Era de todo previsível que a temática da vinculação extraordinária fizesse ressurgir algum radicalismo dentro da nossa classe. Como sempre, e quando falamos de professores do ensino não superior, o radicalismo nunca surge em defesa da classe, mas sempre de uma parte da mesma...
E o radicalismo, embora permita abrir os olhos de muitos a determinados problemas e, como consequência, despoletar discussões e debates (que poderão ser úteis), tem um outro lado perverso. Um lado que acaba por fazer com que quem, por princípio, até concorda com os motivos do "radical", acabe por começar a "torcer o nariz". Penso até mesmo que certas declarações, insinuações e generalizações feitas, acabam por redundar mais em prejuízo que em benefício da ideia (que no seu cerne, é francamente justa).
Podem existir alguns colegas contratados com imensos anos de serviço que não entraram em quadro porque efetivamente optaram por não concorrer de uma forma mais abrangente. Outros colegas contratados, mesmo concorrendo num âmbito geográfico mais alargado, não entraram porque nunca tiveram essa oportunidade (uma questão de pura falta de vagas - mesmo que artificial). Esta sim é uma das generalizações possíveis.
Generalização e raciocínio similar poderá ser feito relativamente a quem se encontra nos quadros. Muitos colegas conseguiram uma vaga em quadro porque concorreram e se sujeitaram durante vários anos a horários a várias centenas de quilómetros de distância da sua residência. Outros, conseguiram essa entrada sem grandes problemas e sem terem de rumar a paragens longínquas.
Esta é a realidade... Não há maus nem bons. São opções.
A defesa da vinculação não deve passar pela demonstração de rancor, raiva ou mesmo inveja, mas sim pela exigência do real apuramento de vagas, pela sua divulgação, pela salvaguarda dos professores do ensino público, pela definição de regras absolutamente claras e fundamentalmente pela concretização de um concurso ordinário. Um concurso ordinário, onde todas as necessidades permanentes sejam efetivamente colocadas a concurso. Basta analisar as listas de contratação destes últimos 3 anos, para constatarmos que os números das necessidades permanentes não são irrisórios. Bem pelo contrário. Se o apuramento destas vagas fosse real, acredito que teríamos um número bem mais elevado de colegas contratados a entrar (finalmente) em quadro, do que com um concurso extraordinário repleto de consequências manhosas e com vagas irrisórias. Esta foi sempre a ideia que defendi... e continuo a acreditar nela. Seria bom que os sindicatos lutassem de forma afincada por este apuramento real de vagas. Aliás, já o deveriam ter feito.
Para terminar: penso que a questão do cumprimento da Diretiva Comunitária só poderá ser concretizada através do recurso aos tribunais. Não acredito que com negociações se possam corrigir os abusos dos contratos a termo. Não com estes sindicatos... Não com este Ministério da Educação... Não com este Ministério das Finanças...
Mais uma vez concordo em absoluto. Todas as generalizações feitas, vindas dos vários quadrantes são extremamente ofensivas. Cada um de nós sabe os sacrifícios que fez ao longo da carreira. Falar em "opções" dos outros sem conhecer a sua história de vida, as razões das várias escolhas é de deixar qualquer um em brasa.
ResponderEliminarQue belo acto de contrição que acabou de fazer, Ricardo.
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