Quem visita este blogue há algum tempo, sabe que nestes últimos tempos tenho mantido algumas divergências com o autor do blogue “A Educação do meu Umbigo”, o muito conhecido Paulo Guinote. Admiro a capacidade de quem sabe assimilar divergências. O Paulo é uma dessas pessoas…
É verdade o que o Paulo afirma. Sou «legalista». Acho que a luta deve ser feita dentro da legalidade. Por mais disparatada que seja uma lei, não devemos de forma arbitrária decidir obedecer a umas partes e discordar de outras. Ou mesmo discordar na plenitude e agir em conformidade. Se todos assim fizéssemos, o país poderia cair numa «espécie de anarquia». Existem tribunais e deve ser aí que a luta à ilegalidade deve ser combatida. Os sindicatos deveriam ter rumado por aí, logo que as confusões iniciaram. Não o fizeram… Optaram por se deixar «impressionar» e «pressionar» e apelaram a algo que só provocou confusão. Os professores, de forma individual ou colectiva, deveriam seguir pelo caminho dos tribunais. Se concluir nesse sentido, decerto que o farei, tal como já o fiz, em outras situações. Mas adiante…
Para compreenderem melhor os motivos deste diferendo, basta verificarem a tipologia de visitantes de ambos os blogues: Este será mais frequentado por colegas contratados e «jovens» quadros. O blogue do Paulo, terá o seu grosso de visitas, por parte de colegas dos quadros com algum ou bastante tempo de serviço (a maioria integrados na carreira). Basta lerem os comentários que são feitos aqui e no blogue do Paulo. Facilmente chegarão a esta conclusão. E porque é que isso acontece? Precisamente porque lidamos e escrevemos sobre aquilo que melhor compreendemos e conhecemos. Basta reparar na imagem que coloquei. Uns vêm imediatamente a «velha». Outros vêm a «nova». Mas a imagem é a mesma.
Defendemos pontos de vista diferentes de um mesmo problema, não só porque somos diferentes, mas também porque quem nos «rodeia» tem pontos de vista e experiências pessoais e profissionais diferentes. A resolução para esse problema não tem de passar por uma solução única. Pode perfeitamente integrar duas soluções. É nisso que reside a minha esperança. Não num rivalizar de opiniões, mas no descobrir soluções que possam perfeitamente satisfazer duas formas de ver o mesmo problema. É que insistirmos apenas em uma, não vai levar a lado nenhum. Muito pelo contrário...
Quando estudo uma resposta a uma qualquer dúvida, tento não responder só pelo «mundo» que me rodeia, mas também com aquilo que não me rodeia e que posso não conhecer ou conhecer de forma deficitária. É difícil, mas esforço-me seriamente por o fazer. A verdade é que nem sempre consigo. Acho que esta, é uma dessas situações. Vou tentar corrigir essa «falha», com este post.
Vejamos então, a argumentação que o Paulo, utilizou num dos seus últimos posts (aqui), relativo a esta divergência:
1. “É incorrecto dizer-se que só pode ser coerente e «radical» na recusa do modelo de ADD quem está no topo da carreira porque o actual topo já o não é na sequência de reorganização da carreira e criação de novos escalões que o ME propõe. Aliás, estas propostas do ME visam mesmo seduzir quem estava no antigo 10º escalão ao acenar-lhe(s) com um novo escalão salarial. Por aí, a coerência esboroar-se-ia de acordo com a teoria do desafogo material e impossibilidade de maior ascensão na carreira.”
Comentário meu: A coerência não está relacionada com «topos», está relacionada com situações particulares (e também com aquilo que se diz e que se faz – mas isso seria outra conversa). Obviamente que não afirmei que só poderia ser coerente apenas quem estivesse no «topo», mas que seria sem dúvida um forte factor de ponderação para a não entrega da FAA. Aqui reside uma diferença. O Paulo fala nos escalões do topo da carreira (e novas propostas do ME), eu quase nunca falei deste tema. E sabem porquê? Porque não me encontro suficientemente próximo desta temática (e dos escalões de «topo»), para senti-la como minha. Discordo da divisão, suspeito de novos escalões, tenho ideias muito claras sobre estes «rebuçados», mas não consigo articular argumentos para rebater de forma eficaz (e baseando-me em legislação) este argumento. Poderei estudar, para o conseguir fazer, mas a minha motivação é reduzida. Algo que irei corrigir, dentro em breve, uma vez que não gosto de desvantagens estratégicas (mesmo que em saudáveis discussões).
