quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Espremendo as propostas do Ministério (parte 2)

Dando sequência ao que já havia iniciado aqui...

Diploma dos concursos (continuação)

Tradução: na mobilidade interna, e tal como já havia acontecido no concurso interno são criadas novas prioridades, onde a grande novidade é a separação entre professores dos quadros de escola / agrupamento e dos quadro de zona.

Tradução: temos um acréscimo ao entendimento da abrangência do contrato de trabalho a termo resolutivo, surgindo uma redação com "incluindo período de férias". Também se reduz em um ano o limite de anos de sucessão de contratos e de renovações.

Obviamente que estamos perante uma primeira proposta, que tal como todas as primeiras propostas a que estamos habituados (e da autoria de outros Ministérios da Educação) são sempre propostas muito más, concretizadas e redigidas para que os sindicatos tenham uma noção do "pior possível" e para que fiquem felizes (ou menos descontentes) com as negociações ou, se quiserem, simulacros de negociação... Como já referi, se nada de francamente construtivo se conseguir com o atual Ministério da Educação em termos de diploma de concursos e vinculação extraordinária de professores, dificilmente o conseguiremos fazer com um governo que não tenha a atual base de apoio. Situação esta que, para mim, dificilmente se repetirá!

Espremendo as propostas do Ministério (parte 1)

...tenho de assumir que no fundamental temos uma "mão" com muito pouco. Aconselho a que façam a comparação da proposta ministerial de diploma para os concursos de professores, com o diploma legal atualmente em vigor. Quanto à proposta de portaria de vinculação extraordinária, basicamente se resume ao que coloco abaixo.

Vejamos:




Vinculação extraordinária:

Tradução: os requisitos para vinculação são nada mais nada menos que 20 anos de serviço letivo e 5 contratos consecutivos a termo resolutivo, no mesmo grupo de recrutamento, nos últimos 6 anos.



Diploma dos concursos:

Tradução: passamos de seis horas necessárias para manter um professor do quadro num determinada escola, para oito horas.

Tradução: independentemente do número de habilitações profissionais que um docente tenha, fica limitado a poder concorrer a apenas dois.

Tradução: a opção b deixa de ser "contratos de duração anual e contratos de duração temporária" para "contratos de duração temporária".


 
Tradução: passamos de duas prioridades para 5 prioridades, onde são distinguidos os professores dos quadros de escola/agrupamento, dos quadros de zona; e onde os docentes das ilhas também são colocados em prioridades diferentes.

Eis as propostas do ME para o diploma dos concursos e vinculação extraordinária...

Como "malhei" tanto nos sindicatos ao longo destes últimos anos, acabei por perder quase todos os contactos que entretanto tinha feito... Nada que não pudesse prever, mas que também não me pode toldar a opinião. 

No entanto, existem sempre situações de recurso, que permitem o acesso a documentos que logo à partida deveriam ser revelados a todos e não mantidos apenas nas mãos de um punhado de sindicalistas.

Utilizem os links abaixo (cliquem nas imagens), para acederem às propostas ministeriais.

Proposta de Diploma de Concursos de Professores



Proposta de Diploma de Vinculação Extraordinária


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Eis a explicitação dos 15 princípios defendidos pela FENPROF para a negociação do diploma concursal...


Para acederem ao documento da FENPROF onde constam os 15 princípios que serão defendidos na reunião de dia 30, é só clicarem na imagem ao lado.

No entanto, e por considerar que este documento é relevante, uma vez que reflecte as ideias que serão defendidas por um sindicato que inegavelmente tem uma posição privilegiada junto deste Ministério da Educação, transcrevo algumas das propostas (ou se quiserem, princípios) que considerei mais interessantes:

- "Cálculo da graduação profissional de todos os candidatos assente, exclusivamente, na classificação profissional e no tempo de serviço prestado, sem qualquer interferência da classificação obtida em sede de avaliação do desempenho."

- "Abertura anual de todos os concursos, incluindo o interno; a estabilização dos docentes nas escolas deverá ocorrer por via da estabilização dos seus quadros e não através de colocações plurianuais compulsivas."


- "Abertura de lugares de quadro das escolas não agrupadas/agrupamentos de escolas de acordo com as suas reais necessidades – o que, globalmente, implicará o seu alargamento – e para cujo apuramento deverá ser já tida em conta a inadiável redução do número de alunos por turma, em todos os níveis de educação e ensino."


