domingo, 29 de novembro de 2009

Santo Onofre após Maria de Lurdes Rodrigues.

Furtado do blogue "Correntes" (um espaço que ocupa a minha atenção incondicional há imensos meses) pela sua tremenda relevância em recordar lutas passadas e actuais:

"O caso de santo onofre visto de fora.

Os últimos acontecimentos em Santo Onofre têm-me proporcionado mais um pico de informação. Uma professora de uma das escolas da cidade das Caldas da Rainha e que acompanha o caso de Santo Onofre com interesse, enviou-me um texto para publicação. Claro que está tudo identificado, mas para sua protecção omito o seu nome.
(...)
Uma vitória de Maria de Lurdes Rodrigues e uma vergonha para os professores de Santo Onofre! E - sobretudo - uma traição aos outros professores que tiveram a coragem e a dignidade de afirmar os seus princípios e de lutar por eles em nome de todos.

A Escola de Santo Onofre foi, de certa forma, um símbolo da nossa luta contra as políticas sustentadas na maioria absoluta do PS. Lembro-me dos aplausos nas manifestações à passagem dos professores de Santo Onofre; lembro-me da admiração pela firmeza desta escola no confronto com o autoritarismo e a arbitrariedade da anterior equipa do ME. Fomos, debaixo de chuva intensa, aos portões desta escola apoiar os seus professores - nossos colegas - e manifestar o nosso repúdio pelo carácter fascista da medida tomada pelo ME: a destituição de um Conselho Executivo democraticamente eleito e a imposição de um intruso na direcção da escola. E eis que, agora, os mesmos professores de Santo Onofre fazem o impensável: legitimam, eles próprios (!!), como director da escola precisamente o intruso da CAP. Alguém que, ao facto de ter sido imposto à escola por um poder arbitrário, acrescenta agora, segundo consta, uma manifesta e provada incompetência para o exercício do cargo!

Tentar explicar um comportamento destes (e muitos outros a que temos assistido) é confrontarmo-nos com uma miséria que não é apenas profissional, mas humana. Manuel J. Gomes, tradutor de Étienne de La Boétie, escreveu: “Se em 1600 era tarefa difícil escrever um prefácio a La Boétie, hoje não é mais fácil. Hoje como nos tempos de La Boétie e Montaigne, a alienação é demasiado doce (como um refrigerante) e a liberdade demasiado amarga, porque está demasiado próxima da solidão.” Referia-se à obra “Discurso da Servidão Voluntária”, de La Boétie, cuja leitura atenta e reflectida seria útil a muita gente.

Por aquilo que a Escola de Santo Onofre representou, entre os professores e para a opinião pública, na legítima luta dos professores pela Educação, um desfecho destes significa uma pesada derrota e uma humilhação para todos. Isto sim, faz-me perder a esperança.

Afinal a dignidade, a firmeza e a coragem não tinham o rosto nem o nome da Escola de Santo Onofre. Tinham os rostos e os nomes de alguns professores desta escola. Havia poucos Professores em Santo Onofre! Estou a lembrar-me do conto, que li quando era criança, “O rei vai nu” e de como, quando o rei percebe que os outros já descobriram a sua nudez, corre envergonhado a esconder-se no palácio. O nome da escola apenas abrigava um pacato rebanho que aguardava o pastor/o chefe que os protegesse e conduzisse... nem que seja em sentido contrário ao que seguiram até agora. Se é que seguiam algum!

Um rebanho que, assim, impõe aos outros professores a triste imagem da falta de classe da classe docente."

Autora identificada."


Discordo da dramatização excessiva desta situação, no entanto, tenho de reconhecer que estranhei bastante quando fiquei a saber as últimas novidades do Agrupamento de Escolas de Santo Onofre. Fiquei desiludido, mas não surpreendido. O mundo dá muitas voltas... Esta é apenas mais uma.

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