O que posso é «dizer» isto: Creio que o que levará à entrega da FAA, estará mais relacionado com hipóteses futuras de aproximação a «casa» (e isso depende da graduação), do que propriamente do escalão/índice.
Nota: Também poderá existir a «ambição monetária», mas creio que essa estará mais relacionada com os professores titulares, que com outros colegas (professores).
Se lermos o Decreto-Lei n.º 51/2009 (o diploma dos concursos), poderemos concluir que a partir do concurso 2010/2011 (sim… os concursos intercalares existem e têm que ser levados em linha de conta) a avaliação do desempenho será integrada em termos de graduação (e como tal, ao nível dos concursos). Qual avaliação do desempenho? A deste ano…
E daqui, parto para o segundo argumento do Paulo:
2. “Por outro lado, está por demonstrar que a não entrega da FAA tenha quaisquer efeitos directos imediatos ou menos imediatos na possibilidade de mobilidade de docentes afastados da sua família e domicilio. Neste momento, o concurso para 2009-2013 já está em decurso e este ciclo de avaliação não tem efeitos. Em 2013, teoricamente na altura de novo concurso, ninguém sabe se o sol ainda nasce de manhã e se põe ao final do dia, tamanhas poderão ser as alterações em preparação a esse nível.”
Comentário meu: Aqui reside outra diferença. O Paulo apenas considera os «grandes» concursos. Esqueceu-se dos «pequenos» (aqueles que eu denomino de intercalares). E porquê? Provavelmente será uma situação similar àquela que apontei para a minha falta de interesse (ou conhecimento) relativa aos «rebuçados» para os escalões de «topo».
Embora já tenha respondido a esta questão, no comentário elaborado para o Paulo (aqui), vou voltar a explicar (mais ou menos um “copy + paste”) porque muitos não lêem os comentários. A mobilidade dos docentes, não inclui apenas mudança de quadro (que se irá realizar apenas em 2013), inclui também as seguintes modalidades:
(1) Contratação;
(2) Destacamento por Ausência de Componente Lectiva (DACL);
(3) Destacamento por Condições Específicas (DCE);
(4) Destacamento por Aproximação à Residência (DAR).
Nota: Existem outras, como a permuta, a requisição e a comissão de serviço, mas não são relevantes para a minha explicação.
À excepção do DAR, todas as restantes poderão ser anuais. A contratação será anual com muita facilidade (são demasiadas as condições para que não seja). O DACL poderá ser anual, se não se mantiver a componente lectiva. O DCE também poderá ser anual, por diversos motivos. Ou seja, existem imensos colegas (contratados, QZP e QE) que terão de ponderar se aderem ou não, a este modelo de avaliação do desempenho, não por este concurso, mas sim pelo próximo. E no próximo (2010/2011), relevarão os resultados da avaliação deste ano escolar. Tal como nos seguintes… Pelo menos, pela actual legislação.
Neste concurso, já há muito que é sabido que os resultados da avaliação do desempenho não contam. Apenas irão contar para os próximos. E os próximos, não iniciam em 2013 (como o Paulo refere), mas sim no próximo ano. Nem todos terão de ir a concurso nestes anos intermédios (até 2013), mas existirá quem tenha de o fazer.
-------
Obviamente que as alterações ao diploma dos concursos (no futuro), poderão ser imensas. O ECD poderá ser alterado. O modelo de avaliação do desempenho poderá ser alterado. Poderá… E se não for? Se não for, quem será mais prejudicado? Os que têm de concorrer anualmente ou os que apenas o farão se quiserem? Os que têm de concorrer para o ano ou os que concorrem apenas em 2013? É esta dicotomia que têm de ser colocada «em cima da mesa», antes de fazermos qualquer crítica. Temos de lidar com o que existe agora, em termos de legislação (por pior e mais injusta que ela seja), e não com o que poderá vir a aparecer. Só o faria, se conhecesse o que aí vem. E como acho que ninguém conhece…
Têm de ser estudadas soluções que contemplem estas duas tipologias. É que a divisão da nossa carreira, ultrapassa bastante a divisão legislada. Existem dois tipos de professores. Os que estão longe de casa, que querem aproximar e têm sérias dificuldades em adoptar formas de luta ilegais, e os que estão próximos de casa e que por qualquer motivo se podem dar ao luxo de pensar em adoptar formas de luta menos legais ou ilegais mesmo. Será que estou errado? Será que apenas está relacionado o factor monetário. Se assim for, temos o que merecemos!
