domingo, 6 de julho de 2008

Entrevista conveniente... Ministra contente!

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Comentário: Pretendia actualizar este blogue apenas na segunda-feira, mas depois de ler a entrevista de Maria de Lurdes Reis Rodrigues, tornou-se inevitável a actualização. Esta entrevista não acrescentou nada de novo, à excepção da futura transferência da gestão das escolas (e previsivelmente, dos professores) para a alçada das autarquias. É também notório o auto-elogio implícito, que acaba por ser um dos elementos mais irritantes desta entrevista. A par deste elemento, também se coloca a parcialidade e oportunidade de quem coloca as questões. Mesmo "a jeito" das respostas... convenientes e publicitárias.

As fotografias escolhidas para fazerem parte da entrevista revelam uma descontração assustadora (até agora nunca vista, numa personagem de eterno semblante frio e quase robótico), que contrasta com a preocupação dos professores e a situação preocupante do nosso sistema educativo. Não consigo conceber o porquê de tanta alegria (mesmo que aparente)... Reconheço que as fotografias me incomodaram bastante. Coloco assim, de seguida, uma pequena parte (a que considerei mais relevante) da entrevista.
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No Expresso de 05/07/2008: "O rosto da primeira grande contestação contra o Governo mantém-se resistente à frente da pasta da Educação. Apesar de afirmar não ser imune às contestações sociais, parece passar-lhes ao lado. Nega querer governar para as estatísticas e apesar das críticas de facilitismo, diz que "o ensino é hoje mais exigente".
(...)
Reduziu-se para metade as notas negativas na prova de aferição do 6º ano. Se as provas forem muito mais fáceis, melhoram naturalmente as notas. Pode ser um método estatístico de governar?
Não estou de acordo. Fazer isso seria muito fácil. Quem acusa o Governo de manipulação estatística não explica como é que isso se faz. Eu não sei como se manipulam estatísticas dessa maneira.
(...)
Como já admitiram, os resultados dos exames do 9º e do secundário não são comparáveis com os do ano passado porque tiveram mais meia hora de tolerância e uma estrutura diferente. Como vai apresentar os resultados? Se forem melhores vai dizer que são fruto de mais trabalho?
E se houver mais notas negativas? O objectivo dos exames não é comparar.
(...)
Esperava que pedir aos professores para serem avaliados colocasse 100 mil professores na rua contra a sua política?
dois elementos na mudança que se está a propor que contrariam muito a lógica dos últimos 30 anos. Um deles é a estruturação vertical com a criação de duas categorias. Os sindicatos e as associações de professores trabalharam mais de 30 anos para anular todas as diferenças e construir uma carreira homogénea. A única variável que os professores aceitam para os distinguir é a variável tempo, os tempos de serviço.

Está confiante de que o modelo de avaliação que propõe e que vai entrar em experimentação no próximo ano vai de facto ser aplicado?
Está a ser aplicado de modo simplificado aos professores contratados e está a ser aplicado como previsto no decreto regulamentar a todos os outros professores, porque os ciclos de avaliação são ciclos de dois anos e há algum trabalho que já se está a fazer.
(...)
Quando é que descentraliza e passa as escolas para as competências das autarquias?
Também aí temos um problema de mudança de paradigma. Herdámos um modelo centralizado de escola fechada, em que o que se exige não é a participação dos agentes de proximidade, mas o fechamento. Antes do 25 de Abril proibia-se a entrada dos pais nas escolas. A escola era um braço executivo do Ministério da Educação sem nenhuma autonomia. Hoje é consensual a ideia de que o sistema ganharia eficiência se houvesse um envolvimento de proximidade. A ideia de mais autonomia e mais descentralização é consensual. O problema é a metodologia de transição. Que a transição se vai fazer não tenho nenhuma dúvida. As orientações curriculares, a afectação de recursos eventualmente, a avaliação e a inspecção caberão ao ministério. Acho que o caminho é esse. E acho que este Governo inovou na procura de metodologias para esta transição, com a aproximação que fizemos às autarquias.
(...)
Está previsto que o novo regime de gestão das escolas entre em vigor no próximo ano lectivo. A Fenprof já entregou uma petição pública na AR contra o que considera ser um modelo anti-democrático por pôr em causa os princípios de elegibilidade, colegialidade e participação. Está confiante de que vai para a frente este novo modelo de gestão?
Pode ter a contestação de alguns sindicatos mas não de todos. Não tem a da FNE. Pode ter a oposição de alguns professores, mas não de todos. Tem os conselhos executivos e as autarquias totalmente de acordo. Apesar de tudo há uma base social de apoio a este modelo. Ele já está a ser concretizado em muitas escolas. Os autarcas estão a fazer nomeações muito exigentes. As autarquias estão a fazer-se representar ao mais alto nível. Este modelo responde ao que eram os anseios de quem hoje dirige as escolas e qualifica a participação dos pais e dos autarcas.
(...)
Os sindicatos têm prejudicado a escola pública?
Não diria tanto. Diria que algumas linhas de política prejudicaram a escola pública. Por exemplo, não tenho dúvidas que o modelo centralizado de concurso é o exemplo da política aparentemente justa e igualitária do ponto de vista dos professores e dos sindicatos que prejudica.
(...)
Disse que perdeu os professores mas ganhou o país...
Dou um prémio a quem encontrar essa minha frase. Há diferentes interesses que devem ser ponderados, os dos professores, os dos alunos, os das famílias, das autarquias, os do país. O que a frase pode simbolizar no aspecto mais positivo é que há vários interesses que têm de ser ponderados. A política da educação não pode estar reduzida à condição dos professores. (...)"

Ver Artigo Completo (Expresso)

3 comentários:

  1. Olá Prof. Contratado.
    Eu acho que a cara de riso dela foi de certeza enquanto estava sozinha e lembrou-se de nós todos, Professores..... devia estar a fazer um feedback da trampa q tem feito e desatou-se a rir, só pode....
    Ou isso, ou deu um pum....

    Beijocas.
    Sónia B.

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  2. Nem imaginas o que já me ri com as tuas hipóteses... Principalmente da última! Eh eh eh.

    Abraço.

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  3. Ainda bem que serviu para te rires um bocadinho. Já que és tão útil para mim, ainda bem que servi para fazer alguma coisa por ti, mais que não seja, fazer-te rir nesta altura que, para tantos estamos de férias, e nós cheios de trabalho...
    Boa semana.

    Sónia B.

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