- "Respeito pela graduação profissional como critério determinante para a ordenação dos candidatos à mobilidade interna, independentemente do tipo de quadro – QA/QE ou QZP – a que pertençam."


- "Acesso a qualquer das vagas de quadro, sejam elas de escolas não agrupadas/agrupamentos de escolas ou de zona pedagógica, abertas no âmbito do preenchimento das necessidades permanentes do sistema, para todos os candidatos aos concursos interno e externo."


Por motivos óbvios, é de grande importância a leitura integral do documento, uma vez que nele se encontra fundamentação e explicação das medidas acima transcritas e de outras que também são relevantes.

Ainda este mês...


Comentário: Mais vale tarde do que nunca, isso é certo, mas o tema dos concursos de professores é sempre tão complicado de negociar, que tudo o que seja atraso terá óbvias implicações no calendário dos próximos concursos, que como já sabemos entram sempre por agosto adentro... Mas se for para melhorar, venham de lá esses atrasos.

Recordo que a base de apoio (a denominada "geringonça") deste Governo, permite uma janela de oportunidade única para que se consiga repor alguma sanidade e justiça nos concursos de professores. É bom que os sindicatos apresentem propostas, mas mais do que isso, analisem com atenção e responsabilidade as consequências (muitas delas advêm da redação das propostas, que dá para várias interpretações tardiamente descobertas) das contrapropostas governamentais. É que o "mais vale poucos que nenhuns" ou "não demos conta disso" (que por regra não é admitido pelos dirigentes sindicais) poderá estragar algumas alterações necessárias.

Ainda ténue, mas um início...



Comentário: É inegável que desde há umas semanas para cá, começam a surgir algumas movimentações sindicais menos esperadas (principalmente da FENPROF), porque aparentam ser passos mais assertivos no sentido de uma (ainda ténue) contestação. Espero sinceramente que as reuniões que se avizinham não tenham apenas como objetivo abordar os concursos de professores, mas que se vá mais além, em concreto com a discussão de temas como a gestão das escolas e o eterno "congelamento" da carreira docente.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Estranhamente relaxante...

...acima de tudo quando o título é "Explosions" e a artista não é das minhas favoritas. 

Recomendo o acompanhamento da música com a leitura da letra que me agradou não sei muito bem porquê. ;)

Música de "Ellie Goulding" - (Tema: Explosions)

O artigo 102 "para tótos"

Mais um resumo bem concretizado da autoria do SPN... Começam a habituar-nos mal. Eh eh eh.


"Quantas faltas se podem dar?
Um dia útil por mês, até sete por ano.
É necessária autorização da Direção?
Sim, por escrito, com pelo menos 3 dias úteis de antecedência.
E se não for possível apresentar esse pedido?
Tem de participar oralmente a falta, no próprio dia, fazendo-o depois por escrito, aquando do regresso ao serviço.
E como é com as faltas por tempos?
Pré-Escolar e 1º Ciclo: 1 tempo = 60 minutos
2º, 3º C e Sec e Educação Especial: 1 tempo = 45 ou 50 minutos
Se eu faltar apenas a um tempo de uma aula de dois tempos, é considerada falta aos dois tempos da aula?
Não, apenas conta 1 tempo.
Como são contabilizadas as faltas por tempos?
Dividindo o seu horário semanal por cinco, obtém o nº de tempos considerado como um dia de falta. Após o limite de quatro dias, mesmo que falte apenas a um tempo é considerado um dia de falta.
Se faltar, tenho de deixar um plano de aula?
Sim, quando a falta tenha sido previamente autorizada"

Dia bom...

...onde consegui concretizar imenso trabalho pendente (correção de fichas de trabalho e de avaliação). No final, liguei-me à internet e no meio de algumas consultas rápidas constato que a Amazon me deu um "vale" de 10 euros, e após um pequeno telefonema o PayPal me credita outros tantos. Dias assim são raros... ;)


Não acredito em devoluções governamentais...


Comentário: Embora para alguns possa parecer exagero da minha parte, considero a gestão das escolas um tema mais relevante que o dos concursos de professores... A figura de poder unipessoal denominado Diretor e a partidarização das escolas (com os famigerados Conselhos Gerais repletos de boys and girls) deveriam ser temas a discutir. 