Mas o problema da não entrega, não passa apenas por aquilo que acabei de escrever. Existem outras consequências. Essas sim, iguais para todos (eventualmente mais gravosas para os colegas contratados). Bem… Podem não ser iguais, porque em primeiro lugar os directores são diferentes e em segundo, as consequências estão relacionadas com o número e tipologia de aderentes à ilegalidade. Quanto ao número, podemos fazer algumas previsões. Quanto à tipologia, somos claramente alvos a abater. Não há que ter medo, mas há que pensar muito bem, se estamos preparados para eventuais consequências mais complicadas. Preparados mesmo! Não pode ser só «garganta». Há que conhecer em profundidade as consequências... Se depois de terem consciências das mesmas, decidirem avançar com a não entrega da FAA, digo-vos uma coisa: Coragem não vos falta. Mesmo que não concorde, vou sempre olhar com respeito para esses colegas. E com mais ainda, se não se queixarem das consequências e assumirem na plenitude as suas responsabilidades por esse facto.
Resumindo: Os argumentos de ambas as partes são facilmente compreensíveis. Todos temos a nossa razão. Assim, não seria mais relevante discutir, como combater este modelo de avaliação, mas com uma visão dicotómica da luta? O problema é insistirmos nas mesmas estratégias de luta, para tipologias diferentes de colegas. Colegas com objectivos diferentes... Não melhores... Não piores... Apenas diferentes. É que ao contrário do que muitos afirmam, não podemos enveredar todos pelo mesmo (principalmente, quando entramos em ilegalidades). Esse porventura, será um dos nossos maiores erros estratégicos. Seria interessante encontrar uma situação de compromisso, entre as diversas tipologias de docentes. Insistirmos e acentuarmos as diferenças pouco ou nada trará de positivo. Compreendermos essas diferenças, poderá trazer grandes proveitos em termos de luta. Os sindicatos, os movimentos de professores e os professores de forma individual, deveriam ponderar isto.
A questão que todos se deveriam colocar é esta: O que é que eu posso fazer para combater este modelo de avaliação do desempenho? As respostas deverão ser individuais e dependerão sempre da nossa base pessoal e profissional. Obviamente que os riscos existem, o problema está: Até onde estou disposto a ir? Qual o risco que posso (e devo) pisar e quais as implicações?
Quase todas as formas de luta são válidas. Ninguém pode dizer “a minha é melhor que a tua”. Ninguém pode ter a certeza de qual obterá melhores resultados. E se os resultados de uma forma de luta, forem a suspensão de alguns ou eventualmente o encalhar de outros em termos de aproximação à residência, desculpem-me quando digo: Discordo!
E volto a afirmar (e sempre afirmarei): As consequências (a curto, médio e longo prazo) não são as mesmas para todos os docentes. Qualquer que seja o ponto de vista… Não é calculismo, moderação ou radicalismo, é a realidade.
É verdade o que o Paulo afirma. Sou «legalista». Acho que a luta deve ser feita dentro da legalidade. Por mais disparatada que seja uma lei, não devemos de forma arbitrária decidir obedecer a umas partes e discordar de outras. Ou mesmo discordar na plenitude e agir em conformidade. Se todos assim fizéssemos, o país poderia cair numa «espécie de anarquia». Existem tribunais e deve ser aí que a luta à ilegalidade deve ser combatida. Os sindicatos deveriam ter rumado por aí, logo que as confusões iniciaram. Não o fizeram… Optaram por se deixar «impressionar» e «pressionar» e apelaram a algo que só provocou confusão. Os professores, de forma individual ou colectiva, deveriam seguir pelo caminho dos tribunais. Se concluir nesse sentido, decerto que o farei, tal como já o fiz, em outras situações. Mas adiante…
Para compreenderem melhor os motivos deste diferendo, basta verificarem a tipologia de visitantes de ambos os blogues: Este será mais frequentado por colegas contratados e «jovens» quadros. O blogue do Paulo, terá o seu grosso de visitas, por parte de colegas dos quadros com algum ou bastante tempo de serviço (a maioria integrados na carreira). Basta lerem os comentários que são feitos aqui e no blogue do Paulo. Facilmente chegarão a esta conclusão. E porque é que isso acontece? Precisamente porque lidamos e escrevemos sobre aquilo que melhor compreendemos e conhecemos. Basta reparar na imagem que coloquei. Uns vêm imediatamente a «velha». Outros vêm a «nova». Mas a imagem é a mesma.
