quarta-feira, 10 de março de 2010

Mais um caso de violência contra professores...

No Diário de Notícias a 10/03/2010: "Um rapaz de 12 anos agrediu violentamente um professor, na sala de aula e em frente aos colegas, atirando-lhe com uma mochila na cara e batendo-lhe com uma cadeira nas pernas. O caso aconteceu segunda-feira numa turma do 6.º ano da Escola D. Pedro II, na Moita. O professor sentiu-se mal, correu para a casa de banho a vomitar e teve de ser assistido no Hospital do Barreiro. A escola já abriu um processo disciplinar ao aluno, que ontem foi à escola. O professor também surgiu na escola de muletas, mas não deu aulas.

Para os colegas, F. J. "é um bom aluno" e nunca tinha dado mostras de ser violento, pelo menos ao ponto de espancar um professor. Mas, quando o docente de Português entregou os testes, o rapaz discordou da avaliação. Contestou, não ficou satisfeito com as explicações e agrediu o professor.

Ninguém conseguiu reagir. Mesmo os mais velhos - a turma tem vários estudantes de 14 anos - ficaram "colados à cadeira", como descreveram ontem os colegas de turma. "Se fôssemos fazer alguma coisa, se calhar, ainda era pior. Ele estava transformado", explicou uma jovem, ainda estupefacta com a violência da agressão, admitindo que o professor "ficou sem reacção e só se tentou afastar para não levar mais".(...)"

Ver Artigo Completo (Diário de Notícias)

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Comentário: Antes de maiores comentários, uma nota pessoal: não sou muito dado a violência física, seja em que situação for, no entanto, e perante uma situação deste tipo tenho de admitir que só mesmo apanhado de surpresa ou incapacitado físicamente pelo agressor é que não iria reagir. E vou frisar isto, para que fique claro: Reagir! Que não me venham com regulamentos, normas de convivência, estatutos, leis e antecedentes disciplinares ou com o "tal" argumento: "Ah e tal... és adulto. Blá blá blá". Se assim quiserem entender não sou suficientemente racional para reagir a uma situação de violência contra a minha pessoa, apenas afastando o agressor ou encolhendo-me. Se me baterem e eu puder reagir, reajo (e não será apenas para afastar). Peço desculpa pela sinceridade que poderá afectar de forma negativa os colegas mais racionais, mais teóricos e eventualmente mais "educados", mas não consegui ficar "calado" com mais esta agressão. Obviamente que depois seria eu o culpado de todos os problemas, mas tenho dois braços e duas pernas para ir trabalhar noutro lado e/ou eventualmente noutra área que não o ensino. Era só o que me faltava aceitar "porrada" como desculpa para não perder o emprego!!! Encarem isto como uma definição parcial do meu carácter (ou falta dele).

Vamos então ao que realmente interessa: Infelizmente temos aqui mais uma agressão em que o aluno não se mostrou minimamente arrependido do que fez. E recordo que justificou o que fez ao professor com o facto de discordar da avaliação. De discordar da avaliação... Dá para pensar este argumento. Tal como as notícias de bullying, também estas notícias de agressão a professores têm uns anos. O bullying só se tornou mais mediático com a morte de uma criança... Parece-me que as pessoas só acordaram para este tema com a morte de um jovem. Será necessário morrer um professor para também se discutirem soluções para agressões deste tipo?
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15 comentários:

  1. E então a vilolência que é cometida contra os professores através do PEC?
    Onde está a equidade? Estão a permitir que professores se aposentem aos 52 anos sem penalização (aqueles que anteriormente à crise se aposentaríam aos 55 de idade e 35 de serviço) e penalizam brutalmente quem fica a trabalhar, atirando a aposentação para os 65 anos? Que equidade? Um chorrilho de mentiras para enganar o povo! Porque não penalizam então esses felizardos (pelo menos simbolicamente). É uma vergonha que cria ainda mais sentimento de revolta nos professores.

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  2. Concordo inteiramente com o comentário do Ricardo e a minha reacção seria semelhante.
    O dia em que for agredido dentro de uma escola será o meu último como professor.

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  3. È preciso erradicar dos lugares de decisão os mentirosos socialistas. Há 13 anos que estão no poder. Se não forem corridos levam o país para a desgraça total.

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  4. Ricardo dou aulas a meninos de seis anos, e por várias vezes o aluno de 6 anos já me agrediu. Achando a mãe normal.
    Sempre disse que também ripostava, mas das primeiras vezes tentei permanecer serena e controlar a situação, até que numa 6ª e numa 2ª feira, o menino deixa-me a perna cheia de nódoas negras. Mostrei à mãe (mais uma vez, respondeu que era normal)e disse-lhe ou chamava a polícia ou da próxima vez leva de igual forma.
    A Mãe concordou com uma palmada no rabo.
    Se parou? Não!
    Abrandou apenas.
    PS. não recebo subsídio de risco.
    MC

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  5. Ah! Legalmente o que podes fazer como forma punitiva????
    Nada!!!
    Até terem doze anos os meninos não têm qualquer forma de serem punidos.