Se em outras situações não defendo regressos ao passado, nesta em particular, aconselho uma reflexão sobre o que tínhamos não só em termos de gestão, mas acima de tudo no ambiente que se vive nas escolas. Ou melhor, no ambiente que já não se vive, porque a discussão de ideias, a vontade de fazer mais e melhor, deu lugar às aberrações políticas, onde se discorda de algo só porque vem de uma cor partidária diferente.

E o "período pinguim" que nunca mais termina...


Comentário: A exigência pode ser feita... O "não" está garantido, mas o silêncio dos professores nesta matéria poderia ser encarada como mais um feito de passividade, e nestes últimos tempos, é muito fácil associar a passividade à concordância. Deste modo, a FENPROF faz muito bem em "bater" neste tema, mas podemos estar descansados que o descongelamento não será uma realidade no próximo ano, e se o for em 2018 já estaremos com imensa sorte.

Nova fórmula de cálculo para os rankings escolares


Comentário: Quem me conhece pessoalmente ou me acompanha ao longo dos anos no mundo virtual sabe que eu não sou fã de rankings, porque embora saiba que são um mal necessário, não permitem fazer uma reflexão séria sobre o trabalho desenvolvido numa organização escolar, e menos ainda sobre a qualidade do trabalho... Até porque a "matéria prima" não é a mesma.

No entanto, e até ver este novo indicador em funcionamento, parece-me que estaremos perante um avanço positivo e com leituras passíveis de maior aproximação em termos da realidade escolar. 

Deixo-vos com dois excertos da notícia, que me parecem relevantes:

"Outra novidade do indicador é que, em vez de comparar a totalidade dos alunos de uma escola com a totalidade dos alunos de outra, põe frente a frente os dados de estudantes com características semelhantes, valorizando depois a sua evolução. Por exemplo: alunos que, a nível nacional, tinham uma classificação média de 10 valores em determinado momento. O ponto de partida da comparação são os resultados das provas do 9.º ano, sendo depois considerado o percurso dos estudantes (sem retenções) ao longo de dois ou três anos". 

"Este indicador não premeia a retenção e ao mesmo tempo não premeia a seleção de alunos, porque estamos a comparar alunos comparáveis", defendeu João Costa, para o qual os resultados dizem mais sobre a qualidade de ensino de determinado estabelecimento do que uma simples lista elaborada com base nos resultados absolutos: "Uma escola que recebe alunos de nível dez e os leva a 17 é uma escola muito melhor do que uma que recebe alunos de 15 e os leva a 17", ilustrou".

terça-feira, 22 de novembro de 2016

A tal "supervisão pedagógica"...

...que muito se tem ouvido falar (no meu caso até já a vivi de perto, embora não me tenha "atingido"), e que foi alvo do devido tratamento por parte do Sindicato dos Professores do Norte... Como sei que muito do que tem feito em várias escolas, a "coisa" aparece vestida de imposição, o melhor mesmo é ler o pdf abaixo com muita atenção, e agir em conformidade.

Nota: para fazerem download do mesmo, cliquem na imagem abaixo (link SPN).



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

E quanto à cacofonia...

...que o Paulo refere no seu blogue (aqui), admito ter-me fartado de esperar por algum tipo de revolução na educação há uns bons meses, e se durante algum tempo até me posso ter iludido, sinto agora que as nossas estatísticas, entrevistas e outras publicações nunca terão sido consideradas como intervenção "à séria" ou sequer que nos levassem realmente a sério.

Como tal, a tal "perda de esperança" que o Paulo Guinote refere é real, eu sinto-a, e se ainda não deu azo à desistência, ao baixar de braços, ao "desligar da causa", é porque existe algo mais forte que ainda permite que por aqui ande... 

No fundamental, creio que o que se passa na blogosfera docente não mais é do que um reflexo daquilo que ocorre nas nossas salas de professores... E basta estarem um pouco atentos, para constatarem que aquilo que outrora eram temas de conversa, de discussões (porventura acessas), desapareceram completamente, dando azo a temas mais imediatos, menos polémicos, porque também -  e porque não escrevê-lo - os tempos aparentam ser menos conturbados.

