Fartinho de ouvir e (sobretudo) ler que estas alterações curriculares não vão causar grandes alterações no número total de horários, passo a fazer algumas questões e a dar as respectivas respostas (ao melhor estilo "maluquinho" sob o efeito de drogas). São pequenas questões que mereceriam um raciocínio mais complexo, no entanto, não quero abreviar trabalho para outros. Assim:
1 - Com base na tabela da nova organização curricular consegues calcular o número de turmas que necessitas para ter um horário completo (22h)?
R: Claro que sim. Deixa cá buscar a máquina de calcular. No meu grupo de recrutamento (520) são 4h para o 7.º, 4h para o 8.º e 5h para o 9.º. Se tiver 2 turmas de 7.º e três turmas de 8.º fico com 20h. 20h? Ui... isso não pode ser. Pois não...
2 - Chegaste à conclusão que não consegues chegar às 22h só com turmas? Foi? Então como fazer para completar horários?
R: Posso completar horários acrescentando outra turma ou dando uma direcção de turma (com Formação Cívica mais o cargo de Director de Turma). Está feito.
3 - Em ambos os casos sabes o que acontece?
R: Horas extraordinárias! Mas isso até é bom...
4 - Será mesmo bom? Vejamos... As horas extraordinárias são "mal" pagas. Mas... e ao serem distribuídas o que acontecerá ao número total de horários?
R: Irão diminuir, pois as horas extraordinárias serão distribuídas por vários colegas da escola.
Pois é, meus caros colegas. O que escrevi acima é "conversa de maluco" mas serve para demonstrar que a redução do crédito horário das escolas e a eliminação de Área de Projecto e Estudo Acompanhado (que serviam para fazer "acertos") poderão contribuir para reduzir bastante o número de horários. A meta da redução orçamental será cumprida de uma maneira ou de outra. É que ao distribuírem essa horas extraordinárias (mal pagas) pelos docentes, vão cortando nos horários. Mesmo os colegas de Português e Matemática não irão "ganhar" assim tantos horários, pois os múltiplos de 5 são tramados (sem falar de cargos ou outros "reforços", pensem... ou dá 20h ou dá 25h).
Escrito isto... Tentem não me dar na cabeça e entender que é um raciocínio possível. Não acontecendo, melhor. Mas não vejo outra forma de arredondamento suficientemente globalizante. E vejam o que acontece. 2 horas extraordinárias aqui, 3 horas extraordinárias acolá... esfumam-se vários horários completos.
Sobra uma última questão à qual eu não vou dar resposta: Será que este "pormenor" malvado foi pensado pelo Governo? O que é que vocês acham?
Sobra uma última questão à qual eu não vou dar resposta: Será que este "pormenor" malvado foi pensado pelo Governo? O que é que vocês acham?
O giz da tua escola deve ser CaCO3 puro! Dá cá uma pedrada!!! ;)
ResponderEliminarGrande piada "geológica". És uma "moca"... Eh eh eh.
ResponderEliminarEngraçado...
ResponderEliminarAinda não tinha pensado nessa possibilidade...
Ontem, quando tropecei no documento, encontrado aqui e no blogue do Paulo Guinote, tentei contactar os outros colegas da minha escola, pois faço parte da equipa de distibuição de serviço e hoje havia Pedagógico...
Caiu que nem uma bomba!!!
Enquanto a reunião decorria... fui estudando diversos cenários... E só encontrava horários onde faltava uma hora, faltavam duas... Mas a carga das disciplinas ou ultrapassva o máximo da componente lectiva do professor ou não era suficiente... Entrei em pânico... Não há crédito... Só se fosse para o 1º ciclo... Há um crédito específico aí, para requisição de professores se não houver ninguém dos quadros com horário por completar... Essa das horas extraordinárias não me tinha passado pela cabeça, até porque há muitos docentes com redução por antiguidade e eu acho que não podem ter horas extraordinárias nesses casos... Mas é sempre uma ideia...
E que tal considerar a redução da componente lectiva para os tais "arredondamentos"!
ResponderEliminarNesta sociedade solidária e justa em que vivemos não nos podemos esquecer dos "velhos"!
Eu não me esqueço. Eheh...
Um abraço.
«Português e Matemática não irão "ganhar" assim tantos horários, pois os múltiplos de 5 são tramados (sem falar de cargos ou outros "reforços", pensem... ou dá 20h ou dá 25h)»
ResponderEliminarMúltiplos de 5? Tem a certeza? E as horas com alínea f)? Aliás, não é liquido que estas horas tenham de ser distribuídas exclusivamente pelos docentes de Matemática e LP; parte delas poderão ser usadas nos ajustamentos que refere... Ou percebi alguma coisa mal?
