No Diário de Notícias a 27/04/2010: "Desde o 25 de Abril que o Ministério da Educação é dominado por ministros homens. Com Maria de Lurdes Rodrigues iniciou-se um ciclo feminino de pólos opostos na actuação, pois Isabel Alçada parece interessada em diminuir tensões entre os vários parceiros do sector. Após um primeiro acordo e uma primeira crise, a ministra comenta a situação.
(...)
Porque é que os sindicatos se sentiram surpreendidos com a manutenção do modelo de avaliação?
A isso não posso responder-lhe porque, na verdade, nunca dissemos que a avaliação não ia contar. Até porque tivemos mais de cem mil professores que entregaram a avaliação; nas escolas houve um trabalho consistente e houve muito investimento por parte das pessoas.
Mas os sindicatos pareceram surpreendidos?
Pois, a isso eu não sei responder.
Foi uma rasteira do ministério?...
Nem por sombras!
Deixe-me acabar a pergunta…
Nunca na minha vida preguei rasteiras a ninguém, nem nunca o farei.
Então foi uma falta de atenção por parte dos sindicatos?
Não sei! É verdade que sempre falaram na possibilidade de isso acontecer. Nós, nas reuniões com os sindicatos, vimos as propostas e depois negociámos alguns pontos. Ouvimos, registámos que era essa a posição mas nunca dissemos que isso ia acontecer.
E agora, usando a palavra deles, partem para a guerra. Está criado um cenário de contestação e de crise?
É preciso entender que este concurso tem uma dimensão restrita. O que acontece é que achámos que não era legítimo não cumprir a lei.
Que os sindicatos achavam que estava suspensa.
Fomos muito claros quanto a isso: a lei não estava suspensa. O que agora solicitaram foi que alterássemos a lei, mas dissemos sempre que não íamos fazer alterações retrospectivas, apenas uma alteração prospectiva para não desrespeitar o investimento e o trabalho de muitos professores que foram avaliados com Muito Bom e Excelente. Senão, os que não se submeteram à avaliação seriam beneficiados pela infracção.
(...)
A Fenprof avançou com as providências cautelares. Vão ter efeito?
Não me parece que a linguagem de ameaça, de conflito, de guerra resolva! É a posição deles, nós vamos continuar a trabalhar com serenidade e ver os efeitos do nosso trabalho, e vejamos os efeitos da posição dos sindicatos.
Que recorreram ao Parlamento para tentar impedir a avaliação por decreto.
Vi isso na imprensa e até já pedi à minha chefe de gabinete para ligar para a Assembleia para agendarmos a nossa ida.
(...)
Já esteve na mesma mesa com o Mário Nogueira?
Sim, com certeza.
Acha que ele acredita na sua perspectiva de diálogo?
Espero que sim, mas eu não gosto de atribuir intenções aos outros. Fazer juízos de intenção é um erro não só na política como na vida. Aceito aquilo que me dizem como o que as pessoas querem fazer e estão a pensar, sempre fui assim e continuarei. Eu própria faço isso! Se a pessoa tem alguma intenção escondida que não me está a dizer, o tempo o dirá. Mas eu nunca tenho.
(...)
O próximo 1.º de Maio vai ser um teste ao Ministério da Educação?
Não, nunca vejo as coisas como testes, porque observo o processo com alguma distância. Quanto à manifestação das pessoas, tomo-a em consideração sem dúvida. Mas não são testes, não é braço-de-ferro.
Nos últimos anos o ministério tem fechado os olhos às manifestações de rua. Também o vai fazer?
Não estou a antecipar uma situação destas. Temos um acordo com os sindicatos e propostas que sinto que as escolas e as famílias estão a aceitar.
Os sindicatos dizem que esta questão da avaliação é por ordem do primeiro-ministro. É verdade?
Não, apesar de haver uma sintonia muito grande no Governo. Mas as coisas são analisadas e em relação a este ponto posso dizer que é da minha total convicção o que estou a propor. Eu trabalho sempre assim. E nesta actividade é uma responsabilidade tão grande que uma pessoa tem diariamente de ou está muito convicta ou então é preferível não estar à frente de um ministério. É um trabalho de uma natureza exigentíssima e não pode haver inconsistência.
(...)
Entre as várias mudanças que propõe está mudar as disciplinas de História e Geografia de anuais para semestrais. Tendo em conta que foi professora de História e de Geografia, não lhe custa fazer isso?
Não me custa nada! A ideia que temos, sobretudo no terceiro ciclo, é que há muitas disciplinas. Se perguntar a um aluno quantas disciplinas tem, ele não consegue responder. Se perguntar a um pai, também não o consegue e, às vezes, os próprios professores não sabem bem quantas são. É uma proposta que está sobre a mesa mas que nem sequer foi regulamentada. Temos 22 escolas que têm contrato de autonomia, algumas já fizeram esse trabalho e consideram que foi muito benéfico porque os jovens concentram a sua aprendizagem. Muitas vezes estamos agarrados a soluções julgando que são as únicas soluções, mas há sempre vários caminhos para tudo.(...)"
Ver Artigo Completo (Diário de Notícias)
(...)
Porque é que os sindicatos se sentiram surpreendidos com a manutenção do modelo de avaliação?
A isso não posso responder-lhe porque, na verdade, nunca dissemos que a avaliação não ia contar. Até porque tivemos mais de cem mil professores que entregaram a avaliação; nas escolas houve um trabalho consistente e houve muito investimento por parte das pessoas.
Mas os sindicatos pareceram surpreendidos?
Pois, a isso eu não sei responder.
Foi uma rasteira do ministério?...
Nem por sombras!