E se bem que o Alexandre (acolá) tenha razão quando refere a migração do público para o Facebook, creio que isso não explica a desilusão ou o cansaço dos bloggers. Claro que quem escreve o faz para ser lido, e pessoalmente não me entusiasma ter mais comentários na página oficial do Facebook do "Professores Lusos" do que na "casa mãe", mas admito que embora escreva bem menos do que outrora (pelos motivos que já referi nos parágrafos anteriores), o faço atualmente para quem considero serem os meus leitores, para aqueles que sei que gostam de me ler e que se têm mantido quase sempre os mesmos ao longo dos anos... E esta é, na realidade, aquilo que ainda me motiva a continuar na blogosfera. 

Já são poucos os resumos da legislação que ainda faço, porventura poucas as descobertas que ainda anuncio, e quase nulos os esclarecimentos sobre temas que impliquem estudo prévio, mas se existe algo que nunca me faltou é teimosia, perseverança e força de vontade. Como tal, apenas encaro este decréscimo de ritmo, de entusiasmo, de esperança, como um tempo para arejar ideias, para analisar o sangue novo que vai aparecendo, para testar a resiliência ou a vontade de agitar as águas de alguns, e não como algo necessariamente negativo ou catastrófico.

Tal como a vida, também a blogosfera é dinâmica... Se não querem esperar para ver, cheguem-se à frente. Serão bem-vindos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Para relaxar...

Música de "Rag'n'Bone Man" - (Tema: Human)

Ainda bem...

...mas há que moderar o entusiasmo, porque sabemos bem como são certos centros de inspeção. ;)


Muito preocupante


Comentário: Esta previsão de redução de alunos devem preocupar-nos, e se bem que o timing do seu aparecimento seja oportuno para as negociações de vinculação de professores contratados, não podemos ignorar o número absolutamente esmagador e as consequência do mesmo a curto prazo para nós, professores.

Já o digo há alguns anos que o interior de Portugal será mesmo para fechar e que muitos professores que fazem vida e têm casa aqui, não terão outra solução que não a de migrar para o litoral, se não quiserem ter de fazer viagens diárias de horas, de e para o seu local de trabalho. Obviamente que quase sempre sou encarado como o exagerado, mas estas previsões não deixam muito espaço para dúvidas.

Se eu não escrevo evangelhos...

...acham mesmo que vou ler bíblias? Não... À exceção de legislação essencial ao meu trabalho enquanto professor, tudo o que tenha mais de dois parágrafos é posto na secção do "ler muito mais tarde". No entanto, agradeço as recomendações dadas e prometo que nos próximos anos vou continuar a agir da mesma forma. 

Family first!

Tenho dúvidas nessa redução...


Comentário: Ao contrário do que o título possa indicar, não é uma certeza mas sim uma intenção que parece necessitar de estudos prévios para aferir a relação entre turmas com menos alunos e a melhoria dos resultados escolares. 

Sim... Leram bem. Será necessário um estudo para concluir aquilo que qualquer professor sabe, e que com as exceções bem conhecidas, tem uma correlação positiva. Mas tudo bem, já sabemos que por mais óbvia que seja a consequência da medida é sempre necessário encomendar estudos.

Obviamente que não se compromete...


Comentário: As notícias acima, e não obstante do tema da reposição salarial ser relevante, podem ser resumidas da seguinte forma: o Ministro da Educação não se compromete com a vinculação de grandes números de professores contratados.

Mas isto surpreende alguém? 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Eu também quero muita coisa...


Comentário: O facto da FENPROF (assim como todos os restantes sindicatos de professores, segundo creio) quererem que o atual Governo corrija a injustiça da manutenção de professores sucessivamente contratados, não significa que tal venha a ocorrer. E mesmo acreditando que a "geringonça governativa" permite condições únicas para a reposição de justiça neste e em outros temas na nossa área laboral, tenho tremendas dificuldades em conceber a vinculação de tão grande número de professores.

Este é um dos temas que considero de grande relevância, que deve ser seguido de perto por todos nós, pois já vimos situações de vinculação a serem negociadas e que - mesmo com o argumento de melhor poucos que nenhuns - acabaram por ampliar ainda mais determinadas injustiças.

Tudo a seu tempo...


Comentário: Não acho que se devam afastar as (denominadas) sociedades científicas de qualquer alteração curricular, mas também considero que se deve dar maior relevância às opiniões de quem tem de gerir (e cumprir) os programas no "terreno", que são os professores... 

