sábado, 24 de janeiro de 2009

Ministério reduz provas de ingresso para candidatos a professor.

No Expresso a 24/01/2009: "Uma prova igual para todos em vez de duas, o fim de uma nota mínima de acesso e a redução do número de candidatos que terão de se sujeitar a este teste. São estas as propostas relativas às condições de ingresso na carreira docente que o Ministério da Educação vai apresentar na próxima quarta-feira aos sindicatos.
(...)
O facto de estar a haver esta revisão e de o Ministério da Educação dar razão a quem aponta riscos de subjectividade na correcção das provas que estão previstas, levaram a avançar com estas propostas, explica o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira.

Assim, o teste de língua portuguesa e raciocínio lógico e ainda a prova que devia avaliar os conhecimentos disciplinares específicos dos candidatos a professor deverão ser substituídos por um único exame. "É uma prova que se baseia fundamentalmente na avaliação da capacidade de raciocínio e resolução de problemas, constituída essencialmente por perguntas de resposta múltipla, o que elimina dúvidas de rigor na correcção", adianta Jorge Pedreira.

Este tipo de prova é elaborado por uma agência australiana (Australian Council for Educational Research), que também trabalha nos testes internacionais de literacia conduzidos pela OCDE, informa o secretário de Estado. Mas quem quiser ver as suas competências avaliadas por um teste relativo à sua área disciplinar também o poderá solicitar.

Com este teste deixa ser necessário a obtenção de uma classificação mínima de 14 valores para se poder ambicionar a entrar na carreira. "O objectivo é despistar quem tem condições para ser professor e perceber se está apto ou não", afirma Jorge Pedreira.

Mas esta triagem continua a ser necessária, continua o governante, porque "o sistema de garantia de qualidade das formações de ensino superior [a nova agência de avaliação e acreditação] ainda não produziram as consequências necessárias".

O secretário de Estado aponta mesmo dois exemplos que, na sua opinião, causam "perplexidade". "Não deixa de ser estranho que duas instituições privadas - o Instituto Piaget e o Instituto Superior de Ciências Educativas - tenham colocado nas escolas tantos professores do 1.º ciclo e educadores de infância nos últimos dez anos quanto o conjunto de todas as escolas superiores de educação", nota. Sendo que a selecção dos docentes se baseia sobretudo na classificação final de licenciatura."

Ver Artigo Completo (Expresso)

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Comentário: Não consigo compreender este tipo de propostas. Na 2.ª versão simplificada do modelo de avaliação docente colocaram como opção, a avaliação da componente científico-pedagógica (porventura, a mais importante). Agora, propõem a eliminação da componente da prova de ingresso, relativa à avaliação de conhecimentos específicos de ordem científica e tecnológica de cada grupo de recrutamento. E tal como no "simplex 2", também aqui esta vertente é opcional.

Se combinarmos esta proposta, com as afirmações de Jorge Pedreira (último parágrafo da notícia), não posso deixar de concluir que existe aqui uma ausência de coerência. Mas afinal, o que é que se pretende? Avaliar os conhecimentos específicos dos docentes na sua área disciplinar ou a sua capacidade de raciocínio e de resolução de problemas? É que se assim for, não é necessária grande formação académica e acaba por ser irrelevante qual a instituição de ensino superior (privada ou pública) onde os "futuros" professores tiveram a sua formação. A tipologia de questões (resposta múltipla), também não abona nada a favor desta proposta. Embora elimine a subjectividade, poderá criar outras injustiças do tipo "euromilhões".

Mais uma vez se vê que o objectivo deste Ministério da Educação, não é a qualidade dos professores (e do ensino), mas sim uma filtragem arbitrária puramente economicista.
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