...e com ele, a eterna última semana de agosto, onde o sentimento dominante é não saber onde vou exercer a minha profissão e o que isso irá significar em termos de deslocações, gastos e organização familiar. E se muitos se encontram na mesma situação que eu, existe quem ainda esteja pior, não sabendo sequer se vão poder exercer a profissão que abraçou. Esses estão incomparavelmente pior e cada vez mais aprecio a resistência e a persistência de quem apenas pode contar com o imprevisível.
Deste modo, e excetuando aqueles colegas que praticamente desconhecem os concursos de professores (e que não têm familiares que a eles tenham de se submeter anualmente), não podemos afirmar que temos férias "a sério".
As férias não são verdadeiras férias quando não sabemos o que vamos fazer a partir de setembro...
As férias não permitem um verdadeiro descanso quando vivemos (pelo menos) um mês inteiro a pensar o que será de nós no final de agosto...
E se bem que cada vez menos ouço comentários depreciativos da minha classe profissional, ainda existe quem considere que somos uma classe privilegiada. Pois sim... Sinto-me realmente privilegiado em sentir que não sei exatamente qual é o meu lugar e que apenas o irei conhecer um pouco melhor - e mesmo assim transitoriamente - quando estiver prestes a mudar para outro estabelecimento de ensino.
Venha então daí um novo ano letivo!
Boa sorte, Ricardo! Cá vamos nós ficar colados às cadeiras e com os olhos no monitor...até quando?
ResponderEliminarEventualmente até sermos tão velhos que teremos de contratar quem concorra por nós, por causa das "cataratas" e do alzheimer. ;)
ResponderEliminarNão sei se me aguento até esse ponto...
ResponderEliminarO pior é os filhos... se eu ficar muito longe, terei de mudá-los de escola. Isto se o casamento aguentar... e já tenho 15 anos de serviço!
ResponderEliminarNem sei porque é que continuo na profissão.
https://oduilio.wordpress.com/2015/08/25/remando-contra-a-mare/#respond
ResponderEliminarAs conquistas de abril de 1974 que valorizaram os professores primários e educadores, apagaram-se entre o último governo Sócrates e o de direita liberal com o ministro dos exames Crato. O 1.º ciclo, como o Pré-escolar, estão sós. Os sindicatos aceitam com naturalidade a alteração do regime de aposentação, que se vai revelar desastroso para quem lá chegar. O trabalho específico de docência nas faixas etárias em questão é desadequado a anciãos de 66 anos.
Conheço tão bem todas as preocupações e anseios aqui comentados, pois também os tenho vindo a sentir na pele. A escola já pouco tem de democrática, é pouco apelativa e não só para os professores, alunos pais, encarregados de educação. Não basta PC's ou MAC's com quadros interativos para modernizar a escola. A escola está cada vez mais PORT+MAT, é esta a fórmula escolhida quer pelo PS quer pelo PSD. O ensino para os homens e mulheres de amanhã não deveria ser assim, sim pleno e UNIVERSAL com respeito por todas as áreas do conhecimento... mas não +horas para MAT e PORT e menos para as outras todas. Mais horas na escola e menos em família (a algumas dá muito jeito, creio plenamente). Temos uma escola desumana e de fraca qualidade, principalmente quando comparada com: Espanha, França, Bélgica, Suíça, já para não falar da Alemanha e muito menos dos países Escandinavos. O problema é que a nossa democracia encostou-se à sombra do PS e PSD, como os ingleses: Trabalhista ou Liberais e os resultados estão á vista com a ajuda da UE...claro!
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EliminarTambém concordo plenamente com tudo o que diz no seu "post". Vivi a angústia de ser contratada durante 27 anos com tudo o que isso implica: distância, saudades, anseios, dúvidas, receios... Sobrevivi! O meu casamento sobreviveu (creio até que solidificou)! Os meus filhos aguentaram-se com uma mãe de fim de semana e um pai que não podia descurar minimamente o seu emprego pois era o único certo!
ResponderEliminarDepois tive um cancro. Só sobrevivi porque apanhei uma equipa de médicos, no Hospital de Aveiro, fabulosa. Tive sorte pois andava muito cansada mas n queria abrandar por causa da avaliação... só parei qd entrei de urgência no hospital! Claro que estive desempregada durante dois anos pq deixei de poder arriscar concorrer para todo o lado! Mas sobrevivi... ao cancro e ao ministério! Este ano entrei finalmente em QZP.
Conclusão: Quase tive que morrer para conseguir entrar na carreira! O pior é que agora não sei para onde vou pq o desgraçado do QZP não é todo aqui ao pé do meu jardim e as minhas forças já não são as mesmas!
Mas hei de sobreviver! Pode ser que isto um dia mude!
Ahhhh.... e gosto tanto desta profissão que mesmo com estes desaires todos não consegui demover a minha filha de seguir os meus passos! Disso tenho pena!
Que tudo corra bem para todos nós! :)