E mesmo que discordemos de algumas indicações de determinadas associações profissionais, julgo que até aqui se tem dado pouca atenção ao que nós (professores) temos para dizer, só por isso se justificam algum problemas de cumprimento de programas, a desadequação de algumas temáticas (nomeadamente em determinados anos de escolaridade) e a eliminação de temas relevantes (falo por exemplo, das Infeções Sexualmente Transmissíveis que pura e simplesmente foram "removidas" do programa de Ciências Naturais do 9.º ano).

Vamos ver se hoje consigo dormir...

Só agora com dois filhos constato que as grandes preocupações dos tempos de universidade não passavam de problemas menores, facilmente passíveis de resolução. 

Quando me deparo com filhos alternadamente doentes (já nem falo nos dias em que as doenças coincidem), fichas e testes para corrigir, aulas para preparar, noites mal dormidas, transporte "em cima do joelho" dos miúdos para a escola, celebração de protocolo no âmbito da FCT, tentativa de anular o acréscimo de dois euros na minha mensalidade da NOS, reclamar por causa de um produto com defeito que comprei na GearBest e encontrar o telemóvel que não sei onde deixei porque me encontro demasiado cansado, tudo isto no intervalo de 5 dias, constato que o cansaço e as preocupações de outrora não são mais do que intervalos de descanso que tenho atualmente.

E não, não me estou a queixar... Apenas estou a tentar "encerrar" (em forma de resumo) uma semana algo extrema, não só em termos de cansaço, mas de conhecimento da amplitude da minha (in)sanidade mental.


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O que me fartei de rir com isto

Haja humor, colegas. :D
Furtado do blog da Marta Pereira. Thank you! ;) 


Juramento Hipocrático Para Professores do 1ºCiclo


Promete repetir cem vezes a mesma coisa, de sorriso nos lábios, como se fosse a primeira vez e os fedelhos não a estivessem pura e simplesmente a ignorar enquanto dava instruções?
Sim, prometo!

Promete admirá-los e respeitá-los, mesmo com a monca a escorrer do nariz e as remelas a reluzir ao canto do olho?
Sim, prometo!

Promete ouvi-los com todo o interesse sempre que lhe contarem que o animal de estimação tem uma unha encravada ou que a prima foi à Disneyworld Paris ou que o avô teve diarreia a noite toda ou que, uma vez, quando eram pequeninos...
Sim, prometo!

Promete rir-se de piadas escatológicas ou disparates que não entende, mas que os levam à gargalhada?
 Sim, prometo!

Promete fazer um ar preocupado sempre que cada um deles disser que "perdeu" ou "não sabe de" ou "alguém roubou"--- (inserir múltiplos objectos escolares e tralhices)?
Sim, prometo!

Promete ouvir queixinhas e apartar rixas constantes, com aquele ar plácido e benevolente da mãe da porquinha Pepa, sem recorrer a Xanaxes nem Lexotans?
Sim, prometo! 

Promete aceitar desculpas esfarrapadas para não ter feito os trabalhos de casa, principalmente quando tiverem a ver com idas à aldeia ou torneios intensivos de hóquei em patins?
Sim, prometo! 

Promete valorizar  interrupções constantes da sua aula, sejam elas de que teor forem, como por exemplo "tenho a perna dormenta" ou "não consigo escrever deste lado do caderno" ou " a Francisca não pára de me chatear", como se fossem relevantes pré-avisos de uma terceira guerra mundial?
Sim, prometo! 

Desabafo pessoal:
Sim, prometo!  = Que remédio tenho!


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Serviço público sindical: faltas por doença

Já por diversas vezes elogiei as iniciativas de sintetização e esclarecimento de legislação, patrocinadas pelo Sindicato dos Professores do Norte... Esta é mais uma delas e esclarece o tão complicado tema das faltas por doença. Embora possam aceder à informação clicando aqui (sítio virtual do SPN), pela sua relevância vou transcrever a mesma para este blogue:

"No caso dos Professores, importa dividir esta temática - faltas por doença - em duas partes: 

- Docentes que têm CGA: Caixa Geral de Aposentações; 
- Docentes inscritos na Segurança Social.