Defendemos pontos de vista diferentes de um mesmo problema, não só porque somos diferentes, mas também porque quem nos «rodeia» tem pontos de vista e experiências pessoais e profissionais diferentes. A resolução para esse problema não tem de passar por uma solução única. Pode perfeitamente integrar duas soluções. É nisso que reside a minha esperança. Não num rivalizar de opiniões, mas no descobrir soluções que possam perfeitamente satisfazer duas formas de ver o mesmo problema. É que insistirmos apenas em uma, não vai levar a lado nenhum. Muito pelo contrário...
Quando estudo uma resposta a uma qualquer dúvida, tento não responder só pelo «mundo» que me rodeia, mas também com aquilo que não me rodeia e que posso não conhecer ou conhecer de forma deficitária. É difícil, mas esforço-me seriamente por o fazer. A verdade é que nem sempre consigo. Acho que esta, é uma dessas situações. Vou tentar corrigir essa «falha», com este post.
Vejamos então, a argumentação que o Paulo, utilizou num dos seus últimos posts (aqui), relativo a esta divergência:
1. “É incorrecto dizer-se que só pode ser coerente e «radical» na recusa do modelo de ADD quem está no topo da carreira porque o actual topo já o não é na sequência de reorganização da carreira e criação de novos escalões que o ME propõe. Aliás, estas propostas do ME visam mesmo seduzir quem estava no antigo 10º escalão ao acenar-lhe(s) com um novo escalão salarial. Por aí, a coerência esboroar-se-ia de acordo com a teoria do desafogo material e impossibilidade de maior ascensão na carreira.”
Comentário meu: A coerência não está relacionada com «topos», está relacionada com situações particulares (e também com aquilo que se diz e que se faz – mas isso seria outra conversa). Obviamente que não afirmei que só poderia ser coerente apenas quem estivesse no «topo», mas que seria sem dúvida um forte factor de ponderação para a não entrega da FAA. Aqui reside uma diferença. O Paulo fala nos escalões do topo da carreira (e novas propostas do ME), eu quase nunca falei deste tema. E sabem porquê? Porque não me encontro suficientemente próximo desta temática (e dos escalões de «topo»), para senti-la como minha. Discordo da divisão, suspeito de novos escalões, tenho ideias muito claras sobre estes «rebuçados», mas não consigo articular argumentos para rebater de forma eficaz (e baseando-me em legislação) este argumento. Poderei estudar, para o conseguir fazer, mas a minha motivação é reduzida. Algo que irei corrigir, dentro em breve, uma vez que não gosto de desvantagens estratégicas (mesmo que em saudáveis discussões).
O que posso é «dizer» isto: Creio que o que levará à entrega da FAA, estará mais relacionado com hipóteses futuras de aproximação a «casa» (e isso depende da graduação), do que propriamente do escalão/índice.
Nota: Também poderá existir a «ambição monetária», mas creio que essa estará mais relacionada com os professores titulares, que com outros colegas (professores).
Se lermos o Decreto-Lei n.º 51/2009 (o diploma dos concursos), poderemos concluir que a partir do concurso 2010/2011 (sim… os concursos intercalares existem e têm que ser levados em linha de conta) a avaliação do desempenho será integrada em termos de graduação (e como tal, ao nível dos concursos). Qual avaliação do desempenho? A deste ano…
E daqui, parto para o segundo argumento do Paulo:
2. “Por outro lado, está por demonstrar que a não entrega da FAA tenha quaisquer efeitos directos imediatos ou menos imediatos na possibilidade de mobilidade de docentes afastados da sua família e domicilio. Neste momento, o concurso para 2009-2013 já está em decurso e este ciclo de avaliação não tem efeitos. Em 2013, teoricamente na altura de novo concurso, ninguém sabe se o sol ainda nasce de manhã e se põe ao final do dia, tamanhas poderão ser as alterações em preparação a esse nível.”
Comentário meu: Aqui reside outra diferença. O Paulo apenas considera os «grandes» concursos. Esqueceu-se dos «pequenos» (aqueles que eu denomino de intercalares). E porquê? Provavelmente será uma situação similar àquela que apontei para a minha falta de interesse (ou conhecimento) relativa aos «rebuçados» para os escalões de «topo».
Embora já tenha respondido a esta questão, no comentário elaborado para o Paulo (aqui), vou voltar a explicar (mais ou menos um “copy + paste”) porque muitos não lêem os comentários. A mobilidade dos docentes, não inclui apenas mudança de quadro (que se irá realizar apenas em 2013), inclui também as seguintes modalidades:
(1) Contratação;
(2) Destacamento por Ausência de Componente Lectiva (DACL);
(3) Destacamento por Condições Específicas (DCE);
(4) Destacamento por Aproximação à Residência (DAR).
