domingo, 3 de maio de 2009

Uma entrevista que merece ser lida.


A entrevista a Medina Carreira, é extensa e aborda diversas temáticas. Apenas coloquei aqui um excerto relativo à educação. Este homem definitivamente não tem «papas na língua»... E tem razão (no meu ponto de vista) no que diz. Leiam e tirem as vossas conclusões.

"LC – Mas é preciso que a escola seja boa.

- Agora mexer na escola e ficar tudo na mesma não interessa. Se os alunos estiverem lá e são tão bons os bons como são bons os maus, quer dizer, anda lá um número grande a atrapalhar o trânsito, em nome de uma coisa esquisitíssima e que eu não aceito que é a escola inclusiva. Ora, a escola é inclusiva se as pessoas estão lá para aprender. Se não estão para aprender têm de ir para outro sítio. Um estádio de futebol, põe-se lá toda a gente aos pontapés na bola. Agora, na escola só pode estar quem queira aprender. Mas isso tem de ser aferido. Nós temos todos os anos de verificar se eles aprenderam.
(...)
LC – Seriam a maioria.

- Isso foi ontem, é hoje e será na próxima geração. Agora não. Temos os bons que eram bons e temos o resto. E como não há exames nunca chega a ocasião para estudar. Portanto isto é uma falsificação. O ensino em Portugal é uma intrujice. Uma intrujice cara. E depois inverte-se isto. Vamos avaliar os professores, nem sei quais são os critérios. No estado em que aquilo está parece-me uma tontice, mas não se avaliam os alunos. Isto tem pés e cabeça? Isto é de uma sociedade de gente com juízo?

ARF – Esta nossa escola é uma certa escola, que dura há anos e anos.

- É uma escolinha. Não é uma escola, é uma escolinha. É um grupo de gente que está a praticar um crime gravíssimo que vai liquidar uma geração. Se não mais. Mas a próxima geração maioritariamente está liquidada. As pessoas não aprendem a língua. Nós pensamos em português. Se a gente não sabe bem português não pensa bem. Nós não sabemos fazer contas, nós não sabemos geografia. Se perguntarem a um rapazito qualquer onde é que é Washington não faz ideia nenhuma, é capaz de dizer que é na Ásia.
(...)
LC – A escola era melhor antes do 25 de Abril do que é agora?

- Incomparavelmente. A diferença é que eram poucos. Eram para aí 30 por cento menos do que hoje.

LC – E preferia que fossem poucos?

- Não, não prefiro que sejam poucos. Eu prefiro é autenticidade, porque isto é uma vigarice. É que os pais dos que lá estão têm de ter a certeza de que estão a aprender. Não é serem poucos ou muitos. Não interessa nada produzir quantidade que é lixo. Nada.

LC – Mas a quantidade à partida diminui sempre a qualidade. A massificação do ensino diminui a qualidade, não acha?

- Mas não é diminuir até zero. Nós estamos a bater no chão. É diminuir um pouco. Agora isto não é nada. Um aluno sai dali e não sabe escrever. Eu ensinei muitos anos e acabei por me irritar com o ensino. Dava-lhes provas escritas e era dificílimo de entender o que escreviam. Cheias de erros, linha sim, linha não um erro, expunham pessimamente, tudo aquilo era um ver se te avias.

LC – Acha que no Ministério da Educação não sabem isso?

- O Ministério da Educação, como os outros Ministérios neste nosso regime, está ali para parecer, para apresentar uma estatísticas lá forjadas não sei como. Para vocês nas sondagens descobrirem que este Governo é um Governo muito próspero."

8 comentários:

  1. Não posso estar mais de acordo!
    Aos meus amigos que têm os filhos já em idade escolar costumo dizer-lhes que mantenham os filhos nos ( bons ) colégios até ao 9º ano, porque isto cá fora está mesmo a bater no fundo. E quando acho que já bateu, passado uns tempos vejo que afinal pode ser ainda pior.


    Prof. de Matemática

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  2. Pois é tem razão eu sinto o mesmo. para nosso mal ao contrário da inteligência, a estupideZ não tem limites. É por isso que isto nunca mais bate no fundo e está sempre a piorar.

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  3. Que também são raros.


    Mesmo com defeitos eu cá prefiro a escola pública.

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  4. Desculpem a sinceridade: infelizmente, parece-me que a "escola" passará ser um negógio, aliás um bom negócio... toda a gente anda a denegrir a escola pública.
    Há boas escolas públicas, bons professores e bons alunos...
    Parece-me a mim que há pretensões de determinadas facções e jogos de interesses.
    Apesar de andar pelas ruas da amargura eu ainda acredito na Escola Pública.

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  5. Concordo plenamente...estamos a bater bem no fundo. Não nos deixam fazer o nosso trabalho... se somos severos, somos apedrejados pelos pais e os alunos são enviados para a psicologa. Se não ligamos nenhum, a sala de aula transforma-se num autêntico campo de batalha. Estou a ver isto a afundar sem poder fazer nada... o meu maior receio é que estes alunos que não sabem ler nem interpretar vão ser os futuros homens e mulheres deste país. Tenho imensa pena que para o Ministério so conte as estatisticas e a miragem do sucesso escolar...

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  6. Concordo plenamente...estamos a bater bem no fundo. Não nos deixam fazer o nosso trabalho... se somos severos, somos apedrejados pelos pais e os alunos são enviados para a psicologa. Se não ligamos nenhum, a sala de aula transforma-se num autêntico campo de batalha. Estou a ver isto a afundar sem poder fazer nada... o meu maior receio é que estes alunos que não sabem ler nem interpretar vão ser os futuros homens e mulheres deste país. Tenho imensa pena que para o Ministério so conte as estatisticas e a miragem do sucesso escolar...

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  7. Anónimo das 9:48,

    Tens razão. Alguns (muitos?) professores gostam de cuspir no prato que lhes dá de comer.

    Estrutar o pensamento é díficil. Deixam-se levar por estes discursos demagógicos.

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  8. Não se trata de "cuspir no prato" mas tenho visto muitas colegas que das duas uma: ou têm os filhos a estudar na escola onde dão aulas, ou então vão para uma escola particular. Eu dou aulas no ensino publico e já dei no particular e tenho a certeza que da maneira que as coisas estão eu terei os meus filhos no ensino particular ( se economicamente for possível, é claro). Sou a mesma professora em qualquer uma das duas instituições mas á que reconhecer as diferenças no que diz respeito á formação em todos os níveis dos alunos.

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