segunda-feira, 26 de março de 2007

Indisciplina exige melhor formação dos docentes.

No Jornal de Notícias de 25/03/2007: "Quando, na década de 80, João Amado estudou o problema da indisciplina numa escola dos arredores de Lisboa, contabilizou 774 participações - a maioria com expulsão da sala de aula - feitas por professores no espaço temporal de cinco anos lectivos. Hoje, aquele docente universitário sabe, através das investigações feitas pelos seus alunos, que aquelas sete centenas de participações diriam respeito a apenas um trimestre. Conversa e utilização de telemóveis dentro da sala de aula, agressão verbal - quando não mesmo física - a professores, cenas de luta nos corredores e recreios e desrespeito às ordens dos funcionários são alguns dos comportamentos que se tornam comuns no dia-a-dia escolar. As razões são várias. Há alunos que chegam à escola carregando problemas sociais e familiares, não encontrando ali resposta às suas carências. E há professores sem formação para gerir uma sala de aula. E há um tempo em que a imagem dos educadores se sente fragilizada e, assim, aberta à indisciplina e violência. Receitas para dar a volta à situação não faltam. Rever currículos e reforçar a autoridade dos professores são algumas das soluções propostas.

João Amado investiga as questões de indisciplina no espaço escolar há décadas. Por isso, hoje, sente dificuldades em resumir as causas do mau comportamento, tantas que elas são. "Ultimamente, os professores têm sido vítimas da desvalorização da sua própria condição e do seu estatuto pelo poder político, o que se vai traduzir na representação que a sociedade faz dos professores. E isto tem reflexos na sala de aula", destacou.
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Por outro lado, o psicólogo critica o laxismo existente em muitas escolas em termos disciplinares. "As conversas paralelas na sala de aula já são assumidas como factos normais, padronizados. Por isso, a tendência é que os alunos evoluam no grau de indisciplina, passando a níveis superiores", explicou.
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A ministra da Educação já fez saber que o Estatuto do Aluno (Lei 30/2002) está a ser revisto "no sentido de reforçar a autoridade dos órgãos de gestão das escolas e dos professores na tomada de medidas disciplinares de carácter educativo".

Conforme salientou, as alterações que estão a ser introduzidas implicam "desburocratizar os procedimentos associados à gestão da indisciplina, que são hoje excessivamente codificados e desvalorizadores da autoridade do professor, comprometendo a eficiência educativa". Maria de Lurdes Rodrigues é de opinião que "a indisciplina é geradora de um ambiente social negativo para o futuro dos alunos como profissionais e cidadãos". A governante destacou o papel de programas como a escola a tempo inteiro e ocupação plena dos tempos escolares, educação para a cidadania, educação para a saúde e desporto escolar. No seu entender, aqueles programas "visam justamente proporcionar às escolas instrumentos de prevenção e plena integração dos alunos no projecto escola". A ministra destacou, ainda, a importância de uma maior responsabilização dos pais quanto ao cumprimento da escolaridade obrigatória."

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