Docentes de CGA
  • Justificação da ausência: atestado médico
  • Informação à escola: logo que possível (5 dias úteis)
  • Consequências:
    • Perda do subsídio de refeição
    • Perda dos 3 primeiros dias de vencimento (exceções: internamento hospitalar, cirurgia ambulatória, tuberculose e doença iniciada no decurso do período de atribuição do subsídio parental) ver nota1
    • Perda de 10% do 4.º até ao 30.º dia.
[ Estar de atestado, mesmo que acima de 30 dias, não desconta para efeitos de tempo de serviço. Artigo 103º ECD]

Nota 1
 A perda de remuneração pode ser compensada com o recurso a faltas por conta do período de férias. Ver como.
Docentes inscritos na Segurança Social 
  • Justificação da ausência: baixa médica
  • Informação à escola: logo que possível (5 dias úteis)
Consequências:
    • Perda do subsídio de refeição
    • Perda dos 3 primeiros dias de vencimento
    • Perda de 45% do 4.º até ao 30.º dia;
    • Perda de 40% do 31.º até ao 90.º dia;
[Estar de baixa médica,  mesmo que acima de 30 dias, não desconta para efeitos de tempo de serviço – art. 103º ECD]

No site da SEGURANÇA SOCIAL poderá encontrar informação adicional"

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Eis o Despacho n.º 13331-A/2016

Este despacho (publicado em Diário da República a 8 de novembro) define algumas situações, das quais destaco:

a) É suspenso, até data a determinar por despacho do membro do Governo, o processo de adoção de novos manuais escolares na disciplina de Biologia e Geologia do 10.º ano de escolaridade dos cursos científico-humanísticos do ensino secundário.

b) É prorrogado, até data a determinar por despacho do membro do Governo, o período de vigência dos manuais escolares, atualmente adotados, da disciplina de Biologia e Geologia do 10.º ano de escolaridade dos cursos científico -humanísticos do ensino secundário.

c) Os manuais escolares a avaliar, no regime de avaliação prévia à sua adoção, no decurso do ano letivo de 2016-2017, para iniciarem a sua vigência no ano letivo de 2017-2018, são os que correspondem às disciplinas e anos de escolaridade seguintes: Estudo do Meio (2.º ano de escolaridade) e Português (6.º e 12.º anos de escolaridade).

d) Os procedimentos de avaliação e certificação dos manuais escolares, a ter lugar no ano letivo de 2016 -2017, no regime de avaliação prévia à sua adoção, terão a sua conclusão:
- Até 28 de fevereiro de 2017, no que respeita aos manuais escolares das disciplinas de Estudo do Meio do 2.º ano de escolaridade e de Português dos 2.º e 6.º anos de escolaridade do ensino básico.
- Até 7 de março de 2017, no que respeita aos manuais escolares da disciplina de Português do 12.º ano de escolaridade dos cursos científico-humanísticos do ensino secundário.

Nota: para fazerem o download do despacho em causa, cliquem aqui.

E Trump lá conseguiu...

...aquilo que a maioria afirmava que nunca iria conseguir.

Pessoalmente (e aqueles que estão mais próximos de mim sabem disso), sempre achei que a vitória desta personagem era uma forte possibilidade, mas na realidade nunca quis acreditar nela. Agora que o facto está consumado, resta-nos esperar pelo próximo ano para ver o que acontece. E sim, mesmo que não queiramos, uma das mãos que segura o destino do nosso planeta, encontra-se nos Estados Unidos da América, como tal, é inevitável que se analisem as eleições deste país.

Vem aí mais pressão...


Comentário: Bem... E se sofremos algum alívio (mesmo que muito ténue, quase impercetível) na pressão para as tais "passagens" de ano a todo o custo, com este diagnóstico da Comissão Europeia estou quase certo que deverão surgir indicações ministeriais indiretas para que o facilitismo seja reforçado. Até porque estamos a "falar" de verbas para a educação, num ano de 2017 fortemente penalizado com cortes orçamentais.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Da realidade escolar...


Comentário: Sim... Eu sei... São manuais, são para escrever, riscar ou mesmo pintar, mas julgo que as editoras poderiam encontrar soluções (aliás, elas já existem, mas teimam em não singrar por motivos económicos) para que uma parte do manual (eventualmente impresso em papel de menor qualidade e em separado) pudesse ser de utilização única, e outra pudesse servir para anos posteriores com alunos diferentes.

Poderemos estar perante um pequeno recuo num dos campos de batalha (no caso, a "guerra" aos abusos das editoras) do atual Ministério da Educação, no entanto, poderá ser interessante estudar melhor a resolução efetiva deste problema, ao invés de legislar sem olhar a montante e a jusante dos problemas. Esta "remendo" do Ministério da Educação, resulta de alguma falta de conhecimento das realidades dos manuais e dos ciclos de escolaridade, mas também creio que ainda muito se pode fazer.

