segunda-feira, 13 de abril de 2009

A realidade dos colegas contratados.

Não me agrada minimamente escrever este tipo de posts, no entanto, tenho de o escrever por uma questão de consciência. Existem alguns colegas contratados que pensam que devido à grande mobilidade que este concurso (supostamente) vai ter, tem grandes hipóteses de entrar em quadro. Recomendo que não pensem assim, pois as probabilidades de levarem com um «balde de água fria» são extremamente elevadas. Este concurso de docentes é bastante diferente dos anteriores. E eu passo a explicar o porquê.

1.º As vagas de Quadro de Zona Pedagógica terminaram. Por regra, era por aqui que muitos colegas entravam em quadros. Ao eliminarem estas vagas, o Ministério da Educação, reduziu substancialmente o «bolo» de vagas. Um «golpe» de raiz economicista, que terá um forte impacto nas colocações e na manutenção da precariedade dos colegas contratados.

2.º As vagas de Quadro de Agrupamento (e de Escola não agrupada) são as únicas vagas colocadas a concurso, e na esmagadora maioria dos casos não servem sequer para assegurar 60% de «conversões» de colegas QZP em QA ou QEna. Se as vagas para este concurso, não são suficientes para os colegas QZP, quanto mais para os colegas contratados.

3.º Ao contrário de outros concursos, de 100% de vagas libertadas pelos colegas que entretanto se reformaram, nem 20% terão sido reconvertidas para este concurso.

4.º Em algumas escolas, onde existem 2 ou 3 colegas QZP (para além dos QE residentes) e mais uns quantos contratados, não abriram vagas de QA ou QEna, chegando mesmo a surgirem vagas negativas nestas escolas. Pelo que sei, alguns destes horários vão-se manter, mas não foram consideradas nas vagas para o concurso.

5.º Vão surgir imensas vagas, na próxima fase concursal, mas essas não servem para novas «entradas» em quadro. Vai ser aqui, que a real mobilidade se vai registar.

Para além do que já acima referi, e para piorar o cenário para os colegas contratados, sei que muitos colegas QZP, restringiram bastante o seu concurso, concorrendo apenas a mais um ou dois QZP´s. E se o fizeram, é porque leram a legislação, e sabem que na próxima fase do concurso, terão fortes hipóteses de conseguir uma colocação (ao abrigo do DACL) próximo de casa. Concorrem «à frente» dos colegas contratados, e com sorte ficarão em «casa». Isto significa, que a maioria dos colegas contratados que ficavam actualmente com um bom horário, perto da sua residência, irão ficar bem mais longe.

Perdoem-me esta chamada de atenção, mas alguém tinha de a fazer. Existem mais alguns elementos relevantes para a situação que acabei de expôr, mas creio que o que coloquei já é suficiente para vocês compreenderem a ideia geral.

11 comentários:

  1. Ricardo, agradeço bastante o post em questão. Infelizmente, tens razão. De tds modos, não havendo esperanças o choque não seria grande lol.
    Obgda e um abraço

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  2. Boas!
    Eu sou contratado e infelizmente, após cuidada leitura e análise da legislação, rápidamente cheguei a essa triste conclusão (para mim, é claro)....quando pensava que poderia ficar mais perto de casa, percebi rápidamente que são os DACL's que vão beneficiar desses horários na 2ª fase do concurso!
    Se é correcto? Não sei.....Agora o que sei é que ficarei longe de casa e continuo contratado.
    Cmps
    Nuno

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  3. Excelente esclarecimento....é importante as pessoas terem essa noção!
    Gostava de saber onde estão as 30 mil vagas anunciadas pelo nosso governo.........cambada de mentirosos.

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  4. Excelente post... Serve para que os colegas contratados "iludidos" tomem consciência que vincular neste concurso serão só para alguns e de poucos grupos de recrutamento.
    É uma política educativa de "potenciamento/exploração" dos vinculados escondida em medidas economicistas!

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  5. O colega tem razão em tudo o que afirma. Mas, será que,neste concurso, não há nada de positivo para os contratados?
    Julgo que vão existir muitos mais horários para contratados do que nos outros anos. As vagas não preenchem as reais necessidades das escolas. Este governo está a apostar no trabalho precário, por isso, prefere contratar do que vincular docentes. É mais barato e dá menos chatices.