Nota: Existem outras, como a permuta, a requisição e a comissão de serviço, mas não são relevantes para a minha explicação.
À excepção do DAR, todas as restantes poderão ser anuais. A contratação será anual com muita facilidade (são demasiadas as condições para que não seja). O DACL poderá ser anual, se não se mantiver a componente lectiva. O DCE também poderá ser anual, por diversos motivos. Ou seja, existem imensos colegas (contratados, QZP e QE) que terão de ponderar se aderem ou não, a este modelo de avaliação do desempenho, não por este concurso, mas sim pelo próximo. E no próximo (2010/2011), relevarão os resultados da avaliação deste ano escolar. Tal como nos seguintes… Pelo menos, pela actual legislação.
Neste concurso, já há muito que é sabido que os resultados da avaliação do desempenho não contam. Apenas irão contar para os próximos. E os próximos, não iniciam em 2013 (como o Paulo refere), mas sim no próximo ano. Nem todos terão de ir a concurso nestes anos intermédios (até 2013), mas existirá quem tenha de o fazer.
Obviamente que as alterações ao diploma dos concursos (no futuro), poderão ser imensas. O ECD poderá ser alterado. O modelo de avaliação do desempenho poderá ser alterado. Poderá… E se não for? Se não for, quem será mais prejudicado? Os que têm de concorrer anualmente ou os que apenas o farão se quiserem? Os que têm de concorrer para o ano ou os que concorrem apenas em 2013? É esta dicotomia que têm de ser colocada «em cima da mesa», antes de fazermos qualquer crítica. Temos de lidar com o que existe agora, em termos de legislação (por pior e mais injusta que ela seja), e não com o que poderá vir a aparecer. Só o faria, se conhecesse o que aí vem. E como acho que ninguém conhece…
Têm de ser estudadas soluções que contemplem estas duas tipologias. É que a divisão da nossa carreira, ultrapassa bastante a divisão legislada. Existem dois tipos de professores. Os que estão longe de casa, que querem aproximar e têm sérias dificuldades em adoptar formas de luta ilegais, e os que estão próximos de casa e que por qualquer motivo se podem dar ao luxo de pensar em adoptar formas de luta menos legais ou ilegais mesmo. Será que estou errado? Será que apenas está relacionado o factor monetário. Se assim for, temos o que merecemos!
Mas o problema da não entrega, não passa apenas por aquilo que acabei de escrever. Existem outras consequências. Essas sim, iguais para todos (eventualmente mais gravosas para os colegas contratados). Bem… Podem não ser iguais, porque em primeiro lugar os directores são diferentes e em segundo, as consequências estão relacionadas com o número e tipologia de aderentes à ilegalidade. Quanto ao número, podemos fazer algumas previsões. Quanto à tipologia, somos claramente alvos a abater. Não há que ter medo, mas há que pensar muito bem, se estamos preparados para eventuais consequências mais complicadas. Preparados mesmo! Não pode ser só «garganta». Há que conhecer em profundidade as consequências... Se depois de terem consciências das mesmas, decidirem avançar com a não entrega da FAA, digo-vos uma coisa: Coragem não vos falta. Mesmo que não concorde, vou sempre olhar com respeito para esses colegas. E com mais ainda, se não se queixarem das consequências e assumirem na plenitude as suas responsabilidades por esse facto.
Resumindo: Os argumentos de ambas as partes são facilmente compreensíveis. Todos temos a nossa razão. Assim, não seria mais relevante discutir, como combater este modelo de avaliação, mas com uma visão dicotómica da luta? O problema é insistirmos nas mesmas estratégias de luta, para tipologias diferentes de colegas. Colegas com objectivos diferentes... Não melhores... Não piores... Apenas diferentes. É que ao contrário do que muitos afirmam, não podemos enveredar todos pelo mesmo (principalmente, quando entramos em ilegalidades). Esse porventura, será um dos nossos maiores erros estratégicos. Seria interessante encontrar uma situação de compromisso, entre as diversas tipologias de docentes. Insistirmos e acentuarmos as diferenças pouco ou nada trará de positivo. Compreendermos essas diferenças, poderá trazer grandes proveitos em termos de luta. Os sindicatos, os movimentos de professores e os professores de forma individual, deveriam ponderar isto.
