Não sou defensor das renovações de contrato... Considero-as um mecanismo absolutamente pernicioso de ultrapassagem artificial de graduação.
Este ano, o número de vozes que se levantaram contra as renovações sofreu um acréscimo, o qual tem relação direta com o número de colegas que este ano não conseguiu renovar (o aumento de professores de quadro que foi obrigado a concorrer a mobilidade interna assim o determinou). E mesmo discordando do procedimento, quem consegue renovar tem de admitir o alívio e o conforto que daí resultam.
Os mais radicais no ataque à renovação são aqueles que por norma não conseguem renovar, e que em consequência, se vêem ultrapassados em termos de graduação profissional. É perfeitamente compreensível.
Não obstante, e reafirmando a minha discordância com as renovações, porquê não tentar adaptar este mecanismo para as contratações de escola?
Se repararmos, diversos diretores acabam por contratar a nível local aqueles professores "conhecidos" ou que já lá estiveram colocados em anos anteriores... Os motivos vão da "cunha" ao reconhecimento do bom trabalho, mas no final, todos sabemos que (muitas vezes) o lugar/horário já está destinado à partida. Para tal, utilizam-se os tais subcritérios "manhosos", que fazem perder tempo (para os alunos e para quem concorre - excetuando-se aquele ou aqueles que sabem que lá vão ficar) e que acabam por revoltar muitos colegas contratados, que mais cedo ou mais tarde se apercebem que são figurantes numa peça de "teatro" (e quem já foi às famosas entrevistas sabe do que falo).
Acabe-se com o teatro... Se não existe a intenção de anular este "teatro", se é para colocarem quem querem... Simplifiquem... Assumam aquilo que querem sem desgastar quem luta pela sua sobrevivência... O MEC sabe disto! Os diretores sabem disto! Os professores sabem disto! Para quê continuar o engano?! Mas afinal quem é que querem iludir? As contratações de escola, da forma como estão organizadas, apenas enganam quem é realmente muito parvo. São uma falácia. São um mecanismo de "cunha" legal. E as reclamações e recursos, derivados dos subcritérios manhosos não dão em nada... Sabem porquê? Porque, embora sejam realmente manhosos e desenhados para alguém, não é por isso que passam a ser ilegais.
Para terminar, fica a proposta que considero mais adequada e menos dada a teatros: retirar da alçada das escolas esta responsabilidade de contratação (não estou a considerar aqui os técnicos para os quais terá de existir um mecanismo diferente), passando-a para o concurso nacional, através de um procedimento similar às reservas de recrutamento.
"Então mas assim não se corta na autonomia?", questionarão alguns.
Corta... Mas quem não sabe lidar de forma justa e democrática com essa autonomia, não a merece.