E há que continuar a pressionar...


Comentário: Gostei imenso de ler o início do artigo acima, pois de alguma forma concretiza as alternativas governamentais... Como gostei tanto, que transcrevo:

"Integrar já em 2017 cerca de dois mil professores nos quadros, adotando ainda um novo sistema de vinculação, ou manter as regras atuais e continuar a enfrentar processos judiciais que, no futuro, poderão sair mais caros ao erário público . Estas são as duas opções que o Ministério da Educação tem em mãos, numa altura em que se prepara para iniciar - no final do mês - aquela que será provavelmente a mais importante negociação da atual legislatura na área da Educação, com os concursos de professores como tema".


Quanto à escolha que o atual Governo irá tomar, dificilmente passará por uma integração já em 2017 de quase 2000 colegas, até porque ao "empurrar" para tribunal a resolução deste problema (e não obstante de poder ficar mais caro aos cofres públicos), acaba por adiar ou transferir o problema para outro Governo, numa metodologia bem similar ao que têm feito os seus antecessores.

Defendo a vinculação nos quadros dos colegas que ano após ano servem o sistema de ensino público, mas julgo que as regras terão de ser diferentes daquelas que têm sido aplicadas pela famigerada "norma travão". Tal como já referi anteriormente, julgo que com o aparecimento da "geringonça governativa" estão criadas condições excelentes para se repôr a justiça das contratações ad eternum.

O regresso de Mário Nogueira...

...em vídeo. 

Aparentemente, o receio de algum apagamento sindical não terá razões de ser, mas o facto (julgo que indesmentível) é que Mário Nogueira andou um pouco afastado da sua tradicional contestação a quase tudo o que tenha origem governamental. Bem sei que "esteve sempre lá", mas notou-se bem esta "pausa".

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Obtenha o reembolso da ADSE mais rapidamente

E num dia em que a ADSE tanto tem dado que falar (aqui), haja uma nota positiva proveniente do mesmo organismo.

Assim, a ADSE disponibiliza a possibilidade de obter o reembolso de uma forma mais célere. Veja como no vídeo abaixo.





quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Da (triste) realidade...

Música dos "The Black Eyed Peas ft. The World" - (Tema: #WHERESTHELOVE)

Não, não ouvi...

...nem sequer quis ver. Esta foi a resposta que dei a alguns colegas que me questionaram sobre a entrevista que o atual Ministro da Educação deu ontem na SIC. Já há muito que compreendi o que acontece a qualquer indivíduo que seja nomeado para esta cargo... Respostas formatadas na ideologia política no poder e com poder argumentativo redundante a fazer lembrar a nossa legislação, isto é, dá para múltiplas interpretações e não compromete.

Ver e ouvir mais do mesmo? Não, obrigado.

Ouvir até pode ouvir...


Comentário: Claro que vai ouvir o que os alunos têm para dizer, até porque tem dois ouvidos e dificilmente se conseguirá ignorar aquilo que entretanto lhe for chegando... A questão será mesmo o que vai fazer com aquilo que lhe for dito. E que não haja qualquer dúvida, quando os alunos sabem que damos relevância à suas opiniões, acabam por definir um conjunto bem interessante de recomendações.  Basta que estejamos atentos.

Do radicalismo...


Comentário: Por norma, e a não ser que exista uma decisão ao nível de grupo disciplinar, não atribuo mais de 3 TPC por período no ensino básico e 1 TPC de quinze em quinze dias no 10.º e 11.º anos de escolaridade... Mas sei perfeitamente que existem colegas que atribuem um número bem mais elevado, por semana. E se este procedimento até poderá ser considerado normal por alguns (que até defendem a relevância destes trabalhos como uma preparação para os exames nacionais ou para acelerarem "matéria"), sempre questionei a eventualidade de todos os professores pensarem assim, e de atribuirem TPC como se "não houvesse amanhã".

Não concordo com excessos (no caso, nenhum TPC ou tantos que quando os alunos chegam a casa, só têm tempo para jantar e depois estão até às 23h a resolver exercícios), e contínuo a considerar - até prova em contrário - que alguns TPC não fazem mal a ninguém, até pelo contrário.