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  6. Obviamente que se nos esforçarmos bastante, veremos aspectos positivos, mas apenas em número de vagas para a 2.ª fase do concurso. Mas sinceramente, essa visão apenas contribui para enganarmos a «fome» a curto prazo, pois irá manter por mais 4 anos a precariedade dos colegas contratados. O panorama é claramente negativo, e por mais que tente não consigo enganar ninguém.

    Sempre pensei que as vagas excepcionais anunciadas pelo ME fossem próximas das reais (3 anos de reformas ajudaram nesse raciocínio), no entanto, a realidade é bem diferente. Com raras excepções, dificilmente ocorrerão novas entradas em quadro, na esmagadora maioria dos grupos de recrutamento.

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  7. Caro colega Ricardo M excelente post.. oxalá não fosse assim e houvesse vagas para todos, para os actuais QZP e ainda para novas entradas. A realidade dos actuais QZP que não entrarem agora em QA também nã será boa daqui a quatro anos, por isso não concordo com os QZP que restrinjiram a sua candidatura porque desta forma e não entrando em QA, o que serão/seremos daqui a 4 anos???? Excendentários?!

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  8. Atenção com as comparações com os anos anteriores. As comparações com a 2ª fase são extremamente dificies de fazer com anos anteriores, porque quer as vagas que podem vir a concurso, quer o nº candidatos não são comparáveis. Isto porque em 2007 e 2008 existiram renovações de contratatos, muitos qzp´s mantiveram-se nas escolas (e a dimensão dos horários "originais" pode ter variado), não existiu DAR. E acabou o DCE. Não se esqueçam que são centenas ou milhares os colegas colocados em DCE ou afectos administrativsmente no EE.
    Para complicar as contas nesta 1ª fase, há muitos QE´s que não concorrerem há muito tempo e que concorrem este ano, por verem que esta poderá ser a ultima oportunidade, nos tempos mais próximos, de mudarem de escola. Este nº anormal de candidatos pode fazer ainda mais gente para DAR.
    E acho que mta gente ainda não se apercebeu bem das consequências de os qzp´s passarem a concorrer a DACL. Dou um exemplo do meu grupo (520) A grande maioria dos novos qzp´s em 2006 entrou nos situados junto ou a sul do Tejo. Ou seja, a grande maiora ficou longe de casa durante 3 anos. Agora, ou são colcoados e concorrem a DAR (e ficam bastante limitados no concurso) ou não ficam e concorrem a DACL. Neste meu grupo há um nº mto grande de contratados no QZP 23 com horário completo, obtidos ao longo dos 3 ultimos anos (existiram mtas renovações). Tenho a certeza que serão mto poucos (se mesmo algum) os que irão conseguir obter horário completo em Agosto neste qzp. O mesmo deverá acontecer em Braga ou no Tâmegsa.
    E quem não obtiver horário em Agosto, fica na lotaria da bolsa de recrutamento. E aqui a forma como se concorre vai ser muito importante.

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  9. Queria apenas sublinhar uma realidade referida pelo Ricardo e que é vergonhosa num país europeu: existe trabalho nas escolas portuguesas, mas não existe justiça na contratação de professores. Na minha escola no meu grupo somos nove, oito com horário completo e apenas dois QE e não abriu nenhuma vaga!!! COMO???
    trabalho existe, emprego... não!
    E os QZP dos DACL que abram os olhos pois brevemente são desqualificados para contratados...

    rui

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  10. Para Advogado do Diabo: O teu esclarecimento é extremamente importante. São os «tais» elementos importantes que referi no final do post, mas que não coloquei por achar que poderia provocar «overdose».

    Ainda bem que o fizeste por mim... Um abraço para ti, amigo.

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  11. tudo isso é verdade, mas é um pouco do "vira o disco e toca o mesmo". a grande luta, no âmbito da contratação de professores, dever-se-ia resumir a isto: justiça social e profissional. por outras palavras: quem se preocupa com os professores contratados, principalmente aqueles que andam há mais de dez anos nisto e que já se posicionam, no que à idade diz respeito, nos quarenta? sindicatos? professores (quadro)? Não e não. vemos agora as chamadas cedências: tudo para escalões lá em cima. é assim que se dá a volta aos sindicatos (e aos professores). um abraço,
    josé ricardo

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