    MC

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  6. Completamente de acordo com o comentario do Ricardo. Moderador até ao fim, uma vez atacado tenho o direito de me defender.

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  7. Devido às características "especiais" dos "meninus" com que trabalho, as situações de tensão já foram mais que muitas...

    Numa delas fui brindado com 20cm de lâmina encostados ao peito...

    Como reagi?! Não escrever aqui... Apenas posso dizer que o "artista" mudou várias vezes de côr...

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  8. Ups... É "não posso escrever"... Desculpem lá qualquer coisita...

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  9. toca-me...e,depois admira-te.

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  10. Ricardo, eu também estou contigo, e pelo que me parece ser racional é pensar dessa forma e não "acoitadar" os meninos como os teólogos/pedagogos, completamente distantes da realidade que vêm falar para a televisão com palavras de encantar.
    Já me aconteceu uma situação de um menino fazer uma graça de me levantar uma cadeira, e quando me tentou acertar, cheio de raiva, agarrei-o e levei-o pelo ar e pelo chão (como calhou) até ao conselho executivo. Quando lá cheguei com ele já nem os sapatos levava nos pés. Remédio santo; não lhe arranquei nenhum pedaço e nunca mais tive problemas com aquele aluno. Hoje até somos amigos e ele respeita-me 100%.
    Às vezes é de respostas assim que eles necessitam, porque é a linguagem de muitos. Portanto falando a sua língua, eles entendem.
    Cumprimentos
    Abá_apuã

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  11. Para MC: Um depoimento preocupante, sobretudo porque a estratégia não resultou em pleno e a encarregada de educação aparentemente se mostra impotente perante tal situação.

    Se os pais nada conseguem fazer, o que esperar de professores que têm as mãos e os braços atados por uma legislação e uma falsa autonomia escolar?!

    Enfim...

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  12. Para José: Bom olhos te leiam. ;)

    Identifico-me com o que escreveste e até me atrevo a generalizar: Dos alunos que guardo melhores recordações e dos que até hoje mantenho contacto estão lá todos aqueles em que tive de reagir de forma mais "dura". É curioso, mas é verdade...

    Grande abraço.

    P.S.: E esses quadros? Tens novos que queiras partilhar para colocar aqui no blogue? Espero que sim...

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  13. Já agora...
    Podemos sempre aproveitar e tirar desta história a aprendizagem de como reagir para quando não concordarmos com a nossa avaliação... :)

    Para Ricardo
    Novos desde que te enviei os últimos, não, tenho alguns que comecei e permanecem inacabados. Infelizmente o doutoramento tira-me o tempo até ao último minuto e não me deixa pintar, nem um para matar o vício. No entanto tenho alguns que não cheguei a partilhar.
    Logo que tenha um tempinho de procurar as fotos eu envio-te para o teu mail.

    Um grande abraço para ti também do meio do atlântico.
    Abá_apuã

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  14. Estou totalmente de acordo com o Ricardo. É preciso que sintam a força do Professor, que o respeitem e acredito seriamente que a "linguagem fisica" é muito eficaz com alunos agressivos. É a única que conhecem. E falo com experiência. Sou Educadora de Infância e tenho por hábito na 1ª reunião de pais alertar para o facto de não admitir que nenhuma criança me agrida, pois a resposta é dada da mesma forma, mas com uma mão de adulto. E na minha vida profissional já o fiz com duas crianças e não estou nada arrependida. Quer lá saber se é pedagógico ou não. Também sou mãe de dois rapazes e em situação alguma levantaram a mão a um adulto.
    Maria

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  15. Faço minhas as palavras do colega Ricardo...

    Até hoje tenho-me "contido"...Mas ando FARTA de pedagogias da treta, da conversa do "contexto familiar problemático", de psicólogos "metidos" a professores que nunca entraram numa sala de aula, mas que têm "soluções" para lidar com turmas problemáticas...

    Já vivi situações muito complicadas -já tive um aluno a berrar-me "parto-te a cara", mas respondi-lhe tal e qual...A partir daí passou a desviar o olhar quando o olhava de frente...

    Infelizmente, a linguagem que muitos percebem melhor é esta mesmo...

    No dia em que me baterem não respondo por mim...

    Quanto ao estado a que chegou o nosso ensino só me ocorrem palavras com carga negativa...

    Cada vez me custa mais ir para a escola: exceptuando as aulas à noite, sinto que não passo de uma burocrata, de alguém a quem os "meninos" fazem o favor de aturar...

    NOJO É O QUE SINTO DE TUDO O QUE SE VIVE, DA INÉRCIA EM PESSOAS SE DIZEM PROFESSORES...

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