sábado, 9 de janeiro de 2010

Entrevista a Isabel Alçada.

No jornal iOnline a 09/01/2010: "Lembra uma adolescente, mocassins rasos, calças de veludo castanho, cabelo solto, mas ainda há pouco saiu destas salas, após 14 horas de negociação non stop com gente dura de roer. Parece que não foi nada com ela mas sublinha: "Eu não recuo". Comigo, tocará a mesma tecla: "Não houve cedências nos pontos essenciais". Está tão segura de si que quando lhe digo que justamente há a impressão da "cedência", ela se dá ao luxo de ironizar: "Às vezes em política o que parece não é".
(...)
-Como classifica o desfecho das 14 horas de negociação de ontem [anteontem]? Com a palavra vitória, a vitória possível, uma vitoriazinha? Um compromisso? Ou simplesmente o fim do pesadelo?

Foi uma vitória. (...)Dizendo-lhes que estão criadas condições para que se aceite uma carreira docente que valoriza os professores mas que simultaneamente os distingue! Uma carreira exigente em que os professores se revêem e ao mesmo tempo um modelo de avaliação que é baseado naquilo que se sabe vale pedagogicamente e que não perde tempo com tarefas burocráticas. Algo que permite às pessoas verem a sua qualidade recompensada.
(...)
-Então qual o "mal" da sua antecessora, à qual o primeiro-ministro tanto e tão desesperadamente se agarrou?

Dantes, os professores progrediam automaticamente, toda a gente progredia, fosse qual fosse o trabalho que realizasse. Na anterior legislatura, foi criado um sistema em que isso deixou de acontecer mas com propostas que agora se verificou necessitarem de algumas correcções. Foi o que sucedeu. Acabaram as passagens automáticas.
(...)
-E como?

Observando de perto o trabalho do professor, verificando os elementos que ele vai compilando da sua prática normal. Não, não é uma tarefa burocrática, nada disso, não há acréscimo de actividades inúteis, aquilo que é avaliado é mesmo o trabalho do professor e em certos momentos avalia-se necessariamente as aulas.
(...)
-Mais que os detalhes do "seu" modelo, o que quero saber é se se viu obrigada a ceder? Em relação aos pilares onde assentavam as suas propostas de negociação com os sindicatos, considera que eles tremeram, ou seja acha que teve que contemporizar, trocar, ceder?

Não. Os princípios mantêm-se absolutamente intactos. Mas há muitas maneiras de concretizar os princípios de rigor e exigência, muitos cenários que se podem criar, várias formas de o fazer.
(...)
-Quanto é que vai custar a mais ao país as introduções consignadas por este acordo?

Haverá apenas algum impacto financeiro, está tudo calculado. Cada ponto que foi acordado foi estudado ao pormenor, financeiramente e pedagogicamente para que o impacto não fosse insustentável. São 120 mil professores - 1% na massa salarial é imenso. Por isso, temos de ter muito cuidado com toda a actuação do ME nesta área, o país estará sempre à frente do interesse de uma classe. (...)"

Ver Artigo Completo (iOnline)

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Comentário: A entrevista é bastante extensa e como tal, acabei por fazer uma filtragem do que considerei mais relevante, no entanto, aconselho a leitura na íntegra da mesma. Algumas das passagens na entrevista são claramente enigmáticas e fazem antever dias menos bons para os professores, porém (e a partir de 6.ª feira passada) o Ministério da Educação (e a Ministra) têm um enorme trunfo do seu lado: o Acordo. São tantos os elementos a esmiuçar em termos de Estatuto da Carreira Docente que para já, ainda não se podem fazer grandes análises ou considerações na especialidade. Relativamente ao modelo de avaliação, nada a salientar. O modelo permanece mais ou menos nos mesmos moldes.
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5 comentários:

  1. tudo quer ficar bem no retrato.
    vamos ver...

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  2. Nestas negociações ganham sempre todos.
    Só os professores ficam sempre a perder.

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  3. Não disse nada que nós não soubesse-mos. Ou seja o País estará à frente de qualquer classe profissional. Mas têm que ser sempre os mesmos a pagar a factura?

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  4. (Soubessemos não tem hífen!). Já leram o Acordo? Então leiam. Para quem tinha perdido tudo (os professores individualmente considerados, apesar dos avisos atempados dos sindicatos!) um ganho merece ser valorizado. Os sindicatos têm conduzido a luta com grande dignidade. Mesmo quando os "professores" os deixam sós. Viva o sindicalismo!

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  5. muito bem,manuel.
    deixem resmungar os tristes...os contratados,os bachareis, os candidatos a, só serviam para pagar quotas,ir a manifestações e fazer na escola o que eles deixavam...os sindicatos e o ministério só solucionavam,segundo os ditos, os problemas dos eduquês....
    a fartura..tem feito mal a muita gente.

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