A questão que todos se deveriam colocar é esta: O que é que eu posso fazer para combater este modelo de avaliação do desempenho? As respostas deverão ser individuais e dependerão sempre da nossa base pessoal e profissional. Obviamente que os riscos existem, o problema está: Até onde estou disposto a ir? Qual o risco que posso (e devo) pisar e quais as implicações?
Quase todas as formas de luta são válidas. Ninguém pode dizer “a minha é melhor que a tua”. Ninguém pode ter a certeza de qual obterá melhores resultados. E se os resultados de uma forma de luta, forem a suspensão de alguns ou eventualmente o encalhar de outros em termos de aproximação à residência, desculpem-me quando digo: Discordo!
E volto a afirmar (e sempre afirmarei): As consequências (a curto, médio e longo prazo) não são as mesmas para todos os docentes. Qualquer que seja o ponto de vista… Não é calculismo, moderação ou radicalismo, é a realidade.
Bom texto Ricardo...
ResponderEliminarRicardo,
ResponderEliminarOs destacamentos de que falas são mais para os do "topo" do que para o resto.
Continuo a achar que divides de forma maniqueísta as posições.
Eu poderia fazê-lo de modo diferente.
os professores com mais "tarimba" e capacidade de choque aguentam-se melhor do que aqueles que passaram por pouco.
Só para que conste, entrei para quadro de escola apenas em 2005, após andar em mini-concursos de 1986-87 a 1997-98.
Sei se calhar muito mais sobre a parte "baixa" da carreira do que muitos que se queixam ao fim de 2-3 anos de "circuito".
Pondera antes as coisas assim: estão mais dispostos para a confusão aqueles que já passaram por tanto, que já não temem o vento que passa.
é por isto que todos os dias espreito os vossos blogues.
ResponderEliminarRICARDO ÉS EXCEPCIONAL E ÚNICO. PARABÉNS PARABÉNS PARABÉNS
ResponderEliminarJá agora, eu vejo a "rapariga nova".
ResponderEliminarConcordo contigo, Paulo. Posso estar a ver o panorama de forma maniqueísta. Mas nesse aspecto, não estaremos os dois? Lê bem o que escreveste. ;)
ResponderEliminarAgora a sério. És capaz de ter alguma razão. O «calo» também nos permite ver o "circuito" de outra forma. Não posso fazer grandes julgamentos relativamente a esse tema, pois a minha experiência ronda a dezena de anos, e escolas desde a raia transmontana até Lisboa. Eu também andei em mini-concursos, em filas intermináveis, de cidade em cidade. Os «anos de experiência» poderão ter alguma influência na resistência e na convicção, mas tal como a minha argumentação, poderá pecar por redutora e maniqueísta, a tua também. Mas obviamente que também terá influência... Tudo tem influência.
Não sei se a experiência é proporcional à resistência ao vento, mas acredito que possa influenciar. Principalmente se a tenda for resistente e não estiver a ser sistematicamente mudada de lugar. Uma tenda bem armada e no sítio certo é meio caminho andado para o sucesso. AH AH AH. Desculpa o virtuosismo, mas não resisti à piada fácil. Espero que não leves a mal, Paulo.
A derrota do PS, deixou-me bem humorado...
Relativamente aos destacamentos, penso que não será mais para o «topo». Estou convencido que muitos dos actuais QZP (principalmente os com menor graduação), não obterão vaga em QA, tendo obrigatoriamente de recorrer a estes mecanismos (principalmente ao DACL).
Mas como já escrevi no post, acho que o importante mesmo, é debater o que podemos e devemos fazer, independentemente das divisões que se façam.
Parabéns também Paulo pelo teu Bolg
ResponderEliminarDigo, Blog
ResponderEliminarOs meus sinceros parabéns Ricardo. Admiro o seu sentido crítico, pragmático... com que analisa as diferentes situações, no que diz respeito, à entrega ou não da tão famigerada FAA.
ResponderEliminarAo contrário de algumas opiniões que tenho tido a oportunidade de ler, tem uma visão ecléctica das duas situações: professores contratados e professores titulares. Embora tenha tido a humildade em reconhecer que se sente mais à vontade em opinar sobre a situação dos professores contratados, como eu, o que é legítimo.
Considero que estamos (a classe) a "remar" em paralelo com os governantes, principais responsáveis por esta política educativa (é falacioso). Conseguiram dividir os professores em duas categorias...cujos caminhos, consequências futuras do ponto de vista profissional não são consensuais...
Entendo os diferentes pontos de vista... No entanto, entristece-me, aliás, amedronta-me verificar que não há uma verdadeira luta conjunta, unanimista... Eu sei que as situações e especificidades de cada categoria são diferentes... mas somos todos professores...
