tão mal e não tinha quem me ajudasse, estava completamente sozinha... Minto, tive colegas da escola que se prontificaram e deixaram os contactos para o caso de precisar. Mas todos sabemos que não é a mesma coisa...
    Por isso, hoje questiono muita coisa e sinto-me triste por estar a desanimar e a ficar desmotivada. Não sei mesmo o que fazer e nem consigo pensar de forma positiva. Acho que nem mereço ter esperanças de ficar mais perto de casa quando vejo tanta gente que anda nesta vida há tanto tempo, há muito mais tempo que eu e ainda não o conseguiu.
    Desculpem este desabafo longo e "fora de horas".

    Desejo a todos a melhor sorte e agradeço ao Ricardo pelo blog que muito me ajuda a estar actualizada.

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  18. Colega Sandra, revejo-me nas suas palavras. Só quem passa por elas é que sabe. Entendo e sinto perfeitamente o que diz. Os anos vão passando e saber que ano após anos o cenário piora, torna-nos cada vez mais vulneráveis e sem forças para continuar como "ciganos" e "pedintes" fora de casa, da estrutura familiar, e de tudo o que nos poderia trazer um bem estar e equilibrio em prol de tempo de serviço, que afinal de contas nos rouba é parte da vida e felicidade.
    Desejos de muita sorte para este proximo concurso.

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