quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Permitam-me ter opinião…

Aquilo que vou escrever de seguida, poderá ser mal interpretado, mas é um “grito de alma”… Algo que me incomoda de tal forma, que não consegui evitar de me expressar um pouco mais do que é normal, e que resulta da impossibilidade de responder a alguns dos emails que semanalmente me chegam à caixa de correio electrónica.

Estou um pouco cansado com toda esta luta, que se avizinha cada vez mais dura. Não serei o único, certamente… O governo aparenta não recuar, e não há forma de encontrar um consenso que agrade a todos. No entanto, à minha maneira vou resistindo como posso e como melhor sei, porque discordo deste modelo de avaliação, na sua globalidade. Como referi anteriormente vou lutando como posso e sei. E o que é que isto significa? Que ajo de forma a não ir contra os meus princípios, os meus valores e sobretudo contra a lei vigente (mesmo que injusta), ou seja, os meus actos reflectem a minha opinião. Faço o que quero e defendo o que acho justo.

Faço greve se achar que a devo fazer… Participo em manifestações se puder e se considerar que os motivos são justos… Ajudo a mostrar a impossibilidade da aplicação deste modelo… Alerto sempre que possível, os colegas para ilegalidades e pressões de CE´s e ME… Redijo cartas à tutela sempre que acho que não existem condições para avançar com o modelo de avaliação, pedindo esclarecimentos… Tento atrasar a aplicação do modelo sempre que considero que as condições essenciais não estão reunidas… Mais do que isso, seria entrar no campo da ilegalidade. Recuso-me a fazer mais do que isso e admito-o publicamente. Todos os que me conhecem, sabem a minha opinião. Alguns discordam, gostariam que eu fosse mais radical. Não serei mais radical, não é a minha maneira de ser. Considero-me ponderado. Luto à "minha maneira". Apenas isso…

O que me levou a redigir este post, é o conhecimento de que colegas estão a exercer pressão sobre outros para participarem em iniciativas, que poderão ser ilegais e/ou que poderão colocar em causa o futuro profissional dos mesmos. Não posso admitir este tipo de estratégias. Se adiro a uma iniciativa faço-o em consciência e sabendo que dali poderão vir consequências. Mesmo que eu adira, não pressiono ninguém a fazer algo que poderá ser implicitamente ilegal!

E escrevo isto pois, ultimamente estou a receber alguns emails (basicamente desabafos) de colegas angustiados, que se sentem pressionados a tomar atitudes para as quais não estão preparados e/ou que pura e simplesmente não concordam. Procuram em mim algum tipo de ajuda, algum conselho… Não o posso dar. Cada um faz o que lhe vai na consciência e como adultos que somos, a esta altura do campeonato já deveremos ter criado condições de resistência a pressões. Se não concordam… Se têm dúvidas… Se se sentem pressionados… Digam NÃO! Ou um TALVEZ e depois ponderem melhor em casa, antes de tomar uma decisão final.

A luta é justa… Todos nós sabemos disso. No entanto, não nos devemos rodear de estratégias e manobras de pressão sobre outros colegas, que têm naturalmente receio. Se for por desconhecimento, o nosso dever é esclarecer e deixar que as pessoas tomem as suas decisões livremente. Se for por discordância, há que aceitar a diferença de pontos de vista. Em 31 anos, nunca me chateei com ninguém que tivesse uma opinião diferente da minha. Mesmo que isso me prejudicasse de alguma forma.

Tenho conhecimento de colegas que são alvo de “pressões” para assinar moções e outros documentos similares… Discordo! Tenho conhecimento de colegas que se preparam para fazer piquetes com vista a impedir a entrada de colegas em escolas no dia 3 de Dezembro (greve nacional)… Discordo! Não me agrada este tipo de atitudes. Estou a pensar em fazer greve nesse dia, mas se por qualquer coincidência, me aparecer um piquete pela frente, asseguro-vos que entro na escola e deixo a greve de lado. Não gosto deste tipo de estratégias… Não alinho com elas… Revoltam-me e constituem para mim, uma “tentação” a não alinhar (naquele momento) com a nossa luta. Querem preencher a aplicação da DGRHE (definição dos objectivos individuais)? Façam-no... Mas saibam que o não preenchimento não constitui qualquer ilegalidade e em nada vos irá prejudicar. Não querem assinar moções? Não assinem... Não assinem, se têm dúvidas quanto à legalidade do documento e se acharem que vos pode prejudicar (existe essa possibilidade).

Mesmo que tome a decisão (e já a tomei uma vez) de assinar um documento (ou a decisão de aderir a qualquer outra iniciativa), que sei poder vir a prejudicar-me de alguma forma, fá-lo-ei consciente das consequências e nunca pressionado. Nunca…

6 comentários:

  1. Subscrevo inteiramente!
    É estar a baixar ao mesmo nível de quem-sabemos...

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  2. Baixar ao mesmo nivel? Olhem se calhar sou dos radicais, mas em muitos paises os problemas dos professores e de outras classes foram resolvidos porque tomram medidas extremistas, isto vai vai com falinhas mansas, as pessoas, sim as pessoas que são professores não aguentam mais esta situação: DIGA-ME UMA COISA? mas será que não se vê que já não há outra saida senão medidas radicais, caramba, BASTA DE TANTA HUMILHAÇÃO!

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  3. Parece-me que o colega anónimo, não compreendeu as palavras do autor deste blog. Acabei agora de ler a mensagem, e não li nada que tivesse a ver com a oposição à radicalização das iniciativas. O que li, era claro e referia-se à discordância com a pressão exercida sobre alguns colegas para aderirem a determinadas iniciativas. Concordo com o que foi escrito pelo autor, e subscrevo por inteiro.

    Parabéns pelo blog.

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  4. Por mais que não pareça estamos em DEMOCRACIA! Os professores têm que estar unidos. A união nunca pode ser cimentada em pressão. Temos de avançar com medidas radicais, mas não sermos radicais com colegas que partilham a mesma profissão só porque não concordam com algum item da luta. Radicais com a ministra?!!!! Claro que sim. Vamos a isso

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  5. Para o anónimo das 8.48 PM: Acredito que a solução resida em medidas radicais, mas uma tomada de decisão individual não pode (ou antes, não deve) ser pautada por pressões interpares. Nada escrevi sobre actuar com "falinhas mansas". Concordo com 90% das denominadas "medidas radicais"...

    O objectivo do post era criticar a pressão que alguns colegas relatam em emails.

    Nada mais do que isso.

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  6. Colega, com todo o respeito, diga-me se concorda ou não que, se os capitães de Abril fossem tão legalistas, como evidencia ser, ainda estaríamos a viver na noite escura do fascismo. E se Galileu fosse...e se Wegener fosse...etc...etc...

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