O ME regozijar-se-á verificar que conseguiu dividir a classe... e diminuir a sua força... Porque a luta que deveria ser de todos, global, está-se a revelar individual e centralizada nas especificidades de cada categoria... Assim, será muito complicado mudar o rumo desta política...
Eu sou a favor da entrega da FAA pelas razões apontadas aqui no blogue...
Não sensuro quem não o faça, aliás admiro... mas cuidado com as falsas expectativas...
Será que a nossa luta, a forma de dizermos basta a esta política, tem que passar, obrigatoriamente pela recusa da entrega da FAA, incorrendo numa ilegalidade?
Não haverá outras formas de luta?
Os professores suíços travaram uma luta contra as políticas que o governo prentendia pôr em prática.
Fizeram greves, manifestações ... verificando que estas formas de luta não estavam a dar os devidos resultados, suspenderam a entrega das notas dos alunos ... Aliás avaliaram os alunos, mas só lançaram as notas quando o governo cedeu...
Esta forma de luta, poderá ser criticável/sensurável... mas já experimentámos de tudo...
Desculpem se estou para aqui a dizer barbaridades, mas sinto-me tão cansada de ouvir falar sempre do mesmo... e de não ver resultados positivos que...
A minha consternação agravou-se (ainda mais), quando leio o projecto do governo relativamente à prova de ingresso... onde isentam os professores de fazerem a prova com 4 ou mais anos efectivos de serviço... Quer dizer trabalho há cinco anos, infelizemente, não tenho tido horário completo, e por causa de 30 dias de serviço estarei sujeita a fazer uma prova a fim de "comprovar" as minhas competências para a docência... Quer dizer... é revoltante... porquê 4 anos de serviço? E não 5, 6, 2, 1 ano de serviço? Qual o critério afinal para essa escolha?
Desculpem o desabafo... começo a ficar extenuada...
Obrigada pelo "tempo de antena"!
Elisabete M.
corrigenda:
ResponderEliminarinfelizmente
pretendia
E.M
Está enganado, faço parte das pseudo privilegiadas, segundo as suas palavras, no entanto leio com a mesma frequência o seu blog e o do Paulo. Há uns anos a esta parte que me é pedido que entenda os contratados, os QZPs etc.
ResponderEliminarComo justifica que seja exigido aos da minha geração que puxem a carroça ao longo de todo este processo? Por acaso não fazem parte do sistema? Não pretendem igual respeito e consideração pelo vosso trabalho? Não é vosso objectivo lutar por uma mesma careira?
Estou a ficar farta desse discurso de vitimização dos mais novos que dão mostras de conhecer muito pouco acerca da história recente do sistema educativo. Se quis efectivar tive que ficar colocada a mais de 500 km da minha área de residência e nesses tempos idos apenas eram aceites os destacamentos por doença. Podia prosseguir com o role das contrariedades, injustiças, dificuldades, etc… Mas não me interessa, admiro a sua dedicação e os seus esclarecimentos.
Deixe-se desse discurso que os mais velhos não vos entendem para justificar aquilo que gostaria ter coragem de fazer.
Desculpe a sinceridade caríssima colega... e com o devido respeito: olhe tomara eu ter o privilégio em efectivar, nem que fosse na "conchichina"...
ResponderEliminarNão me venha com o argumento dos vitimizados... Olhe se estivesse na minha situação, como contratada desterrada, certamente teria um discurso diferente... Por vezes temos que fazer escolhas na vida sim; mas o que me diz quando não nos dão se quer a hipótese de escolher porque se escolhermos as consequências serão nefastas e irreversíveis... E que me diz quando nem se quer nos dão a oportunidade sequer de efectivar? (este concurso é um embuste completo)...
Não é com discursos demagógicos e narcisitas que conseguiremos levar a nossa luta a avante...
Enfim, continuamos a atacar-nos... não aprendemos com a história.
Porque será que a classe é tão desunida e complicada?
Enfim, são as vicissitudes do sistema...
Ass.: Uma Colega Vitimizada...
Haja paciência...
errata: argumento da vitimização...
ResponderEliminarVitimizada.
errata: sequer..
ResponderEliminarerrata:
ResponderEliminarElisabete M.
Censuro, claro!
Desculpem lá a pérola: já é o cansaço a falar...