Edcuar a educação
ResponderEliminarNão é uma questão de vontade ou de falta de solidariedade.
Há regras para a distribuição de serviço. Isso poderia ser feito com o crédito de horas. Com a redução desse crédito isso vai ser muito complicado. E sem a AP e o EA para tapar buracos, não há muitas soluções.
Advogado,
ResponderEliminarSabes, que eu sei, que tu sabes isto:
"3 — Na componente não lectiva de estabelecimento são obrigatoriamente incluídas as seguintes horas:
b) Número de horas correspondentes à redução da componente lectiva usufruída ao abrigo do artigo 79.º do ECD."
Por isso dispenso "mind games"!
Um abraço.
No 2º ciclo, o problema não é grave; ciências da natureza continua com 3 tempos semanais.
ResponderEliminarEducar para a educação
ResponderEliminarO exemplo que o Ricardo deu aplica-se a quem não tem qualquer redução.
Por exemplo o horário completo de um contratado.
Mas também se arranja exemplos para quem tem redução.
Por exemplo, no extremo oposto, no mesmo grupo, só com 3º ciclo. Com redução máxima, ou seja 14 horas lectivas. Continuam a faltar 2 horas.
Há turmas com 5t, com 4t, poderá haver com 6t (alínea f).
ResponderEliminarHá professores com 22h, com 20h, com 18h, com 16h, com 14h.
Há DT com 2 h.Não conseguem fazer horários assim?
Se o nº de horas da carga curricular se mantém, pode haver dança de cadeiras, mas não haverá redução do nº de professores.
Atenção que há indicações expressas para evitar ao máximo horas extraordinárias.
BUH
ResponderEliminarO Ricardo deu o exemplo para o 520 (Biologia e Geologia). O mesmo exemplo também se aplica para o 510 (Fisica e Quimica). Matemática e Português terão o mesmo problema, só que com 4 turmas em vez de 5.
As disciplinas com 3 horas semanais vão ter um problema semelhante com 7 turmas a darem 21 horas.
E as disciplinas com 2 horas semanais vão ser bonitas. Sem AP, sem credito horário e com apenas 2 horas por turma para tapar muitos buracos (se existirem, pois depende de como as escolas vão usar essas horas).
Acredite, há muito buraco para ser tapado com tão poucas horas.
Advogado,
ResponderEliminarNão alterando os exemplos:
2 turmas de 9ºano (2x5=10);
1 turma de 7º ou 8ºano (1x4=4);
Resultado: 14 horas!
Cada docente é um caso, assim como cada escola (por exemplo, como sabe, nem todas têm desdobramento nas Ciências)!
O que é certo, é que, o "omitido" artigo 79.º do ECD é para considerar!
Um abraço.
Francisco
ResponderEliminarÁs 2 horas da DT acrescente 1 hora de FC.
O prpblema é que não há cadeiras suficientes.
Faça o seguinte exercicio, para simplificar.
Tire as horas de AP dos horários (já atribuidas a LP e Matemática). Mantenha o EA (as tais 2 horas) e tente arranjar substituição para essas 2 horas. Vai ver que só consegue tirando horas de outros horários.
Ricardo, mais uma vez, muito obrigada pelo teu contributo, mas infelizmente eu tirei essa conclusão assim que acabei de ver o documento da reorganização curricular :0(
ResponderEliminarSó me resta dizer que continuo a ter muitos colegas em que se aplica o velho ditado:"pior cego é aquele que não quer ver".
Eu
ResponderEliminarE a maioria dos colegas ainda não reparou nos efeitos de algo que o Ricardo fez referêcia. O despacho de organização do ano lectivo que corta, entre outros aspectos, no crédito de horas das escolas (pergunto eu, será que muitos colegas sabem o que é este créditô, para que serve e a sua importância para o nº de horários)?
Para mim é fácil fazer contas, no grupo 520 há muitos colegas com AP, se esta disciplina sai ganham turmas de CN, BIOGEO ou bio ou geo, perde-se também o AP12 entregue a muitos colegas do 510 e 520, diminuem drasticamente os horarios dos contratados. Oh colegas vamos lá pensar um pouco isto é para reduzir custos e reduzir custos implica reduzir horários.