Deixe-me acabar a pergunta…
Nunca na minha vida preguei rasteiras a ninguém, nem nunca o farei.
Então foi uma falta de atenção por parte dos sindicatos?
Não sei! É verdade que sempre falaram na possibilidade de isso acontecer. Nós, nas reuniões com os sindicatos, vimos as propostas e depois negociámos alguns pontos. Ouvimos, registámos que era essa a posição mas nunca dissemos que isso ia acontecer.
E agora, usando a palavra deles, partem para a guerra. Está criado um cenário de contestação e de crise?
É preciso entender que este concurso tem uma dimensão restrita. O que acontece é que achámos que não era legítimo não cumprir a lei.
Que os sindicatos achavam que estava suspensa.
Fomos muito claros quanto a isso: a lei não estava suspensa. O que agora solicitaram foi que alterássemos a lei, mas dissemos sempre que não íamos fazer alterações retrospectivas, apenas uma alteração prospectiva para não desrespeitar o investimento e o trabalho de muitos professores que foram avaliados com Muito Bom e Excelente. Senão, os que não se submeteram à avaliação seriam beneficiados pela infracção.
(...)
A Fenprof avançou com as providências cautelares. Vão ter efeito?
Não me parece que a linguagem de ameaça, de conflito, de guerra resolva! É a posição deles, nós vamos continuar a trabalhar com serenidade e ver os efeitos do nosso trabalho, e vejamos os efeitos da posição dos sindicatos.
Que recorreram ao Parlamento para tentar impedir a avaliação por decreto.
Vi isso na imprensa e até já pedi à minha chefe de gabinete para ligar para a Assembleia para agendarmos a nossa ida.
(...)
Já esteve na mesma mesa com o Mário Nogueira?
Sim, com certeza.
Acha que ele acredita na sua perspectiva de diálogo?
Espero que sim, mas eu não gosto de atribuir intenções aos outros. Fazer juízos de intenção é um erro não só na política como na vida. Aceito aquilo que me dizem como o que as pessoas querem fazer e estão a pensar, sempre fui assim e continuarei. Eu própria faço isso! Se a pessoa tem alguma intenção escondida que não me está a dizer, o tempo o dirá. Mas eu nunca tenho.
(...)
O próximo 1.º de Maio vai ser um teste ao Ministério da Educação?
Não, nunca vejo as coisas como testes, porque observo o processo com alguma distância. Quanto à manifestação das pessoas, tomo-a em consideração sem dúvida. Mas não são testes, não é braço-de-ferro.
Nos últimos anos o ministério tem fechado os olhos às manifestações de rua. Também o vai fazer?
Não estou a antecipar uma situação destas. Temos um acordo com os sindicatos e propostas que sinto que as escolas e as famílias estão a aceitar.
Os sindicatos dizem que esta questão da avaliação é por ordem do primeiro-ministro. É verdade?
Não, apesar de haver uma sintonia muito grande no Governo. Mas as coisas são analisadas e em relação a este ponto posso dizer que é da minha total convicção o que estou a propor. Eu trabalho sempre assim. E nesta actividade é uma responsabilidade tão grande que uma pessoa tem diariamente de ou está muito convicta ou então é preferível não estar à frente de um ministério. É um trabalho de uma natureza exigentíssima e não pode haver inconsistência.
(...)
Entre as várias mudanças que propõe está mudar as disciplinas de História e Geografia de anuais para semestrais. Tendo em conta que foi professora de História e de Geografia, não lhe custa fazer isso?
Não me custa nada! A ideia que temos, sobretudo no terceiro ciclo, é que há muitas disciplinas. Se perguntar a um aluno quantas disciplinas tem, ele não consegue responder. Se perguntar a um pai, também não o consegue e, às vezes, os próprios professores não sabem bem quantas são. É uma proposta que está sobre a mesa mas que nem sequer foi regulamentada. Temos 22 escolas que têm contrato de autonomia, algumas já fizeram esse trabalho e consideram que foi muito benéfico porque os jovens concentram a sua aprendizagem. Muitas vezes estamos agarrados a soluções julgando que são as únicas soluções, mas há sempre vários caminhos para tudo.(...)"
Ver Artigo Completo (Diário de Notícias)
Comentário: Aconselho a leitura integral da entrevista... O registo é bastante diferente de Maria de Lurdes Reis Rodrigues, no entanto, não será necessariamente melhor. Apenas diferente, eventualmente mais doce e de mais fácil leitura.
------------------------
Acho que já não me apetece fazer nenhum comentário sobre estas coisas :o(
ResponderEliminar“A propósito do novo e brilhante Estatuto do Aluno”
ResponderEliminarE quando os meus alunos me questionarem sobre as faltas, eu respondo no estilo do "Professor Marcelo".
-Professor. Poderia faltar só porque me apetece?
-Pode!
-E o que é que me aconteceria, em termos de retenção?
-Nada!
-Mas estava a ir contra os princípios do Estatuto do Aluno?
-Estava!
-E como é que o Estatuto me punia?
-De maneira nenhuma!
-Isto não é um bocadinho incoerente?
-Chiuuu! Faltar porque lhe apetece é contra o Estatuto, mas pode-se fazer! Mas é contra! Mas pode-se fazer, só que é contra! O que é que acontece a quem o faz? Nada! Mas é contra! Mas pode-se fazer, só que é contra!
-Portanto posso faltar?
-Pode!
-Mas é contra?
-É!
-E o que é que me acontece?
-Nada!
-Ah!
Um abraço.
é com falinhas leves da senhora ministra que ela conseguiu passar a perna aos sindicatos...
ResponderEliminar