ResponderEliminarNo meu comentário, Elisabete M, dever-se-á ler: censurável.
obrigada
Nunca ninguém pediu nada aos mais experientes. Puxar a carroça? Por favor. Até parece que só os experientes é que sabem como puxar carroças. Lá por ter mais anos de serviço não venha para aqui dar lições de moral. Nota-se claramente um ressentimento para com os mais novos. QUERIA QUE FIZESSEMOS O MESMO QUE VOSSA EXCELÊNCIA? Aí sim seriamos todos felizes, não?! Os velhotes mandam e as crianças obedecem cegamente. Ó senhora professora, não está a falar com alunos. DEIXE-SE DE HIPOCRISIAS E FALSOS MORALISMOS.
ResponderEliminarSistema? Fazemos parte do mesmo sistema? Pois fazemos, mas você já tem o EMPREGO GARANTIDÍSSIMO. Eu não!!!!!!!!! O pior que lhe pode acontecer é perder dinheiro ou ficar em casa um ano (mas continua com as regalias).
Se está farta de vítimização, é porque é cega ou quer ser. Recusa-se a ver a miséria em que outros estão metidos. Só olha para si.
CORAGEM DE COSTAS QUENTES E EMPREGO GARANTIDO ATÉ AO FINAL DA VIDA????? Pois sim... Que raio de coragem essa. Coragem é ter risco de perder o emprego e mesmo assim continuar a lutar. Isso que chama de coragem é... TRETA! E DAS GRANDES!!!!
Nem sei como é que o Ricardo atura estas porcarias. Cá por mim, apagava o seu comentário. Era um autêntico acto de misericórdia para acabar com o seu sofrimento.
Se nem os Sindicatos propuseram essa forma de luta, não serei eu a aderir a ela.
ResponderEliminarEntregarei a FAA com a declaração de protesto. Essa, sim, vai ser contabilizada para que saibam que cumpro o estabelecido, mas não vejo quaisquer benefícios nesta ADD.
A declaração pode parecer uma coisa sem importância, mas é fundamental. Não a entregar é o mesmo que dar um sinal de concordância.
Para Elisabete: Respeito a sua opinião. Por regra, argumentaria consigo, mas não o irei fazer por causa do seu último parágrafo.
ResponderEliminarNão me agradam ataques pessoais.
Não o faço com outros, nem aceito que o faça comigo.
Não compreendeu ou não quis compreender os motivos do post. Infelizmente...
Apenas para que conste: Desde 2006 que me encontro integrado em QZP, relativamente perto de casa. Também poderei ser considerado um privilegiado. Sou de Vila Real, e também tive de percorrer várias cidades e vilas deste país, incluindo a nossa capital.
ResponderEliminarBem-vindos ao mundo real! Cada um por si e Deus por todos...
ResponderEliminarPromiscuidades é o que é!
Os que querem entregar a FAA começam a ser olhados como "ovelhas negras"... Espírito de solidariedade e de compreensão recomenda-se: ainda falamos dos nossos alunos...
Eu entrego a FAA porque não tenho outra saída e ponto final... As circuntâncias não são as mesmas, aquando a entrega/não entrega dos OI...
Os contratados para além de serem *pau para toda a obra*, de se sujeitarem aos "rebuçados" ainda têm que suportar os olhares reprovadores... dos seus colegas mais experiêntes...
Grande fálácia...
Contratada,
L.P.
Ricardo, vamos colocar esta hipótese: todos os colegas a partir do 7º escalão se recusavam a entregar a FAA.
ResponderEliminarIsto ruía, não era?
Não me repugna que haja opções diferentes para os contratados. ( atenção: a colega que nos divide em contratados e titulares está enganada. Nós não somos titulares.)
Já o ano passado, só os contratados foram avaliados...
Será que tal com eu tem dificuldades de compreensão?
ResponderEliminarhttp://www.profblog.org/2009/06/octavio-goncalves-divulga-as-razoes-por.html
Desculpem a franqueza: se tudo é assim tão claro e evidente para alguns... e se já fizeram a suas escolhas/opções, tendo consciência dos pós e contras, não percebo porque é tão desconfortável a decisão de alguns em prol da entrega da FAA... Se é assim tudo tão clarividente, poucos entregarão a FAA. No entanto, eu vou entregar, não porque concordo... mas porque assumo uma atitude responsável conivente com a minha situação profissional: contratada, desterrada, que nem no primeiro escalão da carreira está... e não me venham que é puro egoísmo... Há decisões na vida que poderão compromenter de forma irreversível a nossa vida e a curto prazo...
ResponderEliminarEntendam se quiserem... ou então continue-se com o prepotismo...