ResponderEliminarSó não acabam com a porcaria das substituições...
ResponderEliminarO raciocinio está correcto. Se existe orientação para evitar horas extra mas a conjugação de níveis não dá 22h, é um bom 'berbicacho'...
ResponderEliminarFalta acrescentar a perda da redução de componente lectiva em todos os cargos, nomeadamente da direcção, onde os adjuntos e assessores vão ter de assumir turmas.
e já agora, para o 520 e 510: continua a existir desdobramento da turma em turnos?
Ninguém sai... ficam todos na escola a leccionar Língua Portuguesa e Matemática!
ResponderEliminarDesdobramento de Turmas CN/FQ
ResponderEliminarEfectivamente a legislação, Despacho n. 14 026/2007 republicado no Despacho n.º 13170/2009, é referido que " ...
1 — Áreas curriculares disciplinares do ensino básico em que é autorizado o desdobramento quando o número de alunos for superior a 15:
1.1 — Na disciplina de Ciências da Natureza do 2.º ciclo e nas disciplinas de Ciências Naturais e Físico -Química do 3.º ciclo, no tempo correspondente a um bloco de noventa minutos, exclusivamente para a realização de trabalho prático ou experimental;"
Os constrangimentos no que respeita aos espaços físicos das escolas impedem, por vezes, as mesmas de oferecerem o desdobramento. Note que a legislação apenas refere, "é autorizado".
Ricardo,
ResponderEliminarCada vez os nossos clientes são mais incompetentes, enquanto aprendentes da nossa língua materna (vide resultados dos exames nacionais).
Eu, enquanto professora de LP e Português, sinto-o todos os dias. Não há o culto do estudo, do trabalho e do raciocínio, importante na Matemática, mas também no Português, uma vez que a estrutura de uma frase ou a escrita de um texto, obriga a um exercício mental para descobrir a lógica e a coerência de um enunciado com sentido. Nada melhor que o LATIM,para exercitar a lógica da estrutura frásica e da coerência.
Se fosse ressuscitado, todos beneficiariam : os professores que tiraram clássicas e os alunos.
O que pensas sobre o assunto? Achas que será impossível o seu regresso do mundo dos quase mortos?
Carla
Advogado, eu também sei isso que referiste. Não há horas. Ponto final...
ResponderEliminarSou contratada há 11 anos e sofro com tudo isto. E sim, com esta reorganização de currículo ou vou para o desemprego ou volto para os horário incompletos. A juntar-se à minha tristeza há a revolta de sentir que os meus colegas estão cada vez mais desinformados. Cada um olha para o seu umbigo e agora andam todos a ver como conseguem "tramar" os outros para que não sejam concorrentes para a quota de menções de topo.
E nos alunos, ninguém pensa? Não deviam ser eles a nossa prioridade?
Para mim continuam a sê-lo, mas infelizmente já ninguém dá valor a isso. O importante é fazer "folclores". Como depois o dia desses colegas também só tem 24horas e não chega para tudo a solução é: na aula de revisões colocam as perguntas do teste no quadro. Resultado próximo: 100% de positivas. Resultado mais afastado: notas muito baixas nos anos seguintes.
Mas isto de nada importa :-(
Brilhante raciocínio do Ricardo!
ResponderEliminarInfelizmente, a maioria dos nossos colegas já antevê a brisa marinha no horizonte e só mais tarde se aperceberá dos efeitos "cosméticos" desta alteração curricular!
Já agora, alguém me quer ajudar a definir horários de docentes de informática? Não querendo ser mauzinho, pensemos em colegas de informática (QA) em agrupamentos pequenos. Pois é...nestes casos nem com calculadoras solucionamos o problema! Só espero que não venham a ser o bode espiatório da míngua futura dos resultados de Matemática!
Para além destes problemas, todos os contratados do grupo disciplinar 610 - Música no 3ºciclo vão ser pura e simplesmente DESPEDIDOS.
ResponderEliminarComo o Ricardo indicou num post abaixo, a disciplina só existe dada por professores do quadro.
Curiosamente, conheço colegas que fizeram profissionalização em serviço, específica para este grupo, há poucos anos paga pelo Estado.
Acho que por exemplo no grupo 230 não vai haver desemprego, até pelo contrário.
ResponderEliminarBem como no 200.
ResponderEliminarAdvogado do Diabo,
ResponderEliminarna minha escola o Crédito de horas passou de 40 para 8 horas. Brutal.
Ricardo, bom post!
A tudo o que disseram acrescentem: regresso à escola dos professores em mobilidade. Só ao nível da DREN são 116! Menos 116 contratados! Para quem suspirava pelo fim das Dres e EAEs tem aqui um belo exemplo. Agora somem as outras DREs e EAEs... Volta Sócrates... estás perdoado!
ResponderEliminarobrigada pelo post.
ResponderEliminara preocupação é muita e eu tb sou contratada há 10 anos.
Cada vez vejo o futuro a ser menos risonho.
qual é o numero de profs nas DREN e DREC e DREL em regime de mobilidade no total?
a situação cada vez mais é preocupante,
Se os profs. que estão em mobilidade nas DRE´s não estão a fazer nada de útil (apenas "trabalho de gabinete"), parece-me justo que regressem às escolas. Antes isso que cortar disciplinas, ou o par pedagógico de EVT, para poupar dinheiro ao estado.
ResponderEliminarMas alguma vez essa gentalha quer ir leccionar. Vão é todos para a reforma, mesmo com penalização. Com esses estou eu descansado.
ResponderEliminarPara educar A educação: A redução da componente lectiva para os colegas com mais "tempo de serviço" não é de ignorar, terá a sua influência, no entanto, não desmente o raciocínio feito no post.
ResponderEliminarAbraço
Para Francisca: Parece-me que se este Governo tiver de escolher entre um horário completo e algumas horas extraordinárias, irá optar por estas últimas. Como sabes as horas extraordinárias passaram a ser muito mal pagas.
ResponderEliminarPara Eu: Os colegas recusam-se a ver os cortes nos horários. Não querem acreditar que tal irá ocorrer. Embora na esperança que isto não sejam bem assim, o tempo permitirá que os olhos de alguns venham a ser abertos. Por mim... Ou por outra pessoa qualquer.
ResponderEliminarSerá pessimismo? Claramente... Mas e se este pessimismo se transforma numa dura realidade?
Abraço.
Para carla: Concordo com o que dizes, no entanto, tenho a certeza que não há volta a dar quanto ao regresso do moribundo latim...
ResponderEliminarPara infoexcluído: Muitos já antevêem esta situação. O problema reside na procura de excepções para não acreditar.
ResponderEliminarNão estou aqui para convencer ninguém. Apenas para alertar para um forte eventualidade.
Estou na equipa de horários e com o cérebro a dar o nó. Temos muitos casos de horários que fazendo a devida distribuição de horas ou ficam com tempos a menos ou com tempos a mais. é o caso de Educação Física que com 3 tempos lectivos semanais, apenas nos permite obter ou um horário de 21 horas ou de 23 horas. Não sabemos o que fazer... Com a redução do crédito horário... não sei como se pode fazer... Alguém tem alguma ideia????
ResponderEliminarEstamos com o mesmo problema... E não sabemos como o resolver... O subdirector da minha escola ficou em contactar amanhã como outras escolas para ver que solução estavam a encontrar... Ou bem que há horas extraordinárias, e não sei se se pode quando o professor tem redução por antiguidade, ou bem que faltam e não há nada para dar em troca, a não ser algumas horas de Estudo Acompanhado, que não chegam para todos, isso sem falar nos horários em que ou falta uma hora... E... ainda não chegámos ao 3º ciclo... onde não mesmo nada em troca para atribuir... Andámos desesperados...
ResponderEliminarContas feitas, no 2º ciclo cada turma ganha um tempo lectivo no horário dos alunos. Mas no que toca aos docentes, perdem-se 2 tempos por turma. (A AP era dada em par pedagógico)
ResponderEliminarDepois há que ter em conta o que já atrás foi repetido:
- o aumento de carga ocorre na LP e na MAT. Se o PAM obrigar a entregar o EA a docentes de MAT (embora neste momento nada se diga que assim deverá ser) isto está bonito, está está!
- a elaboração de horários vai dar água pela barba para fazer os acertos sem entrar nas horas extra nem no crédito.
Visto de outro modo: entregue-se tudo ao 200, 210, 220 e 230 e mande-se o resto da tropa para casa!
pqp!!!!!!
Continuando na senda de como cortar os 800 milhões, penso que vão fazer outra coisa, que tem relação com o problema em debate: suponhamos que um horário fica com 24 horas. Dá duas horas extraordinárias, certo? Não necessariamente. Com o novo código de trabalho podes ter que trabalhar + 2 horas a troco de mais uns dias de férias...
ResponderEliminarPenso que é também com isto que eles estão a contar